Grêmio evolui, mas ainda falta qualidade

A atuação do Grêmio contra o Botafogo mostrou que o esquema do técnico Enderson Moreira começa a dar certo.

Mesmo levando um gol logo no início, o time teve maturidade e tranquilidade para fazer o seu jogo. O resultado é que o Botafogo chegou pouco, o Grêmio teve mais posse de bola e criou chances de gol o suficiente para vencer.

O aproveitamento foi muito bom, já que o time, como acontece já faz tempo, criou poucas chances de gol. E por que o Grêmio chega pouco? Insisto que falta mais de qualidade, um jogador ao menos que faça a diferença na armação, e um centroavante realmente eficiente e no qual se possa confiar.

Acrescente-se também as dificuldades conhecidas de Pará no apoio. Breno, por sua vez, começou a desabrochar, e pode até repetir Wendell.

Então, com todas esses problemas em termos de individualidades, é preciso destacar o trabalho de Enderson na armação da equipe, no conjunto, na estrutura, no padrão de jogo. O Grêmio foi bastante superior, em especial no segundo tempo diante do cansaço do Bota.

Há uma evolução. Mérito do treinador.

Será difícil o Grêmio manter esse percentual de aproveitamento até em função de não ter, por exemplo, um goleador. Sem contar a lateral-direita e um meia com mais técnica do que os atuais.

O problema mais grave e que precisa ser atacado o quanto antes é o ataque. Barcos é insuficiente. Não é mau jogador, tem algumas qualidades, mas não é aquele cara em que a gente pode confiar na hora de definir.

A impressão que tenho, além disso, é que ele intimida os mais jovens. Afinal, é o grande líder, parece ter a chave do vestiário. Se alguém ousa não passar a bola pra ele, que peça desculpas imediatamente.

Ontem, o jovem Breno arriscou um chute a gol, a bola foi para fora. Barcos, dentro da área, cobrou que a bola deveria ter sido lançada pra ele. Não foi acintoso, como de outras vezes, mas cobrou e o guri sorriu amarelo, dando a entender que a chance para o chute era boa e que ele não havia visto o grande capitão sozinho na área.

Assim como Barcos não viu Rodriguinho sozinho no jogo anterior e perdeu um gol de forma bisonha. Rodriguinho não reclamou – não é louco -, mas sinalizou que a bola poderia ter sido passada pra ele.

Assim, de longe, acho que essa gurizada – Dudu, Ruiz e Rodriguinho – vai render mais se não estiver sob o jugo de Barcos.

É urgente a contratação de alguém para ao menos disputar posição com o argentino. Aliás, estou pedindo desde o ano passado.

Barcos está virando um serial killer de treinador no Grêmio e um exterminador de sonhos da torcida gremista.

O PANINHO

Contra o SP, que levou 5 a 2 do Flu, este mesmo que o Grêmio bateu na Arena, o técnico Enderson deu a entender que pode retomar o esquema de 3 volantes. Acho que ele deve manter os dois volantes – Edinho fora, ele e sua latinha de cerveja. Para o lugar de Ruiz, ele tem Zé Roberto e Maxi. Em função das características, melhor começar com ZR, que marca melhor que Maxi.

Maxi, como já escrevi faz tempo, só pode jogar, para ter sucesso na carreira, nas proximidades da grande área, recuando no máximo até o meio de campo. Maxi, por sua qualidade, drible curto e chute colocado com precisão cirúrgica, precisa receber a bola normalmente em condições de concluir a gol. Como foi , aliás, contra o Botafogo. Um gol feito com arte e talento, coisa rara hoje no futebol.

O drible que ele deu entortando o marcador a gente dizia, em tempos idos, que era um ‘paninho’.

Maxi deu um paninho no cara. É o tipo de lance, com a bola colocada no canto, longe do goleiro, que faz a gente acreditar que ainda há lugar para a beleza no futebol.