O homem que viu Lara jogar

Morreu Jorge Mendes. Já escrevi algumas vezes sobre ele, que foi meu primeiro editor.

Eu era estagiário e fui fazer setor no Inter. O Jorginho foi comigo, me apresentou ao Minelli,

ao Falcão, ao Figueroa, etc.

Eu, recém saído das arquibancadas do Olímpico, gremistão doente, começava minha carreira no jornalismo fazendo setor do Inter, encarando os caras que só me faziam sofrer naqueles anos 70.

É a vida.

Morreu Jorginho. Conversei muito com ele recentemente. Tenho conversas gravadas e parte do material publiquei

no jornal Já, do Elmar Bones.

Morreu Jorginho, um grande sujeito, grande jornalista.

Morreu Jorginho, o homem que viu Lara jogar.

Não acreditam?

Confiram.

http://botecodoilgo.com.br/?p=687

Gremistas dão demonstração de força e de sabedoria

A torcida gremista provou sua força e seu comprometimento. Mais de 13 mil torcedores participaram da eleição. Nunca antes neste país, como diria um certo indivíduo, houve tamanha participação de torcedores num eleição de clube de futebol.

Então, está de parabéns a torcida do Grêmio.

E mais de parabéns ainda porque foi sábia: elegeu o melhor candidato para o momento.

Está de volta o presidente mais vitorioso na história do Grêmio e do futebol gaúcho, e um dos maiores vencedores do futebol brasileiro, talvez até o maior.

Koff venceu a eleição, confirmando o que se previa. A torcida do Grêmio cansou de quase ser campeã. Anseia por título. Tem fome e sede de títulos. Por isso, a vitória folgada de Koff e seus companheiros.

Agora, como frisou o presidente eleito, é o momento de planejar 2013, mas planejar em silêncio, porque o Grêmio está disputando duas competições importantes.

O presidente Odone e seus companheiros de diretoria, em especial a comissão técnica, precisam de tranquilidade para seguir trabalhando para atingir os objetivos: uma vaga na Libertadores e o título da Sul-Americana.

Começou bem, portanto, Koff. Não confirma nomes para o departamento de futebol, nem fala em contratação. Ratificou apenas que Luxemburgo é o nome número 1 para o cargo de treinador.

E apelou para que especulações sejam evitadas para não tumultuar.

É claro que esse apelo não terá boa acolhida na mídia, que ficará atenta a todos os passos de Koff sempre pensando em dar qualquer notícia em primeira mão.

Só espero que boatos e informações não afetem o vestiário, sempre muito sensível em relação a notícias, verídicas ou não, a respeito de contratações e reformulações de grupo ou de comando.

Koff eleito.

Que Odone siga trabalhando em paz e entregue o Grêmio nas melhores condições possíveis ao seu sucessor.

De preferência com um título.

NÚMEROS

A chapa vencedora somou 7.696 votos, contra 4.951 de Odone e 843 de Bellini. Importante, pouquíssimos votos em branco ou nulos, 56, mostrando o engajamento e o envolvimento da torcida.

ARENA

Não sei se estou escrevendo alguma bobagem, mas acho que Antonini, que sequer conheço pessoalmente, deveria continuar trabalhando – como um assessor pelo menos – na gestão da Arena. Sei que isso é complicado, mas penso que seria o melhor para o clube.

E seria também um gesto de grandeza de Fábio Koff.

BRASILEIRÃO

O Atlético Mineiro renasceu no campeonato ao bater o Fluminense por 3 a 2, um jogaço.

A arbitragem anulou, algo raro, um gol em cobrança de falta em favor do Atlético. Realmente, a barreira foi deslocada e a decisão foi correta. Só tenho dúvidas se o juiz marcaria essa infração se fosse gol do Flu.

Tenho dúvidas também se o gol de Nem,  se fosse do Atlético, seria validado.

O fato é que o Fluminense há horas vinha pedindo para perder.

As arbitragens vinham insistindo em evitar que seus pedidos fossem atendidos.

Hoje, o Atlético passou por cima e deu uma aquecida no campeonato.

O time do QUASE

Por mais que me esforce não consigo definir minha vida nos últimos dez anos apenas com uma palavra.

Façam vocês também essa tentativa. Vale a pena. Não é perda de tempo, porque ao menos vocês exercitarão a memória, o que, dizem, é um preventivo contra o ‘alemão’.

Mas se eu fizer a mesma tentativa para encontrar uma palavrinha só que defina o Grêmio nesse período não terei maiores dificuldades, e penso, desculpem a pretensão, que terei apoio próximo da unanimidade.

O Grêmio nos último dez anos – e podemos acrescentar mais um ano – é o time do QUASE.

Sábado, contra um Coritiba desfalcado, ficou apenas no empate em 0 a 0 no Olímpico.

Aliás, se alguma mente diabólica elaborasse um plano para desmistificar o Olímpico em seu derradeiro ano como o local em que o Grêmio, empurrado por torcida, é imbatível, não alcançaria tanto sucesso como faz o time do festejado Vanderlei Luxemburgo desde que pisou no clube.

Ironicamente, Luxemburgo não cansa de repetir que tinha medo de enfrentar o Grêmio no Olímpico, onde nos últimos tempos qualquer um vem e faz festa.

Sábado, mesmo com Elano e Zé Roberto, o Grêmio repetiu aquele futebol que cometia antes da chegada desses dois excelentes jogadores.

O goleiro do Coritiba, que jogou retrancado como muitos outros fazem, se não me engano não foi exigido uma vez sequer em 90 minutos.

Já o goleiro Marcelo Grohe evitou a derrota. Simples.

Apesar disso, a cotação ZH (e aí pego o tema preferido do blog do RW), que parece ligada no piloto automático na hora de depreciar os jogadores do Grêmio, pode parecer nesta segunda-feira algo assim: “Sem culpa nos gols e muito seguro nas intervenções, nota 4”.

O fato é que o Grêmio afastou por sua própria conta, com esse empate e outros resultados recentes nesse nível, afastou qualquer possibilidade de ainda buscar o título, sonho ainda acalentado pelo presidente Paulo Odone antes da partida.

O time do QUASE se impôs mais uma vez. As causas?

São inúmeras, mas cito aqui as que considero principais:

– os adversários aprenderam que precisam neutralizar Elano. Zé Roberto também, mas nem tanto, até por isso o ZR foi destaque, porque teve mais liberdade;

– Elano e Zé Roberto tiveram de ficar de fora em alguns jogos, o que proporcionou a entrada do ‘trio de carimbadores’;

– A insistência de Luxemburgo em promover MA e também de sacar Fernando;

– a péssima fase de Kleber, que se arrasta em campo, não dribla mais nem a trave da goleira e foge da área como o diabo da cruz;

– a pouca efetividade das laterais, onde dois jogadores ligam uma usina nuclear a cada jogo para conseguir um cruzamento certo por partida;

Cada um pode apontar suas razões. Devo ter esquecido algumas, e talvez tenha sido injusto em outras, mas é o que tenho para esta manhã de domingo.

Um dia muito especial, no qual a torcida do Grêmio vai decidir se quer continuar QUASE campeã ou se quer voltar a lotar a Goethe.

Em tempo: a continuar nesse ritmo de guri que desce a ladeira em carrinho de lomba, o time do QUASE pode perder a vaga no G-3 para o São Paulo, como venho alertando há tempo, e, se vacilar, fica fora até do G-4.

O Grêmio e seus três grandes candidatos

Grande é o clube que dispõe de três candidatos de tamanha envergadura.

Um ex-presidente glorioso, um atual presidente arrojado e um conselheiro que representa a renovação, o futuro.

Ao longo da história, centenas de gremistas dedicaram seu tempo e sua energia para o crescimento do Grêmio. Alguns com mais sucesso do que outros, mas todos buscando fazer o melhor. Todos, de uma forma ou de outra, contribuíram para consolidar o Grêmio como um dos maiores clubes de futebol do mundo.

Não tenho a menor dúvida de que aqueles jovens que no entardecer de 15 de setembro de 1903 fundaram uma agremiação para começar a praticar  um novo esporte jamais imaginaram que começava ali, singela e despretenciosamente, uma rica história de vitórias, conquistas, frustrações e superação.

Se grande é o clube, maior ainda é sua torcida.

É a torcida que faz um clube ser grande.

É grande a responsabilidade de cada torcedor.

Eu, que sobrevivi aos terríveis anos 70 e que ainda hoje comemoro o Gauchão de 1977 como se fosse um título de Libertadores, um título mundial, arrisco dizer que a eleição deste domingo vai definir qual será o tamanho desse grande clube nos próximos anos, nas próximas décadas.

Que o Grêmio continuará a ser grande, não resta dúvida.

A questão é saber qual o candidato que poderá dar a melhor contribuição para tornar o Grêmio ainda maior do que já é a partir de sua nova casa, prenúncio de uma nova era.

A resposta parece complexa, mas é simples, tão simples que muitos deixam de enxergar.

Odone é arrojado, audacioso e mobilizador, mas sua bagagem de títulos pode ser acomodada no bagageiro interno do avião.

Homero Bellini representa a renovação, o futuro. Se é o futuro, sua vez não é agora, é mais adiante, no futuro.

Resta Fábio Koff. Em seis anos, ele comemorou um título mundial – o segundo foi perdido no detalhe -, duas Libertadores e outros nacionais e regionais. Depois, comandou o Clube dos 13 durante década e meia, eleito por suas qualidades inquestionáveis.

Depois de Koff, o Grêmio diminuiu gradativamente de tamanho. Mas como havia crescido tanto, continuou grande apesar de anos e anos de insucessos e decepções.

Grande é o clube que dispões de três candidatos de tamanha envergadura.

Imenso pode ser o clube que tiver no comando um dirigente vitorioso como Fábio Koff.

Feliz – e invejada – é a torcida que pode votar em Fábio Koff para presidente.

Moreno na Copa Hélio Dourado

Nem o monumental orgulho que senti ao ver o time do Grêmio, com um jogador a menos, acuar o Fluminense, o campeão brasileiro, dentro de sua casa, como o gato encurralando o camundongo, consegue atenuar minha indignação com a atitude de Marcelo Moreno.

A primeira coisa que pensei na hora: 30 minutos antes a TV havia mostrado o Moreno na casamata, com cara de sono. É natural, havia jogado na véspera pela seleção boliviana e viajado às pressas. Será que ele foi obrigado a compor o banco? Estaria ele contrariado?

Eu só posso atribuir a uma eventual contrariedade a expulsão em menos de um minuto. Sem tocar na bola, sem tempo para ter atrito com algum adversário, é inaceitável a sua irresponsabilidade. Em sua primeira participação, uma cotovelada no adversário, Rafael Sobis.

Fosse o temperamental Kleber, que estava apanhando sem que o juiz marcasse falta sobre ele, eu até entenderia. Não aceitaria, mas seria capaz de entender. Mas o Moreno?

Então, cheguei à seguinte conclusão: jamais poderia ser dirigente de futebol.

Moreno me lembrou Borges, que foi expulsão em jogo pela Libertadores dentro do Olímpico, assim como quem provoca, pedindo para sair e prejudicar o clube.

Borges, fosse eu dirigente, nunca mais vestiria a camisa do Grêmio. O mesmo com Marcelo Moreno. Nunca mais vestiria a camisa do Grêmio.

É claro que o clube seria prejudicado, porque Moreno é um grande atacante e tem toda uma sul-americana pela frente.

Como dizem os doutos do futebol, eu estaria punindo o clube. É por causa desse time de raciocínio que os jogadores, de modo geral, se sentem à vontade para todo o tipo de ação prejudicial ao clube que os paga, em alguns casos de forma absurda, algo como um tapa na cara do trabalhador comum.

Moreno, se dependesse de mim, voltaria de ônibus. Mas é claro que os advogados espertos usariam isso contra o Grêmio. Então, ele voltaria de avião, sentado na janelinha. Tudo bem. Mas passaria a disputar a Taça Hélio Dourado ao lado de Wangler, Douglas Grolli e outros.

E ficaria assim até o final do seu contrato, ou da minha demissão, o que viesse antes. É lógico que eu seria demitido em pouco tempo, porque logo os torcedores, os mesmo que hoje estão revoltados com a atitude de Moreno, estariam pedindo a sua volta e, de quebra, a minha cabeça. Não culpo os torcedores. O futebol é assim.

Por isso, eu nunca poderia ser dirigente de futebol.

Sou absolutamente intolerante com certas coisas.

Por outro lado, todos aqueles que enfrentaram o Fluminense com dignidade, valentia, abnegação, mesmo cometendo erros técnicos, seriam premiados, fosse eu dirigente de futebol, com aumento de salário assim que pisassem no vestiário após o jogo.

Com exceção de Moreno, todos os outros jogadores dignificaram e honraram o Grêmio e sua história.

Merecem, portanto, meu aplauso, meu reconhecimento.

O JOGO

O Grêmio mereceu vencer. Seu gol saiu de uma jogada com bola rolando, penetração, qualidade. O árbitro deveria ter punido quem fez a falta com cartão amarelo, ou até o vermelho. Mas o juiz, o Ricci, deve ter pensado: já fiz demais ao marcar essa falta contra o Fluminense. E o Luxa ainda quer cartão, aí já é demais.

Elano foi sábio, mágico, e marcou um gol que só os craques costumam ter a frieza e a qualidade para marcar.

O Flu empatou com gol de cabeça, em cobrança de escanteio. Depois, Sobis, com o pé esquerdo, que nem é seu preferido, marcou de longe. Marcelo Grohe falhou. Por falar em falha, o que foi aquele lance logo no início em que o Pico lançou pra área e a bola bateu no travessão? Seria o frango do campeonato.

Aí, quando se pensava que com Moreno o Grêmio poderia buscar o empate e a vitória…

O árbitro deve ter ficado feliz e aliviado quando mostrou o vermelho, muito justo, para Marcelo Moreno, o melhor atacante do Grêmio no Brasileirão.

Morriam ali as chances de o Fluminense perder.

VIRADA

O Inter segue acumulando vexames no Brasileirão. Perdeu de virada para o Figueirense em pleno Beira-Rio. O time armado por Fernandão levou seis gols de lanternas do campeonato em dois jogos seguidos.

Quando escrevo estas mal traçadas linhas Fernandão ainda é treinador.

Talvez até seja mantido, até pra economizar alguns trocados. O time já não ambiciona nada no campeonato. Tem eleição. Não dá nem para planejar a próxima temporada.

O mais interessante é que o titular do futebol, Luciano Davi, que afastou Dorival Jr junto de Fernandão, então diretor de futebol, ainda estaria cotado para ser presidente colorado.

Os indícios são de que o Inter hoje começa a ser tornar o Grêmio de ontem.

Que vença o melhor, se o juiz deixar

Hoje eu estou otimista. Dizem que sou pessimista só porque eu há muito tempo faço previsões negativas a respeito do Grêmio e suas possibilidades.

Infelizmente, neste ano em especial, acertei todas.

Passei por um período, curto, de confiança no Grêmio. Cheguei a ficar otimista demais. Isso foi a partir da dupla Elano/Zé Roberto. Com eles, acreditei que o Grêmio até poderia ser campeão, desde que eles jogassem todas as partidas, o que seria impossível.

Nunca acreditei na capacidade técnica e emocional de alguns jogadores que entram no time na ausência dos titulares do meio de campo. Aí, para os neófitos do futebol, passei a ser pessimista.

Pois hoje acordei otimista: acredito que o Grêmio, com a volta de Elano, Fernando, Marcelo Moreno, Kleber e Gilberto Silva não apenas tem chance muito boa de vencer o Fluminense, como considero o Grêmio favorito.

Mas isso se a arbitragem fizer uma pausa de 90 minutos em seu apito simpático ao time do Abelão.

Arbitragem isenta, mas isenta mesmo, dá Grêmio. Se alguém prestar atenção verá que o Flu tem vencido jogos unicamente porque foi beneficiado por erros humanos’ dos bravos árbitros do futebol brasileiro.

Agora, é fundamental que o Grêmio vença, porque a vaga no G-3 não está assegurada. O São Paulo vem crescendo e o Vasco não está morto.

Será um grande jogo. Que vença o melhor, se o juiz deixar.

Título do Flu só falta ser homologado

A rodada chegou a sorrir para o Grêmio escancaradamente. Um sorriso largo tipo o do Silvio Santos. Uma gargalhada mesmo, daquelas de consagrar esses piadistas – na maioria sem graça -que perambulam pelo país fazendo os tais de stand-up.

Mas aí o Atlético Mineiro virou o jogo e venceu o Sport. Depois, o melhor de tudo. Enquanto Grêmio e Botafogo começavam o jogo no Olímpico, o Fluminense levava 1 a  0 da Ponte Preta.

O time de Campinas resistiu bravamente ao poderio do líder. Teve um jogador expulso e se manteve valente, decidido a salvar o campeonato, dando alento a Grêmio e Atlético.

Aí, provando de que nada adiantou a bronca de Paulo Pelaipe, a arbitragem se fardou de tricolor das Laranjeiras mais uma vez. Mudam os nomes dos homens do apito, mas não altera a tendência de favorecer o time do Abel Braga com ‘erros humanos’.

Um pênalti que não existiu foi marcado quase no final. Fred não perdoou, fez a sua parte e empatou. Depois, falta sobre um jogador da Ponte ao lado da área, mas o juiz inverteu. Bola centrada, gol de Gum: 2 a 1. Assim também se faz um campeão.

Cabe, agora, à CBF diplomar o Fluminense Campeão Brasileiro de 2012.

Faltam oito jogos, mera formalidade.

O encanto do campeonato permanece agora para ver quem serão os rebaixados e os times que conquistarão vaga à Libertadores do próximo ano.

Esta é a luta verdadeira do Grêmio. Sempre acreditei quando o Luxemburgo dizia que seu objetivo era a vaga na Libertadores. Semana passada – talvez influenciado pelo clima eleitoral – ele mudou o discurso e disse que brigar pelo título das competições está em seu DNA.

Pode estar, a julgar por sua trajetória exitosa. Mas nem com todo o seu currículo Luxemburgo poderá reverter o quadro atual.

Como se sabe, o grupo do Grêmio é carente de qualidade. Até que foi longe demais. Se conseguir garantir a vaga no G-3 até o final – o SP vem crescendo – já estará de bom tamanho.

Hoje, o Grêmio só não confirmou os três pontos por causa das dificuldades técnicas de alguns de seus jogadores, notadamente do meio para a frente.

Vejamos o Botafogo: Bruno Mendes, jogador-revelação do Guarani de Campinas, que eu vi jogar e me chamou a atenção, tirou dois pontos do Grêmio em apenas um lance. Mas um lance de técnica, de ousadia, de talento, que resultou num arremate primoroso, indefensável.

Tivesse no banco um jogador como Bruno Mendes, o Grêmio teria vencido.

Mas o Grêmio tem o atabalhoado Leandro, que até jogou, mas segue alternando boas jogadas com lances bisonhos; tem o sempre esforçado André Lima; e tem outros aí que nem vou mais citar para não melindrar admiradores iludidos com uma ou outra atuação de maior eficiência, nunca de brilho.

A rodada estava mesmo sorridente. Por momentos cheguei a fazer contas, projetando a estagnação do Fluminense e a ascensão do Grêmio. Afinal, quando Léo Gago ilumina com um gol um jogo encardido, pode ser sinal de que os deuses do futebol estão de novo olhando para o Olímpico depois de tantos anos.

Mas a conjunção falta de qualidade do Grêmio somada à simpatia que a arbitragem dedica ao Fluminense fez com que a rodada terminasse com a cara amarga de fim de festa.

Com a cara do Fernandão – e do Luciano Davi – depois dos 3 a 1 de virada que o Inter tomou do lanterna do campeonato.

COTAÇÃO IW

Marcelo Grohe – 8

Pará – 7

Werley – 7

Naldo – 8

Pico – 5

Souza – 7

M. Antônio – 6

Marquinhos – 6

Zé Roberto – 7

Leandro – 7

André Lima – 5

Léo Gago – 7

Rondinelly e Wilson – sem nota

KOFF

Lamentável o que um grupo de ‘torcedores’ do Grêmio fez com Fábio Koff, que por pouco não foi agredido quando chegava ao Olímpico. Seria gente identificada com a chapa 4. Ninguém merece esse tratamento, ainda mais um dirigente multicampeão como Koff.

Pelaipe x Abel

O sr. Abel Braga pegou pesado. Pesado demais. Reagiu de um jeito de quem parece ter sido flagrado num delito. Algo assim: “Fui desmascarado, descobriram meu segredo”.

Pegou pesado o sr Abel diante da afirmação do diretor de futebol do Grêmio, Paulo Pelaipe, que cobrou arbitragens isentas e que o Fluminense deixe de ser tão beneficiado pelos homens de preto.

O sr Abel, que tem o mérito de dizer na cara e não mandar recado – mesmo estilo de Pelaipe – retrucou de uma maneira completamente desproporcional, levando o assunto para o terreno pessoal, talvez com o objetivo único de desviar o foco daquilo que foi dito por Pelaipe e que está na boca do povo: o Flu talvez tenha sido o clube mais beneficiado pelos homens do apito neste brasileirão.

– A última vez que ouvi falar no Pelaipe ele estava preso -, foi mais ou menos isso o que disse o sr Abel, que é normalmente um sujeito pacato, um romântico, que toca piano nas viagens do time, como eu fui testemunha muito tempo atrás. Por isso, mais estranho ainda a reação do técnico do Fluminense: fiquei com a sensação que mexeram na ferida, e doeu. Doeu muito. Pelaipe acertou em cheio.

Pagou por isso. Se expôs, falou o que pensam 99,9% dos gremistas, e recebeu um troco desleal, um golpe baixo de quem se sentiu muito atingido.

A última vez que vi o sr Abel ter uma reação assim tão forte, tão agressiva, foi há uns dez anos. Ao citar um cronista esportivo que costumava pegar no seu pé, questionando seu trabalho, ele afirmou que esse jornalistas devia gostar é de fazer fio terra. No ar, ao vivo. Coisa de gente bagaceira ‘por demais’, como falam os personagens de Gabriela.

No começo da noite, conforme li no site do CP, Pelaipe respondeu: “”Tem que cuidar as palavras principalmente para entrevistar o Abel durante a noite”, comentou. “Lembro que, por volta da meia-noite, numa vez em outra entrevista, ele disse que queria que o avião do Grêmio explodisse. Então, entra para o folclore.”

Pelaipe fez a sua parte: chamou a atenção dos mais desatentos para os erros que estão beneficiando o Fluminense. Vamos ver se dará algum resultado.

O fato é que o Fluminense, com a vantagem de 9 pontos, é o virtual campeão brasileiro.

CORNETA

O sempre atento blog cornetadorw.blogspot.com.br publica vídeos com erros que favoreceram o Fluminense, e que ajudam a explicar a enorme vantagem de 9 pontos.

Vale a pena conferir.

Marquinhos comanda a vitória

Entre a ruindade da Carminha e a do time que enfrentaria o Sport, fiquei com a primeira opção.

Estava mesmo determinado a não assistir ao jogo para não me irritar com o trio formado por  Léo Gago, Marco Antônio e Marquinhos, com o atabalhoado Leandro na frente.

Lá pelas tantas não resisti e resolvi encarar a realidade.

E aí eu vi algo surreal. Marquinhos jogando como se fosse um maestro, comandando as ações no meio de campo, metendo bolas milimétricas. O Marquinhos que eu gostava de ver três anos atrás no Avaí.

Na frente, Leandro sempre perigoso. Ainda atabalhoado algumas vezes, mas mais efetivo, até porque o Sport lhe deu aquilo que ele precisa: espaço. Leandro com espaço, partindo para cima da zaga, cresce e é útil.

O Grêmio não fez uma partida brilhante, mas estava bem posicionado, organizado e soube explorar o nervosismo e a tensão do adversário. Mérito do técnico Luxemburgo.

Anderson Pico fez 1 a 0, com direito a escorregar em frente à área, erguer-se, ajeitar a bola para o pé direito e chutar colocado. A bola desviou na zaga e entrou. Pico jogou muita bola, e justamente no momento em que Júlio César se prepara para voltar ao time. Antes não tinha ninguém na esquerda, agora são dois.

No início do segundo tempo, lançamento primoroso de um jogador que me causa alergia sempre o vejo aquecer para entrar em campo, o Léo Gago -ou terá sido o MA?. Leandro recebeu na frente, pela esquerda, e chutou na saída de Magrão para ampliar.

Por fim, Marquinhos, o maestro, fez o terceiro, pegando bola que sobrou na entrada da área e chutando rasteiro, cruzado, sem chance para o goleiro.

Depois, Hugo, cobrando um pênalti idiota cometido por Souza, descontou. Nem ele nem seus companheiros comemoraram. Todos tensos, preocupados com o rebaixamento que se aproxima.

Foi assim que a noite que eu imaginava que seria de pesadero, ranger de dentes e roeção de unhas, terminou de uma maneira surpreendente, ao menos para mim. O Grêmio venceu o Sport em Recife, onde normalmente sempre encontra muita dificuldade, e agora é vice-líder, superando o Atlético Mineiro em número de vitórias, uma a mais.

Na próxima rodada, os três da ponta terão jogos favoráveis para somar três pontos. O Atlético recebe o pobre Sport; o Grêmio enfrenta o instável Botafogo no Olímpico, 18h30, e, no mesmo horário, o líder e virtual campeão, o Fluminense, pega a Ponte Preta em São Januário.

Quer dizer, tudo indica que não haverá alteração significativa no G-3.

Da mesma forma na ponta de baixo. O Palmeiras, aquele que eliminou o Grêmio na Copa do Brasil, perdeu para o Coritiba e deve mesmo morrer abraçado ao Sport, Figueirense e Atlético Goianiense.

Nesse ritmo, o campeonato se encaminha para um final prematuro, com tudo decidido bem antes da última rodada, ao contrário de anos anteriores.

Inter desencanta e Flu dispara

O Inter conseguiu nesta quarta-feira, na reta final do Campeonato Brasileiro, talvez sua vitória mais retumbante em toda a competição. Afinal, bateu um postulante ao título – para ele cada vez mais distante – por 3 a 0, com direito a pênalti defendido por Muriel no finalzinho, em cobrança de Jô.

Outro aspecto importante é que seus gols foram todos de jogadores jovens: Jackson, aquele que, criminosamente, tirou Mário Fernandes dos gramados por três meses, Fred, com muita técnica e frieza, e Cassiano, após lance de Dagoberto.

Está aí algo que o Grêmio deveria imitar: aproveitar melhor seus jogadores mais jovens em vez de insistir com jogadores como Léo Gago, M. Antônio e Marquinhos.

Ao bater o Atlético Mineiro, o Inter reanimou sua torcida, mas principalmente deu um alento ao Grêmio de começar a brigar pelo segundo lugar. O vice-campeonato já será bom demais para um time que começou desacreditado especialmente em relação ao seu arquirrival.

O título está praticamente nas mãos do Fluminense, que subiu para 65 pontos ao vencer o Bahia, que fazia a melhor campanha do returno. Foi uma vitória de quem realmente pode ser já chamado de ‘campeão’, como cantou sua torcida.

O time de Abel Braga consolidou-se na liderança isolada. O Atlético, com a derrota no que resta do Beira-Rio, está com 56 pontos, nove a menos que o líder. Uma diferença muito difícil de tirar em nove rodadas.

Já o Grêmio, se vencer o Sport hoje à noite, alcança o Atlético e o ultrapassa em número de vitórias. Na realidade, não acredito que possa vencer com o time que Luxemburgo escalou e que não tem a dupla Elano/Zé Roberto.

Felizmente, para o Grêmio, é que o Vasco que está na luta pelo terceiro lugar, foi parado pelo São Paulo e segue atrás do tricolor em três pontos.

O São Paulo continua subindo aceleradamente e já chegou aos 49 pontos, passando também a brigar para entrar no G-3. Depois, em sexto, o Inter, com 45 pontos. Matematicamente, o Inter também tem chances de entrar no G-4.

Esses são os seis times de melhor campanha no Brasileirão, um quadro que deverá permanecer inalterado, porque o sétimo colocado está com 40 pontos, é o instável Botafogo e o irregular Corinthians.