Grohe e reservas garantem a vitória em Campinas

Tem gente que não consegue entender que o Grêmio jogou com um time reserva em Campinas, e taca-lhe pau. Nos meus grupos de whats tem gente que anunciou que não assistiria ao jogo diante da escalação apresentada. Queriam, quem sabe?, um time mais forte, com o máximo de titulares?

Renato é um sábio. Ele anteviu que enfrentaria um time desesperado, que dá pau até na sombra, e mandou a campo o mínimo possível de titulares. O que a Ponte Preta bateu não foi brincadeira. O Bob Esponja, digo, o Fernando Bob, quase afundou a barriga e o tórax de Ramiro ainda no primeiro tempo, sendo expulso com toda a justiça. Depois, outros lances violentos ocorreram, mas com punição branda.

Por sorte, ou sabedoria do técnico, o Grêmio manteve seu goleiro titular. Marcelo Grohe foi simplesmente espetacular, com seus braços “de motorista de kombi e de jacaré”. Grohe impediu não apenas a derrota, mas quem sabe até uma humilhação do TIME RESERVA. Escrevo assim em caixa alta, ou maiúscula, para que os gremistas infelizes não esqueçam que não foram os titulares que enfrentaram a Ponte Preta.

Grohe foi milagroso, e, aqui entre nós, um tanto sortudo. Aliás, goleiro sem sorte não chega a lugar algum. O fato é que o Grêmio, mesmo com reservas, obteve sua segunda vitória seguida e já assumiu, temporariamente, o segundo lugar no Brasileirão.

Sobre o gol, há que se destacar que a jogada começou com o vilipendiado Jael, que lançou Léo Moura pela direita, cruzamento perfeito na cabeça do baixinho Ramiro, o onipresente. Ramiro tem uma qualidade rara: a intuição da jogada. Por isso, além de marcar como um obstinado, ainda aparece para marcar gols decisivos. E há quem o queira fora do time.

Futebol é mesmo fascinante.

ÉVERTON

No mais, todos nós que defendemos a presença de Éverton pelo lado esquerdo do ataque no lugar de Ferdinando, não temos do que reclamar. Fomos atendidos. Quem leu meu comentário anterior sabe do que estou falando. Éverton não foi exatamente o que a gente esperava, mas deixou evidente, ao menos para mim, que jogando ao lado de um Luan e de um Lucas Barrios, irá render muito mais.

Então, Éverton de titular. Fernandinho, que entrou no segundo tempo, pode continuar lustrando o banco de reservas.

 

Éverton faz Renato reviver situação dos anos 80

Se Renato recuar no tempo verá que a sua relação com Éverton lembra bastante a que viveu como jogador do técnico Ênio Andrade em seu início no Grêmio.

Eu era setorista do clube pelo jornal Folha da Tarde. Eu e o Marco Antônio Schuster, que hoje desfruta, merecidamente, do clima europeu de Gramado. A gente enchia a concorrência de furos. Está bem, não era tanto assim.

O Schuster, pra quem não sabe, foi o alvo que Renato tentou acertar durante um treino, virando-se para a casamata do lado da social do Olímpico, batendo e tirando um fininho (como se dizia) do Schuster.

Renato era assim, brincalhão quando podia brincar; e sério quando se exigia seriedade. Penso que ele é assim até hoje.

Já naquele tempo, no alvorecer dos anos 80, ele fazia a alegria dos repórteres com suas tiradas nas entrevistas e, claro, lances surpreendentes como esse envolvendo o Schuster e que muita gente pensa que ocorreu comigo (éramos muito parecidos).

Renato vira e mexe salvava as edições de jornais com frases de efeito, comportamento irreverente (irresponsável para os mais conservadores) e atitudes e declações que fugiam ao padrão dos jogadores de futebol e que hoje ele repete como treinador.

Quando ele foi embora para o Flamengo por 600 mil dólares, em quatro parcelas que o clube carioca sempre atrasou, eu senti muito porque desfalcava o Grêmio, mas principalmente porque perdia uma fonte de notícias e bom-humor.

Bem, para não me estender nas memórias, vejo no Éverton o Renato do passado, dentro de suas devidas proporções, claro.

Renato buscava um lugar no time, estraçalhando nos treinos e quando entrava nos jogos. Mas Tarciso era o titular, jogador da confiança de Ênio Andrade. Tarciso era, também, o tipo do profissional que os técnicos gostam, aplicado, obediente, tático, etc. O contrário de Renato.

Mas Renato jogava mais, com todo respeito aos fãs do Flecha Negra. Nos treinos titulares x reservas, Renato sempre se destacava. Seu marcador, Dirceu Jarrão, sofria.

Hoje, Renato tem o seu Tarciso (Fernandinho) e o seu Renato (Éverton).

Éverton (como Renato naquele tempo) está pedindo passagem. Renato tem suas razões para optar por Fernandinho. Prova de que até os mais irreverentes têm o seu lado conservador.

Ao barrar Éverton, ele está, de certa forma, concordando com Ênio Andrade, que preferia Tarciso – como hoje ele opta por Fernandinho -, decisão contra a qual Renato se rebelava. E nós setoristas, em sua maioria, também.  A gente sempre destacava as atuações de Renato nos treinos tentando influenciar o técnico.

Agora, tantos anos depois, Renato se depara com situação parecida. Por enquanto, ele está mais para Ênio Andrade.

Mas acho que não vai resistir muito tempo, assim como o velho Ênio não resistiu.

A hora e a vez de Éverton

A vitória de virada sobre o Flamengo, 3 a 1 na Arena, mostra em primeiro lugar que o Grêmio não se abala facilmente. Levou o gol no início do segundo tempo, mas manteve seu ritmo, mas aumentando a pressão no campo adversário.

A impressão que dá é que o Grêmio ficaria com maior controle de bola, cercando a área do Flamengo, mas não faria gol se o técnico Renato não fizesse o que todo mundo clamava: Éverton no time.

Pois Éverton entrou e logo em sua primeira participação se meteu entre a zaga para desviar do goleiro e empatar o jogo, aproveitando bola cruzada por Beto da Silva, jogador que está evoluindo a cada jogo.

Então, o jogo ratificou, em segundo lugar, que Éverton está se credenciando a ser titular no lugar de Fernandinho. Sei, Fernandinho é importante defensivamente, tem experiência e de vez em quando faz uma jogada ofensiva com algum efeito.

Já o jovem Éverton, atacante arisco, escorregadio, atrevido e batalhador, não tem a mesma disciplina tática, por mais que se esforce. Há quem diga que lhe falta inteligência tática.

Diante disso, Renato terá de optar mais uma vez entre a efetividade ofensiva de Éverton (goleador gremista no Brasileiro mesmo com poucos jogos) e o futebol operário de Fernandinho.

Renato já deu provas suficientes de sua capacidade. Não tenho dúvidas de que fará a melhor escolha para o time. Aqui, de onde estou, bem longe do vestiário, defendo que jogue Éverton desde o início contra o Lanús. Baseio minha opção – que é da maioria dos gremistas pelo que percebo – no que os dois jogadores estão apresentando. Éverton está jogando mais. Fernandinho parece sem agilidade e arranque para o drible.

Agora, o curioso é que tanto Éverton como Fernandinho são jogadores que realmente rendem mais quando entram no decorrer do jogo, normalmente ali pela metade do segundo tempo. Os dois entram e causam um salseiro na defesa rival. Fernandinho como titular desde a saída de Pedro Rocha caiu de rendimento. Mas tem a confiança de Renato em função de sua contribuição tática.

Bem, eu ficaria com Éverton, mas sem muita convicção considerando que estaria abrindo mão de um trunfo importante para o segundo. Mas quem garante que Éverton, cada vez mais confiante e seguro, não pode começar e praticamente ajudar a decidir o jogo já no primeiro tempo?

Acredito que Renato está pensando nessa possibilidade depois do que aconteceu neste domingo na Arena.

De minha parte, repito o que venho escrevendo faz tempo: chegou a hora e a vez de Éverton.

TORCIDA

Gostei do comportamento da torcida, da maior parte dela, que aplaudiu o atacante Jael. Alguns vaiaram o jogador, mas a maioria se mostrou solidária, respeitosa. Jael não tem culpa de estar no Grêmio e ser opção para a Libertadores.

Mas já que ele está aqui, que receba incentivo para ganhar moral ou ao menos um silêncio obsequioso.

 

 

Grêmio na final da Libertadores, e isso é o que importa agora

A primeira coisa que um gremista saudável emocionalmente deve fazer agora é comemorar a classificação à fase final da Libertadores. Para isso, é preciso engavetar nem que seja por algumas horas suas teses, tapar os ouvidos para os ranzinzas de plantão, desprezar o que dizem os rabugentos, tanto colorados quanto gremistas, e curtir este “momento lindo”, como diria Roberto Carlos.

Sei que não é fácil para um certo tipo de torcedor simplesmente sair por aí festejando sem qualquer espírito crítico, sem pensar no amanhã, até porque há umas três semanas até o ‘amanhã’ chegar.

Sei que é difícil ficar um jogo sem dar pau no treinador por essa ou aquela escolha. Mais difícil ainda, muitas vezes, é entender, e aceitar, que do outro lado há um adversário preparado e com o mesmo objetivo de vitória.

Quem foi à Arena nesta quarta-feira esperando classificação sem susto e sem sofrimento enganou-se. Quem acreditou que o Barcelona tem um time ruim em função dos 3 a 0 no primeiro jogo, e também pelas opiniões de colorados, foi surpreendido.

No primeiro tempo, o time equatoriano conseguiu neutralizar o Grêmio ofensivamente e conseguiu criar alguns momentos de pressão, que só não resultaram em gol pela qualidade do sistema defensivo como um todo, em especial pela dupla de área. Lá pelas tantas o Caicedo, um atacante arisco como foi um dia o Fernandinho, agitou pelo lado esquerdo e cruzou para o gol do Barcelona.

Criou-se um clima tenso na Arena. Aqueles que esperavam um show diante de um time desgastado pela viagem atribulada (o Barcelona chegou no final da madrugada) ficaram de olhos esbugalhados.

Mas veio o segundo tempo e com ele uma mudança de postura do Grêmio, que em vez de se encolher para evitar o segundo gol, adiantou a marcação e passou a ficar mais tempo no território inimigo. Méritos do Professor Portaluppi.

O Grêmio criou boas chances de gol, duas com Cícero, improvisado no lugar de Barrios, mais uma vez lesionado. Outra com Jael, que cabeceou uma bola na trave direita, tirando o goleiro da jogada. Prova de que até os insuficientes podem ser úteis em algum momento no futebol.

No final das contas, o Grêmio poderia até ter vencido de novo o Barcelona. Perdeu sua invencibilidade na Arena nesta Libertadores, mas confirmou que tem time para superar o Lanús, desde que melhore seu aproveitamento nas finalizações.

Destaque para a dupla de volantes. Arthur foi o melhor, a meu ver. Depois, Jailson, o mesmo que muita gente já queria longe do clube enquanto eu o defendia quase que isoladamente. Luan sentiu a marcação e além disso teve contra si uma arbitragem negligente. Mesmo assim, criou algumas boas jogadas.

Sobre a arbitragem, penso ter visto um pênalti sobre Éverton pela esquerda, quase no final. Ou pelo menos uma falta digna de cartão amarelo. Mas ele não marcou nada. Não vi o lance repetido. A primeira impressão, na hora, foi de falta.

Se Renato acertar seu ataque – o melhor a fazer é começar com Éverton, não Fernandinho – o Grêmio é favorito na disputa com o Lanús. Ele que reserve Fernandinho para o decorrer do jogo, opção que já se mostrou muito eficaz.

Mas isso é para mais adiante. Hoje, como disse Arthur após o jogo, o negócio é curtir a presença na decisão da Libertadores, lugar que muitos cobiçam, mas poucos alcançam.

LUAN

Para frustração daqueles que estavam preparados para atacar a direção gremista, Luan teve seu contrato renovado até 2020.

Luan poderia fazer como fez aquele outro no passado, mas mostrou ter mais palavra. Disse que renovaria, e renovou.

 

 

A virada do Lanús e a colorada despeitada

Essa Libertadores já entrou para a história. O Lanús conseguiu sensacional virada sobre o River Plate e garantiu sua vaga na final graças a uso da tecnologia.

O árbitro Wilmar Roldàn, alertado por um auxiliar, recorreu ao vídeo e acabou assinalando pênalti a favor do Lanús, que vencia por 3 a 2. pênalti convertido: 4 a 2.

O Lanús resistiu a um River desesperado, que havia largado com 2 a 0 e surpreendentemente acabou permitindo a virada.

Foi um jogo de pura emoção, em que pesou muito mais a vontade e a determinação dos jogadores.

O jogo e seu resultado espantoso servem de alerta ao Grêmio, que tem a vantagem dos 3 a 0 (mesmo placar do River que fez um no primeiro jogo e vencia por 2 a 0 no segundo), mas que precisa entrar em campo como se tudo estivesse no 0 a 0.

O River fez os dois gols e achou que tudo estava decidido. Não estava. O futebol é empolgante também por isso: é cheio de surpresas.

DESPEITO

Uma jornalista colorada conseguiu agitar a torcida gremista na véspera de um jogo que pode levar o Grêmio à final da Libertadores.

Cheia de dor de corno e inveja, a sofrida Andressa Riquelme não se conteve e cometeu em ZH um texto eivado de rancor e despeito.

Não entendo por que tanta gente se preocupa em atacar essa jovem amargurada, que confessa em público toda sua dor e sua mágoa por estar vivendo esse momento terrível para ela e os seus.

Enquanto o time dela apresenta um futebol medíocre na segundona (expressão abolida do noticiário esportivo da mídia gaúcha) e ainda assim lidera a competição, provando seu nível paupérrimo, o Grêmio se credencia ao tri da Libertadores.

Mais do que isso, conforme reconhece a pobre e bela Andressa, arriscando a conquistar seu segundo título mundial de clubes. Prudente em seu despeito amazônico, sugere que o Grêmio tem sido tão sortudo que é capaz de conquistar tudo o que vier pela a frente, inclusive atropelando Cristiano Ronaldo, que, aliás, já sentiu o que é a marcação do Kannemann.

Então, cara Andressa, não me sinto agredido. Pelo contrário, estou confortado. Fico feliz com essa manifestação, uma confissão de dor, comum, não tenho dúvida, a todos os colorados, principalmente aos que militam na crônica esportiva.

Eu já senti essa dor, por isso eu te entendo Andressa. Mas não paguei esse vale, nunca.

Fora isso, a sofredora Andressa Riquelme conseguiu seus minutos de “celebridade”.

DECISÃO

Não importa se o Barcelona ficou retido na Bolívia e teve sua programação alterada para enfrentar o Grêmio.

O que importa, e não deve ser esquecido, é que o Grêmio ainda não está classificado para a fase final.

Tudo bem, está com um pé e meio na decisão. Mas precisa confirmar. A vantagem de 3 a 0 é quase impossível de ser revertida. Seria um crime.

Mas nós todos já vimos de tudo no futebol. Por isso, o negócio é o time entrar em campo como se o jogo estivesse zero a zero. E a torcida se mostrar solidária e participativa.

É preciso destacar, também, que ao desembarcar o Barcelona verá que a mídia gaúcha já vê o Grêmio na final. O que não deixa de ser uma forma de motivar ainda mais o adversário, que, não esqueçam, eliminou Santos e Palmeiras.

O time equatoriano verá, ainda, que tem uma grande torcida em Porto Alegre, pouco esperançosa, é verdade, mas sempre ligada. Faz parte.

De onde menos se espera…

De onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo. A frase do gaúcho Barão de Itararé aplica-se perfeitamente a esse time B/C do Grêmio, que voltou a fracassar.

Na verdade, a gente não espera muito desse time reserva, mas de vez em quando ele nos entusiasma de tal forma que alimenta ilusões e nos dá falsa esperança.

Foi assim neste domingo, na Ressacada. O time reserva tricolor, misto de time B com C, na verdade, começou tão bem que cheguei a pensar que poderia vencer o Avaí, vingando-se da derrota imposta ao time titular, em plena Arena, no primeiro turno.

Mais do que a vingança, uma vitória deixaria o Grêmio ainda mais encostado no líder Corinthians, que despencou conforme previsão feita por ‘Pai Portaluppi’ sem búzios, nem tarot, apenas conhecimento de futebol, porque realmente era difícil imaginar que o Corinthians manteria a campanha sensacional do turno.

Se vencesse o Avaí – e o Grêmio esteve duas vezes à frente no placar e levou dois gols de rebote, coisa pouco usual nos últimos tempos – o tricolor entraria de enxerido na briga dos paulistas pelo título, que neste momento tem no Palmeiras o segundo mais forte candidato.

Aqui entre nós, desconfio que o Palmeiras não vence o Cruzeiro. Agora, se vencer, encosta no Corinthians, que neste domingo perdeu para a Ponte Preta. O resultado foi um crime, porque o Corinthians foi muito superior, e só não venceu porque o goleiro rival fez grandes defesas.

Bem, o Grêmio com seu misto de B e C não merecia vencer. Fez um primeiro tempo muito bom. Éverton foi o grande destaque, participando dos dois gols.

O pior do time foi a defesa, uma peneira. O goleiro Paulo Vitor fez duas ou três grandes defesas e impediu a derrota.

Agora, é ruinzinho esse time do Avaí, que não escapa da degola.

FANIQUITO

D’Alessandro parece um reizinho no Beira-Rio. É tratado como tal. E se comporta como tal.

Sábado, depois da derrota para o Ceará, diante de 40 mil colorados, o argentino foi pra cima da torcida, condenando as vaias com gestos e ordens aos gritos, não pedidos.

Não foi acompanhado por nenhum dos seus companheiros nessa revolta, que mais pareceu um teatro de quinta categoria. E tem gente na mídia que defende o faniquito do reizinho sem coroa.

O presidente Marcelo Medeiros que se cuide.

Vacila, perde o trono para D’Alessandro, que vive seu ocaso como jogador de futebol e já deve estar pensando no seu futuro.

Demorou, mas a Fifa corrigiu erro histórico

Não dei bola quando a Fifa não referendou o Mundial de 1983, e agora não ligo (muito) para o reconhecimento dos títulos conquistados por grandes clubes de 1960 a 2014.

Não via sensatez e sequer um mínimo de seriedade numa decisão que atingia, por exemplo, o Santos de Pelé. Nada mais do que isso: o Santos de Pelé deixava de ser campeão mundial de clubes num canetaço.

Ora, coisa de burocrata que não tem mais o que inventar para aparecer, ser notícia no mundo inteiro.

Como acontece agora, quando essa entidade recuou e, num outro canetaço (estimulado pela Conmebol), decidiu que Santos, Flamengo, Grêmio e São Paulo são aquilo que a gente já sabia: campeões do mundo.

Em 2010, cheguei a lançar a cerveja 1983, justamente para registrar através do precioso líquido dourado que o Grêmio é o primeiro clube do sul do país a ser campeão mundial.

O Inter só chegou lá 23 anos depois. E como se sabe, segundo é sempre o segundo.

Era uma dor tão grande que os colorados – esses que sofreram por mais de duas décadas – passaram a usar essa cantilena de que o título do Inter era o único chancelado pela Fifa, tentando diminuir o verdadeiro primeiro mundial de clubes do futebol gaúcho.

A decisão da Fifa, na verdade, não muda nada. O Santos nunca deixou de ser campeão do mundo de 61 e 62, nem o Grêmio em 83, o Flamengo em 81, e o São Paulo em 92 e 93, foram títulos conquistados no campo, não nos gabinetes, por grandes clubes como Penarol, Nacional, etc.

Bem, apesar de tudo isso, estou contente com essa decisão da Fifa. Primeiro, porque confirma o que já se sabia; segundo, porque acaba com mais um argumento dos colorados nas discussões de mesa de bar, a exemplo de tantos outros que estão caindo por terra desde o ano passado, em especial essa bobagem de que “time grande não cai”.

Então, cumprimentos a Fifa por colocar a coisa em seu devido lugar. Mais um duro golpe nos colorados. Nunca pensei que viveria para assistir a tudo isso.

Que venham os argentinos…

Aos 7 minutos de jogo Luan fez o gol ‘vai nanar secador’. Bola enfiada por Arthur para Bruno Cortêz, que foi para cima do marcador sem medo de ser feliz, cruzou rasteiro para trás. Um equatoriano distraído rebateu mal e a bola sobrou logo pra ele, o craque gremista. Luan tentou colocar no canto direito, mas aí apareceu a ponta da chuteira de um equatoriano desesperado, que desviou e tirou o goleiro da fotografia.

Com o gol tão cedo, o Grêmio tranquilizou sua torcida, agitou os equatorianos nas arquibancadas e perturbou os que estavam em campo. O Barcelona de Guayaquil realmente sentiu o gol. A intenção era vencer sem levar gol em casa, em função do gol qualificado que vale nesta etapa.

Seus jogadores erraram lances fáceis, dando a impressão de que se trata de um time ruim e desentrosado. Não é. É um time equivalente ao River Plate e ao Lanus, e faço questão de frisar isso porque já ouvi gente detonando o Barcelona, talvez (ou certamente) até na intenção de diminuir o grande resultado tricolor.

Lembrando: o Barcelona eliminou Palmeiras e Santos.

Eu acreditava num bom resultado: empate com gol ou mesmo uma vitória. Nosso amigo Copião chegou a escrever que seria 2 a 0, demonstrando toda sua confiança e todo seu otimismo, mas um otimismo fundamentado no fato de que depois de longo tempo Renato teria de novo sua força máxima atual (sem Maicon e Douglas).

O que eu duvidava é que poderia ser uma vitória sem dor, sem sofrimento. Aos 20 minutos , cobrando falta de forma impressionante, Edilson fez 2 a 0, um gol pra relaxar gremista e pirar os secadores, aqueles que insistiram em ficar diante da TV depois do gol de Luan.

O Barcelona criou algumas situações de gol. Foi aí que ficou muito claro o nível de tensão e nervosismo de seus jogadores diante do quadro que estava posto. No início do segundo tempo os equatorianos não descontaram por muito pouco.

Aos 3 minutos, Ariel chutou à queima roupa, de dentro da pequena área. E aí o goleiro “jacaré”, “braço de motorista de kombi”, ou seja, “braço curto” mostrou toda sua agilidade, experiência e reflexo (além de braço longo) para impedir o gol que poderia reverter completamente o jogo.

Foi a defesa mais espetacular do ano.

O Grêmio viveu momentos de pressão, tinha dificuldade para armar contra-ataques. A zaga esteve perfeita, os laterais deram conta do recado também como defensores. Joilson (que muitos execraram tempos atrás enquanto eu o defendia briosamente), Arthur e Ramiro foram incansáveis no combate e até se arriscaram ofensivamente, fazendo um revezamento nessas investidas.

Acima de todos eles, o maestro Luan. Ele teve um começo vacilante, mas não custou a sentir a temperatura do jogo, o que foi determinante para a vitória. Aos 6 minutos do segundo tempo, logo depois da espetacular defesa de Marcelo Grohe, Luan deu o golpe mortal. E foi aí que ele apareceu inteiro, o velho Luan. Ele armou a jogada, lançou para Edilson, que foi ao fundo com muita técnica e cruzou rasteiro para trás (lance parecido com o do primeiro gol). Luan apareceu para concluir sua obra, marcando o terceiro gol.

Sim, Luan voltou, e com ele boa parte do bom futebol que o time apresentou neste ano. Provou o que eu e outros parceiros, apelidados de chapas brancas, tínhamos razão ao defender Renato enquanto outros o atacavam, responsabilizando-o pelo fato de o time ter perdido aquele futebol de toque, ignorando e desprezando o ‘fator Luan’.

As figuras mais apagadas do time foram Fernandinho e Lucas Barrios. Mas se não estiveram bem tecnicamente, com pouca participação ofensiva, foram úteis taticamente, ajudando a marcar e a preencher espaços quando o adversário tinha a bola.

Da metade do segundo tempo em diante, o Grêmio criou duas ou três chances muito claras de gol. Nesse momento o time já tocava a bola com qualidade. Michel, Léo Moura e o estreante Cícero entraram nos minutos finais e contribuíram para o toque de bola envolvente da equipe.

Com a classificação encaminhada, projeto agora uma decisão sensacional com o River Plate. Se for o River, que bateu o Lanus por 1 a 0, a final será na Arena. Se for o Lanus, será fora.

Os dois times se equivalem, mas um título em cima do River Plate tem outro peso.

Os mistérios de Renato e a vitória do River

Assisti há pouco à vitória do River Plate sobre o Lanus por 1 a 0. Placar magro, que pode muito bem ser revertido.

Afinal, o River não chegou a se impor, embora tenha sido melhor. Não a ponto de merecer vitória com placar mais elevado.

Está decidido, portanto, que nada ficou decidido.

Neste jogo, o River mostrou mais qualidade técnica. Gostei muito do volante Enzo Pérez, que distribui o jogo com facilidade, uma espécie de Arthur, mas sem a mesma capacidade de retenção de bola.

Outro jogador interessante e muito perigoso é Martinez, um meia que chega fácil ao ataque, tem drible e é incansável.

O Lanus é mais raçudo. Jogou para empatar ou perder de pouco. Atingiu parcialmente seu objetivo.

Mas acho que dá River. Torço pelo River. Se é para perder na final que seja para um clube com grife. Imaginem, chegar à final e ser batido pelo Lanus…

MISTÉRIO

Renato usa de todas as armas disponíveis para complicar a vida do nosso Barcelona do terceiro mundo.

Deixa dúvidas sobre o aproveitamento desde o início de Michel e Luan. Os dois ainda não estão no melhor da forma, mas é certo que jogam. Infelizmente, o técnico gremista não conta com Maicon e Douglas como opções. Aliás, eles fazem falta.

Ao mesmo, Renato resvala para a imprensa a possibilidade de começar com Cícero no lugar de Fernandinho. Acho difícil, porque Cícero ainda não jogou pelo Grêmio. Acredito que ele fique como primeira alternativa para o meio e para o setor ofensivo.

 

No mais, resta esperar que o Grêmio entre com os cuidados necessários, mas sempre com o pensamento na vitória. Renato até agora tem sido assim no mata-mata, tenta liquidar no primeiro jogo. Nem sempre isso é possível, até porque é preciso combinar com o adversário.

Fundamental, ainda, é fazer gol, que na semifinal é usado como critério de desempate.

Por fim, depois de ver River x Lanus, chego à conclusão que o Grêmio completo é superior aos seus adversários, mas terá de lutar muito para provar isso na prática.

A mais bonita das reuniões dançantes e a Libertadores

Desde os meus velhos tempos da reuniões dançantes, em Lajeado, onde vivi minha adolescência espinhenta, é que sou assim: busco sempre o melhor. No caso, a melhor.

É claro que nunca consegui a mais bonita da festa. Mas eu era insistente: outra reunião, nova frustração. No máximo eu conseguia uma menina da zona da sul-americana, não mais que isso.

É preciso explicar aos que não tiveram a felicidade de curtir esses momentos bailantes que as reuniões dançantes – a maioria delas – era um evento simples, som de baixa qualidade, tudo vinil do Roberto Carlos, Renato e seus Blue Caps, The Fever, etc.

Conseguir um beijo na boca era coisa para comemorar, fechar a Goethe. Melhor ainda era contar – sempre exagerando – aos amigos, principalmente aos que saiam no zero a zero da festa. Empate fora de casa é vitória, a gente se conformava.

Entre uma Grapette (esclarecendo: bebida sem álcool à base de uva)  e outra, rolava um beijinho de leve na orelha, no rosto, no canto dos lábios, mãos inquietas em trabalho de reconhecimento do território oposto.

Tudo muito discreto. Nos encontros seguintes – normalmente não aconteciam porque aí já envolvia um certo compromisso, namoro no portão, no sofá, essas coisas da pré-história. Mas era divertido.

Na época confesso que sofri por causa de alguns casos de “amor da minha vida”, um caso em especial foi marcante: meu amor platônico pela Stela, uma alemoazinha linda que, na verdade, nunca deu me bola.

Era minha vizinha. Cuidava pra ver quando ela chegava ou saía. Stela não caminhava. Acreditem, ela flutuava, deslizava, desfilava… E cantava. Tinha uma voz linda, que eu ouvia à distância.

Então, nesse aspecto Stela era o meu objetivo maior.

Como é hoje a Libertadores. Aliás, esse objetivo ficou muito bem definido e delineado pra mim e a maioria dos gremistas desde que o Grêmio conquistou a Copa do Brasil do ano passado, garantindo vaga na Libertadores/2017.

A partir dali Gauchão, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro passaram a ser secundários. Nunca houve exatamente uma desistência, mas sim todo um planejamento visando pegar a mais bonita da festa.

Se pegasse alguma “miss simpatia” no meio do trajeto, tudo bem, mas nada capaz de nos tirar o foco do troféu maior: a Libertadores.

Portanto, antes do jogo contra o Barcelona, nesta quarta-feira, quero reafirmar, para deixar muito claro e não deixar dúvidas, que sempre apoiei essa opção do comando gremista.

O Grêmio está muito perto de conseguir o troféu maior da temporada, concretizar o sonho de todos os gremistas, e, embora por vezes não pareça, até daqueles que não param de condenar o planejamento do clube, numa cantilena sebosa e irritante.

É possível, porém, que o Grêmio termine o ano sem faixa no peito, sem nada a comemorar.

Mais ou menos como eu naqueles tempos em que a minha maior preocupação era pegar a mais bonita da festa.

Perdia, mas ficava com a sensação de dever cumprido: pelo menos eu buscava o topo, a minha Libertadores particular.