Pepê comanda a virada e neutraliza ameaça de crise no Grêmio

Gol de um pênalti cometido por um estreante (David Brás) logo no início, um time confuso em campo, com excesso de passes errados, a nova ausência de Diego Tardelli e a irritação da torcida com a escalação de um misto frio. Elementos suficientes para desestabilizar qualquer trabalho.

O circo para instalar uma crise de vez no Grêmio estava armado. O que tem de gremista – o tipo que torce mais por suas teses e que se encontra em todos os clubes – que ficou frustrado com a vitória de 2 a 1 sobre o Vasco. Sem contar alguns integrantes da mídia, claro.

Uma derrota deixaria o técnico Renato em situação complicada, e as vaias seriam inevitáveis. Seria um clima péssimo para o jogo decisivo contra o Bahia. Cheguei a temer pelo pior diante do que acontecia em campo.

Mas felizmente o Grêmio conseguiu virar um jogo que se encaminhava como trágico com o segundo gol vascaíno, anulado corretamente pelo VAR. Penso que foi a primeira virada do time B tricolor com Renato no comando.

Muito criticado nos últimos tempos, pelas atuações do time e pelo excesso de folgas dos titulares como aconteceu neste sábado, Renato conseguiu acertar o time com a entrada de Éverton e a saída de Rômulo, ainda no primeiro tempo, passando Pepê para a direita.

Foi por ali, após receber uma bola milimétrica de Luan (que está em processo de recuperação para ser o velho Luan de guerra), que o atacante empatou o jogo, com um chute forte e rasante em diagonal.

O gol da vitória aconteceu aos 40 minutos, com um cruzamento tipo com açúcar e com afeto do velho Léo Moura, que infelizmente não tem mais a vitalidade necessária para suportar 90 minutos em alto nível. A bola passou sobre Da Silva, mas não por Pepê, que deu uma cabeceada estilo Jardel.

Um golaço do provável substituto de Éverton, que talvez nem jogue em Salvador. Após a partida ele revelou que tem proposta de um clube europeu. Se confirmar será lamentável, será como encerrar o ano em julho/agosto.

Não dá nem pra culpar a direção se for uma oferta daquelas irrecusáveis. Até porque o jogador vai ficar beiçudo.

Já basta o Diego Tardelli para tumultuar e irritar a nação tricolor. Aliás, Tardelli deve mesmo ser negociado. E tudo indica ele vai para o Atlético Mineiro. Um grande banco insiste em contar com Tardelli, que estacou no sexto jogo pelo brasileiro e dali não sai. Pode, portanto, defender outro clube na competição. Escrevi há pouco dias: tudo é uma questão de caráter.

Ainda sobre o jogo, o Grêmio foi irregular, e seu grande mérito foi ter capacidade de reação, de sair do resultado adverso para uma vitória muito importante. Até os melhores erraram acima da média.

Gostei de ver Patrick, um guri de muito futuro, e Da Silva ‘Esperança’, que jogou uns dez minutos, mas não se intimidou. Sinal de que foi bem preparado por Renato, que apostou nele depois de saber que não contaria com o jogador que custa em torno de 1 milhão de reais ao clube e que até agora jogou uma bolinha varzeana, com todo respeito aos bravos e dignos jogadores da várzea, que muitas vezes jogam de graça ou por um sanduíche de mortadela, mas jogam.