Recordar é viver: fracasso anunciado

Os textos abaixo, publicados em março aqui no boteco, já antecipavam o que aconteceu. Fui rotulado de pessimista, amargo, etc, e respondi que depois não viessem chorar no meu ombro.

Há o tempo de criticar para corrigir o que está errado e o tempo de só de torcer, quando já não há mais chance de mudar para melhor.

Nos textos abaixo (que recolhi na corrida, ficando só no mês de março), há referências ao Facundo, que o Grêmio está rejeitando para contratar Sobis mais ou menos pelo mesmo preço (tenho minhas dúvidas se o clube de Facundo realmente não concordou com alongar o empréstimo e se tudo não é feito só para contratar o ex-colorado, hoje com 27 anos e com lesões seguidas).

Quer dizer, o time precisa de um meia para jogar ao lado do Zé Roberto, e eles buscam outro atacante. Se tivesse dinheiro sobrando tudo bem, mas não é o caso.

Bem, da série Recordar é Viver:

3 de março (antes do jogo contra o Cerâmica)

Enquanto isso, fico no aguardo do Alex. Só um jogador desse nível pode colocar o Grêmio como forte candidato ao título da Copa do Brasil. Se ele não vier, ou outro de igual envergadura, vamos ficar de novo no meio do caminho. E eu já estou cansado disso.

8 de março (depois da virada ‘heróica’, 3 a 2, sobre o River Plate)

Esse Marco Antônio é o meio-campo mais omisso que eu conheci em meus 30 anos de reportagem esportiva.Já o Léo Gago, repito, é um jogador indefinido, nem volante, nem meia.

Outra coisa, volto a repetir, o Gilberto Silva foi um grande volante. Não é mais. Improvisá-lo como zagueiro é uma crueldade. Melhor mantê-lo como volante, um líbero, num esquema com três volantes.

O meia argentino fez toda a jogada do gol de empate, um golaço do Kleber.

Depois, Facundo fez o gol da vitória após grande jogada de André Lima, restabelecendo a lógica do futebol.

Facundo, repito, é o nome da esperança. Mas ainda é pouco, muito pouco para tornar o Grêmio uma equipe em condições de disputar o título da Copa do Brasil.

11 de março

Para mim, que vê o Gauchão apenas como um laboratório para ajeitar a equipe para a Copa do Brasil, o Grêmio realmente competitivo e que dá esperança de título começa com Facundo Bertoglio.

Ele tem tudo para jogar com os três volantes, saindo o MA. Mas também pode jogar ao lado do centroavante, como foi aproveitado por Luxemburgo nessa partida. Agora, essa possibilidade só no caso de ser contratado um meia como o Alex, que chegue e já tome conta da posição.

Por enquanto, a conquista da Copa do Brasil passa por Facundo Bertoglio. O argentino torna o time mais criativo, mais criativo e ousado. Afasta aquela mesmice do toque para o lado que os adversários agradecem.

18 de março

Os dois (MA e Gago) jogam no setor mais vital de um time de futebol. Ambos são esforçados, dedicados, mas quando aumentar o nível de exigência a gente sabe que eles não irão dar conta do recado. Agora mesmo, contra esses times esforçados do Gauchão, eles não conseguem convencer. Ao menos a mim.

Eu sei que alguns vão dizer que sou muito duro, amargo, negativo, pessimista. E eu vou concordar. Sou mesmo. Não me iludo mais com uma ou outra atuação, até porque nunca deixo de avaliar contra quem esse ou aquele jogador foi bem.

Então, resumindo: o Grêmio com Marco Antônio e Léo Gago juntos no mesmo time, um de cada vez ainda é tolerável; e com apenas dois volantes  na marcação e combatendo forte, não vai longe na Copa do Brasil.

26 de março

Se com Kléber estava difícil, sem ele a Copa do Brasil ficou ainda mais distante. A direção precisa agilizar a busca por reforços. A situação ficou pior. O time cada vez mais depende do novato Fernando. Antes, dependia dele para proteger a zaga. Agora, depende dele também para fazer gols.

30 de março

Analisando friamente, a lesão do GS, que teria fraturado o nariz, pode abrir caminho para que Luxemburgo encontre um zagueiro realmente em condições de ser titular e corresponder quando o time tiver pela frente adversários mais poderosos, o que irá acontecer se o Grêmio superar o Ipatinga.

GS, pela sua experiência, quebra o galho no Gauchão, mas não acredito nele contra um Palmeiras, por exemplo.

Com ele, já acho que mesmo sem reforços, e se não machucar mais ninguém, o Grêmio até pode ficar entre os quatro primeiros da Copa do Brasil.Título não, porque aí Luxemburgo seria mais que um treinador, seria um milagreiro, um santo. E santo a gente sabe que ele não é.