Zidane e Suárez: dois pesos, duas medidas

Fifa afasta qualquer risco de um novo ‘maracanazo’, sonho – ou delírio – acalentado por dez entre dez uruguaios.

A rigorosíssima punição aplicada a Suárez pela ridícula mordida no italiano Chiellini praticamente elimina os nossos simpáticos vizinhos. Se com Suárez já seria difícil passar pela Colômbia, sem o atacante não há chance.

Não resta dúvida de que o uruguaio merecia mesmo uma punição. Mas acho que um jogo estaria de bom tamanho. Quem acompanha a Copa – e quem não acompanha? – viu que vários jogadores, entre eles Neymar, aplicaram cotoveladas e seguem na competição.

Eu tenho muita má vontade com a Fifa. Não confio nessa entidade. Não consigo deixar de desconfiar de qualquer atitude dos senhores que comandam o futebol mundial sem a devida e necessária transparência.

Sempre vejo sacanagem em cada passo da Fifa, em cada decisão, em cada palavra. Sempre.

No caso de Suárez, pra mim já punido pela enorme visibilidade de seu gesto grotesco que pode inclusive prejudicar sua carreira, estou convencido de que se fosse algum jogador da Alemanha ou da Itália, por exemplo, a punição, em igual circunstância, inclusive pela reincidência, seria muito menor.

Mais ainda: se fosse o Neymar a morder um adversário acho que a punição seria de um jogo. No Máximo. Talvez ficasse apenas na multa, que de dinheiro a Fifa não abre mão.

Alguém pode pensar que estou exagerando. É possível.

Mas recorro a um lance igualmente absurdo e inusitado também em Copa do Mundo para contribuir com a minha ‘tese’:

a punição sofrida por Zidane pela violenta e descabida cabeçada em Materazzi na final da Copa de 2006, vencida pela Itália, foi de TRÊS jogos – que ele sequer cumpriu porque abandonou o futebol – mais a ‘fortuna’ de 7.500 francos suiços – pouco mais de 13 mil reais na época.

A multa aplicada ao Uruguai, um país rico como se sabe, é de 100 mil francos suíços!!!

A Fifa promoveu uma audiência com os dois jogadores, o que ela poderia ter feito agora entre os dois jogadores envolvidos.

“Durante a audiência, os dois jogadores se desculparam pelo comportamento inadequado e demonstraram arrependimento pelo incidente”, disse a Fifa em comunicado à imprensa.

Assim age a Fifa, sempre pendendo para os europeus. É histórico isso.

Fosse mesmo uma entidade neutra nessa relação sulamericanos/europeus, a Fifa não teria permitido a manobra do PSG para retirar Ronaldinho do Grêmio.

Mas essa é a Fifa, entidade vetusta, milionária, que decide essencialmente com base em seus interesses.

A mesma Fifa que rebaixou o Inter – durou algumas horas – por falta de pagamento de uma dívida, algo que jamais faria com algum clube europeu.

E assim vai o futebol mundial a reboque dos ‘honoráveis’ velhinhos da Fifa, colegiado que já contou com gente do nível de um Ricardo Teixeira, que ficou milionário no futebol sem sequer saber chutar uma bola.