Geografia do futebol mundial está mudando

A torcida e a imprensa brasileira precisam cair na realidade. Esquecer essa conversa de que o Brasil é o país do futebol, que nossos talentos são muito superiores e em maior quantidade do que os formados mundo afora.

Todos reconhecem que está tudo muito nivelado, que não tem mais japonês no futebol – aliás, essa assertiva é do tempo em que o Brasil ainda dominava o cenário mundial ao menos na revelação de jogadores de primeira grandeza.

Mas quando o time enfrenta um pouco mais de dificuldade, todos esquecem que o Brasil está sendo alcançado tecnicamente por outros seleções, e superado por algumas delas em termos coletivos.

O empate com o México mostrou que o Brasil está longe de ser invencível – o que não é de agora – e que grande parte da torcida e da imprensa não querem aceitar isso. Terminado o jogo, a mesma equipe festejada na estreia passou a ser questionada e criticada.

E isso depois de um jogo em que o goleiro adversário saiu consagrado de campo. É claro que foi um jogo difícil. Ninguém nega. O México, pelo qual tenho enorme simpatia, sempre uma pedra no sapado brasileiro, foi eficiente na marcação e atacou algumas vezes com perigo. O resultado mais justo, porém, seria vitória do Brasil.

Ainda assim, sobraram críticas, tudo porque a imagem do Brasil como superpotência no futebol ainda é muito forte em boa parte da população, estimulada por jornalistas ufanistas e delirantes, que perdem noção da realidade.

E a realidade é que hoje japoneses, coreanos, africanos e até australianos, de futebol ridicularizado no tempo em que comecei a trabalhar como no jornalista, evoluíram e cada vez mais vão impor dificuldades a europeus e sulamericanos.

A Austrália foi grande hoje contra a Holanda. Merecia ao menos um empate, embora não tenho visto todo o jogo. Essa mesma Austrália quase tirou a Argentina da Copa.

Então, há uma mudança gradativa no futebol mundial. Potências emergentes estão incomodando os poderosos de 20 ou 30 anos atrás. Quem não entender ou não aceitar isso vai continuar se surpreendendo, como eu mesmo me surpreendo ainda, como foi ver o Chile batendo a atual campeã mundial, a Espanha, que volta pra casa com o rabo entre as pernas.

Foi em cima de uma vitória por 3 a 0 sobre a Espanha, há um ano, que o Brasil conquistou a Copa das Confederações e consolidou uma imagem de seleção forte, capaz de atropelar qualquer adversário depois de detonar a campeã do mundo. Hoje se vê que a Espanha já era ali uma equipe decadente, o que se confirmou onze meses depois.

Portanto, para evitar decepções e depressão profunda, sugiro que não se entusiasmem tanto com a equipe de Felipão.

Mesmo assim, ainda considero o Brasil favorito ao título. E elejo a Alemanha como seu maior adversário.

A Holanda, pelo que vi contra os australianos, vai morrer de novo na praia, ou até antes. O Chile é outra seleção que não tem fôlego e vai cair pelo caminho.

A Argentina, apesar de uma estreia modesta em termos de futebol, tem potencial para crescer, mas ao que parece vive só da tradição e do futebol de Messi.

É, a geografia do futebol está mudando. Quem sabe a Copa não termina com uma surpresa? Tudo é possível.

Só não é mais possível acreditar que o Brasil é o mesmo de outros tempos em que os mais otimistas diziam que era possível formar aqui três ou quatro seleções, todas capazes de brigar pelo título mundial.

Hoje, se forma uma só, e olhe lá.

Kleber sai e leva consigo o Gladiador da Arena

Kleber desembarcou em Porto Alegre no final de 2011 com status de grande estrela, o que ele nunca foi na verdade. Foi recebido com festa por dezenas de torcedores.

Afinal, era a chegada do Gladiador para a Arena. Na verdade, o Grêmio contratou o Gladiador, o Kleber, atacante de trajetória instável dentro e fora de campo, veio de brinde.

Se fosse apenas pelo Kleber, duvido que a direção anterior teria concordado em fechar contrato de cinco anos com um jogador de 28 anos, pagando, pelo que vazou na época, DOIS MILHÕES DE EUROS por 50% do passe, os outros 50% eram do Cruzeiro, que paga aceitar o negócio recebeu o glorioso lateral Gilson.

É bom esse Jorge Machado, o empresário que alinhavou a transação.

O custo mensal de Kleber ao Grêmio seria, conforme tem sido divulgado, de 500 mil reais.

No final dos cinco anos, Kleber custará ao Grêmio, instituição de futebol com vocação para a caridade instalada na Azenha, a bagatela de uns TRINTA MILHÕES DE REAIS de salários.

Eu, se fosse conselheiro do Grêmio, entraria com um pedido de impeachment – nem sei se um conselheiro pode fazer isso, mas deveria poder – da diretoria que ousasse fechar esse tipo de negócio. Nâo importa quem estivesse na presidência.

Chega de gente que assume sem se preocupar em aplicar o dinheiro do clube – oriundo da torcida sob todas as formas que se avalie – com parcimônia, prudência e comedimento.

Antes de fechar um negócio o dirigente responsável deve se perguntar: “Eu faria isso se esse dinheiro fosse meu, fruto do meu esforço, do meu trabalho?”.

Kleber se foi. Levou consigo o Gladiador. Foram dois anos e meio de Grêmio. Custo/benefício muito ruim, péssimo.

É preciso reconhecer que ele teve bons momentos, mas poucos. Foi prejudicado por contusões que o afastaram por longo período. Mas ao menos ele ainda jogou, ao contrário de Fábio Aurélio, que não entrou em campo um vez sequer e que custou aos cofres do clube em torno de 3 milhões de reais.

Dinheiro do torcedor jogado pela janela sem dó nem piedade.

O futebol, mais do que de profissionalismo em suas várias instâncias, precisa é de seriedade. A partir da seriedade e da honestidade de princípios pode-se erigir uma instituição sólida. Sem essa estrutura, a casa desaba, cai, afunda.

Sem organização, planejamento e, principalmente, seriedade, não há dinheiro que chegue.

Não há dinheiro suficiente para satisfazer a ganância dos lobos e abutres que vivem no meio.

É preciso uma mudança profunda. Desconfio que o presidente Fábio Koff está empenhado em limpar a área.

Depois do equívoco que foi comer pelas mãos do sr Luxemburgo, gastando o que não tinha, Koff conseguiu dobrar a poderosa empreiteira, reduzindo substancialmente os danos que o contrato firmado causava ao clube.

Agora, segue no esforço de reduzir a folha de pagamento e ao mesmo tempo qualificar a equipe. Equação difícil, mas não para alguém como Koff.

A saída de Kleber vem em boa hora. O Grêmio vai pagar uma parte do salário do atleta, que fica no Vasco até o fim do ano. Quem sabe em São Januário ele não volte a ser o Gladiador?

O negócio é excelente, nem importa se esse Felipe Bastos vai realmente acrescentar grande coisa. Pelo que conheço dele, trata-se de um volante eficiente, pode ser útil.

O futebol tem dessas coisas. Kleber que chegou com festa, saiu discretamente, quase que pela porta dos fundos. Ninguém lamentou.

No Rio, chegou em silêncio, quase invisível.

Em agosto, ele completa 31 anos. Quando seu empréstimo terminar, ainda faltarão dois anos de contrato: mais R$ 12 milhões de salários.

COPA

A Copa tem sido um sucesso. Estádios lotados. Foi bonita a festa no Beira-Rio. A falha no sistema de som não diminui em nada no espetáculo. Nem a briga de meia dúzia de gremistas e colorados, que nem num ambiente festivo consegue se desarmar.

Alemanha desponta como favorita ao título. Seguida da Holanda, mas esta sempre morre na praia.

A Argentina não vai longe. O Brasil, dono da casa e queridinho das arbitragens até quando a Copa é fora daqui, é forte candidato, claro.

Tragédia uruguaia na Copa

O velho amigo e colega jornalista, Raul Rubenich, especializado em internacional, não o clube e sim a editoria de jornal, lançou seu blog faz algumas semanas. De vez em quando ele dá seus pitacos no futebol e mostra que conhece bastante. Gremista assumido, Raul assina o blog ‘raulrubenich.wordpress.com’. Ah, ele entrou na kombi dos que também viram pênalti em Fred. Como se vê, ele conhece bastante, ehehehe.

Confiram seu texto sobre a tragédia uruguaia, seleção pela qual torcia e sigo torcendo, esperando que ela ainda consiga sua vaga:

Informação oficial:  Sai José “Pepe” Mujica, entra Joel Campbell.

E eu com isso? Muita coisa, pois esse pode ter sido um resumo –  bem mais do que “aloprado”, sei, –  do que aconteceu neste sábado, 14 de junho, no jogo no Mineirão entre Uruguai x Costa Rica, e daquilo que vinha ocupando as atenções de muitos cronistas. Desde alguns reconhecidamente gremistas e/ou antidilmistas até outros nem tão declaradamente militantes (este termo é politicamente correto?) em menor ou menor grau de excitação das causas pró e anticopa no Brasil.

Sobre os cronistas gremistas, houve aqueles que, depois de muita “enrolação” com o inegável ciúme que provoca na gente o fato de estar tendo jogo padrão Fifa em Porto Alegre só na casa “deles”, enquanto a nossa majestosa Arena, que finalmente o dr. Fábio Koff parece admitir ser realmente gremista (ou precisar ser ainda por ele comprada, vá entender de negócios lá no Tadjiquistão, sem ofensa a ninguém…), cumpre um papel mais do que secundário.  Ou  não é isso poder ser requisitada pelos  barões do futebol para alguns treinos de quem aparecer por aqui para jogos oficiais no BRio, enquanto este espera um domingo pelo menos sem nevoeiro  para que possam , pagantes e completantes,  cumprir seu papel na construção de um legado para todos os brasileiros (pelo menos tenho ouvido falar num tal de “legado” com relação a tudo aquilo, olhando talvez de outro ângulo, poderiam interpretar como sendo simplesmente um enorme  como entulho que restará da atual febre de obras)?

Mas, já tem desvio demais nestas linhas, cabe-nos   voltar à informação oficial sobre o jogo de sábado em Belzonte. O Uruguai entrou em campo não para ostentar a tão falada garra charrua, mas com o ar meio distante de quem já tinha passado por Montevidéu e outras plagas e provado um pouco do “legado” do presidente Mujica. Isso mesmo, tinha gente em campo com cara e coragem de quem não fazia muito tempo estaria puxando  um baseado, nem que fosse só para aproveitar os benefícios da legalização da maria juana assinada recentemente, sob aplausos e exaltações generalizadas,  pelo camarada Mujica. Afinal, essa tal de Costa Rica não deveria ser grande coisa, não, e os integrantes do falado “grupo da morte” se resumiriam ao próprio Uruguai, Inglaterra e Itália, que jogaram mais tarde, no mesmo sábado, com a vitória dos italianos, e a vitória deveria ser o resultado mais do que natural para a “Celeste”.

Até por isso mesmo teve gente por aqui  que, esquecendo algumas coisas do passado recente, repetiu a história de que eventos como a copa são usados pelo governo da hora para tirar proveito de uma situação como a que vivemos, e semelhantes. Por isso mesmo, não vi ninguém sair ostensivamenete a proclamar apoio aos black blocs e outros maluquetes da vida, mesmo se se dispusessem a provocar as polícias de todos os tipos com a criação de situações irreversíveis. Não, até esse ponto não chegamos, afinal, somos gente de paz, e nossa provocação ao poder se manifesta, quando muito, no dia de um voto, quase sempre secreto. Que acaba, vamos e venhamos, elegendo figuras que de secreto nada têm. Nada disso, portanto, mas uma decisão estava tomada: esquecer até onde der essa copa que anda por aí, e, se isso for impossível, estar pronto e preparado (seja lá o que isso exija, dentro das circunstâncias), a vibrar pelo Uruguai.

Não é só isso que faz o melhor dos mundos, reconheço, mas o melhor dos mundos só existe quando a liberdade de escolha existe e é exercida na plenitude.  Por exemplo, a liberdade de que se julgou possuidor o time todo da Costa Rica e, simbolicamente, o baixinho Joel Campbell, que fez um dos gols que surpreenderam os uruguaios e foram transformados em manifestação da mais pura alegria pelo próprio Campbell, cujas imagens, tenho a certeza, pelo menos os “neo-uruguaios” não vão esquecer tão cedo. E que eu gostaria de incluir neste post, se não fosse o problema do custo que semelhante divulgação implica.

Tio Felipão

Os que chegaram até aqui podem me xingar, se quiserem: de novo no futebol, qual é a tua?

Sinceridade? Acho que sempre quis trabalhar c om esportes, ao longo da minha jornada como, segundo se diz hoje, “comunicador multimidia”.  Por isso recaio no tema, e não seria diferente agora que todo mundo parece ter um assunto único (fora os combatentes islâmicos que estão se aproximando velozmente de Bagdá, ameaçando com isso a própria existência do regime lá implantado por Bush e “consolidado” por Obama. Mas, pelo andar da carruagem, parece inevitável   “enrolar”;  em breve, talvez assim que as coisas se esclarecerem aqui por perto…).

Aproveito a oportunidade para estranhar o que parece acontecer com o Felipão: o poder subiu-lhe à cabeça? Se a minha interpretação da irritação do nosso técnico  não estiver completamente equivocada, temos que, depois do jogo do Brasil na Arena do Corintians, meio mundo  “inventou” de ter visto favorecimento, pelo árbitro japonês, à seleção anfitriã, no lance em que foi marcado pênalti decisivo para o andamento do escore.

Em vez de deixar o assunto morrer solenemente na casca pela via do silêncio, fizemos justamente o contrário, botamos o Felipão a ver indícios – por exemplo, na matéria de um jornal esportivo argentino, que está, sempre que possível, mexendo com os brios dos vizinhos favoritos “deles” -, de uma “conspiração” destinada a prejudicar o Brasil pela via da arbitragem. Além dele, manifestou-se o Fred, protagonista do lance discutido, em linha saída diretamente da mesma fonte. Felipão, me parece, não é o personagem correto para identificar conspirações e semelhantes contra a seleção que, de várias outras formas, parece às vezes ser muito mais o “time do tio” que a seleção brasileira.

Conspirações e assemelhados não poderiam ser, jamais, os pontos dominantes nas discussões sobre uma competição esportiva que, todo mundo sabe, tem uma proprietária, um país responsável pela sua realização, tendo para tanto assumido uma série de compromissos e passado igualmente a esperar outra série igual de benefícios, dezenas de participantes diretos e um público de bilhões apreciadores espalhado pelo mundo todo. Se estivesse desde sempre determinado que só os mais capazes estariam entre os vencedores, não haveria motivo para ocupar tanto espaço – e, muito menos, para deixar participantes e seus apoiadores, como aconteceu ontem com os uruguaios, desnorteados, mas sempre dispostos a começar tudo de novo.

Para finalizar: conspiração ou não, concordo com o Ilgo Wink, que no seu  “Boteco” sustenta que o Felipão e o Fred estão certos: foi penalti. Estivesse no lance o nº 9  do Grêmio, eu estaria pedindo a cabeça do juiz. Problema é o 9 do Grêmio chegar lá… rk,, rk, rk…

Japonês acertou no lance do pênalti

Pois eu vi pênalti contra a Croácia. O juiz japonês acertou ao marcar falta sobre Fred. Vi a infração no momento em que ela ocorreu e depois confirmei na repetição.

Sei que estou remando contra a maré. Podem me chamar de soldadinho do passo certo. Mas eu estou aqui para escrever o que penso, não para fazer média.

Descrevo o lance da forma como o vi ontem, na hora do jogo – só voltei a ligar a TV hoje a tempo de ver o México sendo garfeado:

A bola foi cruzada da direita. Fred disputou com dois zagueiros. Foi puxado no braço esquerdo por um deles, o número 6, Lovren. Não foi um puxão tão forte a ponto de derrubar um atleta do porte do Fred, mas foi um puxão que prejudicou a sua tentativa de pegar a bola.

Se o puxão não ocorresse, as chances de Fred seriam maiores nesse lance.

Portanto, foi uma infração que o juiz assinalou prontamente. O juiz não tem ‘medidor de intensidade’ de puxão ou empurrão. Ele viu o zagueiro puxando o Fred, e isso realmente aconteceu.

É claro que o Fred, malandro véio, ao perceber que não chegaria na bola primeiro depois do puxão, jogou-se de costas. Ao mesmo tempo, o zagueiro croata ergueu as duas mãos, num gesto  que defino como uma confissão de culpa de quem comete faltas, e isso está disseminado há tempo no futebol. O infrator dá um empurrão ou puxão e automaticamente levantas as duas mãos para o céu. Se eu fosse juiz, sempre  me guiaria por esse gestual auto-incriminador.

Curioso é que o autor da infração só correu para reclamar depois que meio time croata cercou o juiz.

Eu, como alguém indiferente à seleção brasileira – torço mesmo é pelo Grêmio – e que no caso atual ainda se posiciona contra, poderia vir aqui e escrever que realmente o juiz errou, que o Brasil mais uma vez foi favorecido pela arbitragem, algo corriqueiro em Copas do Mundo como todos já sabem.

Aliás, no post anterior eu previ que mais uma vez o Brasil teria favorecimentos dos homens de preto. Então, se eu fosse oportunista estaria agora destacando que acertei. Os favorecimentos vão acontecer, mas não penso que este seja o caso.

Nesse aspecto, Camarões ganhou do Brasil. O México precisou fazer três gols para valer apenas um.

Sobre o jogo em si, Brasil 3 x 1,  a Croácia soube explorar os contra-ataques, em especial pela direita, de onde saiu o seu gol. Depois, Felipão acertou a marcação e fechou a avenida Daniel Alves.

Os croatas reconheceram a superioridade do Brasil, em especial pelo fator torcida. Jogaram fechadinhos, mas como alguns de seus jogadores têm muita qualidade, contaram com contra-ataques perigosos. A Croácia não teve dois ou três titulares.

O resultado mais justo seria um empate. O Brasil até pode ser campeão, mas terá de melhorar bastante.

LOTECA

Eu tinha tanta certeza que o Brasil não venceria que fiz aposta dupla no jogo 1 da Loteria Esportiva – aliás, há mais de ano que não apostava na loteca. Então, apostei na Croácia e no empate. Estou fora da disputa logo no primeiro jogo. Parabéns pra mim.

O Pai da Copa

O Pai da Copa largou de mão o seu rebento, a sua cria. Existem pais assim, desnaturados, que não dão a mínima para seus filhos.

Há um caso exemplar sobre isso em Três Passos. Resultou na morte de um inocente, um guri que só queria um pouco de atenção e afeto de seu pai. Seu pai!

Mas que tipo de pai é esse que abandona seu filho?

É um ser da pior espécie.

O Pai da Copa fez de tudo para trazer a Copa do Mundo ao decantado ‘país do futebol’. Bravateiro como nunca, prometeu que a iniciativa privada bancaria a construção de modernos estádios de futebol, e que haveria pouco dinheiro público envolvido no projeto Copa 2014. Isso foi há sete anos.

O que se viu desde então é indescritível. Obras inacabadas, dinheiro jorrando dos cofres públicos via BNDES e outras torneiras, normalmente fechadas para o que realmente importa, que é saúde, segurança e educação.

O último levantamento do TCU identificou uns 600 milhões em irregularidades em obras da Copa.

Enquanto erguiam-se estádios faraônicos até onde quase não existem torcedores, fechavam-se hospitais públicos devido à remuneração insuficiente do SUS aos serviços prestados.

O povo foi às ruas. Faz um ano isso. Exigiu hospitais padrão Fifa. Ganhou intercambistas a peso de ouro e mais hospitais fechados.

Não é hora de protestar, dizem alguns, acrescentando que o momento de questionar já passou.

É que o povo é assim, acredita em suas lideranças, até que elas provem que não merecem crédito.

Quando anunciou a vinda do torneio da Fifa, o Pai da Copa não disse que os estádios seria erguidos com dinheiro público, ao contrário.

O povo está pagando essa conta. Uma conta salgada, originada às custas de milhares de pessoas que padecem nas filas de hospitais e de outras tantas que até já morreram por falta de atendimento adequado, muito diferente daquele prestado a políticos graúdos no hospital Sírio-Libanês.

O povo está revoltado. Ao menos boa parte dele. Outros vão no embalo, no ritmo da Globo, esquecem e ignoram as mazelas do dia-a-dia, e vão curtir os jogos. Nada contra.

O curioso é que o homem que lutou tanto pela Copa, que, entre outras ações, se desdobrou para ajudar o Corinthians a erguer a sua Arena, claro, com o nosso dinheiro, não vai prestigiar a sua obra.

Vai assistir aos jogos em casa, refestelado no sofá, tomando uma cervejinha. Pelo menos é o que ele falou em suas andanças por aí.

Será medo das vaias?

O fato é que o homem que, pretensiosamente, sonha – ainda sonha? – em ser reconhecido como Getúlio, o Pai dos Pobres, não vai conferir de perto a sua criação.

O Pai da Copa, como o mais infame dos homens, abandonou seu filho.

A ufanisticamente chamada “Copa das Copas” está orfã de pai.

Mas, não duvidem, se tudo der certo, ele vai aparecer no final para cantar vantagem. Não foi sempre assim?

Caso contrário, se o Brasil não for campeão e outras coisas derem errado, O Pai da Copa continuará em casa aboletado em seu sofá, tomando a cervejinha com o sorriso de quem venceu mesmo tendo perdido.

Giuliano, sim ou não?

Giuliano, sim ou não?

Considerando o custo benefício – pelo menos uns 6 milhões de euros -, sou contra.

Considerando a precariedade criativa do Grêmio do meio para a frente, sou a favor. Sem entusiasmo, mas a favor.

É uma contratação difícil. O Grêmio tem duas alternativas para fechar o negócio: conseguir investidor com bala na agulha e disposto a investir em Giuliano, ou esperar que o clube ucraniano faça o que é muito comum quando o jogador força sua saída, que parece ser o caso. O ex-jogador colorado tem contrato até o fim de 2015. Na metade do ano que vem pode assinar pré-contrato e os ucranianos ficam sem nada. Então, eles costumam emprestar o jogador por um ano, desde que o jogador prorrogue seu contrato pelo mesmo período. Se o negócio sair deverá ser por esse caminho: o empréstimo.

Se eu fosse investidor não colocaria tanto dinheiro em Giuliano.

Optaria por investir, por exemplo, em Breno, Matheus Biteco ou em Everton, trio campeão sub-20 na China, defendendo a amarelinha, conquista ocorrida neste domingo e informada pelo Francisco Coelho – nosso especialista em categorias de base – no post anterior.

Mas voltando ao Giuliano. Ele não é exatamente o que o Grêmio precisa: um meia articulador, um armador. Tampouco é aquele jogador que coloca a bola debaixo do braço e lidera o time a uma reação. A não ser, claro, que tenha mudado muito na Ucrânia.

Mas Giuliano tem qualidade suficiente para vir e assumir a titularidade no lugar dos meia-bocas que hoje fazem figuração no meio.

Conversei com um amigo setorista do Inter em 2010, quando o Inter foi bi da América. Giuliano foi apontado o melhor jogador da competição. Pode não ter sido o melhor, mas foi decisivo para o Inter, mesmo sendo reserva. Entrou no decorrer dos jogos e decidiu. A conquista passou pelos pés de Giuliano. Não é pouca coisa.

Pois esse setorista confirmou que Giuliano é um meia-atacante, pode ser também um segundo atacante. No esquema de Enderson Moreira, que continua treinador do Grêmio, ele seria um dos três meias.

Hoje, ele poderia jogar ao lado de Alan Ruiz e Dudu, como um atacante que, parece mentira!, continua sendo ele o Barcos.

Então, resta torcer que o Grêmio contrate Giuliano, até porque não há nada melhor no horizonte tricolor.

MARKETING

Eu e Gunther e a filha dele, Julia.

Ontem foi ao Salgado Filho pegar umas muambas que o Gunther, representante oficial do Boteco em Miami, trouxe pra mim.

O Gunther mal colocou os pés no saguão e já foi dizendo que queria tirar uma foto dos paineis colocados pelo Grêmio no aeroporto. Tiramos a foto, claro.

Olha, ficou muito legal, grande jogada.

Quem quiser saber mais não espere pela mídia tradicional. A dica é do Querubini e do Tremarin.

Acesse:

http://www.palpiteros.com/news/gremio

Fernandão dignificou o futebol

Sempre admirei jogadores inteligentes. Fernandão, além de muito bom tecnicamente, foi um jogador inteligente. Um dos mais inteligentes que vi jogar.

Fernandão era Abel Braga dentro de campo. Feliz é o treinador que pode contar com um jogador assim em campo. O Grêmio, por exemplo, não tem esse jogador.

Lembro-me que o Grêmio tentou a contratação de Fernandão, que começava a destacar-se no Goiás.

A morte de Fernandão aos 36 anos é um golpe em todos os torcedores do Inter, mas choca também todos aqueles que gostam do futebol praticado com elegância, vibração e lucidez.

Eu era admirador de Fernandão, embora torcesse contra ele.

Fernandão é, talvez, o maior ídolo moderno do torcedor colorado.

E ídolos, a gente sabe, são eternos. Ainda mais quando morrem cedo e de forma tão trágica.

Morreu Fernandão, um atleta que dignificou o futebol.

FERNANDÃO NO GRÊMIO?

Em 2004, o então diretor de futebol do Grêmio, Evandro Krebs, tinha tudo alinhavado para contratar Fernandão, salário, tudo.

Havia até uma grana reservada para o negócio. Na hora H o presidente Flávio Obino preferiu usar o dinheiro da compra de Fernandão para quitar um débito que o clube tinha com um banco. Obino havia conseguido reduzir o débito de maneira substancial, desde que fizesse o pagamento naquele momento.

Obino conseguiu uma boa economia para o clube. Mas o Grêmio perdeu Fernandão.

A arte de perder uma Copa do Mundo

No começo de junho de 2006, enumerei dez razões que me levaram a afirmar, peremptoriamente – gosto dessa palavra, ela me lembra um momento importante da política gaúcha – que o Brasil perderia a Copa do Mundo daquele ano, na Alemanha.

É claro que a situação hoje é diferente – nem tanto -, mas algumas coisas me lembram o que aconteceu nos dias que antecederam à estreia do Brasil.

Percebo muito ufanismo de todos, a começar pelos meios de comunicação. Parreira, personagem decisivo em 2006, não se conteve dias desses: “Chegou o campeão”.

Quem percebeu isso e parece estar tomando providências é o técnico Felipão. Confiram em http://esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,felipao-tenta-resgatar-o-espirito-da-copa-das-confederacoes,1505287

Mas duvido que o Brasil perca. Logo adiante tem eleição e é importante demais um título mundial na nossa casa. Um fracasso terá reflexo nas urnas.

Agora, se o apito não ajudar, o Brasil não ganha.

Mas vamos ao que escrevi, resumidamente, há oito anos no meu blog anterior, criado no início daquele ano mesmo, o WWW.ilgowink.zip.net:

1 – PARREIRA

O treinador é Carlos Alberto Parreira. Esta frase já diz tudo, mas não são poucos os fãs de Parreira. Por isso, comento: é um treinador da mesmice, do futebol chato, que não estimula a criatividade e abafa os talentos.

O seu limite de ousadia são as telas que ele pinta – tem alguém que as compre?

Foi campeão do mundo nos Estados Unidos. E daí? Foi salvo pelo Taffarel e pela ruindade de um italiano. Tinha no grupo nada menos do que Romário no auge. E outros jogadores talentosos. Era um baita time, que nas mãos dele sofreu para vencer os Estados Unidos. Eu disse Estados Unidos. Sem contar que a arbitragem, como sempre, ajudou.

O Brasil jogou um futebol medíocre, marcou poucos gols, a maioria feita pelo Romário. O Brasil foi campeão apesar do Parreira. Enfim, Parreira é um chato, não é mesmo ‘mano’ (expressão que ele incorporou ao seu linguajar e que não cansa de repetir)?

Além disso, já deu o que tinha que dar.

2 – ZAGALO

Prestem atenção na figura dele, no que ele fala e como fala. Parece gagá, não? Por exemplo, outro dia, assim de graça, falou que Kaká será o grande nome da Copa. Pra que dizer isso? Quer provocar ciúme nos outros candidatos (R. Gaúcho e Ronaldo)? Quer provocar disputa interna? É que ele fala sem pensar, talvez porque já nem pense, se é que um dia pensou.

Depois, vem com a história do número 13. Além do mais, nunca foi um bom treinador. Ganhou a Copa de 70 meio sem querer, comandado pelos líderes do time, Gérson, Carlos Alberto e Pelé. E nos clubes como foi o Zagallo treinador? Nada, um zero.

TEXTO COLOCADO HOJE: fora isso: convocou Paulo Nunes para viajar com a Seleção, desfalcando o Grêmio em jogo decisivo pela Libertadores em 1997. IMPERDOÁVEL.

3 – SALTO ALTO

Se o otimismo exacerbado fosse apenas da torcida e da imprensa, que, de um modo geral está enlouquecida, sem qualquer senso crítico, não haveria problema.

A questão é que quase todos na Seleção estão assim, tipo levando de barbada. É só prestar atenção nas declarações de jogadores e do comando técnico. Tem gente mais preocupada em saber quem será o destaque da Copa, se o Kaká, se o Ronaldinho ou o Ronaldo, como se o hexa já estivesse garantido. O hexa ficou em segundo plano para algumas pessoas, tanto de dentro como de fora da Seleção. Não vou me estender nesse tópico, porque isso está evidente demais e nós sabemos que ninguém ganha um jogo antes dos 90 minutos.

4 – LEGIÃO ESTRANGEIRA –

A Seleção Brasileira é composta por jogadores que há bastante trabalham no exterior. Vivem a maior parte do tempo em outros países. A realidade brasileira é algo distante pra eles. Uma realidade da qual até preferem – com alguma razão – manter distância.

O Robinho, por exemplo, teve a mãe seqüestrada e apressou-se a sair daqui. O ‘mensalão’, a frustração que o PT causou aos seus milhões de eleitores, a farsa do Fome Zero, a força do PCC, a liberdade da Susanne. São coisas que não lhes dizem respeito.

Então, qual o real envolvimento desse pessoal com o Brasil, com o povo brasileiro e suas mazelas? Esses jogadores vão entrar em campo com algum espírito patriótico? Realmente imbuídos do que é representar o país em que nasceram?

Resumindo: essa Seleção Brasileira tem muito pouco de brasileira e nós sabemos que para ganhar uma Copa do Mundo a pátria precisa estar no coração e na ponta da chuteira de cada jogador, e não apenas de alguns.

5 – OS MILIONÁRIOS

Nunca o Brasil disputou uma Copa do Mundo com tanto jogador rico e milionário. Todos eles já ganharam mais dinheiro que o Pelé. E alguns superam o Maradona, que já é de uma época em que até cabeça-de-bagre tinha um salário de fazer inveja a deputado que recebeu o mensalão.

Então, com tanto dinheiro, com tanto prestígio e alguns com inúmeros troféus no armário, consagração mundial e tudo o mais, será que esse grupo da Seleção vai jogar com aquela disposição de quem, sedento,  disputa um copo de chope?

6 – FOGUEIRA DAS VAIDADES

A impressão que tenho, aqui de longe, mas atento às declarações e ao comportamento dos jogadores da Seleção, que existe uma disputa de beleza nos bastidores, algo disfarçado, mas que pode ser constatado a partir de uma observação mais atenta.

Alguém aí acredita que o Ronaldo não se sente incomodado por já não ser a maior atração da Seleção? E mais, sempre tem alguém falando que ele está gordo e até superado.

Primeiro, Ronaldinho, o Gaúcho, lhe roubou o nome. O Ronaldo antes era Ronaldinho. Ronaldo não falou nada. Depois, Ronaldinho ocupou seu espaço na Seleção e no coração dos torcedores. E Ronaldo continua sem falar nada. Ele se corrói por dentro, estou certo disso.

Ninguém mais invade o campo para abraçar Ronaldo. Os carinhos são todos para Ronaldinho. Não sobra nem para Kaká, menos ainda para Roberto Carlos e Adriano. Só dá Ronaldinho, que ainda por cima não se cansa de manter e estimular a imagem de bom moço, do cara simpático, sempre pronto para um sorriso, o que, no caso dele, é muito, muito, fácil. Ronaldinho é a Seleção. Ele, portanto, que resolva os jogos, devem pensar alguns de seus companheiros.

Vamos ver se ele resolve. Duvido.

7 – ESQUEMA TÁTICO

O treinador Parreira me lembra o Fernando Henrique Cardoso (‘esqueçam tudo o que escrevi’) e o presidente Lulla (esqueçam tudo o que prometi).

O sujeito que ganhou a Copa dos Estados Unidos com três volantes no meio de campo e que sempre preferiu esquemas mais fechados quer desmentir a sua biografia, que até é das melhores, como técnico.

Pois o Parreira começa a Copa com apenas um volante (Émerson), o que, somado ao fato de que seu time tem dois laterais veteranos, e uma zaga suspeita, é pedir para perder. Tem ainda o Zé Roberto, mas este ainda não conseguir definir bem qual é a dele.

Só sei que o Émerson, há uma semana, declarou o seguinte após um treino: “Eu fico mais atrás, quase sozinho. O Zé vai ao ataque e até ajuda bastante lá na frente, mas não é pela cabeça dele que ele faz isso e me deixa aqui na marcação”.

Ah, agora uma previsão: o Émerson, sozinho na frente da área, e como já não é um guri, ficará como um louco correndo de um lado para o outro. Vai chegar atrasado em algumas divididas. Vai levar cartão sobre cartão. Acho que no primeiro ou no segundo jogo será expulso.

Parreira aposta tudo na qualidade de seus meias delicados (nenhuma insinuação, apenas é que são jogadores de grande técnica, frágeis como marcadores) e na força dos dois touros na frente. O certo seria tirar um deles (Adriano ou Ronaldo) e colocar o Gilberto Silva.

É uma aposta e tanto, de alto risco. E eu não tenho dúvidas de que, mantida a atual formação, é uma aposta que Parreira já perdeu.

8 – DIDA E A DEFESA

A defesa é fraca e está ainda mais vulnerável no esquema armado por Parreira, conforme referi anteriormente. Os dois laterais têm experiência, mas já não contam com a mesma força, pique e velocidade de quatro anos atrás. Eles são problemas.

A zaga está muito exposta. Felipão, em 2002, fez de tudo para deixá-la bem protegida, porque conhece as deficiências de nossos zagueiros, em especial pelo alto. Lúcio, se tiver que sair muito para o combate, é um perigo. Juan me parece lento e calmo demais. Tem dificuldade na antecipação.

O maior perigo, porém, é Dida. Não confio nele. Está sempre aprontando. Ele não irá fugir à sua natureza.

9 – RIVALDO

Sim, Rivaldo, ou alguém como ele, faz falta. E vai fazer falta. Na Copa de 2002, na minha opinião, ele foi o melhor do Brasil. O Felipão, se não me engano, também pensa assim. Por mais que o RG e o Kaká joguem, ainda assim não têm as características básicas de um organizador de equipe. Juninho Pernambucano, sim, poderia fazer a função de Rivaldo, mas sem a mesma qualidade, a mesma chegada na frente.

Saudade de Rivaldo.

10 – RONALDINHO GAÚCHO

Por tudo que vi, li e ouvi até agora, por todo o circo que se armou em torno dele, por todo marketing que envolve tudo o que o RG faz, como a preocupação permanente de ser simpático, acessível a todos (foi o que mais apareceu pra dar entrevistas e se aproximou dos torcedores nessa preparação), acho que ele está mais preocupado com a sua imagem do que com qualquer outra coisa.

E isso não é de agora. Nos jogos finais do Barcelona, antes da Copa, ele ficou devendo futebol, ainda mais pelo grande futebol que tem. Pareceu mais preocupado em brilhar individualmente, fazer o lance genial que dele todos esperam a todo instante. RG parece ter incorporado a necessidade de provar que não apenas é o melhor do mundo como é o melhor de todos os tempos.

Ele quer desbancar o Pelé. E, enquanto pensar assim, RG será no máximo um Maradona, o que, para ele, já está de bom tamanho. RG será mais um na galeria dos que tentaram e não conseguiram destronar Pelé.

DEPOIS DE FECHAR A LISTA DOS DEZ MOTIVOS, ACRESCENTEI MAIS UM:

11 – Cometí um erro imperdoável ao esquecer o Ronaldo na lista dos motivos que levarão o Brasil e voltar mais cedo (se bem que a maioria não volta, fica lá pela Europa mesmo, onde vivem). Assim, o Ronaldo, tão importante na conquista do penta, passa a ser o motivo de número 11 (temos um time completo agora).

Outro grande título de Fábio Koff

Se Fábio Koff fosse um goleiro, seria Danrlei ou Mazaropi. Zagueiro? Seria Baidek, De León ou Adilson; Lateral? Paulo Roberto, Arce ou Roger; Volante? China, Dinho, Goiano ou Émerson; Meia? Osvaldo, Tita ou Carlos Miguel; Atacante? Renato, Paulo Nunes ou Jardel. Técnico: Valdir Espinosa ou Felipão.

Koff seria todos eles. Com suas qualidades e seus defeitos, porque se tivesse só qualidades seria Deus. Mas Koff é humano. No futebol, um ser humano superior, um vitorioso. Não há dirigente no futebol gaúcho mais vencedor.

Nesta segunda-feira, dia 2 de junho, Koff encaminhou a conquista talvez de seu maior título: transformar em vinho de classe o vinagre de terceira linha que era o contrato firmado pela direção anterior com a OAS. Um contrato que comprometia o presente e o futuro do Grêmio.

Nessa negociação espinhenta e pedregosa, o presidente multicampeão foi um goleiro estupendo na defesa do Grêmio;

um lateral consciente do momento certo de recuar e de avançar;

um zagueiro ao mesmo tempo elegante e vigoroso, para jogar o fino ou engrossar quando necessário;

um volante capaz de desarmar o inimigo na técnica ou na força, o que for preciso para vencer;

um meia imprevisível, sábio e hábil na armação de jogadas para superar o bloqueio inimigo;

um atacante rápido, atrevido e impetuoso, sempre bem colocado em qualquer circunstância, pronto para marcar o gol;

e um treinador inteligente na leitura do jogo e na elaboração de estratégias para alcançar a vitória.

Koff e seus companheiros de diretoria, os integrantes do Conselho de Administração, trabalharam duro para chegar a um acordo favorável ao Grêmio, mas ao mesmo tempo aceitável pela empreiteira.

O aditivo firmado contém conquistas importantes que viabilizam o Grêmio financeiramente, inclusive para investimento em futebol.

Além disso, a cereja do bolo, Grêmio e OAS estão em sintonia para que o clube assuma plenamente a gestão da Arena, com a empresa dedicando-se aos seus empreendimentos imobiliários.

É uma grande conquista de Fábio Koff.

Fora de campo, é verdade, mas uma conquista que abre caminho para o Grêmio retomar o rumo dos grandes títulos.

O Grêmio multicampeão está voltando…

A lei da inércia e o beijo na novela das 9

Por inércia, um corpo em repouso tende a continuar em repouso”

De vez em quando, por inércia, me flagro assistindo a um capítulo de Em Família, novela um tanto monótona, mas que tem as belas Giovana Antonelli e Tainá Muller vivendo um romance.

Diante de mim, tenho o controle remoto, uma das grandes invenções da humanidade. Se uma coisa na TV te incomoda e te irrita – como a maioria dos jogos do Grêmio já faz um bom tempo -, é só estender o braço e mudar de canal.

Mas eu estou numa fase que lembra muito a da direção do Grêmio desde a eliminação prematura da Libertadores.

Hoje me toquei que eu, Rui Costa e Chitolina estamos seguindo a primeira lei de Newton, que em resumo diz mais ou menos o seguinte: “Por inércia, um corpo em repouso tende a continuar em repouso”.

Então, fico eu ali acomodado, vendo um programa que não me interessa, a não ser pelas presenças das duas beldades já referidas. Poderia usar o controle e mudar de canal. Mas e se nos outros canais não tiver nada melhor? Então, por inércia, deixo fico ali entediado com os dramas da novela, tendo como consolo a possibilidade de ver Giovana e Tainá juntas na tela, trocando olhares maliciosos, sorrisos arteiros e carícias sutis para não assustar os moralistas de plantão.

No fundo, no fundo, ou nem tão no fundo assim, meu estado de inercia é turbinado pela esperança de ver as duas lindas trocando um beijão daqueles, seja beijo técnico ou não.

Desconfio que a inercia dos dirigentes do Grêmio diante da visível decadência técnica e tática do time se deve à esperança de que Enderson Moreira arrume a casa durante a Copa e o Grêmio, no segundo semestre, volte a ser aquele time aguerrido, vibrante e vencedor que vimos poucas vezes nos últimos doze anos.

Será mais fácil, no entanto, rolar um beijo das duas meninas do que Enderson ajustar a equipe e conquistar um título nacional com o Grêmio.

Por inercia, eu deixo de trocar de canal e a direção deixa de trocar de treinador, talvez porque acredite que não há nada melhor em outro canal.

O JOGO

O Grêmio foi mal de novo. Criou poucas chances de gol contra um Palmeiras. Era jogo para somar três pontos em cima do time que havia perdido para a Chapecoense. Mas acho que não alertaram os jogadores sobre isso. Jogo em casa contra adversário tão instável é para vencer. O empate, portanto, foi ruim.

O Grêmio foi previsível, errou passes demais e continuou sem aproveitar as bolas paradas, que era ponto forte da equipe em passado recente.

As individualidades estão afundando. Afundam por causa do esquema ou o esquema afunda por causa das individualidades. Dudu, que nunca foi craque, vive agora fazendo um vai e vem sem fim pelo setor esquerdo, de uma área para a outra. Virou um peladeiro. Culpa dele? Rodriguinho a mesma coisa. São dois jogadores que num esquema ajustado rendem muito mais.

Na frente, Barcos continua se posicionando mal na área. Hoje, errou passes em excesso.

Alan Ruiz foi o melhor do meio para a frente. A dupla de volantes foi eficiente de um modo geral. A zaga salvou. Rodolpho tirou um gol de cima da risca. Marcelo Grohe não chegou a ser muito exigido, o que já é um avanço.

Por outro lado, o goleiro do Palmeiras quase não trabalho, algo comum para os goleiros que enfrentam o Grêmio e seu ataque inofensivo.

A arbitragem deixou de marcar um pênalti sobre Barcos no começo do segundo tempo. Eu ouvi gente dizendo que Barcos se atirou, quando todos viram que o zagueiro se jogou à frente do argentino para impedir que ele alcançasse a bola.

Depois, Diogo teve um gol anulado. Ele estava em posição legal, mas havia dois em impedimento, o que serviu para confundir Grohe. Os palmeirenses reclamam muito, mas não falam da falta sobre Barcos.

Não gostei das substituições. Enderson trata de colocar em campo os medalhões. A substituição de Barcos foi correta, mas o melhor seria colocar Lucas Coelho, não o Kleber.

Suspeito que se Enderson cair, não será pelos maus resultados e futebol ruim, mas porque ele cometeu a ‘ousadia’ de sacar o capitão e líder do time, o intocável Barcos.

INTER

Assim como o Grêmio, faltou competência ao Inter para vencer o Fluminense, que foi batido pelo Grêmio, um resultado que não foi devidamente valorizado por setores da imprensa na ocasião.

O Flu é candidato ao título, que, na real, deve ficar mesmo é com o Cruzeiro.

O empate do Inter fora de casa contra adversário tão forte pode ser considerado bom resultado.