Cruzeiro patina, Grêmio vacila e Inter se ajeita

Está acontecendo o que previ. O Cruzeiro também enfrentaria uma fase ruim, porque não tem time para manter uma diferença tão grande de pontos em relação aos demais.

Sabia que o Cruzeiro começaria a perder, mas manifestei minha descrença no surgimento de uma equipe com qualidade suficiente para tirar proveito dessa queda do líder.

É o caso do Grêmio, que perdeu 3 pontos inacreditáveis em casa para o Criciúma e sábado deixou escapar uma vitória nos minutos finais do jogo. Com os cinco pontos, o time de Renato, que continua sendo um técnico desacreditado por parte da torcida gremista, estaria com o bafo na nuca dos mineiros.

Mas o Brasileirão é isso, um perde e ganha, com resultados surpreendentes se sucedendo.

CLEMER

A decisão de manter Clemer é a típica ‘não tem tu vai tu mesmo’. Por falta de opção melhor, fica Clemer até o fim do ano. Ao menos ele conhece bem o grupo e o pessoal novo da base.

Agora, não vejo em Clemer um técnico pronto para o desafio que tem pela frente.

De qualquer modo, o Inter goleou o Náutico por 4 a 1, depois de um começo meio assustador para os colorados, e isso dá tranquilidade para Clemer ajustar melhor o time.

Não vejo o Inter com chance de sequer ficar perto do grupo do rebaixamento.

Há candidatos mais fortes nesse sentido.

A FORÇA DOS SECADORES

Contra o Criciúma o Grêmio se abriu todo para buscar o gol da vitória. Por incompetência ofensiva – não me refiro apenas ao centroavante-zagueiro – não conseguiu fazer, até porque não criou oportunidades, como ainda levou.

Agora, contra o Fluminense, com um jogador a mais em campo, o Grêmio manteve sua estrutura – Renato trocou seis por meia dúzia -, continuou cauteloso, e de novo levou o gol no final.

Quer dizer, levou gol das duas maneiras, tanto abertinho e faceiro como fechadinho e medroso.

O que isso significa?

O time não tem ataque. Não tem um goleador, um matador.

Kleber luta como um desesperado e apanha como uma cachorro vira-lata. Barcos até que faz umas jogadas, mostra visão de jogo e coisaetal, mas decididamente não tem explosão, não tem arranque, é lento e mesmo quando tem oportunidade não vai para cima do zagueiro. Prefere o passe para o lado ou para trás, transferindo a responsabilidade.

Hoje, a exemplo do jogo anterior, ele concluiu uma vez, de cabeça, e o goleiro de novo salvou.

O Renato poderia ter colocado outro jogador no lugar de Barcos ali pelos 25 do segundo tempo. Maxi Rodrigues talvez. Ou Zé Roberto, deixando Kleber mais adiantado. Depois da expulsão, está certo, manteve o Barcos, pensando em aproveitar a vantagem para fazer o segundo gol, que até poderia ser do argentino, que não marca há muitas horas de futebol.

Mas em lugar do Biteco, que tem pose de craque e futebol de quem vai do junior direto pro time veterano, ele poderia ter colocado o Maxi. Afinal, o time estava com um a mais em campo.

Então, Renato precisa ter uma pouco mais de ousadia.

Está certo que ele queira insistir em sua receita, mas nos últimos dois jogos o bolo embatumou.

A continuar assim, o Grêmio não apenas corre o risco de se afastar do líder como dá chance para que outros encostem.

COTAÇÃO

Marcelo Grohe foi fantástico. O Grêmio tem dois grandes goleiros. Qualquer um pode ser titular.

Na defesa, destaque para Saimon, que salvou pelo menos um gol certo. Aliás, o trio de zagueiros foi muito bem. Bressan ainda fez o gol.

Já o meio de campo me pareceu meio perdido, marcação confusa, tanto que o Fluminense levou perigo muitas vezes.

Acho que faltou entrosamento, problemas de cobertura. No lance do gol de Sobis, um lance fortuito, com a bola indo para as redes com a força do olhar dos secadores, a marcação foi negligente. Repetiu o que houve contra o Criciúma.

O ataque foi de asma. E mais não preciso dizer. Quando ficou com um jogador a mais, percebi uma certa displicência quando o time chegava perto da área, muito toquezinho e pouca objetividade.

Por fim, que erro do bandeirinha ao marcar impedimento num lance em que Kleber saiu de seu campo.

Agora, com ou sem esse erro, o Grêmio teve todas as condições de ampliar quando ficou com um jogador a mais.

Não debito o empate na conta da arbitragem, mas que foi um erro grosseiro foi.

Impediu o que poderia ser o gol de Kleber e a vitória tricolor.