Este Grêmio me deixou mal acostumado

O empate por 3 a 3 com o Cruzeiro, no Mineirão, em outras circunstâncias poderia ser saudado. Fosse no passado recente de entrar no jogo com o pensamento no ‘pontinho fora’, expressão que dirigentes e jornalistas de discurso covarde e bolorento usam e abusam, eu mesmo estaria agora festejando o resultado.

O problema é que este Grêmio me deixou mal acostumado. Tenho assistido aos jogos com a certeza de que a vitória virá quase ao natural – natural pra mim diante da Tv, mas consequência de muito trabalho e esforço dos jogadores.

Hoje, praticamente não tenho medo quando o adversário, seja qual for, invade a área para marcar. Por outro lado, não tenho dúvidas de que o ataque vai ser constante e persistente na busca do gol sob a inspiração quase divina de Luan.

Então, na verdade, eu saí do jogo desta noite em BH um tantinho frustrado. Esperava a vitória. Antes do jogo estava mais temeroso, confesso, mas não a ponto de querer um meio de campo com quatro volantes.

A troca de um volante (Maicon, que muitos apressadinhos diziam que não sairia do time por ser ‘bruxinho do Renato) por Éverton não me deixou preocupado. O time perderia em resguardo defensivo, mas ganharia em velocidade e objetividade com Éverton. E foi o que aconteceu.

Os dois times criando inúmeras situações de gol. Um jogo eletrizante, temperado com a coragem dos dois treinadores em escalar times com vocação ofensiva. Um show para o público, para todos os torcedores que apreciam o futebol bem jogado e sem medo de ser feliz.

Minha frustração se deve unicamente ao fato de que o Grêmio mereceu vencer. Mereceu mesmo. Sem contar o fato de que saiu na frente com 2 a 0. Olha, cheguei a imaginar que poderia haver goleada. Mas aí a zaga vacilou aos 45 do primeiro tempo e Thiago Neves (de bela atuação) marcou, num chute indefensável. Esse gol devolveu a esperança aos cruzeirenses, e mandou pra longe meu devaneio de ver uma goleada.

O Cruzeiro voltou agressivo e logo aos 2 minutos Sobis empatou, passe do Thiago Neves. Edílson que deveria marcar Sobis ficou parado, olhando o gol.

Em outros tempos, eu ficaria assustado e temeria uma virada. Mas esse Grêmio afasta meus fantasmas do passado. Aos 14, depois de criar duas boas chances, o Grêmio fez o terceiro com Ramiro, em grande jogada iniciada por Luan. Minutos depois novo empate.

Bem, aí restou um jogo marcado por mais fortes emoções ainda. Mas foi o Grêmio que chegou mais perto do quarto gol, a maioria das vezes com participação de Luan, como no lançamento genial para Ramiro (outro destaque do time) entrar livre e cabecear para fora, para alívio do goleiro Fábio, que terminou o jogo com cara de assustado de tanto ver gremistas chegando à sua frente.

Vale o registro de que dois dos três gols foram marcados por volantes. O primeiro, Michel, pegando rebote do goleiro após chute de Éverton, que jogou muita bola. E foi o Éverton quem abriu o placar pegando bola que bateu na trave após cabeceio de Kannemann.

Infelizmente, o Grêmio não terminou a rodada em primeiro lugar. Sei de gente que escreveu e falou que não é o momento de assumir a liderança, que é preciso esperar o melhor momento.

Decididamente, o papel e os microfones aceitam tudo.

RAMIRO

Para encerrar, a frase de Ramiro, após os 3 a 3, define muito bem este momento do Grêmio que erradicou (ao menos) do campo o pensamento ultrapassado do ‘pontinho fora’.

“Gostar de empatar é difícil”.

É isso aí meu Pequeno Grande Volante.

 

O maior problema do Inter é o Grêmio

O Grêmio tem mais a ver com a queda do Inter ao fundo do poço – e não me refiro apenas ao rebaixamento à segundona – do que se possa imaginar.

Na verdade, o problema do Inter é o Grêmio.

É esse incontrolável mania de olhar para a grama do vizinho, que é sempre mais verde, mais viçosa.

Se o Grêmio também estivesse mal, não haveria a referência mais elevada para causar inveja. Até as cobranças não seriam tão ásperas.

O problema do Inter é o Grêmio. Estou convencido disso.

Enquanto o Inter tem sua imagem maculada dentro e fora de campo, a imagem do Grêmio só melhora em função de seu futebol que vence, convence e, por vezes, encanta. São elogios de todos os lados. Até de onde menos se espera.

E isso, sabemos todos, machuca, dói, desespera, dilacera os rivais. Nós, gremistas, já passamos por algo assim, talvez não com tanta intensidade, porque mesmo nos piores momentos o Grêmio manteve uma postura mais digna, mais altiva.

E não havia ninguém preocupado em elevar nossa autoestima como acontece hoje através de uma imprensa, de modo geral, determinada a blindar o clube. Sem sucesso, como se vê.

Esse posicionamento não ajuda. Até prejudica, cria-se um mundo de ilusão, que acaba desabando sobre a cabeça do torcedor. E essa história de time de série A na série B é uma bobagem que custa caro.

Quando percebe que foi enganado, o torcedor reage de várias formas, uma delas é quebrando tudo depois de um algum resultado negativo e atuação desalentadora.

E aí chegamos ao ponto: o torcedor colorado – inclusive os que atuam na mídia – não suporta ver o Grêmio jogando um futebol bonito e eficiente, enquanto o seu time raramente consegue empolgar, mas ainda assim sem jogar um futebol vistoso, merecedor de elogios de todos os lados, como acontece com o time treinado por Renato Portaluppi.

O time treinado por Argel, por exemplo, em determinado momento obteve uma sequência de bons resultados no Brasileiro do ano passado. Mas mesmo com as vitórias Argel não conseguia satisfazer seu críticos, os dos microfones e canetinhas, e os das arquibancadas.

Argel chegou a choramingar que só Roger tinha reconhecimento da imprensa.

E isso porque o Grêmio, então treinado por Roger, dava show, encantava o país e enciumava os colorados, que queriam algo parecido em seu time. Então, Argel, caiu com seu futebol pragmático, vertical e de ligação direta defesa-ataque.

Um futebol que não agradou a torcida nem nas vitórias. Seu sucessor, o Zago, também da brucutulândia futebolística, também sofreu com a comparação.

E agora o Guto. Ela mal começou a trabalhar e já lhe cobram resultados que ele não tem condições de dar em tão pouco tempo, e com os jogadores que possui no momento: vitórias sucessivas e atuações que levem o torcedor colorado a não sentir mais inveja dos gremistas.

Enquanto durar essa situação, Guto não terá paz para trabalhar. A comparação com o Grêmio é inevitável e constante. Se o Grêmio não estivesse tão bem com certeza a cobrança da torcida colorada seria mais paciente, mais tolerante.

Mas tudo indica que o Grêmio vai continuar sendo o maior problema do Inter.

Grêmio segue desmoronando teses

O futebol é apaixonante também porque desmorona teses. Antes do jogo no Maracanã, li/ouvi muitas críticas ao Renato por escalar quatro volantes – e não importa que sejam jogadores que marcam, destroem, armam e até aparecem na frente para fazer gol.

Ooooh! Quatro volantes, meu Deus! No passado não muito distante, alguém diria que é o esquema chama-derrota. Ignoram, por desconhecimento ou apenas vontade de mostrar o quanto são ásperos e duros em suas avaliações e críticas, que o que importa é a mobilidade, o entrosamento, a fluidez do jogo.

Com três ou quatro volantes, não importa. Tudo depende da qualidade, da sincronia de movimentos, e de uma orientação firme e inteligente do treinador, no caso o treinador que anda colocando abaixo, a cada jogo, algumas teses forjadas por mentes confusas e incrédulas.

Gente que ainda acha que Renato é apenas um motivador, um profissional com estrela, com sorte – aliás, um pouco de sorte sempre ajuda, ainda mais se a pessoa for competente naquilo que faz.

Antes do jogo, cansei de ler/ouvir muita gente boa dizer que Renato só armava esse esquema para ajeitar o Maicon. E que se tiver que sair alguém nunca será Maicon, considerado ‘bruxo’, no sentido mais pejorativo possível, do treinador. Arthur será o sacrificado, previam, para Maicon seguir na equipe. Pode ser, mas nesse jogo contra o Fluminense quem saiu foi Maicon e Arthur (ooh, outra surpresa) ficou até o fim.

Outra tese que está desabando: Fernandinho não joga nada. Ora, Fernandinho teve alguns lampejos excelentes em sua carreira, e é por isso que custa caro. Nesta temporada, em especial nos dois últimos jogos, Fernandinho entrou muito bem. Então, também no futebol as pessoas não são totalmente competente ou incompetentes, boas ou más.

O fato é que Fernandinho cresceu, e nem vou me fixar em Ramiro. O PGV está demais. É um jogador impressionante. No esquema do Renato ele é muito mais que um volante, é um meia, um atacante, um lateral-direito e, facilita, até zagueiro, é múltiplo. Ramiro faz a diferença como atleta participativo e aguerrido, enquanto Luan brilha, ilumina e decide.

O que dizer da zaga? Uma muralha. Talvez a melhor dupla de área que vi no Grêmio desde os anos 70.

Os laterais também estiveram acima da média. Cortez provou, ao menos para mim, que merece continuar titular. Edilson, além do golaço, fechou o lado direito da defesa com tranca de ferro. Aliás, pelos dois lados, o Fluminense não encontrou muitas brechas, e apelou para a bola aérea, facilitando a vida de Grohe, sempre muito atento com seus chamados ”braços de motorista de kombi ou de jacaré’, uma maldade sem tamanho para um goleiro de tanta qualidade.

Enfim, o Grêmio tem algumas dificuldades. Mas os outros times têm mais, alguns muito mais.

E é desse jeito que o Grêmio se consolida como forte candidato ao título: atropelando teses e previsões negativas e pessimistas (eu também tenho meus momentos de pessimismo, mas ao contrário de muita gente respeito e reconheço a qualidade do trabalho que está sendo feito.

Um dia esse pessoal descrente vai acertar, o Grêmio vai perder, e aí eles encherão a boca para gritar: viram, eu não disse?

Mas, no final de tudo, somos todos gremistas. E o que importa agora é comemorar mais uma vitória fora de casa. Bateu o Fluminense por 2 a 0 no Maracanã não é pra qualquer time.

 

Vitória da insistência e da irresignação

A vitória por 1 a 0 sobre o Bahia é resultado da insistência e da irresignação do time gremista com o empate em plena Arena diante de um adversário que só se preocupou em garantir o 0 a 0.

Conforme estava previsto, o técnico Jorginho fez o que todos vão fazer na Arena: armar um ferrolho e especular contra-ataques, se possível.

Afinal, o Grêmio é hoje o time mais festejado do país. Portanto, não se espere molezinha seja com qual adversário for. Penso até que os jogos contra equipes do mesmo patamar são menos difíceis.

Uma rápida olhada nas redes sociais se percebe revolta contra a decisão de Renato em começar com Maicon. Foi uma opção do treinador. Eu começaria com Éverton, mesmo sabendo que o guri não teria a liberdade e o espaço que teve contra a Chapecoense.

No segundo tempo, quando entrou no lugar de Arthur, se percebeu que Éverton parecia sufocado jogando nos poucos centímetros de campo que lhe restava diante da forte marcação.

Então, as dificuldades não passam por começar com Maicon, como acreditam alguns. Se deve muito mais ao bloqueio armado pelo Bahia.

O time baiano não pode se queixar da sorte, porque, apesar da retranca, o Grêmio só não marcou antes porque Luan fez uma partida ruim na comparação com o que ele costuma jogar. Suas conclusões a gol foram horríveis, ao estilo Pedro Rocha piorado. Aliás, PR desperdiçou a melhor chance do jogo antes do gol.

O atacante do Grêmio mais efetivo foi Fernandinho. Ele entrou em bagunçou um pouco a marcação. Sei que muita gente não gosta dele, mas nesse jogo ele foi bem.

Quando o jogo se encaminhava mesmo para o empate, eis que sai o gol tão chorado. Luan bateu escanteio, Geromel desviou na primeira trave e Bruno Cortês – tão criticado por alguns quando de sua contratação, ‘bruxinho’ do Renato, diziam os de sempre  – mandou para a rede.

Foram três pontos diante de um time que vai dar trabalho aos grandes, com certeza.

SÉRIE C

Julgamento do caso dos e-mails adulterados será hoje à tarde. Reina grande expectativa.

Tensão no ar, nervos à flor da pele.

O risco de punição que resulte em rebaixamento do Inter é real.

Se for uma decisão técnica, a queda é inevitável.

Mas penso que será uma decisão política. E aí multa e talvez mais alguma sanção.

O texto abaixo é muito esclarecedor:

http://cornetadorw.blogspot.com.br/2017/06/o-jurista-que-acertou-em-cheio-no-caso.html

Brasileirão tem hoje apenas 2 favoritos

Depois de seis rodadas do Brasileirão está claro que o Corinthians é candidato ao título.

Falo do Corinthians verdadeiro, não desse que nasce da rivalidade Gre-Nal. Essa brincadeira de dizer que o Inter deveria se chamar Corinthians do Sul depois dos quatro pênaltis e das duas expulsões na vitória por 4 a 2 sobre o Náutico. Pura maldade.

Outra sacanagem é dizer o Inter encontrou seu esquema ideal no ataque: dois bandeiras pelas pontas e o juiz penetrando pelo meio. Coisas de torcedor, não liguem amigos colorados.

Mas voltando a série A. O Corinthians se firma na liderança e, como se trata de um grande clube, com um futebol de estilo bem definido e consolidado, vai seguir na ponta de cima.

O Brasileirão é longo e desgastante, uma maratona em que é preciso dosar energia, jogar com sabedoria e contar com um pouco de sorte para não ter muitas lesões.

Olhando a tabela neste final de tarde de domingo – faltando dois jogos para fechar a rodada – me detenho nos seis primeiros times. Desses, vejo apenas o Grêmio com potencial para disputar o título com o clube paulista. E não é visão de gremista.

Poderia ainda colocar o Fluminense, mas o time de Abel “vamu pra dentro deles’ não é confiável. No entanto tem alguns bons jogadores e costuma contar com erros ‘humanos’ de arbitragens a seu favor.

Então, Corinthians e Grêmio disputando pau a pau, sem favoritismo para nenhum deles, são hoje os mais fortes candidatos. E é muito bom que a direção do Grêmio trabalhe convencida disso, investindo forte no Brasileiro, trabalhando com inteligência como tem feito.

Todos sabemos que não é fácil, mas o Grêmio tem a rara possibilidade, pelo que já mostrou sob o comando do melhor treinador do campeonato, de conquistar três grandes títulos no mesmo ano.

Neste santo ano de 2017 seria a glória suprema para compensar 15 anos de amargura e frustrações.

Coritiba, Chapecoense e Ponte Preta a meu ver não irão ficar muito tempo entre os seis melhores. São equipes médias e sem um grupo homogêneo, equilibrado, para competições de tiro longo.

Bahia, São Paulo, Vasco e Botafogo, que completam os times da primeira página, os dez primeiros, também devem ficar pelo caminho em termos de briga pelo título de campeão.

O São Paulo, aliás, apesar de clube poderoso, não evolui sob o comando do treinador Rogério Ceni, um estudioso que terá de voltar aos bancos escolares.

ÉVERTON

O Grêmio enfrenta o Bahia com todas as condições de vencer e ficar no encalço, bafo na nuca do Corinthians.

As ausências são preocupantes, mas há bons substitutos. Léo Moura, uma das referências técnicas do time, será substituído por Edilson. Quer dizer, mantém a qualidade na lateral.

Na frente, Lucas Barrios, também lesionado, cede seu lugar a Éverton. Duvido que Renato não comece com o guri. Seria um balde de água gelada sobre o guri depois dos três gols sobre a Chapecoense.

Com Éverton, Pedro Rocha e Luan na frente, o Grêmio fica com uma linha ofensiva difícil de ser neutralizada.

Agora, o jogo não é fácil. O Bahia sabe que o que o espera. Por isso, vai jogar fechadinho, especulando contra-ataques.

COMENTARISTA DE ARBITRAGEM

Não lembro quem inventou o comentarista de arbitragem.

Só sei que houve um tempo em que o tal comentarista falava em cima do lance, segundos após a marcação do juiz.

Hoje, os ‘especialistas’ em  arbitragem (ex-juízes e jornalistas com um curso na área) dão seu parecer depois de umas duas ou três olhadas no replay. O narrador prolonga o grito de gol, chama o repórter e só depois entra o ‘especialista’ para dizer, normalmente, aquilo que eu estou vendo sem ter estudado arbitragem.

O problema é que às vezes nossas opiniões divergem frontalmente. Eu vejo uma coisa, ele vê outra muito diferente. Não é questão de estudo, mas de visão mesmo.

Faz parte. O que mais me irrita é quando o tal especialista usa critérios variáveis, dependendo da cor das camisetas envolvidas, do momento, dos ventos sul ou norte, etc.

Então, o mínimo que eu espero é que o comentarista de arbitragem acerte mais que o árbitro, este tem de decidir na hora, sem direito a repeteco.

Para isso, é fundamental a isenção, a honestidade ao opinar, ou dar seu parecer ‘especializado’, que pretende ser definitivo, mas que, definitivamente, não é.

 

Turbilhão de emoções em Chapecó

O turbilhão de emoções que marcou a goleada do Grêmio sobre a Chapecoense mostra que o time comandado por Renato Portaluppi está preparado para o que der e vier.

Na goleada por 6 a 3 em plena Arena Índio Condá sobre a Chapecoense, que iniciou a rodada na liderança – é bom frisar isso porque não vai faltar quem queira diminuir a relevância do resultado-, aconteceu de quase tudo.

A começar pela atuação de um juiz frouxo, que começou usando o cartão amarelo como escudo e que depois, quando o clima esquentou, mostrou toda a sua tibieza e se deixou envolver pelos jogadores.

A Chapecoense abusou de jogo duro, e até da violência. Em pelo menos dois lances havia motivo para o juiz mostrar o cartão vermelho. Sem contar que na área da Chapecoense toque com a mão não é pênalti, na do Grêmio, sim.

O juiz tentou, mas não conseguiu impedir o show gremista. O primeiro gol, aos 20, marcado por Michel, do ‘meio da rua’, como diziam os antigos narradores, foi um espetáculo à parte. Se foi por querer ou não, tanto faz. Foi bonito, e é o que importa.

Logo depois, em noite das mais inspiradas, Michel ampliou de cabeça, na cobrança de falta de Luan.

Michel é aquele tipo de jogador que chega de ônibus, discreto, sem chamar atenção, e que aos poucos vai se afirmando, se revelando, a ponto de já disputar um lugar na primeira classe.

Tudo se encaminhava para uma vitória tranquila. Mas aí apareceu o fator Grohe. Em falta cobrada para a área, a bola passou pela cortina de jogadores e enganou o goleiro gremista, que saltou e defendeu, mas a bola acabou entrando alguns centímetros. Um lance polêmico, de difícil visualização inicial, mas que foi bem observado pela arbitragem.

A Chape cresceu e voltou para o segundo tempo decidida a virar. Jogou-se ao ataque bem ao estilo do seu técnico ofensivista, sem considerar e respeitar a qualidade do time que enfrentava.

O jogo estava encardido. Foi quando Lucas Barrios sentiu uma lesão muscular. Entrou Éverton.

Eu, que sou um defensor de time sem homem de área, a tal referência, vibrei quando vi Éverton em campo. Nada contra Lucas Barrios, que hoje é titular indiscutível, mas a favor de um conceito de futebol que tenho faz muito tempo.

Aos 14 minutos, Pedro Rocha, em seu único lance de brilho no jogo, lançou na medida para Éverton, que, em seu primeiro toque na bola, encobriu o goleiro para fazer 3 a 1. No minuto seguinte, Éverton recebeu lançamento de Luan e, em seu segundo toque na bola, fez 4 a 1.

A Chape descontou num pênalti altamente discutível, considerando-se ainda que minutos antes houve um toque claro de mão na área adversária e o juiz nada assinalou.

A resposta do Grêmio foi imediata. Éverton, o nome do jogo, aos 35, passe de Luan, mais uma vez ficou cara a cara com o goleiro e com frieza e técnica soube meter no canto: 5 a 2. A Chape marcou de cabeça aos 44 e Luan, após tabela com Ramiro, fez o sexto gol gremista.

O Gremio tem o ataque mais positivo do Brasileiro, onde ocupa o segundo lugar. São 15 gols em cinco jogos, uma média estupenda, rara.

Os melhores em campo: Éverton, Luan (quatro assistências e um gol) e Michel, que se firma na equipe.

Não gostei do Marcelo Grohe. O Gremio goleava e ele conseguiu levar um cartão amarelo por fazer cera. Mas está com crédito. Ainda.

 

Choradeira e ranger de dentes

Fiquei aliviado com a vitória do Inter. Não vi o jogo todo, apenas alguns lances. Não sei se coincidência ou não, sempre que ligava via o Figueirense no ataque, criando chances de gol e o goleiro Danilo salvando, como sempre.

Depois, vendo o compacto do jogo, confirmei o que muitos diziam nas redes sociais: o resultado de 2 a 1 foi injusto. O Figueira merecia vencer.

Será que merecia mesmo? Perdeu os gols por incompetência, e sofreu os dois gols por incompetência maior ainda, em especial o primeiro. O zagueiro do Inter cabeceou livre, ninguém encostando nele. O adversário mais próximo do jogador argentino era um torcedor catarina sentado na primeira fila atrás da goleira.

Exagero à parte, o fato é que fiquei verdadeiramente aliviado. Já estava ficando preocupado com o clima de terror que se formou em torno da campanha ‘pífera’ do tal time da ‘série A’ formado pela atual diretoria vermelha.

Muita tensão no ar. Nitroglicerina pura.

Li que integrantes de uma torcida organizada do Inter se pegaram a pau no Trensurb. O serviço chegou a ser interrompido. Se o Inter não tomar jeito, no próximo confronto é capaz de jorrar tanto sangue quanto nos episódios da série Vikings, que assisto na Netflix.

Para evitar que a tensão aumente, é imperioso que a imprensa, ou grande parte dela, pare de uma vez de iludir a torcida colorada. O Inter não vai se classificar com um ‘pé nas costas’, com ‘grande antecedência’.

Esse tipo de coisa eleva a auto-estima dos torcedores, que se inflamam e vão a campo pensando que irão ver uma máquina atropelar os oponentes. Já se viu que não é bem assim.

Mas há quem não aprenda. Logo após o jogo parecia que o Inter havia feito uma grande partida. Não, o que houve foi um resultado generoso para o que produziu o time montado às pressas pelo técnico Guto Ferreira, já que metade dos titulares ficou em Porto Alegre por algum motivo que não está nada claro.

Hoje, já li e ouvi gente que tem a obrigação de analisar com prudência e isenção afirmar que está nascendo um “novo Inter”.

 

Não tem jeito. Pelo menos até a próxima rodada da segundona (é assim que chamavam em outros tempos) vou ficar tranquilo, sem a choradeira e o ranger de dentes que têm marcado esses dias na região Abaixo do Mampituba.

CHAPECÓ

Ja viajei muitas vezes para o oeste catarinense, terra de muitos gremistas.

Não vejo problema em encarar 500 quilômetros de estrada. Mesmo que seja em alguns trechos plena de panelões. Um perigo.

Jogador de futebol é tratado com excesso de cuidados, a meu ver. Muitas regalias. A maioria deles passou dificuldades antes da fama e da fortuna.

Então, de vez em quando pegar um bus não prejudica o rendimento.

Por isso, confio na vitória sobre a Chape, que está se achando. Respeitando o adversário, dá pra voltar da arena Índio Condá com mais uma vitória no Brasileiro.

AGRADECIMENTO

Pessoal, fiquei sensibilizado com tantas palavras generosas a respeito do novo blog.

Estou muito grato, mesmo. Não pensei que haveria tamanha repercussão, com gente divulgando o blog em seus canais, tuíter, face, etc.

Aumenta a minha responsabilidade. Reitero, pra quem não me conhece, que este é um espaço para olhar o futebol com olhos de gremista. Serei crítico quando necessário, mas sempre visando o bem do nosso grande clube.

Obrigado a todos!

Bem-vindos à nova casa

Se até a Heineken de Gravataí fechou as portas, assim como tantos bares e restaurantes em função da crise econômica e da violência, qual a chance de sobrevivência de um modesto boteco virtual?

Sim, o Boteco do Ilgo está encerrando as atividades. Foram oito anos de informações, comentários e debates, estes cada vez mais acalorados.

Aberto em março de 2009, o Boteco foi minha segunda casa nesse mundo informático.

O nome se deve ao Boteco Natalício. Com seu surgimento, o que antes era conhecido como bar passou a ser ‘boteco’ em Porto Alegre. Era boteco pra cá, boteco pra lá. Então, embarquei nessa onda botequeira.

No ano seguinte, 2010, vieram as cervejas, a primeira foi a 1983. Em seguida, a Mazembier e a Kidiaba, reflexo do vexame histórico do rival.

Antes do Boteco tive o ilgowink.zip.net, que ainda está no ar. Começou em 2006. Foi a maneira de combater o coloradismo nas redações de esporte escrevendo sem dar satisfação pra ninguém.

Pouca gente me acompanhava naquela época. Muitas vezes me senti falando sozinho, pra mim mesmo. Mas foi bom, coloquei pra fora certas coisas. Aliviei a alma. Tirei peso das costas.

Por isso, confesso que senti quando deixei o blog para trás, em março de 2009.

O que escrevi naquele momento, cabe hoje:

“Deixo velhos textos para trás. E isso me dói. É um pouco de mim que estou abandonando. Mas não é hora de lamentos, nem de choro. A antiga moradia vai ficar abandonada, habitada apenas pelos meus fantasmas e minhas lembranças”.

Bem, é isso, agora estou aqui.

Nova casa para esses novos tempos do nosso Grêmio.

PS: não se desesperem, os antigos posts do Boteco vieram todos para cá, assim como os comentários que lá estavam.

 

Show do Grêmio ficou em 10 segundos mágicos

Só pra justificar mais uma vez a fama de estar jogando o melhor futebol do país – há quem diga também da América Latina -, o Grêmio deixou para o finalzinho do jogo o seu show. Quem saiu mais cedo da Arena não viu quando, nos acréscimos, Luan recebeu a bola na entrada da área, tocou para Maicon um pouco mais à frente. O volante de primeira encostou para Léo Moura, junto à linha de fundo. O lateral cruzou rasteiro para Gata Fernandez dentro da pequena área, junto ao goleiro e à zaga. O argentino deu um toque de calcanhar para Luan, que vinha de trás.

O craque gremista mandou a bola, sua dócil namorada, se enroscar, feliz, na rede da goleira vascaína.

Foram 10 segundos de encantamento.

O eterno craque Tostão, que nesta semana voltou a encher a bola de Luan, deve ter vibrado como vibrou a torcida tricolor, porque, mais do que o gol em si e sua importância, era mais um lance de beleza, de arte, de técnica, que o Grêmio estava oferecendo aos amantes do futebol.

Foi um lance apoteótico de um Grêmio que tem agora seis vitórias seguidas com seu time titular em três competições. Nada mal para um time que foi esculhambado por muita gente porque – ora, vejam só – não conseguiu superar o Novo Hamburgo no Gauchão.

A vitória de 2 a 0 sobre o Vasco não foi emoldurada com uma bela atuação. Foram raros os momentos em que o time trocou passes e envolveu seu adversário. No segundo tempo, com mais espaço, apareceram algumas jogadas. Mas no primeiro tempo estava difícil até de respirar no campo do Vasco, que se concentrou ali para tentar algumas escapadas.

O gol de Lucas Barrios, cobrando pênalti sofrido por Geromel, facilitou as coisas para o segundo tempo. O Vasco atacou mais, mas levou pouco perigo ao goleiro Marcelo Grohe, que praticamente não trabalhou de tão eficiente que estava a marcação do setor defensivo, com destaque para Michel, eficiente e discreto.

O time todo teve atuação acima da média. Luan foi de novo o jogador mais brilhante, apesar de fortemente marcado e com pouco espaço para criar.

Saúdo também a volta de Maicon, que jogou uns 15 minutos, tempo suficiente para mostrar que ele deve seguir como titular. Deu uma metida primorosa para Pedro Rocha – o guri continua com dificuldade na finalização -, que desperdiçou a chance. Depois, Maicon apareceu dentro da área para participar do lance-show da tarde.

Edilson, outro que voltou, é um reforço para essa longa caminhada rumo ao título da Libertadores – prioridade das prioridades, embora o Brasileirão e a CB não sejam descartadas. Foi bom que o técnico Renato tenha colocado Gata Fernandez, que precisa manter o ritmo para uma eventualidade em que precise sair jogando.

Eu vejo o Grêmio se consolidando não apenas como um time que dá espetáculo, mas que acima de tudo sabe ser pragmático e determinado na busca da vitória, que é o que interessa.

Aqueles que insistem em dizer que Renato é só um treinador motivador e os que o tratam de forma jocosa, que guardem sua munição para alguma derrota – que virá um dia – ou reconsiderem pra não ficar mais chato.

REAL MADRID

O time espanhol bateu a Juventus e agora espera o Grêmio para decidir o título mundial.

Torci para o Real Madrid vencer. 

Ah, em 1983, a Juventus, então mais poderosa que hoje, ficou em segundo, perdendo para o Hamburgo.

Renato, que já venceu todos os grandes treinadores – menos Tite – em sua volta ao Grêmio,  terá pela frente o mega ídolo Zidane.

Um duelo de titãs.

Repetindo o que tuitei no sábado, chato vai ser aguentar o Cristiano Ronaldo correndo atrás do Renato pra tirar uma selfie. 

Bem, por enquanto é sonho, mas…

 

Algoz colorado pode voltar ao caminho do Inter

Em conversa por telefone, nesta manhã, com o auditor do STJD, Mauro Marcelo de Lima e Silva, ele se mostrou indignado, mas não surpreso, com as fortes declarações do advogado Daniel Cravo em programas de TV do centro do país sobre o caso envolvendo a inclusão de e-mails adulterados no rumoroso episódio Victor Ramos, que, na verdade, já não tem nada mais a ver com o jogador.

-Não me surpreendo com o tom agressivo de suas entrevistas. Ele é considerado persona non grata no STJD por seu comportamento pessoal. Ofende auxiliares, funcionários, e até a assessora de imprensa. Aliás, muito diferente do Juchem (Gustavo Juchem, vice jurídico do Inter), este sim uma pessoa educada, ponderada, de fino trato, que goza de respeito por sua conduta impecável – afirma o auditor, delegado da polícia de São Paulo há 31 anos, “sempre com conduta correta 100%”, como faz questão de frisar. 

O auditor reforça o que registrou no inquérito: o Inter foi comunicado em duas ocasiões das adulterações. O presidente do clube não deu importância ao alerta, dizendo que acreditava em seus advogados. “Houvesse humildade por parte do Inter, nada disso estaria acontecendo”.

RELATOR NO PLENO

Mauro Marcelo não quer opinar sobre o que pode acontecer a partir de agora, com o relatório encaminhado à Procuradoria do STJD. Ocorre que existe a possibilidade de que venha a participar do julgamento, se o processo não for arquivado.

Se acontecer a denúncia, o caso vai para uma das comissões do tribunal. Nesse caso, é forte a possibilidade de que haja recurso de qualquer uma das partes. Se isso realmente ocorrer, o caso vai para o Pleno do STJD, tendo Mauro Marcelo como relator.

Assim, aquele que é apontado como algoz colorado – embora apenas tenha feito a sua parte com zelo e competência – pode voltar ao caso, e de novo como protagonista.