A lei da inércia e o beijo na novela das 9

Por inércia, um corpo em repouso tende a continuar em repouso”

De vez em quando, por inércia, me flagro assistindo a um capítulo de Em Família, novela um tanto monótona, mas que tem as belas Giovana Antonelli e Tainá Muller vivendo um romance.

Diante de mim, tenho o controle remoto, uma das grandes invenções da humanidade. Se uma coisa na TV te incomoda e te irrita – como a maioria dos jogos do Grêmio já faz um bom tempo -, é só estender o braço e mudar de canal.

Mas eu estou numa fase que lembra muito a da direção do Grêmio desde a eliminação prematura da Libertadores.

Hoje me toquei que eu, Rui Costa e Chitolina estamos seguindo a primeira lei de Newton, que em resumo diz mais ou menos o seguinte: “Por inércia, um corpo em repouso tende a continuar em repouso”.

Então, fico eu ali acomodado, vendo um programa que não me interessa, a não ser pelas presenças das duas beldades já referidas. Poderia usar o controle e mudar de canal. Mas e se nos outros canais não tiver nada melhor? Então, por inércia, deixo fico ali entediado com os dramas da novela, tendo como consolo a possibilidade de ver Giovana e Tainá juntas na tela, trocando olhares maliciosos, sorrisos arteiros e carícias sutis para não assustar os moralistas de plantão.

No fundo, no fundo, ou nem tão no fundo assim, meu estado de inercia é turbinado pela esperança de ver as duas lindas trocando um beijão daqueles, seja beijo técnico ou não.

Desconfio que a inercia dos dirigentes do Grêmio diante da visível decadência técnica e tática do time se deve à esperança de que Enderson Moreira arrume a casa durante a Copa e o Grêmio, no segundo semestre, volte a ser aquele time aguerrido, vibrante e vencedor que vimos poucas vezes nos últimos doze anos.

Será mais fácil, no entanto, rolar um beijo das duas meninas do que Enderson ajustar a equipe e conquistar um título nacional com o Grêmio.

Por inercia, eu deixo de trocar de canal e a direção deixa de trocar de treinador, talvez porque acredite que não há nada melhor em outro canal.

O JOGO

O Grêmio foi mal de novo. Criou poucas chances de gol contra um Palmeiras. Era jogo para somar três pontos em cima do time que havia perdido para a Chapecoense. Mas acho que não alertaram os jogadores sobre isso. Jogo em casa contra adversário tão instável é para vencer. O empate, portanto, foi ruim.

O Grêmio foi previsível, errou passes demais e continuou sem aproveitar as bolas paradas, que era ponto forte da equipe em passado recente.

As individualidades estão afundando. Afundam por causa do esquema ou o esquema afunda por causa das individualidades. Dudu, que nunca foi craque, vive agora fazendo um vai e vem sem fim pelo setor esquerdo, de uma área para a outra. Virou um peladeiro. Culpa dele? Rodriguinho a mesma coisa. São dois jogadores que num esquema ajustado rendem muito mais.

Na frente, Barcos continua se posicionando mal na área. Hoje, errou passes em excesso.

Alan Ruiz foi o melhor do meio para a frente. A dupla de volantes foi eficiente de um modo geral. A zaga salvou. Rodolpho tirou um gol de cima da risca. Marcelo Grohe não chegou a ser muito exigido, o que já é um avanço.

Por outro lado, o goleiro do Palmeiras quase não trabalho, algo comum para os goleiros que enfrentam o Grêmio e seu ataque inofensivo.

A arbitragem deixou de marcar um pênalti sobre Barcos no começo do segundo tempo. Eu ouvi gente dizendo que Barcos se atirou, quando todos viram que o zagueiro se jogou à frente do argentino para impedir que ele alcançasse a bola.

Depois, Diogo teve um gol anulado. Ele estava em posição legal, mas havia dois em impedimento, o que serviu para confundir Grohe. Os palmeirenses reclamam muito, mas não falam da falta sobre Barcos.

Não gostei das substituições. Enderson trata de colocar em campo os medalhões. A substituição de Barcos foi correta, mas o melhor seria colocar Lucas Coelho, não o Kleber.

Suspeito que se Enderson cair, não será pelos maus resultados e futebol ruim, mas porque ele cometeu a ‘ousadia’ de sacar o capitão e líder do time, o intocável Barcos.

INTER

Assim como o Grêmio, faltou competência ao Inter para vencer o Fluminense, que foi batido pelo Grêmio, um resultado que não foi devidamente valorizado por setores da imprensa na ocasião.

O Flu é candidato ao título, que, na real, deve ficar mesmo é com o Cruzeiro.

O empate do Inter fora de casa contra adversário tão forte pode ser considerado bom resultado.

Esporte e entretenimento: o exemplo dos EUA

O texto abaixo foi publicado no setor de comentários do post anterior. O autor é Gunther Meyer, um velho amigo dos tempos de Lajeado e radicado em Miami há mais de 25 anos. Vale a pena ler e refletir.

Aqui vai minha opinião sobre o Barcos, partindo da maneira como o esporte é administrado nos Estados Unidos (e em alguns lugares do México). Não posso afirmar nada sobre a Europa porque não conheço de perto.

O esporte (American football, basketball, baseball, hockey, soccer) é visto como um entretenimento combinado com competição e por isso qualquer jogo enche o estádio. Se não enche estádios, o time é eliminado da liga ou mudam para outra cidade. Vejam o baseball, quando um time vai na cidade do outro, jogam 3 jogos (os mesmos dois times) em 3 dias seguidos e cada vez tem mais de 30 mil pessoas no estádio. O Barcos, sendo bem usado pelo marketing, pode encher estádios, vender camisetas, tapa-olhos, espadas de pirata, perucas e outras coisas mais (até pernas de pau). Se uma equipe dos Estados Unidos ou México levar o Barcos, ele vai virar celebridade e vai encher estádios. A equipe vai jogar para ele fazer alguns gols de raça e isso vai levar as pessoas ao delírio. Há uns 20 anos atrás a liga de soccer trouxe o Valderrama, só para a parte do entretenimento. Foi uma loucura, metade do estádio usava aquela peruca amarelada (e sabem quem as vendia? A liga, claro). Agora olhem como o futebol é visto abaixo da linha do Equador. Só competição, se ganha, quer bater no adversário, se perde quer matar o adversário, e olhem os estádios na Libertadores, quase vazios. Um jogo entre equipes grandes no Brasileiro (tem a coragem de chamar isso de Brasileirão) tem público de umas 2 mil pessoas. Numa reunião de família italiana tem mais gente que isso. No meu supermercado tem mais gente que num jogo do Brasileiro. Temos que olhar o esporte como competirão mas também como entretenimento. É como se fossemos a um show dos Serranos (entretenimento) e outro onde os Serranos e os Monarcas tocassem para ver que é melhor (competição). Teríamos dois grandes shows de música gaudéria com aquela necessidade do ser humano de ver competição em tudo.

Para ter uma idéia, Miami não é maior que Porto Alegre, mas tem uma equipe de American Football (Miami Dolphins), uma de Basketball (Miami Heat), uma de Baseball (Miami Marlins) e uma de Hockey, sim, hockey num lugar onde a temperatura nunca baixa dos 30 graus, tem um time que joga numa cancha de gelo (Florida Panthers). Além de algumas equipes de futebol que jogam nas ligas menores, e outras de Arena Football, etc. E todos os jogos tem estádios cheios. Um ingresso barato para um jogo do Miami Dolphins custa uns 80 dólares. Para o Miami Heat, uns 40 dólares. Baseball uns 30 dólares. O quarterback de um time de American Football de primeira deve ganhar mais que todo o time do Grêmio. E um time de American Football precisa ter 65 jogadores e o salário mínimo para esses jogadores é de uns 400.000 dólares por ano. Enquanto não fizerem futebol com profissionalismo, vai ser isso. Aqui em Miami passam todos os jogos de futebol da Europa, do México, da Argentina, mas nenhuma rede de TV daqui se interessa em comprar as transmissões do Campeonato Brasileiro. Por que? Porque não tem o ENTRETENIMENTO misturado com competição.

Grêmio sofre com desfalques e titulares ineptos

Quem ouviu os programas esportivos nesta quinta-feira ficou com a sensação de que o Grêmio é um ‘barcos’ afundando. Ao mesmo tempo, ficou convencido de que o Inter navega num lago sereno, próprio para a prática do stand up.

O Grêmio realmente não foi bem em Recife, onde sempre é complicado jogar, mas o Inter não foi tão bem assim. Venceu, mas teve dificuldades diante do esforçado grupo da Chapecoense – forte candidata ao rebaixamento.

A maioria dos analistas esportivos está levando livre o Inter e pegando pesado com o Grêmio, apesar de apenas um ponto separar um do outro na tabela de classificação.

Está certo que Abel Braga está mandando a campo um time bastante desfalcado, e isso contribui para amenizar as críticas. Agora, o próprio técnico destacou que o time foi mal contra a Chapecoense, algo que pouco se ouviu nos debates.

Contra o Sport, o Grêmio também teve desfalques. A começar pelo melhor jogador do time na temporada, Rodolpho, que está fora há vários jogos. Poderia citar aqui o lateral Wendell, mas este não volta mais. O problema é que em seu lugar está jogando Breno, um jovem muito promissor, mas ainda não preparado para assumir a titularidade.

No meio de campo, faltaram Ramiro e Riveros. Parece pouco, mas não é. Esses dois são volantes titulares, base do setor. Edinho até pode ser escalado no lugar de um deles, mas é muito mais pelo nome do que por futebol.

MEDALHÕES

E não há dúvida de que o currículo e as faixas no peito pesam na hora de definir a escalação. A opção de Zé Roberto – volante em tempos remotos – em fez de Matheus Biteco – mais afeito ao combate e ao ritmo atual do futebol – indica que o técnico Enderson, como a imensa maioria dos treinador, é sensível a um carteiraço.

Outro indicativo disso foi a troca de Dudu por Kleber, completamente fora de forma, tendo alternativas melhores para o momento no banco. Entre elas, Maxi Rodriguez, o homem dos gols bonitos e de uma intrigante instabilidade técnica.

Por 15 minutos, tivemos, então, a volta de dupla que provoca calafrios em qualquer gremista com bom senso: Kleber e Barcos.

Eu ainda relaciono Luan como titular. Mas agora, com a volta de Kleber, desconfio que o técnico não terá peito de colocar um dos dois medalhões ineficientes em campo.

Seria caso de demissão sumária, mas isso deveria ter acontecido após a eliminação na Libertadores, e, principalmente, após os 4 a 1 no Gre-Nal. Mas, como disseram na ocasião os doutos do futebol gremista, não se pode tomar decisões de cabeça quente.

RECUPERAÇÃO

Se o sr Enderson não estivesse tão temeroso de perder o cargo e conseguisse ficar imune aos medalhões, eu defenderia sua continuidade. Mas desconfio que ele já foi tragado pelo vestiário, até porque lhe falta um apoio mais forte e consistente da ‘dupla dinâmica’ do futebol tricolor. Sem contar o distanciamento que percebo, e posso estar equivocado, do presidente Koff dessa zona de conflitos.

Não responsabilizo o ex-técnico do Goiás. Ele não tem culpa de ter sido contratado para o desafio da Libertadores, muita areia para o caminhãozinho dele.

Ele não tem culpa de ter entrado na competição prioritária do clube e da torcida com apenas um centroavante, e um centroavante que não é exatamente um centroavante. E também com Pará irritantemente titular por tanto tempo.

Para concluir, sem reforços de nada adiantará trocar o treinador, uma solução, hoje, simplista, que serve apenas para tirar da reta a responsabilidade dos verdadeiros responsáveis por esse período de turbulência e dúvidas sobre as possibilidades do Grêmio no Brasileirão.

Grêmio, enfim, descobre a importância de um ‘sombra’

Todo grupo de trabalho tem de ser competitivo, tem de haver uma sombra. O Barcos sabe que, se não render, pode ser substituído. Ninguém tem lugar cativo.

A frase acima, publicada hoje num site, é atribuída ao diretor-executivo Rui Costa. É de rir e de chorar.

Não acredito que ele tenha descoberto isso agora. Assim, consciente de que as ‘sombras’ fazem parte, não entendo como é que ele não providenciou nesse tempo todo, de preferência ainda em tempo de inscrever na Libertadores recém finda (para o Grêmio) um atacante para disputar com Barcos. E, claro, alguém para a lateral-direita. Um meia articulador talvez fosse pedir demais.

Agora, é irritante ler/ouvir uma frase dessa saindo de um dirigente que já mostrou ser competente, mas que agora se revela perdido. Sem pai nem mãe, como se dizia nas barrancas do Rio Taquari.

Sobre as sombras, outra preciosidade do RC:

– Lucas Coelho é jovem e entra com força. O Kleber é de frente e uma senhora sombra.

Ele só pode estar de brincadeira. Está de gozação. Se Lucas Coelho tem esse moral todo com ele, RC, por que não é dignamente aproveitado pelo técnico Enderson Moreira, que vê o mundo desabar mas não saca Barcos para colocar o ‘jovem’ que ‘entra com força’, seja lá o que signifique essa última frase?

Ah, essa frase é de gargalhar: “O Barcos sabe que, se não render, pode ser substituído. Ninguém tem lugar cativo”. Não acredito que Rui Costa tenha dito isso, só pode ser invenção da reportagem. É muita cara de pau.

E Kleber? Sombra para Barcos? Olha, tenho a impressão que RC pensa que somos todos uns neófitos em futebol. Kleber gosta muito de trombar na intermediária e jogar pelos lados quando está bem fisicamente. Ele raramente aparece na área, menos até do que o titular.

O Grêmio precisa de uma camisa 9. Poderia até ser esse que lidera o quadro de goleadores do Brasileiro e que Rui Costa, entre outros, mandou em frente. Hoje, Marcelo Moreno, administrado adequadamente, seria muito útil.

Com Marcelo Moreno, o Grêmio talvez ainda estivesse disputando a Libertadores.

REFORÇOS

Matías Rodríguez parece que vem aí. O currículo é bom, passou por grandes clubes. Alguém aqui disse que ficou entusiasmado com os lances ofensivos do lateral no youtube.

Não sei se ele é bom, mas pior do que Pará não pode ser. Portanto, uma contratação a ser saudada. E conferida.

O que me intriga é que não tem ninguém disputando esse argentino com o Grêmio. Se ele fosse bom mesmo teria outros clubes na briga pelo passe.

Se eu fosse fazer um vídeo do Pará, eu o tornaria o melhor ala do planeta.

Ainda sobre laterais, eu traria de volta o Neuton, que hoje se destaca na Chapecoense.

Resta, ainda, torcer para que Tinga se recupere e receba chances – o que já é mais difícil.

No Grêmio, os culpados não entram em campo

Perder para o São Paulo fora nunca foi uma calamidade. É até normal. Vencer, como aconteceu no 1 a 0, do ano passado, é que contraria a lógica.

Lembro que o Grêmio também jogou com três volantes. Dida foi o grande nome do jogo. O Grêmio jogou por uma bola. E realmente teve apenas uma chance de gol, contra meia dúzia do time do ranzinza Muricy, que, aliás, deveria se aposentar porque visivelmente trabalha com má vontade. Ele seria mais feliz e nos pouparia de ver aquela cara amarrada à beira do campo.

A única bola foi de Vargas. Barcos enfiou uma bola longa demais para o Alex Tellles – saudade -, que conseguiu chegar a tempo de cruzar da risca da linha de fundo na cabeça do atacante chileno, que chegou entre dois zagueiros e cabeceou.

Ontem, no Morumbi, o Grêmio também levou pressão e seu goleiro, agora Marcelo Grohe, fez defesas difíceis, evitando que o time levasse gol logo nos primeiros minutos. A diferença é que Grohe acabou levando um gol numa bola muito difícil, porque desviada pelo zagueiro a poucos metros dele, num lance complicado para o goleiro. Mérito do zagueiro. Uma bola defensável apenas para quem viu o jogo pela TV e não estava ali no lugar do Grohe diante de uma muralha de jogadores.

Os mesmos que mandaram Victor embora por lances como esse para colocar o ‘prata da casa e gremista’ Marcelo Grohe, hoje parecem determinados a mandar o Grande Grohe embora. Os problemas do Grêmio passam longe de Grohe, assim como passavam longe de Victor – hoje na Seleção do Brasil! – e do próprio Dida.

Por que tudo sempre tem que estourar no goleiro se o time praticamente nunca faz o goleiro adversário trabalhar?

Alguém lembra de algum jogo neste ano ou no ano passado em que o goleiro adversário foi o grande destaque. Ah, eu lembro de um, contra o Atlético PR, pela Copa do Brasil, quando o Grêmio foi eliminado na ARena mediante defesas extraordinárias do goleiro Weverton. Aliás, está aí um ótimo goleiro.

A derrota de ontem tampouco passou pelo técnico Enderson Moreira. Criticam as substituições, mas alguém acredita que Maxi entrando antes ou começando mudaria alguma coisa? Talvez para pior.

No comentário anterior escrevi que Enderson deveria manter o esquema com dois volantes. Mas previa que ele entraria com Edinho, retomando os ‘malditos’ três volantes lançados por Renato que identificou faz tempo a precariedade ofensiva do time com ele, o onipresente Barcos, e o ‘gladiador’ Kleber, que leva a sério o apelido porque tem prazer em confronto físico. Sem contar que Edinho é um dos medalhões.

A exemplo do ano passado no Morumbi, Os três volantes não impediram que os goleiros do Grêmio evitassem goleadas.

A diferença básica é que havia Vargas entrando como centroavante para fazer o gol da vitória.

No sábado, coube a Barcos definir. Ele teve duas boas oportunidades. Mandou a bola longe.

E pelo jeito será assim sempre. O Grêmio criando pouco, o goleiro adversário saindo de campo com o calção impecavelmente limpo e o goleiro gremista levando o time nas costas e ainda assim sendo questionado.

Então, os verdadeiros culpados da derrota de ontem e de outras que virão – além da goleada no Gre-Nal e da eliminação na Libertadores – são os de sempre.

E eles não entram em campo.

Grêmio evolui, mas ainda falta qualidade

A atuação do Grêmio contra o Botafogo mostrou que o esquema do técnico Enderson Moreira começa a dar certo.

Mesmo levando um gol logo no início, o time teve maturidade e tranquilidade para fazer o seu jogo. O resultado é que o Botafogo chegou pouco, o Grêmio teve mais posse de bola e criou chances de gol o suficiente para vencer.

O aproveitamento foi muito bom, já que o time, como acontece já faz tempo, criou poucas chances de gol. E por que o Grêmio chega pouco? Insisto que falta mais de qualidade, um jogador ao menos que faça a diferença na armação, e um centroavante realmente eficiente e no qual se possa confiar.

Acrescente-se também as dificuldades conhecidas de Pará no apoio. Breno, por sua vez, começou a desabrochar, e pode até repetir Wendell.

Então, com todas esses problemas em termos de individualidades, é preciso destacar o trabalho de Enderson na armação da equipe, no conjunto, na estrutura, no padrão de jogo. O Grêmio foi bastante superior, em especial no segundo tempo diante do cansaço do Bota.

Há uma evolução. Mérito do treinador.

Será difícil o Grêmio manter esse percentual de aproveitamento até em função de não ter, por exemplo, um goleador. Sem contar a lateral-direita e um meia com mais técnica do que os atuais.

O problema mais grave e que precisa ser atacado o quanto antes é o ataque. Barcos é insuficiente. Não é mau jogador, tem algumas qualidades, mas não é aquele cara em que a gente pode confiar na hora de definir.

A impressão que tenho, além disso, é que ele intimida os mais jovens. Afinal, é o grande líder, parece ter a chave do vestiário. Se alguém ousa não passar a bola pra ele, que peça desculpas imediatamente.

Ontem, o jovem Breno arriscou um chute a gol, a bola foi para fora. Barcos, dentro da área, cobrou que a bola deveria ter sido lançada pra ele. Não foi acintoso, como de outras vezes, mas cobrou e o guri sorriu amarelo, dando a entender que a chance para o chute era boa e que ele não havia visto o grande capitão sozinho na área.

Assim como Barcos não viu Rodriguinho sozinho no jogo anterior e perdeu um gol de forma bisonha. Rodriguinho não reclamou – não é louco -, mas sinalizou que a bola poderia ter sido passada pra ele.

Assim, de longe, acho que essa gurizada – Dudu, Ruiz e Rodriguinho – vai render mais se não estiver sob o jugo de Barcos.

É urgente a contratação de alguém para ao menos disputar posição com o argentino. Aliás, estou pedindo desde o ano passado.

Barcos está virando um serial killer de treinador no Grêmio e um exterminador de sonhos da torcida gremista.

O PANINHO

Contra o SP, que levou 5 a 2 do Flu, este mesmo que o Grêmio bateu na Arena, o técnico Enderson deu a entender que pode retomar o esquema de 3 volantes. Acho que ele deve manter os dois volantes – Edinho fora, ele e sua latinha de cerveja. Para o lugar de Ruiz, ele tem Zé Roberto e Maxi. Em função das características, melhor começar com ZR, que marca melhor que Maxi.

Maxi, como já escrevi faz tempo, só pode jogar, para ter sucesso na carreira, nas proximidades da grande área, recuando no máximo até o meio de campo. Maxi, por sua qualidade, drible curto e chute colocado com precisão cirúrgica, precisa receber a bola normalmente em condições de concluir a gol. Como foi , aliás, contra o Botafogo. Um gol feito com arte e talento, coisa rara hoje no futebol.

O drible que ele deu entortando o marcador a gente dizia, em tempos idos, que era um ‘paninho’.

Maxi deu um paninho no cara. É o tipo de lance, com a bola colocada no canto, longe do goleiro, que faz a gente acreditar que ainda há lugar para a beleza no futebol.

Um técnico deve seguir suas convicções

O técnico Enderson Moreira está decidindo pela sua cabeça, finalmente. Ele manteve o trio de volantes, herança de seu antecessor, o quanto foi possível.

Tomou decisões pela cabeça dos outros. Técnico novo em clube de ponta, ainda sem muito moral para impor suas ideias, aceitou o que vinha dando relativamente certo.

Foi sensato. Aos poucos, foi sinalizando qual o seu caminho, o seu esquema preferido: dois volantes, três meias e um – argh – centroavante.

Os laterais deixam de avançar tanto, o que faz reduzir a incidência de erros de Pará no jogo, e isso já é muito bom.

O homem seu suas convicções não é nada, absolutamente nada. Um treinador de futebol, que sofre influências de tudo quanto é lado, torcedores, palpiteiros, dirigentes, aspirantes a dirigentes, cronistas esportivos isentos ou nem tento, e blogueiros como eu, tem uma hora em que sente a corda no pescoço apertando.

Se é pra morrer, então que morra agarrados às suas convicções, pensando apenas pela sua cabeça.

Foi o que eu disse certa vez para um presidente do Grêmio durante um programa de rádio. Nitidamente, ele ouvia demais seu vice de futebol. ‘Decida pelas suas convicções, não pelas do seu vice”, sugeri ao dirigente. Ele não me ouviu. Sucumbiu. E sucumbiu por omissão, por não assumir a responsabilidade, nem que para isso tivesse que perder seu vice.

Não tenho dúvida de que ele se sairia melhor sozinho na tomada de decisões.

Para o jogo contra o Botafogo, o técnico gremista repete o esquema anterior. E o mesmo time. Edinho, que era titular, foi para o banco.

A dupla Riveros/Ramiro foi bem, considerando-se a qualidade do adversário. Contra o Botafogo, um time inferior ao do Flu, a tendência é de que renda mais e não permita que o adversário chegue tão fácil na cara do Grohe, que é um grande goleiro mas não é santo milagreiro.

Está certo seguir com essa dupla de volantes. E também em insistir com o seu esquema. Certo ou errado, é o esquema dele.

Só acho que falta qualidade do meio para a frente. Mas aí já entramos na área da convicção dos dirigentes, que fizeram as contratações que consideram adequadas diante da capacidade financeira do clube.

O Grêmio tem tudo para somar três pontos contra o Botafogo, amanhã, no Alfredo Jaconi.

Grêmio: vitória excelente e campanha pela Arena

Um resultado excelente e uma atuação boa, considerando-se a qualidade do adversário.

O técnico Enderson Moreira venceu o duelo com Cristóvão, seu semelhante em termos de ranking dos treinadores. Ao contrário do que alguns pensam, quero esclarecer que nunca defendi a contratação de Cristóvão, que, a meu ver, poderia começar no Grêmio com um Gauchão. Passando no teste, permaneceria. Nunca assumindo o time para disputar a Libertadores ou um Brasileirão. Erro cometido pela atual direção ao contratar Enderson para a Libertadores.

Deixando de lado o passado recente, Enderson saiu-se muito nesse jogo contra o Fluminense, que tem alguns jogadores que seriam titulares no Grêmio sem muito esforço: Conca, Wagner, Walter, talvez Rafael Sobis e, claro, o Fred, mesmo com um bigodinho que me lembrou o Waldir, antigo atacante do Vasco. Ah, e também o lateral-direito, que não sei quem é mas deve ser melhor que o Pará. Questão de justiça: o Pará foi bem hoje.

Do meio para a frente, o Fluminense tem muita qualidade, muito mais que o Grêmio, que ainda não contou com Luan. Com Walter no time, por exemplo, o Grêmio ainda estaria disputando a Libertadores. E pensar que ele poderia ter vindo com Enderson, pelo que foi noticiado.

O Walter entrou no segundo tempo e mostrou que é um grande atacante. Toda a vez em que ele pegou na bola levou perigo. Mas parece que a direção não queria ninguém para disputar posição com Barcos.

Por falar em Barcos, é irritante. As vaias direcionadas a ele no final foram justas. O Grêmio está tentando negociá-lo. Ele pode ir para o futebol chinês. Seria o legítimo negócio da China.

Aos 32 do segundo tempo ele recebeu livre pelo meio, caiu para a esquerda para chutar, demorou, porque ele sempre demora, e perdeu o gol. Ao seu lado, livre, Rodriguinho – ou seria o Dudu? – pedia a bola, acenando com os dois braços. Fosse o contrário, Barcos teria urinado no companheiro fominha de cima a baixo. Ela costuma fazer isso com os novatos.

O Grêmio vencia por 1 a 0, gol de Rodriguinho, lançamento milimétrico de Werley, que costuma lançar bem a bola. Gostei do Werley. Marcou o melhor centroavante do futebol brasileiro, que a rigor teve apenas uma chance. Foi um cabeceio à queima-roupa que Grohe salvou milagrosamente. E há quem não goste do Grohe. No rebote, Werley evitou que Fred marcasse. Fora esse lance, teve outro em que ele apareceu para salvar, numa jogada do Walter.

Rodriguinho, autor do gol, foi bem. O trio de meias de um modo geral foi bem, reduzindo um pouco meu nível de exigência e comparando com o que tenho visto por aí. A qualidade desse pessoal de criação e articulação anda baixa mesmo.

Rodriguinho, Alan Ruiz e Dudu são jogadores de nível médio. Não se pode exigir muito deles. Cada um com suas limitações. Mas são bons jogadores, que, melhor entrosados, podem render mais. Para isso, é preciso sequência acompanhada de resultados positivos para dar moral aos jogadores. Rodriguinho, por exemplo, depois de marcar o gol, cresceu em campo, ganhou confiança.

Para concluir, considero esse esquema com dois volantes e três meias muito bom, desde que os meias tenham mais qualidade para compensar a vulnerabilidade do sistema defensivo. Hoje, Grohe salvou, mas não será sempre assim.

É evidente que além de mais qualidade no setor de criação é fundamental um centroavante mais efetivo.

ARENA É NOSSA

Tenho defendido por aí que o Grêmio deveria buscar em sua torcida parte dos recursos para assumir o controle pleno da Arena.

Percebo que os gremistas estão determinados a terminar com essa lenga-lenga. Quem prestar atenção na voz dos torcedores ficará convencido de que é possível contar com a torcida.

A mobilização deveria começar com o corpo consular. Quem sabe uma competição entre os municípios para ver quem arrecada mais, inclusive com premiação aos consulados vencedores por categoria – cidade com 10 mil habitante, 20, 30 e aí por diante. Cada consulado abriria uma conta no Banrisul específica para quitar, por exemplo, a dívida com o BNDES, que é de uns 200 milhões.

É difícil, sim. Afinal nunca nada foi fácil para o Grêmio.

INTER

Inter patinou no campeonato ao ficar apenas no 0 a 0 com o Criciúma, que vinha de goleada por 6 a 0.

No final, discursos sem nexo de D’Alessandro, visivelmente abalado com o resultado. Ele foi substituído.

Não jogou nada, como costuma acontecer acima do Mampituba.

Depois do boteco, os outros

Nunca tive a pretensão de ‘furar’ os veículos de comunicação tradicionais. Meu objetivo aqui no boteco é expor ideias, debater, questionar, criticar, provocar e ser provocado. Mas de vez em quando descubro alguma coisa. É o caso dessa investida da direção gremista para assumir a gestão plena da Arena, comprando a parte da OAS, mas mantendo o Olímpico no negócio.

Hoje, a notícia que publiquei ontem à noite repercutiu bastante. Ninguém cita a fonte.

Melhor assim. Faltaria cerveja e acepipes, como costuma dizer o companheiro David Coimbra, para nós, os da casa.

Vejam o que saiu no clicrbs e deve ser publicado na ZH desta sexta-feira. Claro, sem citar a origem.

http://zh.clicrbs.com.br/rs/esportes/gremio/noticia/2014/05/demora-em-selar-o-contrato-faz-gremio-pensar-na-compra-da-arena-4501163.html

Tem também a coluna do Hiltor no CP:

A compra da Arena

O maior campeonato de Fábio Koff

O presidente Fábio Koff está na fase semifinal do seu grande campeonato: ter o controle pleno da Arena. Desde que assumiu, além de carregar o peso de uma década de decepções e frustrações do time em campo, Koff trabalha obcecadamente para mitigar os efeitos danosos do contrato que levou à construção da majestosa Arena.

Koff entrou em campo com fogo nos olhos ao descobrir, logo nos primeiros dias, quando ele, como presidente do clube, teve dificuldades para entrar na nova casa gremista. Este e outros fatos ainda mais alarmantes o levaram a declarar que a Arena, na realidade, não era do Grêmio. Os mais sensíveis, os ufanistas e os alienados ficaram chocados. Como assim?

Foi duro de ouvir, admito, mas era necessário que a torcida soubesse que a OAS mandava e desmandava na Arena, para entender que ali começava um outro campeonato, mais difícil que qualquer Libertadores: a conquista talvez do maior título da história do Grêmio, a conquista da Arena.

Depois de várias etapas, todas muito espinhosas, Koff e sua diretoria foram avançando no jogo travado fora de campo, onde vale tudo, até carrinho por trás e voadora como as que o Leandro Vuaden eventualmente deixa impunes quando praticadas por algum colorado em Gre-Nal.

Um jogo muito difícil, derrota iminente, mas em campo está Koff, o presidente multicampeão, o homem que conseguiu multiplicar a verba de televisão dos clubes em desgastantes negociações com a TV Globo nos anos 90, na condição de presidente do Clube dos 13, hoje, sem ele, uma entidade amorfa, domesticada.

Se em campo os resultados se mantinham ruins, nos gabinetes o Grêmio, praticando um jogo convincente e firme, avançava lenta e gradualmente.

Para isso, conquistou um aliado tão valioso quanto inesperado: a própria OAS.

A empreiteira já percebeu que essa história de erguer e administrar arenas é mais complicado do que construir pontes, estradas, prédios, etc

Enfim, a Arena descobriu que esse negócio de Arena não é exatamente a sua praia.

Chegamos ao que interessa: a OAS já concorda em entregar a Arena a quem de direito: o Grêmio.

Se tudo der certo, o torcedor gremista terá de novo uma casa para chamar de sua.

Mas há obstáculos a serem superados. O jogo é mais difícil que uma final de Libertadores contra o Boca, na Bombonera, com arbitragem argentina e o Chico Noveletto como observador da Conmebol.

A OAS num determinado momento admitiu a hipótese de continuar pagando o BNDES: total de 200 milhões aproximadamente. Mas recuou.

O restante o Grêmio pagaria para a OAS, mensalmente, até completar os 20 anos do contrato.

O problema, agora, é conseguir quem assuma o débito do financiamento, o que não pode ser feito por clube de futebol.

Como eu disse lá no início, o clube está na semifinal de uma disputa que pode ser considerada a mais dura de sua história.

O troféu é gigantesco, monumental, suntuoso: a Arena. A Arena – realmente – do Grêmio.

Vale a pena lutar.