Grêmio: situação infla a oposição

Até como projeto de continuar no poder a atual gestão do Grêmio se mostrou incompetente.

A Copa do Brasil sem equipes de maior envergadura, com exceção de dois ou três clubes de primeira grandeza na disputa, era a competição para ser vencida.

Seria o título que asfaltaria o caminho rumo à reeleição de Paulo Odone ou de alguém que tivesse o seu apoio.

Para atingir esse objetivo seria preciso qualificar um pouco mais o time. É impossível ser campeão de uma Copa do Brasil com Marco Antônio de ‘articulador’? Não, claro que não.

Equipes de menos porte já foram campeãs com jogadores medianos e treinadores iniciantes.

O Grêmio tinha treinador e uma equipe boa, ao nível do Palmeiras, por exemplo, que agora decide o título.

Mas na hora do confronto com uma equipe de porte similar, mas mais organizada e sem peso-morto para carregar, o Grêmio esmoreceu. Afinal, vencer com Marco Antônio, Léo Galo e um Pará improvisado, é mais difícil.

Por soberba ou equívoco grosseiro de avaliação, a direção apostou suas fichas numa equipe que tinha como seu ponto mais vulnerável e ineficiente o setor de armação de jogadas.

O técnico Luxemburgo arrumou o sistema defensivo, mas não conseguiu tornar mais eficiente a armação e, por consequência, o ataque. Resultado: caiu diante do Palmeiras com sua equipe apenas razoável.

O primeiro semestre terminou então com dois insucessos, para não dizer fracassos.

É o fermento que faz crescer o bolo oposicionista. Não adianta tapar o sol com a peneira: uma oposição só cresce se a situação fracassa.

É por isso que o PT passou a vida toda detonando bons projetos de seus adversários para depois executá-los, com alguma maquiagem para disfarçar. Num clube de futebol a oposição não faz isso, claro, mas tira proveito dos erros de quem está no comando.

Tivesse a atual administração gremista alcançado sucesso no primeiro semestre, a oposição estaria encolhida.

Não que os oposicionistas estivessem torcendo contra o time nos jogos contra o Palmeiras, mas a eliminação da Copa do Brasil inflou o projeto de retomada do poder.

Conselheiros que até pouto tempo mantinham silêncio, passaram a falar, participar de programas de rádio e TV, criticando, apontando falhas, como se elas próprias no passado não tivessem também fracassado.

Mas faz parte do jogo, é assim mesmo. Quem está fora sempre tem todas as soluções.

Infelizmente, nos últimos dez ou doze anos, os mestres foram se revelando incompetentes quando passaram da oposição para o poder.

Em resposta ao crescimento da oposição, que acena com o nome do multicampeão Fábio Koff na eleição, a direção gremista anuncia interesse em grandes nomes. Quer dizer, não anuncia, apenas deixa vazar estrategicamente.

Os reforços que deveriam estar no Olímpico para disputar a Copa do Brasil, ao que tudo indica virão agora.

Talvez seja tarde, porque não é amontoando estrelas que se faz uma constelação vencedora.

E a eleição é logo ali.

Tudo indica que o grande, e único, trunfo da situação será a Arena.

Acredito, porém, que a Arena, mesmo com toda a sua grandeza, não será suficiente para evitar que a atual gestão acabe desmoronando, como em breve acontecerá com o Olímpico, porque não teve capacidade de erguer alicerces sólidos o suficiente para manter de pé o seu projeto de poder.