O dia em que o lado azul da imprensa foi campeão brasileiro

Eu ajudei o Grêmio a ser campeão brasileiro em 1981. A frase soa pretensiosa e até absurda, mas é a mais pura e cristalina verdade.

Já contei essa história aqui e nas mesas dos bares algumas vezes.

Detesto ser repetitivo, mas é preciso, porque, como dizem no rádio, o público se renova constantemente.

Vou começar pelo Odair. Em 1979 ele jogava no time júnior, e eu gostava de acompanhar os treinos da gurizada. Gostava de garimpar talentos na base.

Foi assim que vi Assis estourando nos juvenis e Renato arrebentando desde sua chegada, vindo de Bento Gonçalves, depois de meteórica passagem pelo Inter.

Pois naquele tempo havia seguidamente algum treino que a gente chamava de coletivo contra equipes juvenis e juniores.

Num desses treinos, o Odair, um ponta-esquerda forte, veloz e driblador, do tamanho do Ramiro, que gostava de jogar rente à linha do campo, estava tornando a tarde do lateral um inferno.

O técnico, em vez de acompanhar o treino, jogava conversa fora, animado, na casamata com seu Verardi e outros. Sim, era o ‘titio’ Fantoni, aquele que ganhou a final do Gauchão de 1979 contra o Inter e saiu mais cedo do Olímpico para não perder o voo.

O futebol já foi mais divertido…

Cheguei perto dele, e sugeri:

-dá uma olhada no Odair.

-Quem é o Odair?

-Esse alemãozinho que corre aqui na nossa frente, está jogando muito.

Resumindo, no final da tarde Odair apareceu pela primeira vez na lista dos relacionados do time principal. O jogo foi em Canela ou Gramado, não lembro, uma amistoso.

Depois disso, Odair ficou no grupo e, em 1981, foi campeão brasileiro. Tempos depois ele quebrou a perna num desses jogos comuns no Texas do RW.

Foi minha primeira contribuição para o título.

O principal veio depois. O Grêmio tinha um time de veteranos e emergiam da base alguns talentos.

Conservador como todos os treinadores, o grande Ênio Andrade relutava a fazer as mudanças necessária.

Foi aí que eu e outros setoristas gremistas decidimos dar um empurrãozinho para as ‘reformas de base’.

Eu e o Marco Antônio Schuster, meu colega na Folha da Tarde, convidamos outros colegas a participar de um movimento pela juvenilização do time. Lupi Martins, da Guaíba, Geanoni Peixoto, da ZH, e Roberto Tomé participaram da empreitada.

Nós enchíamos a bola da gurizada que mais se destacava: Paulo Roberto, Newmar, Casemiro, China e Odair.

O primeiro a fazer entrevista com Paulo Roberto fui eu, quando ele ainda era camisa 5 do time de juniores e da seleção gaúcha da categoria. Já o volante China, oriundo de Passo Fundo, não tinha a minha preferência. Eu gostava mais do Paulo Bonamigo, mais técnico.

Então, aos poucos a gurizada foi entrando no time, um pouco, ou muito, por causa de nossa mobilização do bem. A gente não suportava mais ficar sem um título nacional, enquanto eles já tinham três.

Felizmente, deu certo. Tenho ou não tenho razão para afirmar ‘eu ajudei o Grêmio a ser campeão brasileiro?’

ÊNIO

Lembro-me que o técnico Ênio Andrade, grande mestre, com quem aprendi alguma coisa em longas conversas à beira do campo depois dos treinos, tinha fama de retranqueiro.

Conversando com ele na véspera do jogo final contra o São Paulo, que tinha metade da seleção brasileira na época, eu sugeri que ele fizesse uma retranca.

Explico: o Grêmio havia vencido por 2 a 1 no Olímpico e só precisava de um empate. Sim, minha alma texana era forte.

Ele me olhou com uma cara de paizão diante do filho ingênuo e metido a conhecedor. E falou, sorrindo de leve:

-Pode ser, Alemão, pode ser -, e se afastou rumo ao vestiário, rodeando o cordão do apito.

Ele entrou em campo, no Morumbi lotado, com um 4-3-3, tendo Tarciso, Baltazar e Odair no ataque. E foi campeão brasileiro, num dos dias mais felizes da minha vida.

E na vida de qualquer gremista.

Grêmio joga um futebol pobre e só empata com o Avaí

Depois do empate com o Avaí, 1 a 1 na Ressacada, começo a desconfiar que a derrota para o Santos, na Arena, talvez não tenha sido um acidente de percurso, conforme defini após o jogo.

O Grêmio jogou uma de suas piores partidas na vitoriosa e gloriosa era Renato.

O time misto armado por Renato tinha todas as condições de jogar melhor e se impor ao adversário desde os primeiros minutos.

Luan, Diego Tardelli e Montoya – cuja grande virtude parece ser cobrar escanteio – são jogadores de primeira linha, seriam titulares em qualquer outro time.

Então, não se pode atribuir à ausência de três ou quatro titulares a mediocridade do futebol apresentado.

É claro que Maicon, o maestro do time, fez falta, exatamente como eu previ. Mas não foi só pela ausência dele que o time jogou tão mal.

A presença de um volante marcador, mais limitado tecnicamente, contribuiu também, mesmo que tenha feito o gol abrindo o placar. Aliás, um gol de cabeça como há muito não se via no Grêmio.

Rômulo é de outra família, e a meu ver só deve ser utilizado por uma questão tática emergencialmente, assim como o centroavante aipim.

Não se pode, também, responsabilizar Michel, autor de um belo gol de cabeça, sem chances para Paulo Vitor.

Esse gol infeliz feito por um volante improvisado talvez inspire o comando de futebol do clube a contratar não um, mas dois zagueiros de nível médio para cima.

Eu ficaria satisfeitíssimo com um Moledo, maior destaque do Inter na vitória sobre o Flamengo, que, aliás, mostrou um futebol tão pobre quanto o do Grêmio.

Mas já soube que o sr. Duda Kroeff teria dito que o Grêmio não está atrasado, ou algo assim, na busca de zagueiro. Não pode ser verdade.

Poucos jogadores escaparam nessa atuação desastrosa. São eles: Paulo Vitor, Geromel e Matheus Henrique, melhor figura em campo.

Nem Éverton que entrou no segundo tempo como salvador da pátria foi bem. Curiosamente, ele, o grande driblador, foi entortado na linha de fundo, onde ele estava como um abnegado gremista, fora de sua posição.

Antes, havia ocorrido um erro de Leonardo, que numa virada de bola entregou para o adversário, lance que resultou no escanteio fatídico.

Mas foi apenas um entre tantos erros do time e do técnico Renato Portaluppi, que não conseguiu ajeitar o time de forma a pressionar e a criar chances reais de gol.

Primeira rodada, derrota; segundo rodada, empate; terceira rodada, mantida a ‘evolução’, teremos vitória.

.

Grêmio quer Avaí pagando pelos pontos perdidos na estreia

Aqueles que não gostam do Maicon, que o chamam de lento e o consideram dispensável, terão nesta noite, 19h15, na Ressacada, mais uma grande oportunidade de ver como joga o time sem seu maestro, o jogador que é base para o esquema que nos tirou de 15 anos de seca.

Espero que o time não sinta tanto a falta do capitão e que vença, com grande atuação, mesmo que se isso ocorrer a turma antimaiquista virá pra cima de mim. Faz parte.

É claro que o Grêmio tem todas as condições de somar três pontos contra o Avai, mesmo sem dois titulares como Kannemann e Maicon. Na verdade, é quase uma obrigação vencer esse jogo. Ainda mais que vem de uma derrota dentro de casa.

O técnico Renato não divulgou o time que começa. No sistema defensivo não há dúvidas, a julgar pelo que dizem os setoristas, esses que acompanham os treinos de perto.

A defesa em princípio deve ter Leonardo, Geromel, Michel e Capixaba.

A partir do meio-campo a situação complica. São muitas as possibilidades.

Eu acho que a dupla de volantes será Rômulo (Thaciano seria o meu preferido) e Matheus Henrique, que ficará mais liberado para criar. Fecho o setor com Luan,( JP andou sentindo lesão no ombro) e Diego Tardelli. Na frente, André e Éverton.

Gostaria de ver o time sem André, mas acho que Renato não mexe no ‘camisa’. André continua fazendo tudo o que um bom centroavante faz, menos o essencial, o gol.

ZAGUEIRO

Eu não consigo entender/aceitar que um clube de ponta, com um time ainda muito festejado, admirado e invejado, entra numa competição sem zagueiros suficientes.

Michel mais uma vez improvisado.

Os deuses do futebol daqui a pouco cobram a conta por tanta imprevidência.

Intrigante também o fato de não ter na base nem um zagueiro ao menos para ficar no banco de reservas.

Enfim, apesar dos problemas, é jogo para somar três pontos, mas não com facilidade.

Acidente de percurso na abertura do Campeonato Brasileiro

A derrota em casa, na primeira rodada da maratona do Brasileirão, é sempre um mau resultado, um péssimo resultado, independente da qualidade do adversário.

Mas, no futebol, a gente encontra atenuantes até nas tragédias, o que está longe de ser o caso desses 2 a 1 aplicados pelo Santos, na Arena, neste domingo.

O time paulista mostrou credenciais para figurar na lista dos candidatos mais fortes ao título. Além da qualidade técnica, preparação física e o comando de um treinador que conhece e que respeita o adversário, contou com um goleiro inspirado e com o fator sorte.

Fora isso, pegou um Grêmio que começou sonolento, se espreguiçando, ainda digerindo o café da manhã. Custou a levar perigo ao goleiro Vanderlei, que mais tarde seria muito exigido, salvando seu time talvez de um empate ou até uma derrota. Eu diria que esse goleiro, que é muito bom, foi um sortudo nesse jogo.

Já o Santos, sem o tal camisa 9 que agrada a tantos – e não só aqui na aldeia -, entrou ligado, surpreendendo com uma marcação forte e saída rápida para o ataque.

Sobre o jogo em si, não lembro de ver o sistema defensivo como um tudo tão confuso e desarticulado, o que contribuiu para erros individuais pouco comuns e que por detalhe não resultaram em gol.

O primeiro gol foi num momento de vacilo, aos 5 minutos, quando o time parecia bocejar em campo. E logo do Sascha, o que ficou mais amargo ainda. Detalhe: os dois melhores zagueiros do país foram envolvidos no lance.

O segundo, foi uma falha de Alisson a poucos metros da área. Alisson deu uma cochilada e Falipe Jonatan aproveitou para fuzilar e fazer 2 a 0.

Como eu escrevi lá em cima, sempre há atenuantes e também aspectos positivos nas derrotas.

Primeiro, comemorando que Maicon, o maestro do time, resistiu os 90 minutos em nível altamente competitivo. Deu piques incríveis e terminou o jogo cobrindo o lado esquerdo, com a substituição de Bruno Cortez.

Aos críticos mais azedos do capitão lembro que o gol de Éverton, que jogou melhor pelo lado direito do ataque, saiu de um passe do Maicon, isso a um minuto do final.

Aliás, o Grêmio massacrou nos 15 ou 20 minutos finais, mostrando capacidade de indignação e sinalizando que o jogo até ali tinha sido um acidente de percurso.

Antes de seguir nos aspectos positivos, uma frase sobre o Vizeu: por enquanto está mais para perdedor do gol do que fazedor de gol. De novo ele teve tudo para fazer pelo um gol, principalmente no cabeceio a dois metros do goleiro que ele conseguiu colocar por cima.

Outro elogio: hoje só faltou o gol para André, que por detalhe não se consagrou com um gol de bicicleta, mas a bola beijou a trave. Ele está se aproximando daquele André que a gente espera rever.

Por ironia, ele fez um gol. Num lance raro: Cortez fez um cruzamento perfeito. André desviou para a rede. Mas aí o bandeirinha viu impedimento. Foi um lance em que se o bandeirinha não dá nada, está certo; se marca, está certo. O bandeirinha estava com muita vontade de erguer o braço. E o VAR foi na marcação do auxiliar.

Agora, o que mais me deixou entusiasmado para os próximos jogos: a atuação do Diego Tardelli. Dá para se dizer que ele finalmente estreou. Jogou bem demais, e com lucidez, inteligência. Um exemplo, no gol do Éverton, ele deixou a bola escorrer à sua frente. Outro jogador talvez pensasse que a bola era pra ele, mas Tardelli seguiu correndo e deixou Éverton concluir a jogada com a técnica que Deus lhe deu, e Renato aperfeiçoou (esta é pra fazer o pessoal antirenatista cuspir fogo).

SAMPAOLI

Por fim, um elogio ao Jorge Sampaoli. Primeiro, porque ele disse estar feliz por ter vencido ‘o melhor time do futebol brasileiro’, um reconhecimento que os técnicos nacionais não admitem por inveja e ciúme. Segundo, porque ele armou um esquema que se mostrou competente o suficiente para fazer dois gols e depois para resistir ao bombardeio, contando aí com a qualidade e a sorte do seu goleiro.


Uma arrancada com 9 pontos em uma semana é possível

O time que o Grêmio terá em campo domingo, 11h, na Arena, contra o Santos, vai apontar se o clube estará mesmo empenhado em disputar o título do Brasileirão. Se for o time titular do momento, descontando algum desfalque por força maior, será um sinal, pelo menos um indicativo, de que o técnico Renato quer tanto o Brasileiro quanto a torcida gremista.

Serão três jogos na sequência, sem nenhuma libertadores para atrapalhar. Vencer os três deve ser o objetivo, sempre respeitando os adversários, mas nunca os temendo. Até porque os outros é que precisam ter medo do Grêmio, principalmente agora que o time parece ter engrenado de novo, com os jogadores jovens devidamente lapidados pelo mestre Renato e lançados de forma gradativa, como deve ser, por mais que isso irrite os apressadinhos de plantão.

Será como subir o gigante e intimidador Everest. Mas nada que um passo de cada vez não possa nos levar ao cume. O primeiro passo é vencer o Santos. Jogo duro, mas que pode gerar o que interessa: os três primeiros pontos na maratona do Brasileiro.

Depois, Avaí, quarta-feira, dia 1, na Ressacada. Apesar do fator local, é outro jogo para somar três pontos. Mas nada de colocar em campo um mistão ou coisa pior.

Renato e seus Portaluppis devem jogar cada partida do Brasileirão como se fosse um jogo eliminatório, um mata-mata. Está aí, de graça para vocês a fórmula para vencer esse campeonato arrastado: jogar mata-mata.

Domingo, de volta ao lar. O adversário é o instável Fluminense do técnico Abel (errata: Diniz), que vive reclamando de viagens, excesso de jogos, mas não vai pra casa cuidar dos netos. É outro jogo para vencer, ainda mais que é na Arena, território inóspito para nossos adversários.

Para concluir, não me venham com chorumelas: são três jogos para fazer nove pontos e acumular gordura, pensando em outros desafios.

Um começo assim será de provocar pânico e ranger de dentes na aldeia.

ZAGUEIRO

Urge a contratação de pelo menos um zagueiro confiável para enfrentar a maratona de jogos. Há dois anos que defendo isso. Cuidado com o’efeito Bressan’.

Ao ritmo da gurizada, Grêmio vence e convence

Quando, aos 27 minutos, Éverton marcou mais um dos seus golaços, eu, extasiado, olhos arregalados diante da TV, murmurei arrebatado:

-Meus Deus, e eu vivi para ver isso. Eu vivi para ver isso.

Certo que Éverton já marcou gols tão ou mais bonitos, gols que são obras de arte esculpidas com agilidade, técnica, velocidade e talento incomum.

O clima tenso, o Grêmio dominando e a imagem do jogo anterior na Arena, onde o time paraguaio jogou assim, fechado e explorando a bola longa. Temia que a história se repetisse.

O golaço de Éverton jogou todo temor para longe, o que contribui para toda a emoção que me invadiu naquele momento.

Importante destacar, por dever de justiça, a contribuição de André, que impediu a movimentação de um zagueiro e viabilizou a metida de bola de Alisson na medida para o endiabrado Éverton envolver a zaga e superar a muralha Martin Silva.

Aliás, não fosse esse goleiro, a vitória seria muito mais tranquila. Cabe registro, também, que Paulo Victor foi impecável. Foi exigido apenas duas vezes, mas dois lances de quase-gol.

Paulo Victor, desacreditado no Flamengo, incorporou Marcelo Grohe no Grêmio. Como escrevi tempos atrás, Renato é o rei Midas do futebol. PV apenas confirma essa constatação.

No segundo tempo, com os paraguaios ameaçando o empate, Renato deu a estocada mortal. Ele ia colocar Luan, mas ao perceber que Alisson estava por demais desgastado (outra bela atuação), optou por Pepê para manter a marcação no setor direito e ainda contar com uma arma para contra-ataques em velocidade.

Não seu outra, aos 38, Pepê arrancou em velocidade do setor defensivo e tocou para Éverton, deslocado pela direita. Éverton traçou uma diagonal para o centro, venceu uma dividida com Piris e ficou à vontade para fulminar o goleiro paraguaio.

Já nos acréscimos,Martin cometeu o ‘crime’ de impedir um golaço de Jean Pyerre , ao desviar a bola que ia rumo ao ângulo esquerdo. O gol seria um prêmio à atuação iluminada desse jovem craque.

Outro craque que está sendo lapidado por Renato é Matheus Henrique, um fenômeno. Um clone de Arthur. Os dois crescem a cada jogo. São ‘imexíveis’.

Por fim, mais uma referência ao Éverton, que é o melhor atacante em atividade no país. Só não digo que ele é o melhor jogador hoje no futebol brasileiro porque seria desmerecer essa dupla que já está na história do futebol gaúcho: Geromel e Kannemann.

Correndo, e crescendo, por fora: MH e JP.

Passando a régua: além da vitória de lavar a alma e matar secador, que grande atuação do Grêmio. Que grande atuação!!!

E tudo no embalo da gurizada. ‘Gurizada medonha’, como repetia um vencedor de bilhetes de loteria na rua da Praia tempos atrás.

Noite de devolver a derrota sofrida na Arena

Tudo indica que o Grêmio vai enfrentar o Libertad nesta terça, 19h15, no Defensores del Chaco, com o mesmo time que começou o Grenal de domingo, na Arena.

É o que especulam os repórteres que acompanham o clube. Em princípio, eu começaria com Michel mais centralizado e Matheus Henrique e Maicon saindo pelos lados.

Sairia André, o centroavante que faz tudo certo, menos meter a bola pra dentro.

O trio mais ofensivo, digamos assim, teria Alisson, Jean Pyerre e Éverton. Seria um ataque de movimentação, revezando funções e posicionamentos.

Agora, como eu sou um poço de contradição e considero as pessoas muito coerentes, umas chatas, como dizia um velho companheiro de redação, tenho que fechar com a escalação do Renato.

E por que? Ocorre que Michel tem entrado mal nos jogos, parece pesado e sem explosão, longe daquele Michel de dois anos atrás.

Renato poderia começar, então, com Thaciano ou com Montoya. Rômulo não porque o time perderia muito em qualidade na saída de bola, fator que tem sido marca registrada de Renato. Volante quebrador de bola dificilmente emplaca com ele.

O problema é que Thaciano não é um jogador de guardar posição. Já o Montoya ainda não mostrou que merece ser titular.

Portanto, vamos de André, na esperança de que ele justifique o que se pagou por ele, algo em torno de 10 milhões de reais. André vem evoluindo, sem dúvida, mas ainda não fez o que mais dele se espera: gols, gols em profusão de preferência.

Quem sabe não será nesta noite ao som de guarânias como Recuerdos de Ypacaraí (https://www.youtube.com/watch?v=uWFZb3AY6tI ) que veremos aquele André matador dos tempos do Santos.

Depois de perder em casa para o Libertad, cabe ao Grêmio devolver o resultado na casa do inimigo para encaminhar sua classificação sem depender de ninguém.

É o que se espera do time que tem o melhor treinador das Américas, de 2017, e que ontem, no Paraguai, recebeu o troféu referente a esse conquista.

JP

O assessor de imprensa do Grêmio, João Paulo Fontoura, meu colega no Correio do Povo, lá por 2009, encarou o Noveletto.

O presidente da FGF e agora um dos vices da CBF tentou entrar em campo na hora das cobranças de pênalti. JP tentou impedir. Dizem que Noveletto queria conversar com o árbitro do jogo. Estranho. O fato é que para efeitos legais o jogo não havia terminado. É o que argumentou o JP. Os dois teriam batido boca. Noveletto jura que foi ofendido com palavrões.

Pode ser que sim, pode ser que não, mas JP me representa. Aliás, representa grande parte da torcida gremista.

Tem gente pedindo a cabeça do destemido assessor de imprensa. Espero que o Grêmio não ceda à pressão, porque antes de grande gremista, JP é um ótimo profissional.

Grêmio conquista o bicampeonato e vê nascer um novo ídolo

Ao defender três pênaltis em cinco cobrados, Paulo Victor saiu de campo como o maior responsável pelo título de bicampeão gaúcho. Quem foi à Arena, ou assistiu pela TV, viu o nascimento de um novo ídolo.

Nos dois grenais, PV fez defesas importantes, algumas com alto índice de dificuldade, lembrando seu antecessor, Marcelo Grohe. Nem o mais otimista dos gremistas acreditava que Grohe teria um substituto do seu tamanho em tão pouco tempo.

A conquista desse título passa por Paulo Victor, que afastou qualquer desconfiança que ainda poderia restar – os torcedores exigem muito dos goleiros – ao defender três cobranças e transferir a responsabilidade para os cobradores.

Em especial para o último a bater. E quem o técnico Renato indicou? André. Renato desafiou os astros e a santa que traz em sua medalhinha. Logo André, que havia desperdiçado o pênalti sofrido por Bruno Cortez (Cortez, vejam só) cobrando muito mal, facilitando para Lomba.

Nem quero imaginar o que aconteceria com André se ele perdesse. Mas o atacante teve sangue-frio. Sobraria também para Renato, que teve mais sorte que juízo. Mas ele confiou em seu centroavante, que deu a resposta que todos esperavam.

Na minha opinião, Renato já havia errado antes ao não sacar André para a entrada de Luan. Ele optou por Jean Pyerre, que poderia fazer uma boa parceria com Luan.

A substituição de Maicon por Michel foi correta. Mas repetiu-se o que aconteceu domingo: o Grêmio parece que ficou sem referência, confuso e com dificuldade para tocar a bola, chegando a sofrer um pequeno sufoco do rival. Maicon, enquanto em condições físicas, é insubstituível nesse time armado por Renato, que privilegia o controle da bola.

Não gosto de fazer cotação, mas vou abrir uma exceção:

Paulo Victor – 10

Leonardo- 8

Geromel – 9

Kennemann – 9

Bruno Cortez – 8

Maicon – 8

Matheus Henrique – 8

Jean Pyerre – 7

Alisson – 7

André – 6 (perde um ponto por ter errado o pênalti)

Éverton – 8

Os que entraram no decorrer do jogo ficam sem nota. Nenhum deles acrescentou grande coisa.

Arbitragem

Muito boa atuação do Jean Pierre. Foi como trabalhar sobre um barril de pólvora, ou um campo com minas. Muita tensão em campo.

Agiu certo ao expulsar o técnico Odair e o marqueteiro argentino, que conseguiu levar o vermelho sem jogar.

Acertou também ao seguir o VAR e marcar o pênalti sobre Cortês. Vale o mesmo no lance do gol anulado de André, que pegou uma bola em que Marcelo Lomba bateu roupa e mandou para a rede.

Conclusão

Eu esperava um título conquistado sem tanta dificuldade, diante da superioridade técnica do Grêmio. Mas é preciso considerar que o Inter tem alguns bons jogadores. Destaco nesse jogo o Lomba, a dupla de área, o Dourado, Nico Lopez e Edenilson. O festejado Guerrero pagou parte dos seus pecados com a dupla de zaga gremista, a melhor do país.

Festa

A festa no final foi bonita. Titulares e reservas com os olhos brilhando de felicidade, muitos abraços e risos, mostrando que o ambiente gremista é dos mais saudáveis, o que ajuda a explicar o sucesso do time nesses três anos.

A onda midiática para favorecer o Inter e a volta de Luan

É avassaladora a onda midiática para tornar o Inter credor da arbitragem. Nos programas esportivos de rádio, apresentadores, produtores, repórteres e ouvintes colorados (entre eles conselheiros e ex-dirigentes) não cansam de levantar esta ou aquela decisão do árbitro Leandro Vuaden (de boa atuação no clássico) que teria beneficiado o Grêmio.

As decisões que favoreceram o Inter, é óbvio, são desprezadas e/ou ridicularizadas. Afinal, a campanha não é pela justiça, é para ajudar o Inter no confronto desta quarta-feira, 21h30, na Arena, a Casa do Grêmio.

A tentativa de condicionamento é escancarada, tendo início domingo nas entrevistas coletivas e permanecendo até agora. Sem dúvida vai continuar até que Jean ‘Damião’ Pierre assopre o apito. Espero que ele não se deixe iludir e se mantenha neutro, o mesmo vale para os integrantes do VAR.

Não será fácil resistir a esse tsunami de informações distorcidas e opiniões tendenciosas a favor do Inter, que hoje posa de vítima, quando se sabe que a arbitragem foi correta, com equívocos para os dois lados.

Espero ainda que JP não cometa o erro de Vuaden, que aos 15 segundos deveria ter dado amarelo para Rithieli, por uma entrada absurda na linha de meio campo, junto à lateral. Valeu a velha máxima que alguns treinadores aplicam: pode bater nos minutos iniciais que não dá nada.

Outra campanha em andamento é a tentativa de equiparar o técnico Renato ao D’Alessandro (está num site conhecido da praça) no sentido de que ambos querem ‘apitar’ o jogo. Ora, D’Alessandro, mais calminho desde que Maicon deu a real pra ele tempos atrás, apitava dentro de campo, competindo com o juiz de preto.

Já Renato só saiu do sério no lance em que MH foi ‘tratorado’ pelo Bressan argentino, sem sequer ser advertido. Foi na frente de Renato, e aí não teve como ficar impassível. Tem gente que queria a expulsão de Renato. Sobre a entrada de Cuesta, nenhum pio.

LUAN

Sobre o jogo final. Se tudo ocorrer normalmente, sem incidentes que possam interferir no resultado, ganha o Grêmio.

Acredito que Renato irá manter o time que empatou no BR. E faz bem. No jogo anterior eu queria Michel, saindo André. Agora, em casa, tem mais é que ir para cima e atacar, buscando o gol.

Luan, que voltou a treinar, estará no banco de reservas. Se as coisas não andarem bem, ele entra para resolver.

Sim, Luan é o cara para resolver qualquer encrenca, desde que esteja em plena forma física. É craque.

Grêmio confirma superioridade técnica e agora decide em sua casa

Mesmo jogando em sua casa, com apoio de sua torcida, o Inter jogou por um golzinho de cabeça, bola longa ou algum lance individual. A postura colorada foi um reconhecimento a melhor qualidade técnica do Grêmio.

Se foi assim no Beira-Rio, imagino como não será na quarta-feira, na Arena lotada de gremistas. Um retrancão daqueles.

O que preocupa é que apesar de sua superioridade, envolvendo o adversário enquanto MAICON esteve em campo – o time caiu quando o capitão teve de sair por desgaste físico, como vem ocorrendo, e não fosse PAULO VICTOR poderia até ter perdido um jogo em que foi soberano tecnicamente.

PV teve uma atuação de provocar inveja no ídolo Marcelo Grohe. As dúvidas que eu tinha a respeito desse goleiro foram desfeitas. Ele fez pelo menos duas defesas excepcionais. Sei, muita gente ainda olha para ele com desconfiança. Natural, goleiro custam a conquistar os torcedores. Grohe, acredite, não deixou saudade para uns e outros.

Resumindo o jogo: o Inter com seu futebol pragmático esteve mais perto da vitória. Seu goleiro foi pouco exigido, diferente de PV.

Renato terá de armar um esquema para evitar que isso se repita. É legal armar um time ofensivo, mesmo fora de casa, com apenas dois volantes realmente de marcação, mas isso tem um preço. Eu diria que Renato teve mais sorte que juízo.

No finalzinho, ele ainda colocou Pepê no lugar de André, quando poderia ter colocado Thaciano, que marca mais e ainda ataca. Era o momento em que o Inter pressionava. O empate em casa não lhe servia.

O Grêmio dominando, atacando, e daqui a pouco uma bola alta na área e gol de Guerrero. É assim que os times tática e tecnicamente inferiores conseguem vencer os mais fortes. Portanto, é preciso ter alguns resguardos a mais.

Jogando na Arena é diferente. Aí já concordo com a escalação digamos mais ofensiva, como a deste domingo.

Só espero que André, de boa participação, mas de novo sem uma conclusão a gol, saiba aproveitar as raras chances que um clássico proporciona.

Tem um lance emblemático no começo do jogo. Bruno Cortez foi ao fundo e cruzou rasante e forte, a bola cruzou a pequena área e não apareceu o pé providencial de um matador, no caso, o sr André.

Cortez é um caso à parte. Muito criticado por mais uma vez errar cruzamentos – esse citado aí ele acertou, na minha opinião. Renato chamou a atenção dele na parada dos 20 minutos. Não adiantou, ele realmente cruza com deficiência.

Agora, nem tudo é branco ou preto, pode ser cinza. Na jogada do Patrick, aquela rente à linha de fundo, a bola foi tocada para a área, onde aparecia Guerrero para concluir. Não fosse a presença de Cortez na jogada, na risca da pequena área, seria gol, porque o peruano não conseguiu chutar com tranquilidade.

Alguém já disse que se Cortêz ainda fosse bom de cruzamentos estaria na Europa. Ele precisa treinar forte esse fundamento, porque o Grêmio nesse esquema precisa muito do apoio qualificado dos laterais.

No mais, a dupla de área foi impecável. Guerrero passou em branco, para frustração da mídia vermelha, que trata esse jogador como um semideus.

Leonardo foi discreto, mas eficiente. No meio, Maicon e, principalmente, Matheus Henrique, jogaram muito. Pena que Maicon não tenha mais vigor para suportar 90 minutos.

Outro destaque do jogo, Jean Pyerre sentiu no começo, mas logo ficou à vontade para exibir sua categoria.

Fico imaginando JP e MH jogando com Luan na do André. Renato disse que Luan ficaria fora por ‘dois ou três jogos”. Bem, o Gre-Nal será o quarto jogo. Quem sabe? No mínimo, Luan no banco para dar um pavor do rival.

Na frente, gostei do Alisson. Não foi brilhante, mas teve boa participação na frente e também no combate, na marcação. Tem ainda o Éverton, que infernizou a vida do Zeca e de todos os que tentaram tirar a bola dele. Faltou melhor acabamento em duas ou três jogadas.

Mas está claro que o título do Gauchão passa pelo talento de Éverton. O atacante mais perigoso do futebol brasileiro hoje.

Arbitragem:

se Vuaden estivesse mal intencionado, poderia ter aproveitado alguns lances para beneficiar o Inter. Como no lance do VAR, que Vuaden assistiu e manteve, acertadamente, a decisão de amarelar André, quando um pessoalzinho aí queria a expulsão.

Só acho que Vuaden deveria ter aplicado o amarelo numa entrada violenta por trás em Alisson, um lance que provocou forte reação do Renato e gerou algum tumulto, bem controlado pelo juiz. Eu temia a arbitragem. Devo admitir que ele foi bem no atacado, errando aqui e ali, para os dois lados.

Quarta-feira é a vez de Jean Pierre. Vamos ver.