Ser gremista é uma dádiva

Não sei quando começou minha paixão pelo Grêmio. Mas atribuo ao meu avô materno, Alfredo, a opção pelo tricolor. Getulista, Brizolista e Gremista, este era meu avô, que mantinha sobre a geladeira um boneco do Getúlio Vargas, com bombacha branca e uma cuia na mão.

É o que os meus olhos de menino registraram e conservaram com o passar de tantos anos.

Eu passava as férias de verão em Santa Cruz, numa escola agrícola de referência que há muitos anos foi destruída como muitas coisas boas neste país. Meu avô era uma espécie de gerente, capataz do local.

Sim, ele me fez gremista. Mas desconfio que, na verdade, sou torcedor do Grêmio desde que nasci tamanha é minha ligação com o clube.

Ainda criança, ouvia os jogos do Grêmio ao lado do meu avô. Rádio Guaíba, então liderada pelo grande narrador Pedro Carneiro Pereira, também gremista.

Foi através da rádio que “conheci” Airton Ferreira da Silva, Sérgio Lopes, Alcindo, etc. Lá por meados dos gloriosos anos 60, o Grêmio com seu time titular foi jogar em Lajeado, no estádio Florestal. Metido, consegui convencer Airton a tirar uma foto comigo e outros piá. A foto foi publicada na Folha Esportiva.

Foi assim que começou minha ligação com este que hoje é um clube conhecido e respeitado, com admiradores no mundo todo, e, não duvido, até em Marte, ou Vênus, onde descobriram nesta semana uma forma de vida.

Em 1972, ou 73, me associei ao Grêmio. Depois, quando comecei a trabalhar como profissional na Folha da Tarde, em 78, deixei o quadro social. Aquela coisa da rivalidade regional.

Comecei a conviver com os jogadores. Sofri nos anos 70. Como diria o Antônio Carlos Verardi, “eles” venciam tudo”. Fiquei cascudo, suportei com altivez outras vitórias “deles” e festejei intensamente as vitórias e títulos que foram se sucedendo depois.

Quase morri no Gauchão de 1977, quando foi rompida a hegemonia vermelha. Muita, muita emoção. E o Brasileiro de 198i, então? Depois, as Libertadores, as Copas do Brasil, etc.

Vou parar por aqui porque chega um momento em que a saudade dói.

Bem, este relato, muito resumido, é uma singela homenagem ao clube que tomou meu coração e que, neste dia 15, está completando 117 anos de existência.

Ser gremista é uma dádiva, não é para todos.