O interminável inferno astral gremista

Quem trabalha ou trabalhou em jornal diário sabe como é complicado fechar as edições de Natal e, principalmente, de Ano Novo. Além de ser uma edição que vale para dois dias festivos (os dias 25 e 31 são os únicos feriados nas redações de jornais), há uma preocupante falta de assunto.

Por isso, boa parte do jornal é feita com matérias ‘especiais’ preparadas com alguma antecedência.

Se o sujeito trabalha na editoria de esportes, então, o problema é ainda mais grave. Jogadores em férias, dirigentes mais preocupados com as festas da virada. Falta assunto. Aí, fica aquele monte de especulação, coisa chata, repetitiva, cansativa.

Então, em meados dos gloriosos anos 90 eu decidi imitar o que todas as outras editorias faziam, ou seja, ouvir pessoas que fazem previsões, como cartomantes, astrólogos, tarólogos, jogadores de búzios, etc.

Como eu sempre respeitei a astrologia, que não é exatamente igual a esses horóscopos diários, decidi procurar um estudioso. Encontrei o Bruno Vasconcelos. Nem me lembro como.

Expliquei o que eu pretendia: a partir das datas de nascimento de Grêmio e Inter, ele faria o mapa astral dos dois clubes. Faltou um dado importante: o horário de fundação. Pelo que pesquisei, os dois clubes foram fundados à noite, mas não há certeza nos horários. Mesmo assim, Bruno encarou.

No cálculo dele não foram considerados as datas de nascimento dos atletas, o que daria muito trabalho para o astrólogo, que não era remunerado.

No começo, os colegas brincavam comigo dizendo que eu é que era o astrólogo, que eu inventava as previsões.

Dizem que o Luís Fernando Veríssimo, em seu começo em jornal, escrevia horóscopos diários.

O fato é que o percentual de acertos do Bruno era muito alto. Há algumas previsões fantásticas, realmente surpreendentes. Há erros, também, claro.

Para calar os incréus, publiquei lá pelo terceiro ou quarto ano de previsões, uma foto do Bruno. Mesmo assim, tem gente que até hoje acredita que eu mesmo é quem fazia tudo.

Eu apenas transcrevia o que ele me passava, primeiro por telefone, depois, com o advento da internet, por e-mail. Alguns deles eu tenho guardados para provar que eu era apenas o mensageiro nesse processo.

Bem, no final de 2004 ou 2005 – se alguém procurar vai encontrar – Bruno Vasconcelos previu que o Inter estava na iminência de começar a viver um período de vitórias semelhante ao dos anos 70, em forte projeção no exterior, em função de determinado posicionamento dos astros, etc.

Desnecessário dizer que ele estava certo.

Mas havia outra previsão, uma previsão ainda mais arrojada. E, para os gremistas, assustadora. Confesso que não levei fé, não acreditei no Bruno, e temia ver o meu amigo – sim, acabamos nos tornando amigos – pagando mico, o que também me atingiria, pois eu assinava as matérias, aliás, de grande repercussão a cada virada de ano.

Mas o que Bruno previu, que eu, covardemente, omiti, ou amenizei, não lembro ao certo?

Acreditem ou não, Bruno previu que o Grêmio, também com base nos astros, continuaria por longo tempo sem conquistar títulos de maior projeção.

Quando li o email que ele mandou com as previsões levei um susto. O Bruno pirou, pensei. Não pode ser, de jeito nenhum. Telefonei pra ele – ah, o Bruno não acompanhava futebol, mas se dizia gremista – e o questionei. Ele repetiu que isso aquilo mesmo que ele enxergava no mapa astral do Grêmio.

– Esse período de vacas magras pode ir até 2015, 2016 -, garantiu ele.

Hoje, depois do que vi acontecer nos últimos anos, com o Grêmio beliscando títulos e perdendo no detalhe, reconheço que pode estar mesmo ocorrendo uma influência negativa de alguma determinada situação astral.

O fato é que, infelizmente, a previsão está se confirmando.

Observação: Bruno Vasconcelos faleceu faz alguns anos. Em respeito a ele, deixei de seguir com as previsões astrológicas de final de ano para a dupla Gre-Nal.

Com isso, ficou mais difícil fechar a edição de 31 de dezembro/01 de janeiro. Felizmente, já há quatro anos não preciso mais me preocupar com isso.

Encerro essas linhas com uma mensagem ao BV: eu não levei fé; tu estavas com a razão, parceiro.

Grêmio cai por incompetência nas conclusões

O Grêmio perdeu tempo demais com Zé Roberto, esse mesmo que a torcida ensandecida escalou no jogo anterior.

Renato só pode ter escalado ZR para não ter a torcida resmungando desde os primeiros minutos a qualquer passe errado. Sem contar, que ZR, por sua qualidade, talvez desse alguma contribuição significativa.

Zé Roberto parecia um carro 1.0 no meio de máquinas 2.0. Parecia uma barata tonta. Não acrescentou defensivamente e muito menos ofensivamente, como acreditavam aqueles que isso aconteceria e que gritaram seu nome no último jogo.

Sem contar o clamor de um colunista que tem em seu histórico – entre outros tantos equívocos – a tentativa de destruir Baltazar, nada menos o cara que fez o golaço do primeiro título brasileiro do Grêmio e que depois foi ser goleador na Europa.

Renato acabou cedendo. Um treinador deve morrer abraçado à sua convicção. Ou teimosia.

Nada garante que o Grêmio com três atacantes desde o começo venceria o jogo, mas não tenho dúvida de que teria feito mais no primeiro tempo do que os dois chutes de fora da área do Telles e do Barcos, que o goleiro defendeu.

Aliás, nos dois últimos jogos, os goleiros adversários foram os melhores em campo. Marcelo Lomba foi o maior pontuador do Cartola.

Agora, o empate e a eliminação não passam por Renato. A culpa é muito mais da má qualidade do time em termos ofensivos.

Barcos, que até fez alguns bons lances, é um péssimo cabeceador. Chamei a atenção para esse fato algumas vezes, como hoje ao meio-dia no rádio Guaíba.

Hoje, a bola dos laterais encontrou Barcos na área. E todos os cabeceios do argentino foram para fora, sem qualquer perigo. Nunca pensei que sentiria saudade do André Lima, mas nesse quesito faltou alguém mais eficiente na área.

Outro que não acerta um cabeceio a gol é o Rodolpho, que é bom mesmo, e muito bom, na própria área.

Então, em Curitiba, mesmo com um ataque juvenil, o Grêmio foi superior e mereceu ao menos o empate. O Atlético teve uma situação e marcou. De cabeça. Nem cabeceador o Grêmio tem mais. O melhor, Werley, ficou fora.

Hoje, na Arena, com a torcida tendo um comportamento exemplar, o Atlético não ameaçou uma vez sequer o goleiro Dida.

Então, se não permitiu situações de gol ao adversário e ao mesmo tempo criou inúmeras situações de gol, ninguém pode, com honestidade, isenção e sem paixão, responsabilizar Renato pela eliminação na Copa do Brasil.

O treinador arma o time para se defender bem e criar situações de gol. Ele não pode entrar em campo para marcar o gol que os atacantes por imperícia e/ou nervosismo não conseguem fazer.

O GOL ANULADO

Antes do jogo comentei que o juiz seria o flamenguista Marcelo Henrique, de grande atuação no Gre-Nal.

Não gostei de ter um flamenguista apitando a decisão na Arena. Pensei com os meus botões: qual seria o melhor adversário para o Flamengo numa final de Copa do Brasil? Grêmio ou Atlético PR?  A resposta me parece óbvia. Repeti essa pergunta hoje na Guaíba.

Kleber, que apanhou como um cão sarnento, levou cartão amarelo num lance banal. E Kleber, que havia provocado três cartões amarelos por agressões sofridas, era o único que incomodava a defesa paranaense.

O Grêmio precisava de um golzinho para levar aos pênaltis. O golzinho aconteceu num chute de Ramiro, que minutos antes havia acertado a trave.

Teria havido falta de Barcos no lance. Não vi nada. E muita gente não viu. Mas o juiz, que não se constrange de aparecer com a camisa do Flamengo, marcou uma infração e anulou o gol

O gol que levaria aos pênaltis ou até a um segundo gol.

No futebol, cada vez mais se vence ou se perde nos detalhes. Tudo está muito nivelado. Qualquer erro de arbitragem pode ser fatal.

O fato é que o Flamengo está mesmo com muita sorte: terá o Atlético na final. Não um velho carrasco.

O time do Renato e a força da torcida

Se reunirmos dez gremistas (ou colorados), não encontraremos duas opiniões completamente iguais sobre qualquer assunto a respeito de suas equipes.

Há muito tempo estou convencido disso. Claro, pode haver exceções.

Na ZH de hoje, dia 5, colunistas e convidados do jornal opinam sobre qual seria o seu time ideal para enfrentar o Atlético Paranaense. Há diferenças de esquemas e de nomes tanto na defesa, como no meio e no ataque.

Mas de um modo geral todas escalações se aproximam do time que irá entrar em campo na Arena para buscar à classificação à final da Copa do Brasil.

O fato é que se nós aqui de fora não chegamos a um acordo, como cobrar de Renato que nos ouça? Ele tem mais é que decidir por sua cabeça, que é a que pode rolar em caso de fracasso. Não será a minha nem a sua. No máximo, ficaremos com uma baita dor de cabeça. E ainda de cabeça inchada, como se dizia antigamente.

Assim, dou meu apoio ao time que Renato irá escalar, e que dificilmente será diferente desse:

Dida; Pará, Werley, Rodolpho e Alex Telles; Souza, Ramiro e Riveros; Vargas, Kleber e Barcos.

Afinal, essa formação no 4-3-3 (agora com Pará e Werley – pode ser que Bressan seja mantido) foi bem contra o Bahia.

O adversário nunca ameaçou o goleiro Dida e o sistema ofensivo funcionou, dando muito trabalho ao goleiro Marcelo Lomba, que parecia estar de aniversário.

O que faltou contra o Bahia e não pode faltar nessa decisão é esse artigo tão raro no Grêmio, o gol.

Mas o caminho para chegar ao gol foi redescoberto.

Só falta esse detalhe que faz toda a diferença, que consagra ou afunda: a bola na rede.

Então, duvido que Renato vá arriscar mudanças de última hora, como Zé Roberto e/ou Elano começando o jogo.

Cabe ao torcedor confiar no treinador que chegou aqui desacreditado por muitos, herdeiro de um time montado por outros.

Renato em pouco tempo conseguiu devolver ao Grêmio a bravura, a determinação e a indignação do time diante da adversidade.

Um Grêmio com a cara do Grêmio.

Houve uma queda de rendimento, é verdade. O crédito de Renato com a torcida está evaporando velozmente, porque no futebol tudo é muito rápido. No futebol, o céu e o inferno estão muito próximos. O herói de hoje é o vilão de amanhã. E vice-versa.

O importante nessa hora é confiar em Renato e no time que ele montou. Será um jogo de paciência. O Grêmio deve entrar em campo pensando em vencer por 1 a 0. Nunca com a obrigação na cabeça de vencer por 2 a 0. O 1 a 0 basta.

O segundo gol será consequência, mase se não acontecer ainda há Dida para garantir nos pênaltis. Os batedores do Atlético vão pensar nas defesas de Dida contra o Corinthians, e irão tremer.

O Atlético Paranaense vai sentir hoje o peso de uma Arena lotada e de uma torcida ainda mais vibrante e incansável quanto esse time do Renato.

Quem for à Arena predisposto a vaiar e a pedir por jogadores que estão no banco, por favor, que fique em casa.

Se não pode ajudar, ao menos não atrapalhe.

Chegou a hora de começar a rezar

O Grêmio está deixando escapar entre as chuteiras de Barcos – e as de mais uns dois ou três, para ser mais justo – suas chances de garantir vaga direta na Libertadores de 2014. Ou reage, ou já no próximo final de semana, contra o líder Cruzeiro, pode cair para terceiro ou quarto lugar.

Esta é a dura realidade do momento.

E como o Grêmio, que até uns 20 dias atrás ainda mantinha a esperança de título, chegou à essa situação que aflige os gremistas, repetindo, aliás, o que tem acontecido desde o distante título da Copa do Brasil de 2001?

Um pouco por teimosia do Renato, que se abraçou a um esquema como um marisco às pedras, e dele não desgruda.

Em nome desse esquema, que tem seus méritos indiscutíveis mas que apresenta sinais evidentes de desgaste, Zé Roberto fica no banco de reservas e vê desfilar em seu lugar uma série de nulidades inexperientes.

Hoje, depois de longo tempo, ele entrou para jogar uns 10 minutos.

O Grêmio dominava o Bahia, que praticamente não levava risco à área de Dida. Zé Roberto poderia ter entrado antes, talvez com Elano, aos 20 minutos.

Mas não foi por isso que o Grêmio deixou de faturar três pontos em sua casa, digo, na casa da OAS.

Mais uma vez o que se viu foi um ataque absolutamente incapaz de marcar gols. Em relação a maioria dos últimos jogos, houve ao menos um progresso: o time criou inúmeras situações de gol.

O goleiro Marcelo Lomba foi o destaque do jogo com algumas defesas muito difíceis, como aquela desviada do Kleber, à queima-roupa, após cruzamento do PGV Ramiro.

Depois, Barcos perderia duas chances muito claras de gol. Numa delas, ele poderia ter encostado para Kleber, mas optou por ele mesmo fazer o gol, já que um pouco antes havia perdido boa chance e fora vaiado. Marcelo Lomba cresceu em sua frente em defendeu.

Assim, de gol perdido em gol perdido, o Grêmio vai afundando como um barco avariado.

O sistema defensivo vai bem obrigado. Comete suas falhas, como aquele descuido contra o Atlético Paranaense na quarta-feira passada, mas não pode ser responsabilizado pela decadência do time que se mostra incapaz de bater, em plena Arena, adversários assustados pelo fantasma da segundona.

Ainda defendo a proposta de de jogo do Renato. Mas não tem como abrir mão de jogadores como Elano e Zé Roberto ao menos para entrar no intervalo ou mais cedo no segundo tempo.

Tenho minhas dúvidas se isso resolveria a inoperância do ataque, mas penso que poderia aumentar sua produção e eficiência.

Quem reclama que a simples presença de um articulador, sacando um volante, resolveria a questão, quero lembrar que no jogo de hoje o time criou oportunidades para vencer até com facilidade, mesmo com Ramiro, Riveros e Souza.

O fato é que há falta de qualidade na criação de jogadas, mas também é inegável que os atacantes não aproveitam devidamente as poucas chances que aparecem.

No caso de Barcos, sou solidário ao jogador. Chego a torcer para que o zagueiro intercepte a bola que vai deixá-lo na cara do goleiro, porque isso evita o constrangimento de mais um gol desperdiçado.

Vargas é um caso à parte: como sou um admirador do drible, a bola grudando no pé do atacante, me empolgo feliz quando vejo uma arrancada do chileno. Passa por um, por dois, por três. Agora vai, penso eu, mas aí ele adianta demais a bola. É bonito de se ver, só o desfecho da jogada é que deixa a gente frustrado.

Já o Kleber é um jogador inteligente. Talvez o mais inteligente do time na organização de jogadas, no passe, na bola enfiada. O problema é que ele praticamente não conclui. E quando aparece para receber em situação de marcar, como no lance referido do Barcos, a bola não chega.

Agora, tudo é agravado pela capacidade que os laterais têm de cruzar onde os atacantes não estão. Faz tempo comentei sobre isso. Moisés até fez uns dois ou três cruzamento bons, mas no restante imitiou o titular Pará. Alex Telles tem um problema sério. Eu, fosse o treinador, o proibiria de tentar o gol em chutes de fora da área. Na bola parada ele também é apenas razoável, para ser compreensivo.

Elano deveria jogar até em função da bola parada. Muitos jogos são decididos em cobrança de falta, de escanteio.

Por fim, o mais preocupante.

Um time que não conseguiu fazer um golzinho sequer no Bahia – fora o histórico de incapacidade ofensiva –  tem chances reais de fazer dois gols no Atlético Paranaense?

Chegou a hora de acreditar, de ter fé.

Chegou a hora de rezar.

E quando chega essa hora é porque a coisa realmente está feia.

Grêmio segue vivo na Copa do Brasil

Sem o ataque titular e tendo como opções dois atacantes imaturos e pouco testados, o certo seria escalar um deles, no máximo, com um meia de criação.

Mas Renato decidiu começar com Lucas Coelho e Yuri Mamute, que alguns neófitos do futebol tentaram comparar ao Balotelli. A única semelhança, ficou comprovado hoje e para toda a eternidade, é a cor.

Mamute, como eu suspeitava há muito tempo, é o tipo de jogador de empresário influente. A realidade dele é um time de segunda linha, e olhe lá.

Juro que busquei encontrar alguma qualidade nesse rapaz.

Entre ele e o Lucas Coelho, mil vezes o segundo. Até nisso Renato errou. Na hora de substituir, sacou Lucas, que ao menos tem visão de jogo e passes corretos. Deixou o balotelli dos pampas em campo e viu, constrangido, o guri pisar na bola depois de outros lances em que revelou seu total despreparo.

Ora, será que Renato não viu, nos treinos, as limitações evidentes desse jovem, que tem como única qualidade a força física e a vontade de jogar bola.

Então, o certo seria começar com um dos atacantes e um meia, o Maxi ou o Elano.

Maxi parece estar pagando o preço de ousar marcar um golaço nos poucos minutos que teve com Renato. Onde já se viu driblar, clarear o lance e fazer gol? Para Renato, o importante é correr, lutar como uma ovelha cercada por lobos, até cair exaurido, sem forças.

Agora, analisando pelo lado positivo, a derrota por 1 a 0 pode ser revertida. Não com facilidade, porque para reverter será preciso marcar dois gols, o que tem sido uma raridade nesse time armado pelo Renato para defender, jogar no erro do adversário, e torcer por um aproveitamento espetacular nas conclusões.

Mas é um resultado possível de reverter. Afinal, o jogo é na Arena, que estará lotada, especialmente se a OAs der uma mãozinha. E também se o clima ajudar.

Outro aspecto positivo é que o Atlético, mesmo em casa, poucas chances de gol criou. O seu gol foi um achado. O certo seria um empate por 0 a 0, de tão pouco que as duas equipes criaram no ataque.

No final, quase Riveros empatou, após uma jogada brilhante de Pará, que demorou 90 minutos para acertar um lance ofensivo.

O importante é que o Grêmio está vivo.

E são apenas quatro equipes vivas na Copa do Brasil.

A escorregada de Abel e o drama de Renato

O técnico Abel Braga anunciou sua contratação pelo Inter para a próxima temporada.

Deixou os dirigentes colorados numa saia justa. Alguns reagiram contendo a irritação. O presidente Luigi chegou a gaguejar numa entrevista na rádio Guaíba.

Com o Brasileirão em andamento e um treinador comandando o time, os dirigentes tiveram que desmentir, mas sem desmentir de verdade.

Jornalistas compreensivos vieram em socorro dos dirigentes: ah, mas o Inter pensa também no Tite. Pura conversa. Abel está acertado, só que isso era para ser anunciado mais adiante, não agora.

O técnico Clemer ainda não foi ouvido a respeito. Tenho curiosidade em saber o que ele pensa de um colega de profissão anunciando que irá ocupar seu lugar a partir de janeiro.

O pior é que não ouço nem leio o pessoal da crônica esportiva criticando a declaração do Abel. Sei que o Abel é o técnico que levou o Inter ao mundial de clubes, fato que o faz ser muito amado por metade do RS, o que é muito justo.

Mas nem por isso ele pode ficar imune às críticas por essa escorregada ética.

Na defesa de Abel vão dizer que Clemer não passa de um interino. Sim, interino ele foi logo que assumiu, tinha até prazo de validade, que seria o jogo contra o Náutico. Aí, ele venceu e foi ficando.

Clemer cansou de manifestar seu desejo de seguir no cargo e, para isso, apostava nas vitórias e na vaga à Libertadores.  Toda a mídia dando força.

Mas os resultados não foram tão bons, o time agora joga basicamente para terminar a competição com dignidade.

Clemer é uma carta fora do baralho, mas as cartas ainda estão na mesa.

O que Clemer não contava, nem a direção colorada, é que Abel fosse abrir um bocão logo agora.

Mas não tem problema: a imprensa esportiva gaúcha acha tudo isso normal.

RENATO E OS CORNETEIROS

Treinador de futebol de grande clubes ganha muito, mas sofre.

Vejam Renato. Hoje, está levando pedrada como a Geni do Chico Buarque.

Por que? Simplesmente porque tentou manter a estrutura de time que levou o Grêmio a entrar no G-4, vencendo o campeonato paralelo com o Inter, e ainda na briga pelo título da Copa do Brasil.

Agora, se aos 4 minutos o time já está perdendo por 2 a 0 e se o ataque é essa inoperância crônica, uma reação fica quase impossível. Para qualquer time.

Ah, mas poderia ter começado com Elano e Zé Roberto. Sim, poderia. Mas quem garante que o time não levaria os mesmos dois gols no início?

E, perdendo, os mesmos que cobram esses jogadores no time, estariam apedrejando Renato por não ter mantido a proposta vencedora.

Também acho que Elano e Zé deveriam ser melhor aproveitados, mas respeito a opção do técnico, até porque Adriano é um volante eficiente e Matheus Biteco até pouco tempo era festejado como grande promessa, com boa marcação e qualidade para chegar na área adversária.

Agora, com dois gols em 4 minutos…

Nada que uma vitória em Curitiba não faça de Renato de novo, pelo menos até a próxima derrota, um grande treinador.

Futebol com cara de ressaca

O domingo não poderia ter sido pior para a dupla Gre-Nal.

O Inter viu seu sonho de Libertadores, que já estava muito mais para delírio, virar pó diante de um São Paulo que está ressurgindo das cinzas. A arbitragem foi cruel com o Inter, mas o time segue instável e sem qualquer sinal de que pode reagir. Lembro que no começo do campeonato previ que o Inter, em função de não jogar no Beira-Rio e também por ter uma defesa vulnerável demais, terminaria em torno da décima posição.

Se para o Inter, perder não chega a ser novidade, uma goleada desse Grêmio que tem seu forte justamente no setor defensivo, beira ao surrealismo.

Levar 4 a 0 do Coritiba, com dois gols em quatro minutos, e praticamente não mostrar poder de reação, me faz lembrar um antigo programa da TV em preto e branco: está muito Além da Imaginação.

Ninguém poderia supor um resultado tão desastroso.

Na minha avaliação, o Grêmio sentiu demais os efeitos do jogo decisivo contra o Corinthians. Houve um desgaste físico e mental muito grande.

O Grêmio jogou um futebol com cara de ressaca.

Desatento na defesa, confuso na marcação e, como sempre, absolutamente ineficiente no ataque.

Aqui, um comentário breve sobre o Barcos.

Vejo nesse jogador algumas qualidades, mas só quando ele está em pé. O problema é que ele tem um problema sério de estabilidade. Não sei se algum fisiologista já o examinou com atenção.

Acredito que o centro de gravidade do Barcos é semelhante ao daquelas pequenas vans coreanas ou algo assim, estreitas e altas. Ou seja, um perigo nas curvas. Um exame acurado poderá constatar isso.

Mas é claro que a goleada não passa por ele.

Apontar algum jogador ou alguns jogadores como responsáveis pela derrota seria injustiça. O time todo estava perdido, desorientado e até mesmo relaxado, porque o foco é a Copa do Brasil.

O técnico Renato também não tem culpa. Manteve a estrutura básica. Acho que o problema maior ficou por conta do entrosamento do meio de campo, o trio de volantes.

O sistema defensivo teve um apagão inicial e depois não conseguiu reagir. E quando se reequilibrou não viu ninguém na frente. A entrada de Elano deu mais qualidade, mas foi insuficiente.

Renato disse que foi um acidente. Também acho.

O importante é que os estilhaços desse choque não causem reflexos no jogo de quarta-feira, de novo em Curitiba.

Cerveja 1983, a mídia e o pênalti de Pato

Foi divertido ouvir os programas esportivos – é claro que não ouvi todos – nesta quinta-feira, principalmente os debates.

O assunto predominante foi o pênalti cobrado pelo Pato.

A vitória do Grêmio e a classificação à semifinal ficaram em segundo plano. Por que será que eu não me surpreendo?

Faziam muita brincadeira. Não faltou nem musiquinha com patos e o qua-qua-qua.

Havia, claro, muito despeito, muita inveja, muita ciumeira incontrolável.

O jogo em si passou ao largo, praticamente.

Não ouvi ninguém mencionar que o Grêmio jogou melhor que o Corinthians e que havia feito por merecer a vitória nos 90 minutos.

O Corinthians chutou uma bola em gol, com algum perigo. Douglas pela esquerda e a defesa de Dida para escanteio. No mais, cruzamentos afastados pela zaga ou neutralizados pelas mãos firmes do goleiro gremista.

Chances claras de gol quem teve foi o Grêmio. Destaco as duas do Vargas, em especial a primeira. Até o Damião com sua péssima fase teria feito.

No final, aquela cobrança de falta sensacional do Elano, que, aliás, entrou muito bem, vibrante, interessado. Pena que ele não entrou uns dez minutos antes.

Então, foi uma vitória merecida, com muito sofrimento, mas absolutamente justa.

Um jogo que merecia mais destaque da mídia esportiva porque foi um grande duelo tático e técnico.

Na minha opinião, um confronto digno de final de campeonato.

CERVEJAS e MARQUETINGUI

É claro que antes, durante e depois do jogo degustei a 1983 e a 1903. Moderadamente.

Estou lançando o último lote de long neck, pilsen, com as cinco marcas.

Depois, vou largar. Tentei licenciar a 1983 para comemorar em alto estilo os 30 anos do Mundial de Clubes.

Não tive sucesso.  Ando mesmo sem moral.

Se o Grêmio não se interessa, quem sou eu pra achar que é realmente um bom lance de marketing justo agora em que dois heróis de 1983 estão juntos de novo, o Koff e o Renato?

Pensei em escrever ‘brochei’, mas como este é um espaço família opto por ‘desanimei’.

Com a 1983 licenciada e com registro no MAPA seria mais fácil atender os centenas de gremistas de todo o país que pedem a cerveja.

Bem, eu tentei. Ali em cima foto do último lote que vou disponibilizar à nação gremista.

Pedidos: ilgowink@gmail.com

AMBEV

Alegadamente, a 1983 não pode ser licenciada porque a Ambev tem contrato de exclusividade de bebidas alcoólica com o Grêmio.

Eu sabia que a Ambev estava com medo de mim, eu sabia.

Dida, três vezes Dida

Antes dos pênaltis, Dida foi até a beira do gramado para abraçar um Renato tenso e agitado. ‘Deixa comigo, chefe’, deve ter dito esse goleiro que é mais que um goleiro, é uma lenda.

E Dida passou a escrever mais uma página em sua trajetória de vitórias logo no primeiro pênalti. Barcos, um jogador vivido, rodado, sentiu o peso da responsabilidade e chutou para a defesa do goleiro Walter.

Aumentou a responsabilidade do goleiro gremista, a melhor herança deixada por Luxemburgo. O experiente Danilo cobrou e viu Dida crescer em sua frente. Defesa de Dida.

Depois, o promissor Alex Telles cobrou na trave esquerda. Romarinho cobrou e venceu Dida.

O Corinthians estava em vantagem quando o patinho feio fez o que o veterano Barcos e o garoto de ouro não conseguiram: mesmo nervoso, ele fez o gol, voltando a dar esperança à torcida que enfrentou a noite chuvosa para apoiar o time.

Na cobrança de Edenilson, mais uma vez Dida brigou e evitou o gol. Foi aí que apareceu Elano. O jogador que teve seu nome gritado pela torcida durante boa parte do jogo e que vem amargando a reserva com elevado profissionalismo deu a resposta que seu talento impõe. Gol.

Alessandro, capitão corintiano, foi para a quarta cobrança do time e não se intimidou: empatou tudo.

Na quinta cobrança, Kleber esbanjou categoria e tranquilidade. Na verdade, uma tranquilidade apavorante. Walter vai defender, pensei eu, assombrado por mil demônios.

Gol de Kleber.

Ficou tudo para ser decidido entre dois velhos companheiros de Milan: Alexandre Pato e Dida. Pensei: Dida deve conhecer todas as manhas de Pato. Vai defender.

E Pato fez a alegria gremista. Deu uma cavadinha mal aplicada e Dida defendeu com a facilidade que só os grandes goleiros conseguem passar a cada intervenção.

Classificado, o Grêmio encara o Atlético Paranaense, que eliminou o Inter com o empate por 0 a 0 em Curitiba.

Não terá seus três atacantes: Kleber e Barcos receberam o terceiro amarelo, e Vargas foi expulso.

Vargas é  um atacante perigoso, mas é um inconsenquente. Um jogador inconfiável. Ele perdeu duas grandes chances de gol. As melhores chances da partida. Na primeira, cruzada da direita, do Kleber, ele teve tudo para marcar, mas chutou muito alto com a goleira escancarada.

No segundo tempo, em outra jogada de Kleber, o melhor do jogo nos 90 minutos, Vargas entrou livre pela direita e chutou na rede pelo lado de fora. Foram as grandes chances de gol da partida.

Depois, Dida salvou a noite e justificou plenamente sua contratação, calando corneteiros não definitivamente, porque são poucos os torcedores que têm humildade para recuar em suas opiniões, mesmo quando um goleiro defende três pênaltis em cinco.

Não me lembro de algo assim.

Dida salvou Vargas, salvou Barcos e salvou Renato.

Graças a ele o Grêmio mantém viva a esperança de um título nacional.

Dida, Dida e Dida. Três vezes Dida.

Koff, Odone e a Arena

A propósito do debate público entre o presidente multicampeão, Fábio Koff, e o ex-presidente Paulo Odone, que entra para a história – para o bem e para o mal – como maior responsável pela construção da Arena e demolição do Olímpico, quero deixar muito claro, mais uma vez, que estou preocupado. Muito preocupado. Quase desanimado.

O pior é que eu e muita gente previmos que esse momento chegaria e que o clube Grêmio passaria por um longo período de turbulência a partir do contrato firmado com a empreiteira OAS, que, é claro e está no seu direito, nunca joga pra perder.

Se a OAS não ceder e revisar alguns pontos do contrato, a situação ficará muito, muito difícil. Se ela continuar intransigente e arrogante, desde já, proponho que nenhum gremista compre os imóveis que serão erguidos pela empresas às centenas. Que fiquem vazios, sem compradores.

Bem, seguem agora dois textos que escrevi no meu antigo blog, quando ainda trabalhava no Correio do Povo, há quase cinco anos.

Confesso que não me lembrava deles, mas sabia que havia opinado sobre o negócio. Infelizmente eu não estava muito errado. Mas acho que exagerei no titulo do primeiro. Confiram:

17/12/2008

Atestado de óbito

Os fatalistas não deixam por menos: a assinatura do contrato (lido por poucos e comentado por muitos) para construção da Arena vai selar o começo do fim do Grêmio. A morte do Grêmio.

O pessoal de um blog já fez até convite para o sepultamento. Não acredito que seja para tanto, mas depois do terremoto causado pelo contrato com a ISL (até hoje o clube sofre os efeitos da herança maldita) todo cuidado é pouco.

Por isso, é inaceitável essa pressa. Inventaram a história da Copa do Mundo para acelerar o processo. O que menos importa é erguer um estádio para sediar jogo da Copa do Mundo.

Parece que agora as coisas estão andando num ritmo mais lento, o contrato misterioso é analisado com calma e, principalmente, seriedade. Sei que tem muita gente séria debruçada sobre o documento. Por isso, acredito que no final tudo vai dar certo. Se houver algum problema, esse grupo vai vetar o contrato.

Fiquei sabendo, por exemplo, que se a construtora, famosa por abocanhar muito grana de sucessivos governos daqui e do exterior, falir, a Arena ficará para pagar os credores.

O Grêmio, então, ficaria sem Arena, sem Olímpico, sem nada. Confio que os conselheiros atentem para esse tipo de coisa, entre outros tantos aspectos que ficam nas entrelinhas.

Caso contrário, podemos começar a escrever o atestado de óbito e nele colocar todos os nomes dos responsáveis pela morte, um por um.

Escrito por Ilgo Wink às 22h11
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14/12/2008

Arena no Olímpico

O Conselho Deliberativo do Grêmio decide amanhã sobre o projeto da Arena.

Vou direto ao ponto: sou a favor da Arena no Olímpico mesmo, não no banhadão do Humaitá.

O grande problema seria a questão de área, de espaço. Isso seria resolvido com muito menos do que será gasto para comprar a área do Humaitá. Bastaria comprar alguns prédios junto ao Olímpico.

Resolvido o problema de espaço, reformar o Olímpico ou erguer outro estádio.

Nas duas hipóteses, o clube faria parcerias, a exemplo do que fez para erguer o Olímpico. O Inter também agiu assim e aí está o portentoso Beira-Rio.

Não há necessidade de vencer a alma para o diabo.

Até pouco tempo o Grêmio estava fechado com um grupo português, que acabou saindo fora porque tinha ou tem problemas. Mas era defendido com unhas e dentes pelos dirigentes do clube.

O negócio atual me parece nebuloso, não está muito claro. Não gosto dessa história de ter alguém bancando tudo para depois ter direitos sobre receitas do clube. O Grêmio não precisa ficar refém de nenhuma empresa. Pode andar e seguir em frente com suas próprias pernas e ajuda de empresários, sem comprometer seu futuro.

A matéria do CP deste domingo, feita pelo Carlos Corrêa, aponta para outro tipo de solução, algo que torna o clube dono do empreendimento.

O projeto do arquiteto Plínio Almeida me parece muito viável e melhor para o Grêmio. Confiram.

Se foi possível erguer o Olímpico (e o Beira-Rio) numa época em que não girava tanto dinheiro no futebol, por que não o seria hoje?

Fiz uma rápida enquete entre os gremistas da redação. Dez votaram. Sete a favor da Arena no Olímpico, dois no Humaitá e um ficou neutro.