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Enquanto Zé Roberto não vem

Quem viu Geraldo, 38 anos, correndo, driblando, defendendo e articulando – este sim é articulador de carteirinha – não tem por que duvidar que Zé Roberto, 37 anos, não pode fazer o mesmo no Grêmio, evidentemente com mais qualidade e sabedoria, e sem aquelas frescuras que adornam o cabelo do meia do Fortaleza.

Zé Roberto, quando estiver com 45 anos, provavelmente aposentado, ainda estará jogando mais que o Marco Antônio. Eu, por exemplo, aos 45 era imbatível como quarto zagueiro do time do Correio do Povo. Meu apelido era Baresi (quem não conhece, pesquise).

(Beto Almeida, grande treinador a espera de uma grande oportunidade, participou como convidado de algumas das nossas peladas. Ele costumava dizer, suspirando: “Se eu tivesse um cara como o Ilgo pra jogar de líbero, eu me consagraria”. A modéstia me impede de ir adiante).

Mas enquanto Zé Roberto (se tudo não passar de mais uma jogada da direção para distrair a torcida) não vem, o Grêmio tem o glorioso Marco Antônio.

E não é que MA, que eu tanto critico, marcou um golaço?

No restante do tempo, porém, continuou jogando verticalmente, mas pra trás e raramente pra frente, e para os lados. Driblar um marcador, partir pra cima dele, nem pensar. É claro que seus passes são certeiros. Só erra passe o jogador tecnicamente ruim mesmo, ou aquele que arrisca umas enfiadas. Quem joga pra trás ou pro lado, quase não erra. Por isso, os incautos dizem: “É, mas ele tem o passe preciso”. Pode ser preciso, mas não é o que o time precisa. O time quer mais de um articulador.

Escrevo isso porque ouvi na Gaúcha uns neófitos votando no MA como melhor do jogo por causa do gol.

Se eu fosse convidado a votar, ficaria com Fernando. Esse guri vai longe, joga muita bola. Espero que não seja convocado pra seleção.

Depois, num segundo plano, Edílson, Souza e Marcelo Moreno.

Mas tem outro na lista, que deixei para esta linha porque ele merece diante dos agravos dos corneteiros que frequentam este boteco:

VICTOR. Aos 40 minutos do segundo tempo, ele protagonizou a defesa mais bonita e sensacional do ano: bola quase no ângulo, visão encoberta, um salto acrobático, mãos firmes desviando a bola que rumava feliz para as redes.

Se, repito, SE, o Grêmio conseguir algo de mais significativo neste ano será porque tem aquele que é o melhor goleiro em atividade no país.

Feita a devida e merecida provocação, é louvável que Luxemburgo tenha escalado o time de maneira a não sofrer gol, e só depois arriscar. Tivesse feito isso no Gre-Nal, talvez o finalista hoje fosse o Grêmio.

Agora, aos fatos: o Grêmio soube neutralizar o Fortaleza no primeiro tempo. Teve duas chances de gol, marcou dois gols. Aproveitamento de 100 por cento.

No segundo, o Fortaleza ameaçou muito mais, e até mereceu fazer um golzinho. Victor não deixou.

O time continua jogando um futebol precário se considerarmos que o objetivo é o título. Mas conseguiu o que mais interessa, que é a vitória, e uma vitória quase impossível de ser revertida no Olímpico.

Portanto, o Grêmio está na próxima fase da Copa do Brasil – será contra Bahia ou, de preferência, contra a Portuguesa. Se Luxemburgo não inventar mais, metendo o pé pelas mãos, como fez no Gre-Nal, o time pode encorpar e ir adiante na competição.

Se Victor continuar salvando e o ataque seguir com um aproveitamento elevado, tudo pode acontecer.

Ninguém está impedido de sonhar numa competição mata-mata.

OSCAR

O Inter continua fazendo de tudo para ficar com Oscar. No treino de hoje colocou o mancebo a treinar entre os titulares, dando um sinal para a CBF que era hora de colocar o Oscar no BID. A CBF nem deu bola. E agiu certa. A justiça do trabalho se mostrou a favor do jogador, mas há a justiça desportiva a ser considerada. Enquanto a situação não ficar muito bem esclarecida, é difícil que Oscar volte a jogar. O Inter quer ficar com Oscar, mas quer pagar muito menos do que ele vale. Este é o problema. Pague os 17 milhões que o SP quer e, pronto, terá Oscar de volta ao time.

Já não confio em Luxemburgo

Até o Gre-Nal eu ainda mantinha a esperança de que o time montado pela dupla Odone/Pelaipe e pelos homens do futebol afastados no meio do ano passado poderia surpreender e conquistar o título do Gauchão e até da Copa do Brasil.

Confesso que era uma esperança fundamentada na paixão, no desespero de onze anos de seca e na certeza de que milagres acontecem.

Quero informar que a minha esperança ruiu como irá tombar o Olímpico dentro de mais algum tempo.

Quem me acompanha há mais tempo sabe o que eu penso desse time, principalmente do meio de campo, coração e alma das equipes de futebol.

Sem um meio campo forte, competitivo, dificilmente os objetivos são atingidos. Um lateral se improvisa, um zagueiro se protege e um atacante se abastece tanto que de vez em quando ele faz gols, que o diga André Lima quando jogou ao lado do Jonas.

Saudade de Jonas.

O Grêmio não tem meio de campo. O do ano passado era melhor. Aquele meio de campo com o ataque de hoje, Kleber e Marcelo Moreno, poderia almejar grandes conquistas. Este, com Marco Antônio e Léo Gago, tem como destino o abismo.

Mas eu ainda acreditava que Luxemburgo com sua experiência, seu conhecimento e sua ascendência sobre os atletas poderia fazer a diferença, apesar da insistência com essa nulidade que é MA, um jogador que eu não conhecia e que só passei a criticar depois de vê-lo com a camisa tricolor.

Aqui um aparte, no programa Cadeira Cativa, do Reche, eu disse ao Pelaipe, que estava ao meu lado, que ele não conquistaria absolutamente nada com o meio de campo que ele havia contratado. Nem lembro o que ele respondeu, mas foi algo assim como ‘tu vai ver mais adiante’. É, estou vendo.

Veio o Gre-Nal. Ele começou o jogo com dois volantes, recuou MA para a função do Léo Gago. MA é um jogador que não marca, não dá carrinho, não rouba a bola de ninguém, não suja calção. Se é ruim adiantado, pior recuado, ainda mais num Gre-Nal, jogo pegado, vibrante.

É histórico que Gre-Nal ganha quem se defende melhor, marca forte no meio de campo e explora contra-ataques, jogando no erro do adversário. Luxemburgo ignorou o que Roger havia ensinado no clássico anterior. Armou um meio de campo leve, para alegria de Guinazu, Tinga e Sandro Silva.

Fosse Roger o técnico, ou o Celso Roth, ou o Mano Menezes, que foi campeão contra o favorito Inter, o resultado do Gre-Nal seria outro. Esses três nomes, entre outros, sabe como se ganha e como se perde um Gre-Nal.

Luxemburgo não poderia em hipótese alguma jogar da forma como jogou. Depois, no intervalo, tentou consertar, mas reagir colocando Marquinhos é piada. Piada de mau gosto como aquela do Rafinha Bastos.

Aliás, assim que for eliminado da Copa do Brasil, o que pode acontecer até contra o Fortaleza, o Grêmio deve passar por uma varredura, começando por MA – a Lusa está precisando dele -, Marquinhos e Gabriel. Mas tem mais.

Então, Luxemburgo me decepcionou. Não confio mais nele. Aquela ‘malandragem’ de entrar com 18 jogadores no Gre-Nal e depois a briga ridícula com os gandulas é coisa de técnico ultrapassado, ou de técnico que quer ir embora.

Diante disso, e sem conversa, defendo Roger como treinador. Foi com ele que o Grêmio fez sua melhor partida neste ano. Não é muito, mas na relação custo/benefício acho que vale a pena investir em Roger, que ao menos sabe o que fazer para não perder Gre-Nal.

É claro, que Roger e meia dúzia de reforços. Um zagueiro de ALTO nível para o lugar de Gilberto Silva; um volante para ser titular ao lado de Fernando e Souza; e dois meias de qualidade. Ah, e com a saída de M. Fernandes, um lateral direito.

É, eu já estou pensando no Campeonato Brasileiro.

A tarde desastrosa de Luxa

O Grêmio começou a perder o jogo quando Luxemburgo recuperou a dupla de carimbador de bola no meio de campo, que é o setor onde tudo se decide, conforme não canso de repetir.

No intervalo do Gre-Nal ele mandou Marquinhos passear no gramado do Beira-Rio de mãos dadas com Marco Antônio. Com esses dois, juntos, ao mesmo tempo, não há meio de campo que resista. Foi só nesse momento que senti a falta de Léo Gago, que ao menos tem mais vitalidade que os dois burocratas da bola.

Bem, aí o Grêmio tinha em campo as seguintes figuras: Gabriel,que deu uma assistência de craque para Datolo fazer 1 a , o limitado técnica e intelectualmente Pará, Marquinhos e Marco Antônio.

Um time que almeja títulos, não pode ter ao mesmo tempo esses quatro jogadores. Um ou dois deles, vá lá, é tolerável, mas quatro. Aí não há time que resista ao menos diante de um adversário de um bom porte, como o mistão que o Inter teve em campo.

Luxemburgo foi mais além no intervalo: sacou Miralles. Por que não deixar Miralles ao lado de Marcelo Moreno? Essa é uma dupla de qualidade superior, merecia uma chance.

Então, o Grêmio ficou sem meio de campo e sem ataque.

A rigor, a rigor mesmo, considero que Luxemburgo começou mal ao baixar MA para uma função mais recuada, a de Léo Gago. MA não marca, não arma e não conclui. Hoje, ele duas boas chances dentro da área para chutar, mas ele não assumiu a responsabilidade.

O certo seria começar com Wilson, Fernando, Souza e Bertoglio no meio. Daria certo? Não sei. Eu não tenho nenhuma dúvida que seria melhor do que a escalada pelo Luxemburgo. Mas agora é tarde, não tem mais como saber. A única certeza que continuo tendo é que MA não pode ser titular em hipótese alguma.

O Grêmio jogou com dez jogadores o tempo todo. Foram três substituições. MA foi mantido.

MA é intocável. Assim como Guinazu pode passar o jogo todo batendo e apitando, desafiando o juiz, MA tem carta branca para assistir ao jogo de dentro de campo, um privilégio inigualável. MA, como dizia um ministro, é imexível.

É óbvio que MA não é o único  responsável pela derrota por 2 a 1.

A carga maior cabe ao Luxemburgo. O Grêmio havia empatado com o zagueiro Werley, que já me conquistou faz algum tempo. O jogo estava equilibrado, embora Muriel, assim como MA, foi espectador privilegiado.

Aí, Luxemburgo teve um chilique. Foi encarar o gandula. Que não é só um gandula, é um instrumento do Inter para surpreender os adversários nos escanteios. Além do mais, é um gandula grande, um gandulão. Ele encarou o Luxa, houve troca de tapas, pelo que vi no tumulto. Nada de grave. Mas Luxa tumultuou tudo, foi expulso.

A partir daí, o Grêmio que mantinha um duelo digno, sucumbiu, afundou, mergulhou numa crise existencial. ‘Quem sou eu?’, ‘pra onde vou’, ‘do que sou capaz”. Luxa desequilibrou o time, que, a bem da verdade, já não assustava ninguém no estádio.

A cereja do bolo foi a entrada de Leandro e a saída de… MA? Não, porque esse é bruxinho, é ‘articulador’. Saiu Facundo Bertoglio. Estaria cansado. Mas ele cansado corria e se comprometia mais com o jogo do que MA e Marquinhos juntos.

Enfim, o time modesto do Grêmio ficou ainda mais fragilizado.

O resultado acabou sendo justo. Não fosse Victor, a derrota poderia ser por um placar humilhante.

O Inter está na final e vai ser campeão gaúcho de novo.

Ao Grêmio, resta esperar pela Arena e torcer por reforços para fazer um Brasileirão com alguma ambição.

Vuaden fora. Vantagem gremista

O jogo de futebol não começa quando o juiz apita. Começa antes, bem antes de os times entrarem em campo.

O jogo começa na indicação e/ou sorteio do homem de preto.

Nesse aspecto, o Grêmio larga em vantagem. Márcio Chagas da Silva ganhou o sorteio e será o árbitro do Gre-Nal.

A vantagem nem é tanto pelo Márcio (o Daronco foi muito bem no clássico anterior), que é o melhor hoje no Estado, mas pelo simples e decisivo fato de que o juiz não será o sr. Leandro Vuaden.

Nem vou entrar em detalhes. Vuaden fora é a certeza de um Gre-Nal em que as faltas criminosas como aquela que vitimou Mário Fernandes sem punição ao agressor (o glorioso zagueiro Jackson) serão sinalizadas.

Sem contar o fato de que por alguma razão qualquer o Grêmio não consegue vencer o Inter com Vuaden no apito.

Agora, só falta Luxemburgo escalar uma equipe capaz de enfrentar o Inter no Beira-Rio lotado.

Não vou considerar Mário Fernandes e Marcelo Moreno, que, obviamente, tendo condições plenas irão jogar. Na dúvida, que fiquem no banco.

A questão chave está no meio de campo. Eu não me preocupo com a ausência de Léo Gago. Minha preocupação é: com a presença dele e com quem será seu substituto.

Léo Gago é esforçado, é útil, mas não pode ser titular de um time com ambições maiores. Por enquanto, ele quebra o galho, até por falta de alguém melhor para a função.

Assim, a ausência dele permite que Luxemburgo arme uma equipe mais forte para enfrentar o Inter, que, mesmo desfalcado de titulares importantes, tem um time de qualidade, competitivo. E que terá ainda o apoio maciço da torcida.

Se Luxemburgo optar por Wilson de primeiro volante, liberando mais o Fernando, estará dando um tiro certeiro para vencer o jogo e garantir presença na final contra o Caxias.

Com Wilson, a marcação será mais firme e ele ainda pode ajudar a marcar a bola aérea colorada.

Se ele começar com Marquinhos, aí será suicídio. Aí, terei saudade do Léo Gago. Marquinhos e Marco Antônio juntos, tocando a bola para o lado, matando contra-ataques, deixando a defesa se recompor, é algo que me irrita. Um deles em campo já é insuportável. Os dois, então, é de largar tudo e procurar outra coisa para fazer.

Mas eu acredito na sensatez de Luxemburgo. Com Márcio Chagas e sem Vuaden, o Grêmio larga na frente. É uma vantagem que cabe ao treinador gremista não desperdiçar.

Cresce a cotação do Gauchão

Depois que Messi e Cristiano Ronaldo perderam pênalti, está tudo liberado.

Dátolo errou a cobrança, aliás, a segunda que ele desperdiça no Inter. O problema é que a de ontem, contra o Fluminense, simplesmente poderia ter encaminhado a classificação colorada à próxima fase na Libertadores.

O pênalti perdido transfere a vantagem ao Flu, que joga em casa.

O fato é que a classificação colorada ficou um pouco mais difícil, ou bastante mais difícil.

E é aí que entra o Gre-Nal.

O título do Gauchão é o que está mais ao alcance, e pode ser o único para o Inter na temporada. O mesmo vale para o Grêmio.

Portanto, o Gre-Nal será de muita pegada, muita gana de vencer. Os dois times vão jogar com ‘a faca entre os dentes’, para usar a frase do Guinazu, que, aliás, bateu como nunca e só levou cartão amarelo quase no final.

O Inter vai desfalcado de cinco titulares.

Isso é bom, porque equilibra. O Grêmio tem jogado muito desfalcado faz tempo. É por lesão, mas também por ruindade mesmo.

Não vão jogar pelo Grêmio: o goleador Kleber e o lateral Júlio César, este sem substituto, considerando o que joga o Pará, improvisado na função.

Léo Gago, que não chega a ser desfalque de se lamentar, também está fora, o que até pode ser positivo.

Outro desfalque acontece na função de articulador, onde o esforçado (mas nem tanto) Marco Antônio tem sido indevidamente escalado.

Então, os dois times estarão sem articuladores. O Grêmio sem articulador faz tempo, e o Inter sem D’Alessandro de novo.

Já apontei a solução para Luxemburgo: Facundo Bertoglio na quarta função. Ele pode fazer o que Dátolo faz no Inter, e faz bem, a ligação com velocidade ao ataque. Dátolo também não é ‘articulador’, pelo menos no estilo clássico que os treinadores adoram.

Dorival Jr poderia escalar seu articulador reserva, o João Paulo, mas prefere Dátolo. Dorival muda um pouco a forma de jogar do time, mas não abre mão de escalar um jogador de maior qualidade.

Já Luxemburgo parece obcecado. Por vezes chego a suspeitar que ele está avisando a direção: se vocês não me trouxerem um meia como o Alex, vou continuar com essa rapaz, o grande astro da Lusa no ano passado.

Para atenuar esse problema no setor mais importante do time, parece que Mário Fernandes está voltando. Está aí um grande reforço.

Acho que Luxemburgo vai passar Gabriel para o meio. Eu colocaria o Wilson, liberando mais o Fernando.

Na frente, outra boa notícia: a possibilidade de Marcelo Moreno jogar. Ele é muito melhor que André Lima, um atacante com mais recursos técnicos.

Então, vejo um clássico com muito equilíbrio de forças, com uma leve vantagem para o Inter, que joga com toda a torcida a favor.

Quem vencer, encaminha a conquista do título regional, talvez o único da dupla na temporada.

Barça e as imagens do canal 100

Nem mesmo o melhor time do mundo está livre da zebra. O Barcelona dominou o Chelsea desde o primeiro minuto. Teve a vida facilitada com a expulsão do zagueiro Terry, que acertou um espanhol sem bola, por trás, covardemente.

Foram inúmeras chances de gol, bolas na trave e um pênalti que o grande Messi desperdiçou com um chute no travessão. No finalzinho, o crime, com um gol de Fernando Torres, que recebeu livre o balão do goleiro, empatando o jogo em 2 a 2. Barcelona eliminado.

Sempre que o Barça fracassa, aparece algum luminar falando em futebol tico-tico e outras bobagens.

O futebol-show de Messi e seus companheiros é maravilhoso, dá gosto de ver, dá uma baita inveja, mas não é imbatível.

Até mesmo o Santos da década de 60 não era imbatível. E isso que tinha Pelé no auge.

A lembrança mais antiga que tenho de um futebol capaz de encher os olhos tem justamente o Santos como protagonista.

Eu era piá, pouco acompanhava futebol. Nem tinha um time ainda, se a memória não me falha.

Gostava muito de ir ao cinema, principal atração de Lajeado das tardes de domingo daquele início da década de 60.

E vibrava com o Canal 100, que era um noticioso que antecedia à exibição do filme, normalmente um de ‘mocinho’, como a gente dizia, referindo-se aos filmes sobre o velho oeste com o exército, os índios, os heróis, os bandidos e as mulheres, que só faziam trapalhadas e serviam unicamente para colocar em risco a vida do tal ‘mocinho’.

Foi numa sessão do Canal 100, com imagens grandiosas, imponentes, em preto e branco, que fui apresentado a Pelé.

Foram uns cinco minutos de imagens inesquecíveis da vitória do Santos por 5 a 2, em Lisboa, na decisão do mundial de clubes, em outubro de 1962.

Esse noticioso foi exibido meses depois da grande conquista.

O Santos todo de branco resplandecia em campo. Mais ainda a figura de Pelé. Foi uma sucessão de dribles e de gols espetaculares.

O futebol havia entrado definitivamente na minha vida.

Revi há pouco essas imagens do Canal 100 no google.

Já não sou mais o guri de calças curtas, mas voltei a ficar maravilhado, fascinado, hipnotizado.

É mais ou menos como me sinto quando vejo o Barcelona jogar.

E fico pensando como seria um confronto desse Barcelona com aquele Santos.

O Santos venceria, não tenho dúvida, mas isso é o que menos importa.

Com a faca entre os dentes

Quando um jogador como Léo Gago (um volante que não deu certo e um meia que deu errado) é considerado desfalque, é porque a coisa está mesmo feia. É mais um prova de como é débil esse meio campo gremista, que se salva porque tem dois volantes de alto nível, Fernando e Souza.

O ‘articulador que não articula’ completa o setor que é o mais fraco do time, justamente o setor onde tudo se decide no futebol. Com um meio campo assim não há defesa que preste nem ataque que entusiasme.

Agora, dentro do que pensa Luxemburgo (e é o pensamento dele que vale, não meu, nem o de vcs), Léo Gago é um desfalque importante. Da mesma forma, Marco Antônio seria um desfalque importante para o treinador.

Agora, da forma que eu vejo, ambos não fazem falta, principalmente o MA.

Para o Gre-Nal, eu colocaria o Wilson como volante centralizado, fechando com Fernando e Souza. Mas adiantado, o Facundo Bertoglio. Só não vou suportar um meio campo com Marquinhos e MA juntos de novo.

Se o Mário Fernandes puder jogar, adiantar Gabriel é uma possibilidade a ser considerada. Mas ainda prefiro o Wilson, que é alto e ajudaria a marcar Damião. Aliás, nesse quesito seria interessante contar com Saimon, que já mostrou como se marca o goleador colorado.

Já o Inter vai sentir muito falta de seu articulador, este sim um articulador, o D’Alessandro. Seu reserva é João Paulo. Assim, o Inter fica sem articulador. E se o Inter pode, já que não tem alguém à altura do titular, por que o Grêmio não pode?

Dorival não vai começar com João Paulo só pra ter um articulador. Já o Luxemburgo começa com o MA, pensando que ele é um articulador ou aquele que mais se aproxima de um articulador, o tal camisa 10.

Luxemburgo está obcecado por alguns conceitos. Está se revelando um treinador com ideias superadas. Mas ainda é um treinador de alto nível.

Teimoso, mas de ponta.

DISCURSOS

Enquanto o Gre-Nal não chega, um grande jogo no meio da semana. Não há como ficar indiferente a esse Inter x Fluminense.

Tampouco consigo ficar alheio ao que ando lendo.

Enquanto Guinazu fala em jogar com ‘a faca entre os dentes’, e eu torço para que seja mesmo apenas uma figura de linguagem, o discurso que vem do Fluminense é de uma passividade alarmante e preocupante, tanto para os torcedor do Fluminense, os legítimos, e os novos, os que habitam essas terras farroupilhas.

O técnico Abel, que não esconde sua paixão pelo Inter, e Edinho, que saiu daqui quase empurrado pelos colorados, vem com um discurso meigo.

– Não queria que fosse agora -, é o que dizem eles, mudando uma palavrinha aqui e outra ali, mas com sentido idêntico.

Mas qual a diferença em enfrentar o Inter agora ou mais adiante?

Será que é peninha de ter que eliminar o ex-clube ou é medo de cair tão cedo. Não sei o que é pior.

Mas o discurso colorado é o mais adequado para quem está indo para uma decisão.

Com a faca entre os dentes.

Uma frase forte, um recado, uma ameaça.

Uma declaração de intenções.

Luxemburgo e as firulas

Tem razão o Luxemburgo: jogador limitado não pode inventar. Ele criticou André Lima por tentar um gol de letra quando poderia ter simplificado e feito o gol.

Acho que é por isso que ele gosta tanto do Marco Antônio: esse não inventa nunca, simplifica sempre. No máximo, acerta de vez um quando um passe que resulta em gol ou oportunidade de gol.

Na maior parte do tempo, joga na zona morta, não chama o jogo para si, como faz qualquer articulador de respeito. Hoje, Luxemburgo poderia ter substituído o MA, mas o manteve em campo.

Respeito o Luxemburgo. Então, tento adivinhar por que essa insistência com alguém que vai contribuir para levá-lo a perder o Gauchão e, por óbvio, a Copa do Brasil. Ele quer dar moral pro jogador, na esperança de que ele seja no Grêmio o que foi na Portuguesa. Luxemburgo, que tem muito mais experiência no futebol do que eu, enxerga em MA um craque encoberto por uma nuvem de insegurança, que precisa ter sua auto-estima elevada.

O Grêmio tem jogadores medianos em excesso para um clube que ambiciona algo mais do que ser coadjuvante. É claro que Mário Fernandes e Marcelo Moreno vai acrescentar qualidade, uma pena que não seja em posições onde o time tem mais carência, que é no meio de campo.

Depois desse desabafo amargo, vejo coisas boas no time: o zagueiro Werley está enchendo as medidas. Vamos ver como ele vai se sair contra atacantes de ponta. Fernando se consolida como um ótimo volante. Gosto também do Souza. Na frente, Miralles e Facundo estão bem. Insisto: gostaria de ver Facundo na meia no lugar do burocrata MA.

André Lima, sendo bem explorado em sua maior qualidade, que é o cabeceio, é útil. Mas Moreno joga mais que ele. Ainda bem.

O Grêmio ficou apenas no 1 a 0 com o Canoas. Merecia um resultado melhor, teve boas chances de gol. Mas em alguns momentos parecia querer entregar de tão mal que estava. É, portanto, um time muito irregular. Inconfiável.

É por isso que Luxemburgo fica louco quando as oportunidades surgem e não são aproveitadas.

Do Chevette ao camionetão de Leandro

Usar documento falso é crime, ainda mais sendo uma carteira de habilitação que permite ao seu portador trafegar com um carro, cada vez mais uma arma de efeito muitas vezes letal.

O jovem Leandro não é o primeiro a ser flagrado tentando burlar a lei. Antes dele, para ficar nos casos conhecidos, tem o Ronaldinho (me faz lembrar um ditado, aquele é de ‘pequenino que se torce o pepino’, não torceram e deu nisso que está aí).

Do jeito que vai, com essa gurizada assinando contrato e inventando história para ganhar liberação na justiça e assinar com outro clube, muitos outros ainda estarão envolvidos em delitos de tudo que é natureza.

(Na pressa de sair dirigindo um carrão, comprar muitos celulares, fazer muita festinha, e ficar rico logo, a ética e a moralidade são varridas pra debaixo do tapete)

O caso mais grave e que dificilmente será batido, devendo ocupar o ranking negativo por muito tempo e espero que seja para sempre, é o que envolveu o então goleiro Bruno, do Flamengo, que se depender de mim apodrece na prisão. Acho que ele, o Bruno, merece passar uma temporada na pior cela do presídio central.

Já o Leandro, depois dessa humilhação toda, ou coloca a cabeça no lugar, ou será mais uma promessa que virou fumaça no mundo do futebol.

E pensar que no tempo em que comecei a acompanhar futebol o máximo de rebeldia, digamos assim, era chegar ao treino de moto. Acreditem: Cláudio Duarte, então jovem lateral-direito colorado, e com uma boa cabeleira, teve de vender a sua motocicleta, é assim que se chamava.

Lembro que o Valdir Espinosa, também jovem e com cabelos abundantes, igualmente lateral-direito, mas do Grêmio, imitou o Claudião e comprou uma moto. Que não durou muito tempo.

Argumento dos dirigentes: com moto é mais fácil de se acidentar e assim desfalcar o time.

Eram tempos mais amenos. Ouvia-se no rádio coisas ingênuas como ‘você é o tijolinho que faltava na minha construção’, enquanto hoje as letras são de duplo sentido ou sentido nenhum, pura sacanagem mesmo.

Era um tempo em o jogador comprava um Chevette e dava-se por satisfeito.

O Renato, por exemplo, depois de assinar um ‘grande contrato’, comprou um Escort Xr-3, conversível, se não me engano.

E saiu feliz por aí, pegando todas. Mas com uma carteira de motorista quente.

Pelo menos ele nunca foi flagrado para alguém afirmar o contrário.