Grêmio, um time para ver, rever e registrar na memória

Sem duas de suas principais estrelas – Geromel e Luan -, a constelação gremista bateu o atual campeão mineiro e da Copa do Brasil dentro do Mineirão, por 1 a 0, e mostrou mais uma vez que está jogando um futebol de outro planeta.

Não poderia ser melhor a arrancada tricolor. Mas está claro que o Grêmio é o adversário a ser batido, o grande desafio.

O Grêmio tem recebido elogios não apenas em território nacional. Ouvi, através das redes sociais, um narrador italiano encantado com o futebol implantado pelo técnico Renato Portaluppi, especificamente nesse jogo contra o Cruzeiro.

O lugar onde os elogios ao Grêmio são mais comedidos é justamente aqui na aldeia. Por que será?

Se fosse o Inter (que estreou batendo o Bahia por 2 a 0 em seu retorno à elite) a jogar algo parecido com o que o Grêmio está jogando (sonho de qualquer colorado), os elogios seriam fartos, abundantes, não tenho a menor dúvida disso.

CAIXA DE FERRAMENTAS

E olha que o time mineiro, dentro do padrão Mano Menezes de praticar uma mistura de futebol com luta livre, tentou intimidar, e, pior, até lesionar os melhores jogadores do Grêmio.

Logo de saída o ex-gremista Edílson apresentou armas para Éverton, numa tentativa de mostrar que estava disposto a abrir a caixa de ferramentas. Edílson parecia ter esquecido que Éverton não se assusta com cara feia, pelo contrário. Quanto mais apanha, mais humilha, a exemplo de Luan.

O Grêmio teve um amplo domínio sobre o Cruzeiro, um adversário forte que se viu desnorteado diante do toque de bola gremista. O técnico Mano Menezes, depois do jogo, praticamente confessou que usa de determinados procedimentos para marcar. Não chegou a dizer que orientou seu time a bater, o tal ‘chegar junto’ que de vez quando fratura uma perna ou algo assim, mas ficou próximo.

Já o craque do time, Thiago Neves, admitiu que marcar o time gremista é tarefa muito difícil para qualquer equipe. Quer dizer, o Cruzeiro fez o que podia, mas não conseguiu conter o atual campeão da América, título que Neves fez questão de lembrar para explicar a derrota em casa.

VIOLÊNCIA

Importante frisar o desempenho pífio do árbitro, que foi tolerante com o jogo violento dos mineiros. Por exemplo, Arthur foi caçado no momento de mais desespero do rival. Levou pelo menos uma entrada muito forte no tornozelo, sem que o infrator levasse sequer amarelo. Pior foi a entrada de Ariel, que atingiu as pernas de André de forma violenta, sendo que a bola estava há uns dois metros do atacante. Lance para expulsão, mas Ariel levou apenas o amarelo.

EXPULSÃO

Aos 30 do segundo tempo, o árbitro, tão permissivo de um lado, mostrou que tem pulso firme quando quer: expulsou Kannemann, que interrompeu uma arrancada perigosa de Arrascaeta rumo ao gol. Foi um vermelho bem aplicado, como seria no lance de Ariel.

Mesmo com um a menos, o Grêmio soube manter a tranquilidade, manteve seu ritmo e não se assustou. O goleiro Marcelo Grohe trabalhou pouco, apesar de alguns lances de perigo na área gremista.

ÉVERTON E ARTHUR

André estreou mostrando sua credencial de matador. Fez um gol de atacante leve e ágil e atento às possibilidades. Ramiro, de grande atuação, foi ao fundo num lance genial, cruzou com efeito, Éverton se antecipou, cabeceou no canto posto, onde entrava o goleador.

Por falar em Éverton, o que está jogando é algo fora de série, o que só reforça a convicção que manifestei dias atrás aqui: Éverton seria uma alternativa interessante para Tite na Copa do Mundo.

Éverton é jogador raro, um atacante com vasto repertório de dribles, arisco, rápido, impetuoso. Enfim, é jogador que justifica o ingresso pago, porque dá espetáculo, mas sempre com objetividade.

Outro que vale a pena sair de casa para ver na Arena é Arthur. Aliás, aconselho que não percam a oportunidade de ver esse time com suas individualidades em ação. Vejam antes que acabe.

É para ver, rever e registrar forte na memória para depois contar para os filhos e netos.

Meninos, eu vi!