A falta do terceiro zagueiro

A turminha da ‘terra arrasada’ está acesa. A derrota de 2 a 1 para o Criciúma, dentro de casa, é realmente um acinte, uma afronta.

Agora, não se pode sair por aí alardeando nas redes sociais que esse ou aquele jogador não presta, que a derrota foi por falha desse ou daquele, que Renato errou, etc.

Primeiro, o time começou com uma escalação adequada.

No meu comentário anterior, eu sugeri algo parecido. Apenas Barcos de atacante, com Zé Roberto e Maxi vindo de trás, com Adriano e Souza de volantes. A diferença básica é que eu não mexeria nos três zagueiros. Renato optou por sacar um zagueiro e colocar um meia, o Elano.

Achei uma boa ideia, mas, agora, depois de ver o time levar dois gols de cabeça, fico imaginando que esses gols talvez não tivessem ocorrido.

Agora, para enfrentar um dos lanternas do campeonato, na Arena, a proposta de Renato estava correta.

Os primeiros 20 minutos foram muito bons, com o time em cima, criando situações. Barcos obrigou Galatto a uma grande defesa. Acho que foi a primeira conclusão a gol de Barcos, com perigo, nos últimos dez jogos. Alguma coisa está errada. Eu quero um centroavante que marque, sim, mas que marque preferencialmente gols, depois que vá marcar o o adversário. Mas essa é outra história.

Aquele início do Grêmio me deixou tranquilo. Tinha certeza de que a vitória viria com facilidade até. Aquele lançamento do agora ‘decadente’ Elano para o agora ‘decadente’ e ‘imprestável’ Zé Roberto foi um lance sensacional, mas Galatto salvou.

Escrevi no comentário anterior que seria preciso muito cuidado com o Criciúma. Afinal, o Grêmio jogaria desfalcado e o Criciúma tem alguns jogadores experientes e de boa qualidade. Citei o W. Paulista, lembrando que ele sempre faz gol no Grêmio. Não joga nada, mas faz gol no Grêmio.

O gol do Criciúma foi um balde de água fria. Ali pelos 15 minutos do segundo tempo comecei a perder a esperança numa reação.

Prestei muita atenção no Barcos. Um jogo como esse reserva alguns ensinamentos. Serve para tirar a máscara de uns e outros. Vejamos Barcos.

No esquema vitorioso – não podemos esquecer que o time estava sem seis titulares -, Barcos é destacado porque marca, prende a bola, defende a bola aérea. Por razões táticas, Barcos se torna mais um armador e um defensor do que um atacante.

Bem, no jogo contra o Criciúma, sem a obrigação de recuar para marcar e combater tanto na saída de bola, Barcos tinha que mostrar algo mais como jogador de ataque.

E aí Barcos naufragou. Recebeu inúmeras bolas, caiu em pelo menos dez delas, perdeu outras por lentidão ou falta de força e de técnica. Fez uns lances bons, mas foi muito pouco para um centroavante que precisa mostrar que é mais do que um jogador importante taticamente.

No esquema com o time titular, Barcos realmente é útil e até importante. Mas penso que Renato deveria testar a dupla Vargas e Kleber. Acho que ele não fez isso ainda porque Vargas não consegue ter continuidade, está sempre a serviço da seleção chilena. Então, ele mantém Barcos.

A noite só não foi pior porque Maxi Rodriguez iluminou a escuridão criativa do time no segundo tempo. O uruguaio fez uma bela jogada individual e marcou um golaço. Logo depois, fez outra boa jogada pela direita. Desconfio que ele saiu por cansaço. De outra forma, não tem explicação sua substituição minutos depois de fazer o gol e começar a ganhar confiança.

Renato ainda tentou algumas alternativas, como Paulinho, Deretti e Lucas Coelho. Mas seria pedir demais que esses jovens entrassem e fizessem o que os cascudos não conseguiram.

No finalzinho, o segundo gol. Lucas Coelho foi encoberto no lance, não tem culpa alguma. O que faltou foi um zagueiro naquela posição. Quem sabe um terceiro zagueiro não salvasse?

O importante é que se analise o jogo e seu resultado com calma, sem excessos como considerar que está tudo errado.

Não, não está. Foi um acidente de percurso, comum num campeonato tão longo, no qual as surpresas se sucedem.

A noite só não foi pior porque o Cruzeiro perdeu – e deve perder mais ainda, mas dificilmente deixará de ser campeão. Bom também foi o empate do Atl Paranaense. Já o Botafogo bateu o Náutico.

Grêmio segue vice, mas deixou de escapar a chance de se aproximar do líder. Frustrante.