Não existe esquema de jogo engessado. O esquema pode mudar durante o jogo, com a bola rolando, sem problemas.
Mas é preciso ter um esquema básico, já ensinava o técnico Ênio Andrade, com quem convivi alguns anos e acho que não aprendi nada.
A definição do esquema depende muito dos jogadores à disposição.
A não ser que você treine a Seleção Brasileira, o Barcelona, o Real Madrid, porque aí você define o esquema e busca/convoca os jogadores necessários à sua proposta. Simples.
Tem treinador que mesmo com essa baita vantagem ainda assim não consegue armar um time decente.
Bem, no caso do Grêmio, e da imensa maioria dos clubes, se trabalha com o que se tem, com o que é possível contratar.
É claro que o treinador vai tentar armar o time do seu jeito, mais ofensivo, menos ofensivo, etc. Por vezes, até violenta o jeito de jogar de alguém e/ou parte para o improviso.
Se o treinador gosta de time com o centroavante tradicional, o chamado aipim, fincado na área, vai armar um esquema para aproveitar melhor as características desse jogador.
Se a opção for por atacantes com mobilidade, como tem sido o Grêmio, o negócio é deixar o tal camisa 9 de fora, como opção para alterar o esquema diante de determinadas circunstâncias.
Pode ocorrer de o camisa 9 começar a meter gol, o que fará o treinador repensar sua ideia de time.
Ainda não é o caso de Lucas Barrios.
Por enquanto, o esquema é esse iniciado por Roger e mantido por Renato, com alguma dificuldade desde a lesão que afastou Douglas dos gramados.
Aliás, Douglas é o coração e a mente desse esquema idealizado por Roger. Arrisco dizer que se Douglas não estivesse no Grêmio Roger teria de criar outra forma de jogar.
Então, mesmo sem Douglas, Renato procura manter a formatação que o levou a ser campeão da Copa do Brasil de 2016.
Um aparte: o título foi conquistado há exatos cinco meses, e já tem boi corneta pedindo a cabeça de Renato.
O time que Renato estaria colocando em campo, hoje, se fosse possível, teria Douglas. E também Wallace.
Sem eles, Renato faz ajustes e experiências para manter o padrão vencedor. Ainda assim não faltam torcedores e jornalistas para ‘denunciar’ que Renato estava começando a implantar um esquema à base de ligação direta e chutões. Pelamordedeus!
Não é fácil. Mas os críticos de treinador, que sempre sabem mais que todo mundo, não admitem isso, não consideram isso.
Até que deu certo em alguns jogos, mas aí vieram as lesões, os cartões, e ficou difícil manter a mesma formação, o esquema ideal.
Neste ano, sem Douglas, Renato improvisou Bolanos como articulador, ele e Luan se revezando entre a armação e a chegada na área pela faixa mais central. Com Douglas, Renato teria de optar entre um e outro, ou sacar Pedro Rocha/Éverton.
O time atual teria: Arthur, Ramiro e Maicon; Douglas, Luan e Bolanos. Sem Douglas, entrou Pedro Rocha.
O Grêmio perdeu qualidade na armação. Renato até improvisou Léo Moura pelo meio para qualificar o passe e a armação de jogadas.
Talvez agora com o surgimento de Arthur esse problema seja resolvido. Arthur naturalmente vai compor o meio com Maicon e Ramiro. Michel será banco.
Hoje, o time do meio pra frente deve ser este: Maicon, Arthur e Ramiro; Luan, Bolanos e Pedro Rocha.
Com essa escalação, o time ganha muita qualidade, muita mobilidade, o que é essencial para vencer retrancas.
Um atacante fixo na frente, por melhor que seja, acaba afetando a engrenagem.
Por isso, e para não me alongar, não vejo motivo para Lucas Barrios ser titular tendo todos os jogadores à disposição.
Se Luan e/ou Bolanos não puderem jogar, é recomendável uma mudança de esquema, e aí sim cabe a entrada de Lucas Barrios.
Outra coisa, se o time estiver com todos os titulares, e Pedro Rocha não puder jogar, que entre Éverton, não Barrios nem Fernandinho.
Faço essas considerações enquanto Renato aproveita sua merecida folga, depois de 49 dias de pura pauleira.