Primo pobre, primo rico

O Inter está montando uma máquina. Temos de admitir. Eu, ao menos, reconheço. Não há termos de comparação com o Grêmio, que se desfez de alguns jogadores – talvez, repito, talvez, apenas Dudu e Alan Ruiz poderiam continuar, descontando a questão financeira que pauta decisões no clube – e trouxe quatro apostas. Até o veterano Douglas é uma aposta.

Nos últimos anos o Inter tem investido muito. No ano passado, o objetivo, a obsessão do presidente Luigi, era ser campeão brasileiro, título que não é conquistado desde 1979. Quem nasceu naquele ano tem hoje 35 anos. É tempo. O tempo passa, o tempo voa e a poupança aquela… não está numa boa, foi pro saco.

Agora, toda a artilharia vermelha, do clube, da torcida e de setores da mídia, está direcionada para a Libertadores. Gasta-se o que se tem e o que não se tem. A folha de pagamento do Inter é hoje a mais elevada do país, ainda mais com as novas contratações. O balancete colorado do terceiro trimestre ainda não foi apresentado. O balancete de junho, segundo trimestre, aponta um déficit de 33 milhões. Quanto será o do terceiro?

Não é arriscado dizer que estamos diante do primo pobre e do primo rico – os mais antigos vão lembrar desse quadro de humor que começou no rádio nos anos 50 e depois saltou para a TV.

A questão é que essa opulência do primo rico lembra muito essas bolhas financeiras/imobiliárias que vão crescendo, crescendo até que explodem.

Bem, o fato é que o Inter tem mesmo um time hoje muito superior ao do Grêmio, inclusive com peças de reposição de alto nível em algumas posições. Tudo isso tem um custo, claro, mas não leio nem ouço em lugar algum qualquer comentário a respeito desse endividamento absurdo. Mais tarde se as coisas não derem certo e a conta bater à porta, será um berreiro só.

Será a crítica oportunista. Os mesmos que irão criticar, são aqueles que mais alimentam e estimulam esses gastos/investimentos porque sonham com um Inter campeão da América, o que é legítimo.

O Grêmio também foi com muita sede ao pote no começo de 2013, quando a direção apostou todas suas fichas, mesmo com a crise Arena, na conquista da Libertadores, fazendo contratações caras e pagando salários incompatíveis com a realidade do clube naquele momento.

A história se repete agora no Inter, só que em maior dimensão. Vale tudo, segundo Tim Maia.

TREINADOR

A única vantagem nítida do Grêmio em relação ao Inter neste começo de temporada é o treinador. Se o grupo colorado é muito mais forte no papel, o técnico gremista é muito superior ao técnico colorado.

Diego Aguirre, o Marlon Brando uruguaio, tem muito pó para comer até chegar ao nível de Felipão.

E começou mal com essa história de fazer treino fechado logo na abertura da temporada, com centenas de torcedores fazendo festa para o time.

Estaria Aguirre intimidado? É possível.

Treino fechado à esta altura é uma demasia sem explicação razoável.

Imaginem se fosse Celso Roth a fazer isso… Melhor nem imaginar. Haveria muito choro e ranger de dentes.

O Inter que está investindo tanto em jogadores escolheu mal seu treinador, é o que eu penso.

Aguirre não tem tamanho para um desafio tão grande.