Walter, Dida e o Sobrenatural de Almeida

O Grêmio perdeu para si mesmo e para o Sobrenatural de Almeida.

Sobrenatural de Almeida é um personagem do grande Nelson Rodrigues. Ele aparecia nas crônicas de Nelson sempre que o Fluminense sofria um gol esquisito, um gol estranho.

O que foi o primeiro gol do Goiás? Obra do Sobrenatural de Almeira, que, aliás, normalmente aparece quando o Grêmio joga no Serra Dourada.

Como explicar que Dida, um goleiro experiente, cobra criada, começa aquele ato de absoluta insensatez:

A bola foi mal recuada pelo Matheus Biteco, que, se repetir o que jogou contra o Goiás, corre o risco de passar do juvenil direto para os veteranos.

Atento no lance, Dida teve tempo de chegar na bola, dominá-la, dar uma olhadinha de ‘revesgueio’ para o ataque e quando se pensava que ele daria um bicão para a frente, eis que ele faz o mais improvável e reprovável: tenta devolver a bola para o guri assustado, fazendo um raio-X no balofo Walter.

O atacante agradeceu, dominou no peito, deu um toque em Dida e mandou para a rede. Uma jogada que o teatrólogo descreveria citando a participação de seu personagem.

O jogo, que já estava difícil, ficou ainda mais complicado. Matheus Biteco não conseguia marcar nem aparecer na frente como Riveros. Souza estava simplesmente ridículo, perdendo lances e errando passes. O PGV Ramiro era o único que ainda honrava a camisa tricolor.

Apesar desse gol, realmente um golpe para um time que se defende e joga no erro do adversário – hoje provou do próprio veneno -, o Grêmio conseguiu equilibrar a disputa no meio de campo e até teve momentos de domínio, com presença no campo ofensivo.

Mas aí voltou a aparecer esse que tem sido o maior problema do time: a escassez de jogadas de gol, jogadas que obrigem o goleiro a fazer uma grande defesa, daquelas que os narradores gritam desvairadamente.

Se Dida não fez uma defesa difícil nos últimos jogos – sinal da boa marcação -, os goleiros adversários também não foram muito exigidos.

Na melhor, e talvez única chance de gol que teve no jogo, Barcos mais uma vez não foi feliz na conclusão. Chutou sobre o goleiro Renan depois de receber uma bola adocicada de Werley, de cabeça. Seria o empate. E talvez ali o jogo pudesse mudar.

Escrevi no comentário anterior que Renato não gosta de mudar essa estrutura de 3 volantes e 3 zagueiros para não tornar a defesa vulnerável.

Quando, enfim, pensando em buscar o empate, ele sacou um zagueiro – Gabriel – para colocar um meia articulador de qualidade duvidosa, o Maxi, logo na primeira jogada, a zaga agora de dois zagueiros falhou, em especial Bressan, de novo. Walter livrou-se de Bressan e chutou forte de fora da área, um golaço.

Com esse ataque de asma do Grêmio, reforçado pelo Mamute – outro que ainda não mostrou nada -, tudo ficou muito difícil. Mesmo assim, acreditei que seria possível descontar ou até empatar, porque não vejo nada de especial nesse time do Goiás, com exceção de Walter.

Mas aí apareceu outro componente: o cansaço. Barcos já não tinha forças. Aliás, contra a Ponte Preta ele já dava sinais de desgaste físico.

Não seria interessante o Barcos engordar, comer muito x com Coca 2 litros, para ver se ele deixar de perder tanto gol?

Na entrevista de final de jogo, Renato comentou que o time está sentindo o excesso de jogos, tanto no aspecto físico como no emocional. Lembro que observei isso no jogo contra a Ponte. O jogo contra o Santos foi uma epopeia, exigiu demais do time sob todos os aspectos.

Sobre Zé Roberto. Ele entrou no segundo tempo e deu razão a Renato por ter optado por mais um volante, o Biteco. Zé Roberto não tinha mesmo condições de começar a partida.

O importante, agora, é recuperar a equipe para vencer a Portuguesa.