Sobrevivente da mudança

As mudanças são sempre difíceis. Algumas são para melhor, outras para pior, e outras muito antes pelo contrário.

Neste sábado, estive envolvido com mais uma mudança de residência em minha vida. Já tive muitas. Meu pai, radialista no Interior, parecia um cigano. E eu um ciganinho.

Quando completei 18 anos, depois de escapar do quartel me mandei para Porto Alegre. Foi uma das tantas mudanças marcantes da minha vida. Esta foi especial. Era o corte do cordão umbilical. A partir dali, eu que me sentia adulto e independente, seria mais eu. Bobagem.

Depois, foram outras mudanças. E não apenas domiciliares, claro. Imagino que esta de sábado tenha sido a última. Quer dizer, a penúltima. A última mesmo, eu espero que demore muuuuito.

(Ainda quero ver o Grêmio tricampeão mundial e o Inter pelo menos bi da segundona.)

Assim, envolvido com mobília, caixas e mais caixas de roupas e bagulhos, livros, Cds, vinil, garrafas de cerveja 1983, Kidiaba, Mazembier e um monte de outras coisas, não tive tempo, nem vontade, de assistir ao jogo do Grêmio, sábado, menos ainda ao do Inter, domingo.

O resultado do Grêmio fiquei sabendo domingo no começo da tarde. Fiquei surpreso. Tinha certeza de que o time melhoraria com a entrada de um volante, Gilberto Silva, na posição de volante, e d0 fim da invenção de Marquinhos como segundo volante. Mudança que caía de maduro.

Vi os gols e confesso que vibrei com os gols dos zagueiros. Torço muito principalmente pelo Grolli, que veio do Interior como eu, que chegou aqui desacreditado, como eu, mas já com emprego garantido, ao contrário de mim naquele início dos anos 70.

Se não me engano Naldo pegou rebote de um cabeceio de Groli no primeiro gol. Depois, o catarina de Chapecó fez o dele, o segundo seguido. Soube que a zaga vazou no segundo tempo tempo.

Antes de condenar a zaga, eu, que me tornei um zagueiro de elevada técnica quando já não tinha fôlego para jogar na meia, acuso o meio de campo.

O Grêmio não vai a lugar algum com os meio-campistas de que dispõe. Repito: só tem um titular mesmo, o Fernando. O resto é banco de um time que realmente quer algo mais que brigar pelo Gauchão.

O meio é a alma, o coração que faz pulsar uma equipe de futebol. Sem um meio de campo forte e técnico, que se impõe, não há defesa nem ataque que resolvam.

Já o Inter, pelo que soube passeou no Centenário. O Inter é, hoje, a grande equipe do futebol gaúcho, sem dúvida. O Grêmio, por enquanto, não dá nem pra saída.

Assisti a uns lances selecionados pelos colorados da Globo mostrando o quanto apanha o ‘coitadinho’ do D’Alessandro.

Gostaria que eles tivesse exibido, também, o lance criminoso do zagueiro Jackson em Mário Fernandes no Gre-Nal.

Nenhuma das entradas ‘violentas’ no argentino enfezado se compara a trombada que Mário Fernandes sofreu e que tem como resultado seu afastamento do futebol por três meses.

Mudei só de casa. No mais, continuo o mesmo, agora, por causa do Grêmio, casa vez mais amargo.