Cebolinha sai do banco de reservas para entrar na história

Como eu ia dizendo, Éverton ‘Cebolinha’ fez mesmo a diferença na Seleção Brasileira, coisa que muita gente jamais imaginou que fosse acontecer.

Essa diferença ele faria, por certo, na Copa do Mundo/2018 se o técnico Tite seguisse minha recomendação – publicada aqui neste blog em abril do ano passado. Tite me ignorou e não convocou o cara que seria seu maior trunfo, o fator surpresa.

Sem dúvida, eu sou um visionário. Raros me levam a sério, estes poucos que me levam a sério são sábios. Modéstia à parte.

Graças a Cebolinha, como a nação consagrou na voz e no entusiasmo de Galvão Bueno, o maior chefe de torcida deste país, o Brasil conquistou a Copa América, sinalizando que pode estar encontrando seu caminho para voltar aos velhos tempos de glória.

Agora, muita coisa precisa ser feita. A Copa América é como o Gauchão: engana bobo. De qualquer modo, já existe um esboço de time forte e competitivo.

O maestro do time já está aí, o que é meio caminho andado. Trata-se de Arthur, que teve uma atuação de gala no Maracanã, embora poucos tenham destacado isso. Além de coordenar as ações no meio de campo, marcando e organizando, ainda fez a jogada do segundo gol, marcado com habilidade e destreza por Gabriel Jesus.

Foi do atacante a bela jogada que resultou no gol de abertura, feito por Cebolinha, que conquistou o templo do futebol com seus dribles e sua ginga que lembra um Garrincha moderno.

O gol do Peru, que serviu para dar um tempero a mais no jogo, saiu de um pênalti do tipo que deveria ser reavaliado pela Fifa: o zagueiro se joga e ao cair estende o braço para o chão, num gesto de auto-proteção, intuitivo, inevitável. Mas os gênios da Fifa consideram isso infração.

Lembro que o Cruzeiro de POA foi eliminado de um Gauchão pelo Inter com dois pênaltis desse tipo.

No terceiro gol, o gol da tranquilidade porque o jogo estava tenso, com o Peru ameaçando o empate, resultado que levaria o confronto aos pênaltis. Foi aí que o nosso Cebolinha fez umas das suas – jogada tipo abridor de lata que eu previ que ele poderia fazer na Copa do Mundo. O atacante gremista invadiu a área e foi empurrado grosseiramente. Richarlison bateu e marcou.

Quero confessar que eu torci pelo Brasil, discretamente, por causa do Cebolinha e do Arthur. A presença de Alisson não arrefeceu minha disposição de contraria minha trajetória de secador da seleção. É um grande goleiro, e merece ser titular.

Além do mais, a presença de Alisson e a de Guerrero em campo serviram para dividir corações vermelhos.

Hoje, leio e ouço colorados tendo dificuldade de aceitar que Guerrero perdeu a artilharia do torneio para Cebolinha. Os dois terminaram com 3 gols, mas o gremista ganhou no critério de desempate de ter jogado menos tempo que seu rival. Até o começo da noite havia sites divulgando simplesmente que os dois terminaram empatados.

Cebolinha começou o jogo valendo no mínimo 40 milhões de euros. Agora, eleito também o melhor jogador da final, ele está valendo pelo menos 60 milhões euros. E vai aparecer gente para comprar.

É mais um jogador lapidado e preparado por Renato Portaluppi e demais integrantes da comissão técnica, como preparador físico, psicólogo, assistente social, etc.

Para quem já foi chamado de peladeiro e perdedor de gol já é um salto.