Vitória com o coração na ponta da chuteira

O Grêmio chegou a empolgar como nos melhores momentos sob comando de Roger Machado.

O estilo mudou. O Grêmio trocou o toque de bola intelectualizado e pela objetividade e o pragmatismo, optando pelas jogadas verticalizadas em vez do jogo lateralizado.

Está aí o mérito do não-treinador Renato Portaluppi – esta é uma provocação a determinados analistas da mídia e parte da torcida tricolor que não suportam Renato -, que, ao contrário de seu antecessor, constatou que falta qualidade para querer imitar o Barcelona.

Se for para imitar, que seja o Atlético de Madrid, do técnico Diego Simeone. Foi o caminho escolhido, sabiamente, por Renato.

Ao ser apresentado em seu retorno ao Grêmio, Renato afirmou que o seu esquema de jogo depende dos jogadores disponíveis.

Renato percebeu, por exemplo, que há carência técnica no setor ofensivo. 

Contra o Palmeiras, escalou Ramiro no lugar de um atacante. Houve uma reação violenta nas redes sociais. Três volantes, onde já se viu? Ramiro de novo?

Como se o atacante fosse um jogador definidor, um goleador. Não, era o esforçado Henrique Almeida. Quais seriam as opções a H. Almeida?

Então, agiu muito certo o Renato ao optar por Ramiro, mesmo sabendo que a qualquer erro de Ramiro no jogo haveria murmúrios e talvez vaias.

Então, quero confessar que me emocionei com o gol de Ramiro. Tenho simpatia pelos ‘desgraçados’, pelos ‘perdedores’, que conseguem dar a volta por cima com muito esforço e coragem.

O tão criticado – muitas vezes merecidamente -Ramiro marcou um golaço. Um gol que devolveu a alegria e a esperança ao torcedor gremista. Além do mais, teve uma atuação vibrante, de muita entrega e combatividade, como foi a de todo o time.

Está aí outro mérito de Renato. Remobilizou o time em poucos dias. Ganhou a confiança dos jogadores, que jogaram a 110%.

Assim, ficou muito difícil para o Palmeiras. O time paulista nem conseguiu aproveitar seu ponto forte: a bola aérea.

Renato resolveu o problema que determinou inúmeros pontos perdidos ao Grêmio. Para isso, foi fundamental o empenho do argentino Kannemann, um carrapato em cima dos zagueiros. De quebra, depois de dois meses, o Grêmio voltou a marcar um gol pelo alto, no cabeceio de Geromel, bola na trave e conclusão do abnegado Pedro Rocha.

A lamentar, o gol do Palmeiras, que não merecia esse presente. A lamentar, ainda, a arbitragem muito favorável ao time paulista, sempre tendendo ao Palmeiras.

Por fim, mais uma vez o ataque não soube aproveitar boas jogadas. Luan precisa treinar mais finalizações. Está devendo.

Se Renato conseguir melhorar também isso talvez os neófitos parem de dizer que ele não é treinador. 

Até esses, porém, precisam admitir que Renato está dando uma nova cara ao time.

Uma cara de Grêmio, que, para quem não sabe, é a cara de um time que não se entrega, que joga com o coração na ponta da chuteira.

CORNETA

Aos que me criticaram por aí pelo meu otimismo manifestado no último comentário, no qual disse que acreditava numa vitória sobre o líder do Brasileirão, quero declarar que nada tenho a declarar.

O placar fala por mim.