A dupla em busca de técnico

Luxemburgo desmentiu, via twitter, que estaria negociando com o Palmeiras. Havia fortes rumores nesse sentido. Inclusive, Pelaipe, seu novo melhor amigo, iria junto, repetindo a dobradinha Batman e Robin.

Os dois estão tão afinados que Pelaipe iria junto caso Luxemburgo acabe no Beira-Rio. Esse é outro boato que circula nessa época fértil para a boataria.

O que existe de concreto é que nem Grêmio nem Inter estão com treinadores contratados para 2013.

Fernandão foi demitido horas depois de ser confirmado até o fim do campeonato pelo presidente Luigi.

Quem conhece um pouco de futebol sabe que Fernandão era uma aposta, uma aposta que tinha tudo para dar errado. E deu.

Foi uma história que começou mal: o diretor remunerado assumindo o lugar do subalterno, o treinador.

Não adianta: esse tipo de coisa pega mal no vestiário. Parece puxada de tapete, trairagem.

Sem contar que Fernandão não tinha experiência nem para diretor de futebol – cargo que ele admitiu detestar -, e menos ainda para assumir um clube como o Inter, com um bando de medalhões vaidosos no vestiário.

Para piorar, ainda veio Forlán para ofuscar D’Alessandro, Dagoberto, Damião…

Se ainda Fernandão tivesse ao lado um dirigente experiente, mas havia Luciano Davi, que estreava na função.

Dois noviços num vestiário complicado.

Agora, o Inter procura  um técnico. Está mais do que na cara que seu objetivo primeiro é Luxemburgo.

Há boatos, e eles seguem aí, de que o Inter teria feito proposta milionária para ter Luxemburgo. Sinceramente, não acredito nisso.

E duvido que Luxemburgo troque o Olímpico/Arena pelo Beira-Rio assim tão rápida e abruptamente.

Já começaria com um clima pesado.

Luxemburgo desmente, mas desconfio que ele irá assumir o Palmeiras. Com Pelaipe.

Se é verdade que o Grêmio concordou com as pedidas de Luxemburgo, atendendo plenamente o que o profissional exigiu, ele já deveria ter dado o ‘sim’.

Não tem outra coisa a fazer. É uma questão ética. Havia uma negociação, uma parte resistia, mas acabou indo ao encontro do que a outra parte queria. Ponto final.

Agora, duvido que a parte financeira seja essa que li hoje na mídia: em torno de 600 mil reais por mês e premiação milionária.

Ora, Luxemburgo é um profissional. Um sujeito experiente. Ele jamais faria uma proposta com salário ‘baixo’ projetando uma fortuna em caso de conquistar títulos.

Se Abel está renovando com o Fluminense por 1 milhão de reais, Luxemburgo não vai acertar por menos com nenhum clube.

Dizem que Luxemburgo gosta de um poquerzinho. Mas ele não seria maluco de projetar ganhos financeiros em cima da loteria que é um campeonato, um jogo de futebol, onde nem sempre vence o melhor time, e há fatores de toda a ordem influindo no resultado.

Temos, então, que a dupla busca treinador. A tendência é de que Grêmio e Luxemburgo se acertem.

Se eu fosse dirigente do Grêmio não ficaria com Luxemburgo. Contrataria Felipão.

Koff e Felipão: esta dobradinha tem tudo para dar certo. Sintonia fina.

Já o Inter, ao que tudo indica, vai ficar com Dunga. Outra aposta, mas uma aposta com mais condições de dar certo do que a anterior.

Olhos de ressaca para o futebol

Assisti ao empate por 2 a 2 entre Grêmio e Portuguesa com olhos de ressaca, como diria Machado de Assis.

Ressaca de futebol, de frustrações e decepções. A eliminação da Sul-Americana contra um timeco de segunda categoria, que aqui no Brasileirão seria lanterna, foi demais.

Na verdade, eu até deveria estar preparado para os maus resultados, porque há tempos venho salientando a pobreza técnica do grupo gremista. Do grupo, não do time titular.

Com a ressaca, vi a Portuguesa fazer dois gols sem maior susto ou sobressalto. Pensei: “Quem leva três do Millonarios pode levar dois de um candidato ao rebaixamento, por que não?”

Quando o Grêmio chegou ao empate após substituições bem efetuadas por Luxemburgo, nem me liguei. Confesso que estou sem forças, sem energia para vibrar ou me revoltar.

Estou me sentindo como num final de festa, com todas as mulheres interessantes, ou nem tanto, já ‘casadas’.

Vivo agora da esperança de me sair melhor na próxima. Felizmente, eu ainda terei uma bela chance, enquanto outros nem isso. Um pessoal aí que ficará me secando para que eu não me dê bem. Natural. É assim mesmo.

Quem fica de fora, não é convidado, fica secando os outros.

O Grêmio empatou e segue vice-líder, um ponto à frente do Atlético Mineiro, que por detalhe não perdeu em casa para o Atlético Goianiense.

No perde e ganha do campeonato, só o Inter insiste em contrariar essa norma. Só perde.

Pelo que soube, o time foi deprimente e mereceu levar 2 a 0 do Corinthians em casa.

No final, ao ser questionado sobre o risco de levar goleada no Gre-Nal – aliás, quem foi o ‘fora da casinha’ que conseguiu levantar essa possibilidade? -, D’Alessandro reagiu forte, diferente do que vem fazendo em campo.

Disse que nunca foi goleado em Gre-Nal e que esse talvez fosse um desejo da mídia.

É claro que não é desejo da mídia, mas o fato é que, por bem ou por mal, a mídia conseguiu remotivar o argentino para o jogo final do campeonato e, por enquanto, o derradeiro do Olímpico.

Goleiro Alberto e o caso Paysandu

Estive fora de ontem pra hoje e fiquei meio desligado do futebol. Normal, depois daquele golpe de conseguir ser eliminado por um time colombiano de quinta categoria.

Além de profunda irritação, essa derrota me rendeu provocações como pedidos pra fazer a cerveja Renteria.

Ao retornar, leio aqui no boteco uma notícia que fez passar essa revolta: a morte do goleiro Alberto, comentada pelo meu velho amigo dos tempos de Lajeado, o Gunther.

Vou procurar nos sites e encontro essa notícia:

“Goleiro do Grêmio no heptacampeonato gaúcho conquistado na década de 1960, Alberto Silveira morreu, aos 74 anos. Vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) há cerca de 50 dias, ele estava internado desde então no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, onde sofreu de falência múltipla dos órgãos. O corpo do ex-atleta está sendo velado na capela 4 do Cemitério da Santa Casa, onde será enterrado neste sábado, às 11h30min.

Titular nas conquistas do Gauchão do Grêmio em 1963, 65, 66, 67 e 68, Alberto formou uma defesa que tinha ainda Altemir, Airton Pavilhão, Áureo e Ortunho. Também jogou ao lado lendas gremistas como Everaldo e Alcindo e chegou a ser convocado para a Seleção Brasileira, atuando na companhia de Pelé e outros astros. Em 1968, foi considerado o melhor goleiro do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o embrião do Campeonato Brasileiro.

Seu nome era cotado como possível convocado para a Copa do Mundo de 1970, mas um impasse na renovação de contrato com o Grêmio, em 1969, acabou emperrando a carreira do goleiro. Grêmio e Alberto não chegaram a um acordo e o então atleta foi colocado na “geladeira” _ ficou mais de um ano sem jogar”.

Eu morava em Lajeado quando vi Alberto fazer defesas espetaculares em jogos contra o Botafogo e o Vasco, no Rio, com Alcindo estraçalhando no ataque. Isso lá em 1968 ou 69.

Eram imagens em preto e branco.

Mas aqueles lances me marcaram muito. Alberto foi convocado para a Seleção Brasileira e fez alguns amistosos antes da Copa de 70.

Alberto seria o goleiro do Brasil no México. Sem dúvida alguma.

Imaginem, naquela época, ter jogador gaúcho em seleção era coisa incomum.

Sempre que me perguntam qual o melhor goleiro que eu vi jogar – e só vi pela TV -, eu respondo prontamente, sem qualquer vacilo:

– Alberto.

Pode ser os meus olhos de guri, pode ser.

O fato é que eu nunca vou esquecer aquelas defesas de Alberto no Maracanã.

Defesas em preto e branco, mas coloridas na minha memória.

O CASO PAYSANDU

Transcrevo o que foi publicado no CP de sábado, excelente matéria do grande repórter Fabrício Falkowski:

17/11/2012 08:16 – Atualizado em 17/11/2012 08:51

Ex-dirigente do Paysandu reacende polêmica após quase descenso do Inter

José Artur Guedes Tourinho garantiu que quatro jogadores se venderam antes do jogo

Ex-dirigente do Paysandu reacende polêmica após quase rebaixamento do Inter<br /><b>Crédito: </b> Carlos Silva / CP Memória

Ex-dirigente do Paysandu reacende polêmica após quase rebaixamento do Inter
Crédito: Carlos Silva / CP Memória
Ex-dirigente do Paysandu reacende polêmica após quase rebaixamento do Inter
Crédito: Carlos Silva / CP Memória
“Quatro jogadores do Paysandu se venderam. Não tenho provas e, por isso, não vou citar nomes, mas é certo que aconteceu.” Assim, o ex-presidente do clube paraense fala, pela primeira vez, sobre os rumores que cercaram a partida daquele 17 de novembro de 2002. José Artur Guedes Tourinho hoje está afastado do futebol e ocupa a presidência da Junta Comercial de Belém. Na época, presidia o Paysandu. ‘É a lei da oferta e da procura. A torcida não aceita que um clube do tamanho do Inter caia”, observa.Tourinho revela detalhes de como tudo teria acontecido. Segundo ele, o assédio começou na quinta-feira que antecedeu a partida, quando os primeiros contatos de pessoas ligadas ao Inter ocorreram. No dia seguinte, prevendo que a oferta também chegaria aos jogadores, Tourinho procurou um contraveneno: uma premiação extra para vitória, não para derrota. Buscou junto à Amazônia Celular um bicho extra de R$ 50 mil para dividir entre os atletas. “Na sexta-feira à noite, peguei os R$ 50 mil, juntei com mais R$ 20 mil do caixa do Paysandu e fui para o hotel da concentração. Reuni o grupo, olhei na cara de cada um e disse: “Tem alguém que quer se vender aqui?”. Ninguém confirmou. Então, disse que daria os R$ 70 mil para o time ganhar do Inter. O rebaixamento do Inter seria uma notícia mundial, e todo mundo ganharia, inclusive o patrocinador”, afirma ele.

Mas o plano teria dado errado. “Os quatro jogadores tiveram uma reunião com um empresário no sábado, véspera da partida. Foi no almoço. Acho que foi ali que acertaram tudo”, lembra. Hoje, o empresário citado encontra-se preso em Belém acusado de duplo homicídio.

O ex-presidente do Paysandu conta que, depois do jogo, foi até o vestiário sob um chuva de moedas atiradas pela revoltada torcida. Chegando lá, conta que perdeu a razão e tentou agredir um dos “vendidos”. ‘Fui para cima dele. Mas o pessoal separou”, conta. Segundo Tourinho, houve também um sério desentendimento dos quatro atletas com o resto do grupo. Afinal, segundo a versão do dirigente, os quatro receberam uma bolada, enquanto que os outros nem os R$ 70 mil puderam amealhar.

Para Clemer, “papo-furado”

Já na época da partida, as informações de que alguns jogadores do Paysandu teria “facilitado” circulou tanto em Porto Alegre quanto em Belém. A manchete do jornal O Liberal, um dos principais do Pará, anunciou no dia seguinte ao jogo: “Papão envergonha a Fiel”.

O Correio do Povo também noticiou o fato e naquele época entrevistou Tourinho, que confirmou ter sido assediado por “pessoas interessadas em intermediar um encontro” entre ele e dirigentes colorados. Hoje, como naquela época, todos ligados ao Inter negam com ênfase e indignação: “Isto tudo é papo-furado. Aquele jogo foi muito difícil”, relembra Clemer

Luxemburgo e mais uma eliminação

O presidente eleito Fábio Koff foi obrigado a agir rapidamente para apagar o incêndio causado por um assessor pouca prática, um boca-grande, que saiu a deitar falação sobre os valores que Vanderlei Luxemburgo teria pedido para renovar seu contrato.

Sempre tem um dirigente de segundo escalão para repassar informações sigilosas para algum repórter. Eles querem ficar bem com algum repórter ou colunista ou simplesmente mostrar que ‘estão por dentro’, próximos do poder e participando das decisões, quando normalmente são os sujeitos que nada decidem, mas que tudo ouvem.

O fato é que Koff deu uma de bombeiro. As informações sobre a proposta de Luxemburgo acabaram vazando. Luxa ficou irritado e informou seu empresário, Gilmar Veloz, que manteve contato com quem decide, Koff. Era uma negociações sigilosa que uma das partes deixou vazar. Sentindo-se prejudicado, Luxemburgo já não estaria mais disposto a renovar com o Grêmio. Culpa do boca-grande.

Koff, então, acelerou todo o processo, e chegou aos números propostos por Luxemburgo, em especial a exigência de um contrato de dois anos.

O salário ficaria em torno de 1 milhão de reais, mais premiações pela Libertadores e Mundial, que juntas chegariam a 8 milhões de reais.

Se Luxemburgo for demitido durante o contrato, o clube terá de seguir pagando até completar os 24 meses.

Se for assim, sou contrário. Considero um absurdo firmar contrato com treinador, qualquer treinador, por dois anos.

Prefiro pegar esse dinheiro todo e aplicar em jogadores de qualidade.

Não há treinador que consiga grandes títulos sem grandes jogadores.

O próprio Luxemburgo só conquistou títulos importantes quando teve ao seu dispor uma série de jogadores diferenciados.

O medo de perder Luxemburgo em função do assessor boca-grande levou Koff a ceder.

Não tenho dúvida de que Koff vai acabar esfriando esse assessor ou dirigente, forçando seu pedido de demissão.

SUL-AMERICANA

O Grêmio foi eliminado da Sul-Americana de forma dolorida.

Saiu na frente com gol de Werley. Depois, no segundo tempo, o time começou a sentir os efeitos da altitude, mas principalmente faltou qualidade.

É claro que a arbitragem foi tendenciosa, favorecendo o time da casa.

Mas, acima de tudo, faltou aquela qualidade que o time tem apenas quando está com seus titulares. Elano entrou no segundo tempo, mas sem suas melhores condições. Kleber entrou e logo saiu, sentindo a lesão.

Por outro lado, o time colombiano foi insistente. O Grêmio cansou, sentiu a altitude.

Os colombianos viraram o placar. Mas o Grêmio garantia a vaga mesmo perdendo por 2 a 1. Nos acréscimos, Werley cometeu pênalti.

Renteria cobrou e marcou.

O Grêmio segue sem conquistar grandes títulos.

Felizmente, Fábio Koff voltou.

PERGUNTINHA

Aqueles que gritaram ‘fica Luxemburgo’ continuam gritando depois do quarto título do ano que o Grêmio perdeu?

Fato: Luxemburgo disputou quatro competições. Nenhum título.

Será que ele merece mesmo ganhar toda essa grana que está sendo comentada?

Eu sou contra.

Novo projeto do Boteco: Sou Fitness!

Não, não tem nada a ver com cerveja artesanal ou com futebol gaúcho.

O novo projeto parceiro do Boteco é um site destinado a quem costuma beber todas e começa a ficar com uma barriguinha (na verdade uma senhora barriga) tipo a do Luis Carlos Reche, a tal barriga de bebedor de cerveja.

Pois está mais do que na hora de a gente se cuidar.

Foi pensando nisso que um tal de Matheus Wink – já vi este nome em algum lugar… – criou um site com dicas de treinos e de motivação – e haja motivação pra quem não troca o levantamento de copos por nada deste mundo – para fazer atividades fisicas.

O nome do site é Sou Fitness: www.soufitness.com.br

Peço a todos os frequentadores deste boteco que cliquem em Curtir na página Sou Fitness no Facebook, pois é por lá que o Matheus divulga em primeira mão todoo conteúdo do site.

E o melhor, semana que vem ele vai fazer um sorteio para todos que tiverem curtido a página!

Toda sugestão (e crítica) será bem-vinda, o email para entrar em contato é matheus@soufitness.com.br

Vamos lá, participem! Vamos trocar o ‘pijama training’ por uma malhação de verdade.

Ah, mas nada de excessos. Pratiquem com moderação. Que ninguém é de ferro.

Link do site: http://www.soufitness.com.br/

Link da página no Facebook: https://www.facebook.com/SiteSouFitness

Roth, Renato e Luxemburgo: a história se repete

Quem acompanha futebol com um pouco de atenção sabe que o torcedor – de qualquer clube – salta do amor ao ódio com muita facilidade.

Sem consultar o google e evitando datas, porque minha memória para guardar nomes de filmes e jogos de futebol é sofrível, lembro que essa paixão que a maior parte da torcida devota a São Luxemburgo, já dedicou a outros treinadores.

Até Celso Roth viveu um período de romance – olhos nos olhos, mãos entrelaçadas, longos suspiros e silêncios que só os muito enamorados são capazes – com a torcida tricolor.

Sei, há situações que é melhor deletar, como aquela da mulher desprovida de beleza física que restou na boate e que você levou para casa todo animadinho, quase trocando as pernas, e que no dia seguinte, consumado o crime, você olha para o lado e leva um susto.

Celso Roth é um caso assim. Conheço gremistas que negam peremptoriamente que um dia ovacionaram Roth. Foi naquele Brasileirão que liderou o Brasileirão a maior parte do tempo, entregando para o São Paulo a partir da metade do segundo turno.

Eu mesmo fiquei várias rodadas empolgado com Roth. Eu assumo. Outros, covardes, negam. Roth, como faz agora Luxemburgo, garantiu vaga para a Libertadores.

Em função da queda do time, que deixou escapar o título brasileiro, eu defendi a não renovação de contrato de Roth. Mas a direção na época o manteve e deu no que deu. O refri dois litros ficou sem gás.

No segundo semestre de 2010 – esse ano eu não esqueço porque foi quando comecei a fazer cerveja e foi também o ano de uma das grandes alegrias no futebol, a vitória do Mazembe sobre um Inter coberto de soberba -, Renato Portaluppi veio aqui tirar o Grêmio das profundezas do inverno em que se encontrava no Brasileirão.

Renato, sem craques como Zé Roberto e Elano, não apenas afastou o risco de rebaixamento como levou o Grêmio a chegar muito próximo da liderança, como agora. E, como agora, conquistou uma vaga na Libertadores.

Empolgada, apaixonada, enlouquecida, a torcida gritou ‘fica, Renato, fica’.

O presidente eleito, Paulo Odone, ficou na obrigação de manter Renato. Não queria desafiar a torcida. Ficou com um treinador que não era o seu e… deu no que deu. Renato saiu desprezado por boa parte dos mesmos que o endeusaram meses antes.

Há uma pressão, agora, para que Fábio Koff repita o que Odone fez e renove com o treinador da vez, o ídolo do momento.

Dizem que Koff gostaria de trabalhar de novo com Felipão, formando aquela dobradinha que levou o Grêmio a ser o melhor time brasileiro da década de 90 do século passado.

Há quem seja contra. Incrível, mas há quem repudie Felipão visceralmente. Alguns deles só porque Felipão vibrou quando o Palmeiras eliminou o Grêmio da Copa do Brasil. Realmente, um motivo muito ‘forte’…

Havia outro ‘argumento’: Felipão está ultrapassado. Aí, Felipão pegou esse time ruim do Palmeiras – e todos concordam que é ruim, até mesmo quem é contra Felipão – e conquistou uma vaga na Libertadores, essa mesma que Luxemburgo acaba de ganhar.

Contra Felipão restou o fato de ter vibrado quando bateu seu velho rival, o Luxa, em pleno Olímpico lotado.

Sim, Felipão venceu o duelo com Luxa. De novo, aliás. Manteve a escrita.

Eu também acho que Luxemburgo, pelo trabalho que fez, inclusive revelando e recuperando jogadores, merece continuar.

Mas eu respeito muito o conhecimento e a experiência do multicampeão Fábio Koff.

Por isso, não estou entre aqueles que exigem a renovação de contrato de Luxemburgo. Sou contra, e aí radicalmente, a que seja firmado um contrato por dois anos.

Um ano é a medida certa. Luxemburgo pode levar o Grêmio ao tri da Libertadores e depois do bi mundial.

Feito isso, será glorificado para todo o sempre. Um ano a mais, portanto, se torna um excesso. Nem ele ficaria após a conquista de um título mundial. Com certeza, iria em busca de novos desafios.

Assim, um ano está de bom tamanho. Nem mais, nem menos.

Sei que Koff tomará a decisão certa, avaliando os custos da operação e considerando a torcida, mas sempre levando em conta o quanto ela é volúvel em suas paixões.

Passado o amor, vem o ódio. E, no futebol, essa transição se dá quase num piscar de olhos.

Luxemburgo é a bola da vez. Assim como já foram Roth – não neguem! – e Renato.

CELERIDADE

Há quem diga com a direção eleita está indo muito devagar. Vou dizer uma coisa: a mídia precisa de fatos. Ela fica em cima o tempo todo. Quando não há fatos, há especulações, e aos montes. Afinal, há espaços a serem preenchidos nos jornais, horários no rádio e na TV.

No momento em que o presidente Koff anunciar a renovação com Luxemburgo, o assunto do momento na mídia, sabem o que vai acontecer: especulações em torno de reforços. Sim, porque aí já teremos o treinador engatilhado, por que então não começarmos a falar em nomes de jogadores.

Resultado: tudo isso vai repercutir no vestiário.

Portanto, vamos devagar, sem ansiedade.

Se não confiam nos novos dirigentes, ao menos acreditem no multicampeão Koff.

Uma vitória para não esquecer

Luxemburgo pediu muitos vezes que o Olímpico jogasse como nos tempos em que ele estava na casamata oposta.

Neste domingo, como já havia acontecido outras vezes, o Olímpico jogou. E com ele, o time.

Poucas vezes nesta temporada time e torcida estiveram tão unidos na garra, na vontade, na gana de vencer. E quando essa simbiose acontece, o Grêmio se torna praticamente imbatível.

Parecia que seria um domingo de pesadelo quando Léo Gago chutou o chão logo no início matando uma boa jogada ofensiva. Logo em seguida, Gago errou de novo. Parecia que desabaria no jogo, mas o que se viu foi um guerreiro alucinado, olhos quase cuspindo sangue, se reerguendo para o jogo, se encontrando e contribuindo para a emocionante vitória sobre o forte time do São Paulo por 2 a  1.

Sem quatro titulares, o Grêmio bateu o São Paulo num grande jogo e assumiu o segundo lugar. Espero que dessa vez a imprensa gaúcha destaque a honrosa colocação do Grêmio no campeonato.

Assim como Léo Gago se reergueu no campo de batalha, o mesmo aconteceu com Saimon. O zagueiro falhou por excesso de confiança em sua técnica e depois tentou remendar de forma grosseira empurrando o atacante dentro da área, num lance que Marcelo Grohe aparecia para consertar.

Saimon fez um segundo tempo rutilante, jogando com seriedade e firmeza, sem titubear, apesar do trabalho que teve com o rápido Osvaldo, que o técnico Ney Feijó teve a generosidade de tirar de campo.

O Grêmio foi, na verdade, todo superação. Faltou a arte e o talento de Elano, mas sobrou empenho e vontade em todos os jogadores, até mesmo naqueles que aparentam menos comprometimento, como Marco Antônio.

Todos aqueles que eu mesmo rotulei negativamente várias vezes deram uma resposta surpreendente.

Pará, por exemplo, simplesmente mostrou em alguns lances ofensivos uma qualidade raramente vista em algum lateral direito em atividade no país.

O lance do gol de vitória, em que ele entortou seu marcador pela direita, e cruzou na medida para Marcelo Moreno marcar de cabeça, foi de lavar a alma de quem estava órfão de lateral desde a saída de Mário Fernandes.

Naldo foi mais uma vez um zagueiro de imposição, chegando a arrancar aplausos da torcida, sinalizando que aí está mesmo um jogador que pode ser muito útil em 2013.

Anderson Pico, depois de um começo vacilante, afirmou-se no jogo e justificou plenamente por que pode ser eleito o lateral esquerdo do campeonato.

Marcelo Grohe foi impecável. Seguro em todas as intervenções e decisivo em alguns lances.

No meio de campo, Souza e Fernando foram impecáveis.

Zé Roberto, então, foi soberbo. Tudo o que eu escrever aqui será pouco para demonstrar a minha admiração por esse jogador, que aos 38 anos corre e, o que é mais importante, joga mais do que muito guri com bota banca de craque.

E isso que ele não contou dessa vez com Elano como parceiro.

Na frente, MA foi útil. Sem brilho, mas participativo, interessado como poucas vezes vi, resultado, sem dúvida, da energia vigorosa da torcida.

Marcelo Moreno lutou bastante. Como prêmio, um golaço para lavar a alma da torcida que já comemorava o empate com o inimigo.

Por fim, André Lima. Um centroavante tradicional, sem muita técnica, mas que já mostrou muitas vezes que sendo acionado adequadamente, recebendo a bola em condições de concluir, ele se torna muito perigoso.

Foi o que se viu quando Zé Roberto fez grande jogada e descobriu André Lima na entrada da área. O atacante dominou o chutou no único lugar em que a bola poderia entrar, rente à trave esquerda, fora do alcance de Rogério Ceni. Foi um chute preciso, seco, inapelável.

Um golaço que levou a torcida ao êxtase e fez André Lima correr como um alucinado à beira do campo.

Em meio a tudo isso, Zé Roberto ouviu a torcida gritar ‘fica’.

Luxemburgo, emocionado com o segundo gol, admitiu depois que o gol bateu mais forte quando a torcida cantou, em coro: ‘Fica Luxemburgo, fica”.

– Um dia que jamais vou esquecer -, admitiu o técnico depois do jogo.

Luxemburgo, o comandante desses guerreiros que honraram a camisa do Grêmio neste domingo, praticamente obriga Fábio Koff a acelerar a sua renovação de contrato.

Futebol é assim, é momento. E o momento é de Luxemburgo.

INTER

Depois da festa gremista, outra atuação para reafirmar o momento terrível do Inter.

O clube que começou a temporada festejado por ter talvez o melhor grupo do país chega ao final do ano numa situação para deprimir o colorado mais confiante.

O Inter está hoje 15 pontos atrás do Grêmio, algo que nem gremistas e menos ainda colorados poderiam imaginar.

O Inter hoje está mais próximo do último rebaixado, o Sport, do que do Grêmio.

O Inter foi batido pelo esforçado time da Ponte Preta por 1 a 0, e o pior é que não mostrou nem dez por cento da capacidade de indignação que vem demonstrando o Grêmio quando está atrás no placar.

Para um grupo milionário, em que alguns jogadores ganham mais do que meio milhão de reais por mês, o mínimo que se poderia esperar é mais empenho para cair ao menos com dignidade.

O que aprendi com Luxemburgo

Espero que Luxemburgo continue no Grêmio. Aprendi muito com ele nesses poucos meses.

Estou certo que aprenderei muito mais, eu, a crônica esportiva e os torcedores de modo geral.

O que aprendi nesse curto período vale por muitos anos de atuação profissional na área esportiva, leia-se futebol.

Quero compartilhar com os amigos esse aprendizado e, ao mesmo tempo, manifestar minha gratidão ao sr. Vanderlei Luxemburgo e explicar por que eu quero que ele renove com o Grêmio.

– Porque com Luxemburgo aprendi que tanto faz ganhar ou perder o Gauchão, que até pouco tempo até derrubava treinador. Vejam só que absurdo! Bem coisa de gaúcho mesmo, faca na bota;

– Porque com Luxemburgo aprendi que perder uma Copa do Brasil dentro de casa para um time rebaixado para a segunda divisão do futebol brasileiro não é motivo para vaias e gritos de ‘burro’, essas coisas que revelam o lado insano e animal do torcedor, que não perde essa mania superada de querer ganhar tudo;

– Porque com Luxemburgo aprendi que a derrota no futebol deve ser encarada como natural. Se o nosso time perde é porque o outro foi superior, e precisamos aceitar, conviver com isso, viver em harmonia tanto com a vitória, o que é mais fácil, como com os empates e as derrotas, o que ainda estou tentando assimilar praticando Yoga e meditação transcedental. Enfim, sendo zen (zen vitória, zen título, zen Goethe, mas com o sorriso largo do velho Luxa nas sempre animadas entrevistas coletivas.

– Porque com Luxemburgo aprendi que é preciso insistir – mesmo que isso resulte em atuações ruins e/ou resultados negativos – com os comprovadamente incapazes de dar uma resposta positiva, como forma de incentivo para que seus espíritos sejam iluminados e consigam sair das trevas da mediocridade técnica. Afinal, todos merecem uma segunda chance. No caso de alguns no Grêmio, infinitas chances, o que evidencia a magnanimidade da alma luxemburguiana, mais uma lição que estou engolin…, digo, assimilando.

– Porque com Luxemburgo aprendi a ser mais leniente, mais tolerante. Reduzi meu nível de exigência para suportar as muitas atuações irritantes do time ao longo do ano. Devo ao Luxemburgo grande economia no consumo de calmantes aos quais apelava logo nos primeiros minutos de jogo;

– Porque com Luxemburgo aprendi que pijama training faz parte da preparação física, um conceito inovador e revolucionário que o Renato Portaluppi, em seus tempos de jogador, sempre defendeu, mas nunca foi entendido. Era um jogador à frente de seu tempo. Quando se dizia que ele matava treinos, estava na verdade fazendo pijama training.

– Porque graças a Luxemburgo tenho agora uma desculpa para usar quando a patroa lá em casa pede que eu feche o boteco e vá malhar. Graças ao Luxa, eu respondo pra nega véia:  “Depois, meu bem, agora estou fazendo pijama training, tu sabes, é aquele treino recomendado pelo nosso técnico”.

Enfim, fica Luxa! Por favor, mas só por um ano. Dois anos é demais.

Não vou conseguir assimilar tanto conteúdo.

WC e a vaga na Sul-Americana

Existe algo mais no ar do que aviões de carreira, diria o gaúcho Barão de Itararé, um dos maiores frasistas brasileiros, a respeito do que acontece no futebol gaúcho.

Quem costuma acompanhar o noticiário esportivo percebe nas entrelinhas e até mesmo nas linhas com nu frontal que uma parte muito manjada da crônica esportiva está angustiada, nervosa, tensa, inquieta, apavorada mesmo diante de algumas possibilidades, todas relacionadas ao Grêmio:

– conquista do título da sul-americana

– vice-campeonato brasileiro

– renovação de contrato com Luxemburgo

– contratação do Lugano

– manutenção do volante Souza

São os que me lembro no momento. Poderia citar alguns tópicos referentes ao Inter e que estão colocando muita gente boa em pânico: a confirmação de Luciano Davi como vice de futebol colorado em 2013.

Evito cornetear a imprensa, porque sei que é séria e honesta, mas nem ela está blindada contra a emoção que cerca a relação Grêmio e Inter. Por mais que se procure manter equidistante, tem horas que o coração se manifesta, sufocando a frieza da racionalidade.

Mas a corneta mesmo costumo deixar para um especialista: o Ricardo Worthmann, que atormenta uns e outros com o seu vigilante blog ‘cornetadorw.blogspot.com (tem um link nesta página). As vezes o RW exagera, mas alguns integrantes da mídia também exageram de vez em quando. Então, elas por elas.

A coluna do meu ex-colega do Correio do Povo por longos anos, o Wianey Carlet, na Zero Hora de hoje desnuda o tormento que acomete a alma dos colorados de um modo geral. O WC, como todo bom jornalista, consegue captar o estado de espírita do torcedor, no caso, o do Inter, no que se refere ao título da sul-americana.

WC lembra, com propriedade, que a Sul-Americana, só era valorizada aqui no Estado por metade da população, referindo-se, sem citar, à parte vermelha. A outra metade, a azul, desprezava o torneio, definido como a segunda divisão da América do Sul. É o que diziam muitos gremistas, fato.

Hoje, como o Grêmio está disputando o título, a parte azul aderiu e está valorizando o torneio. WC brinca com isso, mas o faz com uma certa mágoa, um rancor incontido.

‘Não deve ser confortável mudar, tão radicalmente, de opinião’, escreveu ele, que não pode ser considerado um exemplo de coerência.

WC, que parece ter memória seletiva aguçada – esqueceu que um dia considerou Diego (quem?) um gênio; Taison superior ao Messi;  e que volta e meia insiste que Neymar não está pronto – não citou em seu texto, como sempre bem estruturado e no caso sutilmente debochado, que a Sul-Americana passou a ser valorizada 100% não apenas aqui no RS do azul e vermelho como em todo o Brasil porque agora tem como maior prêmio uma vaga na Libertadores do ano seguinte.

Antes a vaga não existia. O título do torneio – realmente uma consolação para quem não conseguia entrar na Libertadores – saía do nada para lugar algum.

Hoje, não apenas vale a vaga como é o caminho mais fácil para garantir a classificação.

Gostaria de ter lido essa observação na coluna. Deve ter sido esquecimento. A tal memória seletiva.

Para terminar, outra do Barão: “Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades”.