A rodada do Gauchão e o ultimato do técnico Coudet

Quando Vanderlei sofreu o gol logo após Diego Souza ter feito 1 a 0, aos 37 do primeiro tempo, pensei, maldosamente, que algum gremista naquele momento poderia estar começando a contagem regressiva para rotular o experiente goleiro tricolor de ‘braço curto’ ou ‘braço de motorista de kombi’. Fosse outro goleiro, Paulo Victor, por exemplo, já seria jogado para arder nas chamas do inferno. Mas foi um belo chute, um belo gol de Muriel.

Vanderlei ainda tem muito crédito. Não é o goleiro que eu queria, e escrevi a respeito, mas é um jogador com boa bagagem e, com sua experiência, inspira segurança e dá tranquilidade aos sistema defensivo, em especial à melhor dupla de área do país, a muralha Geromel/Kennemann. Aliás, depois do Grenal alguns parceiros aqui no blog frisaram exatamente isso.

Portanto, vamos em frente. O Grêmio ficou no empate por 1 a 1 com o Ypiranga (nome que dei ao meu time de botão na década de 60, quando eu raramente era derrotado). Era jogo para vencer, porque o time de Renato dominou, pressionou, mas criou poucas chances de gol.

Depois do jogo, Renato disse que os demais atacantes deveria se aproximar mais de Diego Souza, que me pareceu pesado, o que é natural em função de seus 35 anos e da pausa nas atividades. Bem, cabe a ele como treinador criar condições para que isso aconteça.

Faltou alguém para pifar Éverton, Alisson, os laterais, etc. Sim, faltou Maicon. Mas o Grêmio precisa aprender a jogar sem seu maestro, ainda o melhor pifador em atuação no país. Talvez ele perca para o Éverton Ribeiro, talvez.

LATERAL

Sei que está todo mundo empolgado com o Guilherme Guedes. Eu estou gostando dele, mas ele precisa mostrar mais futebol para ser titular, desbancar o Bruno Cortêz, sonho de parte da torcida. Eu também acho que o time precisa de mais qualidade na esquerda, só entendo que é muito cedo, muito prematuro, jogar esse fardo sobre as costas do jovem. Por enquanto, pelo que vi, Cortêz, assim que for liberado, voltará naturalmente ao time, dando um tempo para Guedes evoluir.

Gostei do Lucas Silva, que forma uma boa dupla de volantes com Matheus Henrique. Mas ele precisa mostrar mais qualidade na saída de bola e aproximação ao ataque, revezando com MH.

LA BARCA

O técnico Eduardo Coudet lembrou aquela declaração de Dalessandro, uns três anos atrás, quando ele disse que poderia ‘sair da barca’, ou seja, ir embora do Inter de tão desgostoso com as críticas.

Pois Coudet, ao cobrar gramados melhores, colocou a direção colorada na parede: ou arruma gramados em melhores condições, ou ele vai embora, como se na Argentina os campos sejam uma maravilha.

Foi um ultimato, sem dúvida.

É o tipo de afirmação que dá a entender que ele até já tem uma ‘barca’ em vista, está com as costas quentes para jogar a responsabilidade pelo mau futebol do time sobre a direção.

Então, pra mim, Coudet já está com um pé fora do clube. O ‘amor’ acabou.

Lembrando sempre que Celso Roth continua desempregado.

LA BARCA 2

“…Hoy mi playa se viste de amargura
Porque tu barca tiene que partir
A cruzar otros mares de locura
Cuida que no naufrague en tu vivir…”.

Os alvos principais da parte mais rabugenta da torcida gremista

Dois jogadores são os alvos preferidos de boa parte da torcida, pelo menos aquela que atua forte nas redes sociais e que está sempre buscando algo negativo mesmo nas vitórias. E não importa se é um clássico, como foi este de quarta-feira, quando o time venceu por 1 a 0. Há sempre um resmungo, um ‘venceu, mas…’.

É um torcedor que raramente esboça um sorriso de satisfação, um olhar de aprovação. Nada contra, o torcedor de futebol é assim: pensa que sabe mais que o treinador (ah, Renato também não escapa), mesmo sem ter qualquer proximidade com o vestiário e seus mistérios. “Se o meu vestiário falasse”, referência nada sutil ao filme “Se meu apartamento falasse”. Aliás, recomendo com entusiasmo. O filme é dos anos 60 e tem o fantástico Jack Lemmon como protagonista.

Pois é, o pessoal, do alto de sua soberba, se considera com autoridade para questionar qualquer decisão do técnico Renato. Cria-se todo um clima negativo antes das partidas e depois, as vezes, mesmo com vitória, a turma raivosa sempre encontra o que criticar.

O alvo principal já há algum tempo é Maicon, o grande capitão do time que fez história: o Grêmio campeão da Copa do Brasil de 2016.

É inegável que Maicon não é mesmo jogador de dois, três anos atrás. A idade pesa pra todo mundo, como acontece também com o ídolo colorado, com a diferença que Maicon não dá chilique e mantém uma postura altiva mesmo nas derrotas ou nas más atuações. Enfim, Maicon não paga mico.

Qualquer um pode perceber que Maicon está saindo de cena. A fila anda. Jovens talentosos estão surgindo. Maicon teve grandeza quando viu Arthur surgindo como um meteoro, e saiu do caminho com elegância. Agora, ele parece esperar a hora certa, talvez quando alguém afirmar-se em seu lugar no meio de campo.

Por enquanto, Maicon ainda é o maestro, um jogador diferenciado, que faz a leitura do jogo como poucos jogadores, e ajuda Renato dentro de campo. Ele será treinador quando largar a bola.

O outro jogador muito questionado é Bruno Cortez. Ele é irregular, apoia com ímpeto e velocidade, mas seu acabamento nas jogadas é precário. É difícil sair algum gol dos seus pés. Mesmo assim, tem qualidades e não é pior que a imensa maioria dos laterais. Concordo que está na hora de buscar uma alternativa, mas não vejo nisso motivo para desespero.

A ânsia de mandar embora jogadores como Maicon e Cortêz é tão grande que Guilherme Guedes, que recém fez uma partida, e foi muito bem, já está sendo alçado a titular pelos mais apressados, os mesmo que serão os primeiros a pedir sua cabeça em caso de insucesso.

Eu gostaria que houvesse mais respeito com jogadores que honraram, e ainda honram, a camisa tricolor. Por isso, estarei sempre aqui em defesa desses profissionais, que ainda podem ser muito úteis.

DIEGO ROSA

Aos 18 anos, Diego Rosa está negociado para o exterior. Está ai um jogador que poderia substituir Maicon. Pena. A legislação prejudica demais os clubes, favorecendo empresários/procuradores apressados que nem sempre buscam o que é melhor para seus clientes, na maioria jovens igualmente apressados.

Grêmio vence o ‘Clássico da Peste’ e lidera seu grupo no Gauchão

No Gre-Nal da peste, com estádio vazio e painéis substituindo torcedores colorados, voltou a dar a lógica: vitória do Grêmio, que atinge a marca de oito jogos sem perder para seu maior rival no Estado.

Realizado no Centenário, em Caxias do Sul, o jogo reafirmou a superioridade técnica do Grêmio sobre o Inter.

No primeiro tempo, Éverton desperdiçou um pênalti cometido por Musto em Kannemann. O volante argentino, que recém havia recebido cartão amarelo, deveria ter recebido outro cartão, mas o juiz Daniel Bins deixou por isso mesmo, num erro absurdo que deixaria o Inter com um jogador a menos.

O pênalti foi cobrado por Éverton, quando se esperava que Diego Souza fizesse a cobrança. Marcelo Lomba salvou.

No segundo tempo, aos 17 minutos, Jean Pyerre cobrou falta sofrida por Alisson e marcou o único gol do jogo, contando com a sorte, porque a bola bateu em Moisés e deixou Lomba sem reação.

Como se esperava foi um jogo sem muito brilho técnico, mas também sem jogadas violentas ou desleais. Os dois times pareciam sentir o peso de jogar em meio a uma pandemia que já matou milhares de pessoas, desempregou outras tantas e fechou inúmeras empresas.

Foi um jogo morno. Faltou ânimo até para brigar, como se viu em dois ou três lances mais ríspidos.

O Grêmio foi superior e mereceu a vitória por 1 a 0. Mas o empate não seria um resultado injusto.

Destaque para Matheus Henrique, o melhor em campo, e a dupla de zaga que não perde Gre-Nal. Gostei também de Victor Ferraz e de Guilherme Guedes, jogador da base que mostrou personalidade e futebol para merecer outras oportunidades.

No mais, cabe exaltar o trabalho do técnico Renato Portaluppi, que calou os incansáveis ‘Fiscais do Leblon’com outra vitória em Gre-Nal.

Gauchão encara o vírus e Gre-Nal é confirmado. Grêmio favorito

Com o Grenal confirmado, temos de volta o futebol. Sei que parte da torcida despreza o Gauchão e torcia contra sua retomada, mas a realidade é que nem o vírus chinês atinge mais nosso campeonato depois de quatro meses de confinamento exagerado, que provocou o fechamento de centenas de empresas e desempregou milhares de trabalhadores.

O Gauchão, que já passou por tudo que é dificuldade ao longo de décadas, não se mixa mais, vai encarar o bicho e conta até com o clima a seu favor. O tempo gelado e úmido deu lugar ao sol e ao calor.

Então, se nada mais acontecer de negativo, o clássico será nesta quarta mesmo, às 21h30. E espero que seja uma noite quente, sem chuva, com o gramado seco, favorável ao time melhor tecnicamente. O Grêmio, claro.

Ah, importante: Vuaden não será o juiz. Se fosse no tempo do Noveletto a gente sabe quem seria escalado. Ele foi anunciado, gerando preocupação dos gremistas nas redes sociais, mas não se confirmou. Sem Var e com Vuaden tudo seria mais difícil.

Agora só tem uma coisa a superar ainda: a onda negativa de boa parcela da nação tricolor. É impressionante como tem que gente querendo Maicon fora, e não apenas do time, mas do clube. Fora o que torcem pela queda do técnico multicampeão. Uns pelo ‘crime’ de ter desfrutado as areias do Leblon durante a prisão domiciliar a que somos submetidos.

Perdoai-os Senhor, eles não sabem o que fazem. Ou, o que é pior, sabem muito bem.

O Grêmio é o favorito. Não importa se o rival treinou taticamente fora do prazo, enquanto o Grêmio cumpriu a orientação da prefeitura. O Grêmio é superior, seu time mais entrosado. Os jogadores poderiam até ir de carro, cada um, se encontrando no vestiário a tempo de se fardarem. Situação muito comum na várzea e nos meus tempos de pelada, em que o jogador mais importante é o que levava a bola.

Ahhhh (suspiro), saudade dos tempos que não voltam mais…

No último Gre-Nal, diz 12 de março,deu 0 a 0. O Inter resistiu bravamente e escapou da derrota.

Hoje a situação é melhor para o tricolor, que terá o reforço de três titulares que não jogaram o clássico anterior (pela Libertadores). Jogam Kannemann, Cortez e o craque Jean Pyerre, jogador que pode fazer a diferença.

O time deve ter, então: Vanderlei; Victor Ferraz, Geromel, Kannemann e Cortez; Matheus Henrique e Maicon; Alisson, Jean Pyerre e Everton; Diego Souza.

Uma escalação inteligente, sensata.

Se tudo ocorrer dentro da normalidade, com a arbitragem marcando as faltas mais duras que Éverton e Jean Pyerre irão sofrer, o Grêmio vence. Não será fácil, mas a tendência é essa mesmo.

Prefeito veta Grenal no Beira-Rio, mesmo sem público

Sem querer ser pessimista, continuo acreditando que não haverá Grenal na quarta-feira, agora em Caxias. O prefeito de Porto Alegre, o cara que, entre outras medidas no mínimo discutíveis, fechou o Mercado Público – caso único no país, pelo que sei – decidiu por impedir a realização do jogo no reinício do Gauchão no Beira-Rio.

Na semana passada quando escrevi que duvidava que saísse jogo, sequer imaginei que o clássico poderia ser transferido para alguma cidade do interior, até porque praticamente todo o Estado está, digamos, contaminado. Sobrou para Caxias, igualmente atingida pelo vírus chinês.

Sinceramente, não entendo por que o Grenal não pode ser disputado na Capital. Se fosse com portões abertos, tudo bem, mas sem público, e com aglomero restrito ao campo de jogo entre os profissionais, eu entenderia.

Bem, na aparente disputa entre Marchezan e Eduardo Leite para ver quem conquista o troféu tirano do ano no Estado, penso que o governador ‘dos gaúchos’ é capaz de trabalhar para que o GreNal não se realize. Com pressão sobre o prefeito de Caxias (terra do Ivo Sartori, que já deixou saudade) com alguma outra prerrogativa.

É importante frisar que o Inter é quem sai perdendo mais, já que o jogo seria em sua casa. Talvez seja castigo divino por ter burlado a proibição de realizar treino técnico, coletivos, conforme protocolo.

Vou aguardar os próximos movimentos da dupla, não a Grêmio e Inter, mas Leite/Marchezan. Eles é que decidem o que podemos ou não fazer. A bola está com Leite.

De minha parte, lamento que a ameaça do Grêmio em transferir-se para Santa Catarina não tenha se concretizado, deixando um odor de blefe no ar.

Dependendo do que ocorrer nas próximas horas, quem sabe não se marca o Grenal para Florianópolis, ou até mesmo Criciúma?

Fla encaminha título e reinício do Gauchão não é certo

Conforme previsto, o Flamengo venceu o Fluminense no jogo da volta, mesmo sem jogar uma grande partida, e agora decide o título do Campeonato Carioca precisando apenas de um empate. O jogo será no Maracanã, quarta-feira, e a receita de TV fica para o novo clube inimigo número 1 das demais torcidas. Tudo dentro do ‘planejamento’.

Foi bom ver o modesto (na comparação) time do Odair Hellmann vencer o primeiro jogo e conquistar a Taça Rio. Mas em nenhum momento imaginei que o Fluminense resistiria ao milionário time do JJ na briga pelo título.

Deu a lógica. Falta só confirmar no terceiro jogo.

Importante registrar a absurda expulsão do Gabigol, nos segundos finais do jogo. O juiz considerou que ele demorou demais (não mais do que meio minuto) para deixar o campo. No momento seguinte, o juiz encerrou o jogo, quando deveria ter dado pelo menos uns 2 minutos de acréscimo, segundo o comentarista de arbitragem, o Paulo César.

Quer dizer, causou uma lambança desnecessária, como reclamações dos dois lados.

GAUCHÃO

A reinício do campeonato gaúcho tem data definida, dia 23 de julho. O problema é que não combinaram com o corona vírus. Em Santa Catarina, depois da rodada inicial, os jogos foram suspenso. A Chapecoense tem uns 15 jogadores contaminados, e por aí vai.

Se tudo der certo, o que eu duvido em função do nosso clima que decididamente não é para os fracos, haverá Gre-Nal no dia 23, no Beira-Rio.

Sinceramente, com o frio que chega chegando a partir desta segunda-feira, devendo superlotar hospitais, duvido que saia jogo tão cedo.

Jogos, aliás, que poderiam ter sido disputados em março e abril sem maiores problemas.

Quem não sabia que o pico no RS seria no inverno?

Ah, cadê os hospitais de campanha?

ALERTA

Existem muitos espaços para a politicalha.

Este blog é para tratar de futebol.

Não quero suprimir comentários. Mas isso será feito se necessário.

Agradeço a colaboração.

Peppa Pig e outros personagens da minha quarentena

O texto abaixo foi publicado na revista Quarentena, do Júlio Ribeiro, incansável empreendedor na área da comunicação. A revista está na terceira edição.

‘Se eu cheguei até aqui depois de três meses de quarentena com boa saúde física e – desconfio – também mental devo basicamente ao meu filho de quatro anos, um moleque esperto que tomou posse do meu celular e, claro, do meu coração. Ele faz de mim o que quer: sou sua montaria, seu rival em lutinhas que me deixam exausto e “vítima” de outras brincadeiras.

Ócio neste período não faz parte do meu vocabulário, não sei o que é isso que aflige  tanta gente, pelo que leio e ouço.

O moleque estabelece o roteiro de “brigas” em que eu sempre sou o vilão, incorporando seres malignos como certos indivíduos com elevado poder destrutivo que ocupam o noticiário mórbido e assustador desses tempos de pandemia. Na imaginação dele, somos protagonistas de “filmes” em que os vilões, lógico, representados por mim, sempre são derrotados – o que, infelizmente, só acontece mesmo na ficção, salvo exceções.

Uma criança nessa idade é incansável. É preciso ser criativo para amenizar ou suprir a falta das atividades lúdicas e educativas da escolinha, além do convívio com os coleguinhas. Mas o manancial de ideias se esgota rapidamente. Chega o momento em que é preciso recorrer à tecnologia, não tem como escapar, desafiando orientação de pediatras, oftalmologistas e psicólogos.

No começo, fui mais comedido, mais contido na liberação dos vídeos infantis e jogos. Apelei para os livros, as revistas da turma da Mônica e do Mickey, os quebra-cabeças, estes sempre com super-heróis como o Homem-Aranha (o preferido dele) e os Guardiões da Galáxia que, como se não bastassem os criminosos de todos os níveis que nos saqueiam aqui, ainda encontram tempo para viajar pelo espaço para enfrentar  alienígenas, alguns tão assustadores que causam pesadelo nos inocentes.

Foi a partir da fase tecnológica de entretenimento que eu descobri umas figurinhas simpáticas, personagens de desenhos de excelente nível técnico e conteúdo aparentemente saudável, sem mensagens subliminares negativas. Digo aparentemente porque sempre pode aparecer alguém como aquela criatura que tempos atrás atacou o escritor Monteiro Lobato, cuja obra me acompanhou na infância.

Foi durante a clausura que conheci personagens como a Peppa Pig, uma porquinha meiga, capaz de reter meu filho por uns 30 ou 40 minutos, se eu estiver junto. Se me afasto, logo ele me chama. Há outros que figuram no pódio das preferências: o Pocoyo e sua turma, figuras animadas que se movimentam tendo como cenário um fundo branco. Outro que ele adora é o seriado Patrulha Canina, formada por filhotes de cães que vivem salvando alguém em apuros. Parece inacreditável, mas o seriado foi atacado duramente em meio aos protestos pela morte de George Floyd. Não quero me estender sobre isto, é demais pra minha cabeça.

Não vejo maldade nesses desenhos. Pelo contrário. Devo muito a esses programas. A Peppa e os demais personagens são meus companheiros em várias partes do dia. Por exemplo, faz dois meses que troquei o Jornal Nacional e seu irritante e revoltante noticiário necrológico por essas figurinhas amigas e alegres. Garanto que está me fazendo muito bem.

O fato é que esses desenhos ajudam a aliviar a mente.

Não dá pra esquecer os desenhos “raiz”, elaborados sem a tecnologia atual e talvez por isso não despertem tanto a atenção das crianças de hoje. Fiz questão de apresentar ao meu guri os desenhos animados da “minha época”, como Pernalonga, Pica-pau e Tom & Jerry, o que ele mais gosta entre os antigos. Ah, ele torce pelo camundongo na eterna luta contra o gato.

Às vezes, quando o flagro apertando os olhos diante da telinha do celular fico irritado. E reclamo forte. Ele rebate dando um passo para trás, erguendo os braços calmamente e com um sorriso maroto: “Calma, pai, calma; calminha, calmiiinha…”.

Como manter a brabeza? Estou aprendendo com ele. Outro dia, no almoço, ele comentou, do nada: “Pai, você é um sortudo”. Fiquei intrigado. “Por que você (ele gosta de usar este pronome) diz isso”, perguntei. Ele respondeu de pronto: “Porque sim, ora”.

Sim, eu sou um sortudo’.

Governo gaúcho sinaliza que pode ceder à pressão do Grêmio

Depois da pressão do Grêmio, que anunciou sua saída do Estado para treinar em Santa Catarina, mais exatamente em Criciúma, o governo gaúcho busca uma saída honrosa.

Afinal, depois de perder um empreendimento como o do Mercado Livre, ficou feio, pra dizer o mínimo, ver o Grêmio sair em busca de um lugar para treinar de forma plena, o que no momento é proibido por uma norma do governo estadual.

O fato é que o governador Eduardo Leite, assim como a maciça maioria dos seus colegas, está mais perdido que cusco em procissão e cego em tiroteio.

Leite, que se diz amparado por técnicos especialistas, já projetou dois ou três picos de contaminação pelo corona vírus, e agora diz que o pior virá em duas semanas.

Bem, eu que não sou especialista de nada, mas lá atrás, em março, dias depois de a OMS (entidade que perdeu todo o meu respeito) decretar, com um atraso inaceitável, a pandemia, avaliei que o pior no Rio Grande do Sul seria nos meses de frio.

Então, medidas extremas que levaram ao fechamento de empresas e ao desemprego, deveriam ocorrer mais adiante, não em março e abril, abalando a economia.

Mas isso já passou e não tem mais volta. O que ainda tem volta é essa determinação ridícula de impedir treinos de futebol em que haja contato físico, como nos coletivos. Nem vou me estender nesse assunto.

Ontem, o Eduardo Leite, que parece um nenê pedindo o colo da mãe, lançou uma nota, trecho abaixo, dando a entender que pode recuar a respeito dos treinamentos como bola e contato físico.

“Sobre o retorno do Campeonato Gaúcho, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul informa que segue avaliando o protocolo encaminhado pela Federação Gaúcha de Futebol. No momento, o Comitê Científico está concluindo uma análise sobre a volta dos treinos com contato físico. 

A estimativa é que a conclusão aponte que o retorno do campeonato possa ocorrer entre o final de julho ou começo de agosto. A liberação dos treinos ocorreria antes…”

Quer dizer, estava tudo certo, dentro das diretrizes do tal “Comitê Científico”, mas bastou o leão, o Grêmio, rugir, que tudo pode mudar, com algum “embasamento científico” de última hora.

O resultado é que talvez no início de agosto o Gauchão recomece. Se não reiniciar, vale o que o presidente Romildo já falou: entreguem as faixas ao Caxias. E fim de papo. Por mim, eu faria um quadrangular com os quatro melhores pontuadores até agora.

Só espero que o presidente Romildo não recue e mantenha a decisão de levar o time a treinar acima do Mampituba.

Santa Catarina já mostrou que sabe receber bem os que não são abrigados pelo “pujante” estado gaúcho.

O manjado golpe do telefone

Fugindo do assunto principal deste espaço, segue abaixo texto publicado no Informe Especial do Jornal do Comércio:

Levei um susto quando atendi o telefone fixo de casa, esta semana, em Porto Alegre. Na verdade dois sustos. O primeiro porque a voz do outro lado, uma voz feminina, chorosa, manifestava desespero, pânico.

– Pai, fui assaltada, pai. Eles querem dinheiro, pai.

O segundo susto, ou surpresa, foi descobrir que ainda tem gente aplicando esse golpe, mais manjado que o conto do bilhete – será que ainda é aplicado e tem gente que ainda cai nele?…

Depois de longo tempo estava diante de novo dessa trapaça anacrônica, obsoleta, mas que, pelo jeito, permanece, até porque se a pirâmide também ainda existe e segue lucrativa, por que não o golpe do telefonema ameaçador?

Ao ouvir a voz falsamente desesperada, senti vontade de brincar, como havia feito em outras situações parecidas. Não sei se é efeito da quarentena, o fato é que ando sem paciência. Respondi secamente:

– Vou chamar a polícia.

Ela desligou de pronto.

Uma dica a quem receber esse tipo de ligação: se a suposta vítima for um “filho” diga um nome bem diferente para afastar qualquer dúvida sobre a veracidade da ameaça.

Foi o que fiz na minha primeira vez, uns 15 anos atrás: atendi o telefone e veio uma voz que lembrava a da minha filha. Cheguei a vacilar, pensando que poderia mesmo ser verdadeira a ameaça. Deu um frio na barriga. Mas não me entreguei:

– Marisa (foi o nome que me ocorreu na hora), onde tu estás minha filha?

Aí a minha ‘filha’ insistiu, eu desliguei, aliviado, dizendo “perdeu”.

A segunda situação foi um sujeito com forte sotaque nordestino se fazendo passar por meu filho, pedindo 50 mil reais.

Nem respondi.

https://www.espacovital.com.br/publicacao-38036-ameaca-pelo-telefone-e-outros-golpes

Política pés no chão e mata-mata no Brasileirão

Estamos na metade do ano e nada de definições sobre as competições. Se eu não perdi alguma coisa, não sabemos como será o Gauchão, a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro.

Eu, aqui na minha prisão domiciliar, ando mais preocupado em sobreviver do que com as coisas do futebol. Por isso, ando meio ausente deste espaço.

Mas sinto-me motivado a fazer uma pausa em meu recolhimento existencial a partir de um tema que apareceu numa entrevista de rádio do vice de futebol, Paulo Luz, que se mostrou muito bem preparado para o cargo.

Aprovei quando ele falou sobre os objetivos do clube à esta altura, em meio a quarentena e incógnitas.

Ao ser questionado sobre títulos, qual seria a ambição do Grêmio, ele foi muito claro e transparente. Disse mais ou menos o seguinte:

-O Grêmio vai jogar para vencer as competições que tiver pela frente. Temos grupo para isso. Mas hoje eu diria que nosso maior título seria chegar ao final do ano com as contas em dia, finanças equilibradas para entrar em 2021 com o clube bem financeiramente.

Quer dizer, o Grêmio vai em busca de títulos, mas sempre com os pés no chão, como tem sido até agora.

Sobre as competições, acho que dá para seguir com o Gauchão – se a situação não se agravar – e o Brasileiro. Por mim, tirava a CB do calendário, até porque duvido que haverá premiação milionária neste ano.

A CBF, a meu ver, deveria focar no Brasileiro – e o Grêmio idem depois de tanto tempo.

Eu aproveitaria e mudaria a fórmula da competição. De preferência, com disputa de mata-mata, tornando o campeonato mais emocionante, até para compensar o marasmo causado pela quarentena.