Renato une o “meu grupo” para a decisão do Gauchão

O técnico Renato Portaluppi convocou todos os jogadores do grupo para o jogo contra o Caxias neste domingo. Aparentemente é um exagero, porque está em jogo “apenas” um título regional e o Grêmio tem amplo favoritismo depois de vencer o jogo de ida, em Caxias do Sul. Bastaria convocar os titulares e alguns reservas para compor o banco. Por que, então, lotar a concentração?

Esse tipo de iniciativa de um treinador, no caso o melhor do Brasil (JJ foi embora e devolveu o bastão ao técnico gremista), tem um objetivo que muitos podem considerar bobagem: a união do grupo. É uma tentativa de formar um grupo homogêneo, no qual todos disputam em igualdade por um lugar entre aqueles que mais seguidamente são chamados a jogar.

Qualquer treinador de sucesso busca atingir esse objetivo. Algo como formar uma família, mas com o mínimo de ranços que existem na maioria das famílias. Seria algo como a Família Scolari. No caso, é Renato querendo manter a sua, a Família Portaluppi, algo que ele iniciou em 2016 e consegue manter, apesar das dificuldades.

Lembro que Ênio Andrade, treinador vitorioso que deixou Renato amargando o banco de reservas porque havia Tarciso em grande forma, fechava um grupo tipo ninguém entra, ninguém sai. “Seu” Ênio, com quem tive a graça de conviver, transmitiu alguns ensinamentos ao Renato. Um deles, blindar e defender sempre o grupo contra as intempéries do tempo.

Credito boa parte do sucesso de Renato a esse trabalho com os jogadores. Quem presta atenção aos treinadores mais renomados, com longa história, como Luxemburgo e Muricy, sabe o que eles pensam: o sucesso de um time depende dos jogadores. Um pequeno percentual vem da parte técnica e tática. “São eles que resolvem dentro de campo”, declarou Luxemburgo recentemente. Mais ou menos o que disse Muricy semanas atrás.

Outro aspecto a considerar: quando o grupo é muito grande e existem jogadores com faixa etária bem diferenciada, não é incomum a formação de grupinhos. Por exemplo: o grupo dos veteranos, o grupo dos formados na base e o grupo dos que estão se incorporando agora.

Renato, que conhece as manhas do vestiário como poucos, está atento. Ele quer o grupo unido, até porque a caminhada é longa. É por isso que ele costuma falar “meu grupo”, passando a mensagem de que não existe um time, existe um grupo, e que portanto todos podem entrar no jogo a qualquer hora.

É com esse espírito de união que Renato vai para o jogo em busca do tri do Gauchão. Os colorados, que não quiseram abrir mão da disputa diante da pandemia, hoje desdenham a competição.

Estranhamente, alguns gremistas também fazem pouco caso. Esses seriam os primeiros a protestar se o título caísse no colo dos rival maior, abatido pelo Grêmio no meio do caminho. E serão os primeiros a invadir as redes sociais em caso de derrota para o Caxias.