Grêmio, uma postura digna

Diferente do jogo contra o Flamengo, o Grêmio jogou como um postulante ao título contra o Atlético, no Independência. Foi altivo e digno. Se faltou mais qualidade, faltou também ao Atlético.

Poderia ter vencido, porque criou oportunidades para isso, assim como o time mineiro. A melhor chance de gol da partida foi do Grêmio, quando Marcelo Moreno chutou para fora com a goleira vazia, escancarada, esperando pela bola. A jogada foi de Pará, após uma saída de jogo errada de Victor com Richarlyson.

Foi um jogo equilibrado, com muita pancada, marcação forte e poucos lances de técnica, típico de uma decisão de campeonato.

O árbitro Héber Roberto Lopes me surpreendeu positivamente. É claro que deu uma puxadinha para o Atlético. RG merecia um cartão amarelo quando ergueu a chuteira no peito de Kleber.

Já o Kleber, porque é o Kleber, um jogador marcado, levou o amarelo porque o juiz viu simulação quando o jogador caiu ao ser informado que seria substituído.

Se Héber estivesse mesmo mal intencionado poderia ter marcado um pênalti muito reclamado pela torcida, nos minutos finais. Mas ele apitou certo e mandou o jogo seguir, porque realmente não houve falta na jogada.

Diante da qualidade do adversário e considerando o fator local, o Grêmio fez uma de suas melhores partidas na temporada. O técnico Luxemburgo também destacou isso, afirmando estar orgulhoso pela postura impositiva da equipe.

Agora, quando fez as substituições, Luxemburgo sinalizou que estava satisfeito com o empate. Lembrar de Léo Gago para o lugar de Elano é abdicar da expectativa dos três pontos, ou seis porque se tratava de um concorrente direto.

Marquinhos no lugar de Zé Roberto é aceitável. Mas entendo que ele poderia arriscar nos minutos finais colocando Leandro porque o Atlético foi pra cima e abriu espaço para contra-ataques.

Luxemburgo optou pela cautela, porque tem o outro lado da moeda: levar um gol deixaria o Grêmio ainda mais afastado dos dois líderes.

COTAÇÃO IW

Marcelo Grohe – Foi mais exigido que Victor e correspondeu com boas defesas e muita segurança. 10

Pará – Na direita é outro jogador. Marcou bem e ainda buscou a jogada ofensiva. 8

Werley – Diante da torcida que sempre o vaiou, deu uma resposta de alto nível. 8

Gilberto Silva – O comandante do sistema defensivo, posicionamento, firmeza. 9

Anderson Pico – Teve muito trabalho na marcação, mas, como Pará, também soltou-se mais. 7

Fernando – Ficou ligado em RG, o articulador do adversário. Cumpriu bem sua missão, mas pode mais. 7

Souza – Outro que ficou só na marcação. Foi esforçado, combativo. 7

Elano – Acertou uma bola no travessão. Foi bem, mas sem o talento de outros jogos. 8

Zé Roberto – É impressionante sua disposição. Só acho que ele poderia dar ao menos um chute a gol. 7

Kleber – Sofre muito com os zagueiros e com as arbitragens. Deu trabalho à marcação. 7

Marcelo Moreno – Correu e lutou, mas sem brilho. Perdeu um gol imperdível. 6

Os três que entraram tiveram pouco tempo para estragar o time.

INTER

O Inter jogou com muita vontade, conforme estava previsto. A pressão para que os jogadores dessem uma resposta de mais aplicação e disposição era grande. A torcida não iria perdoar quem se encolhesse no jogo.

O jovem Fred mais uma vez se destacou entre as estrelas. Abriu o placar com um belo gol. Forlan, num cruzamento de D’Alessandro ampliou e depois Damião fez o terceiro, com o Bahia descontando.

Resta ver agora como aqueles jogadores acusados de acomodação vão reagir nos próximos jogos.

A gurizada vai continuar correndo e se esforçando ao máximo, mas não acredito que os medalhões da equipe deixarão essa história por isso mesmo.

Brigas na dupla: realidade e ficção

Grêmio e Atlético, jogo que vale seis pontos, terá no apito o assoprador Héber Roberto Lopes, um juiz caseiro e acomodador. Bom para quem joga em casa.

A interferência no resultado começa nos bastidores, pela definição da arbitragem.

É preciso estar atento aos detalhes.

Felizmente, o Grêmio vai com a sua força máxima para encarar de novo o RG, que, aliás, ao contrário de outras vezes, está falante. Vejam o que ele diz:

– Agora entra todo tipo de ingrediente. É lembrar de tudo o que aconteceu e a gente vai com tudo para conquistar a vitória.

Ninguém esquece o que aconteceu. Quem bate até pode esquecer, mas quem apanha não esquece jamais. RG está eternizado no panteão dos inimigos da torcida gremista.

Agora, no jogo de domingo, o passado fica em segundo plano.

O que interessa é o presente, e o futuro.

E neles não há lugar para o RG no Grêmio.

AS BRIGAS

Fernandão e Datolo discutiram publicamente no treinamento. A coisa foi tão séria que o goleiro Muriel correu para apartar o bate-boca.

Foi uma discussão áspera entre o chefe e seu subordinado. Até nem vejo nada de mais, faz parte. Discussões existem em qualquer lugar, inclusive nas redações de jornais.

Já vi dois colegas, de emissoras rivais, se pegarem a soco de rolar no chão. Mas faz tempo, muito tempo.

Lembro que eu estava ao lado de Assis naquele dia no pátio do Olímpico. Era o Assis de antes da pirataria, quero deixar bem claro. Ele comentou comigo, sorrindo, ao deparar com aquela cena grotesca:

– Ah, então vocês também brigam…

Após o episódio entre Datolo e Fernandão, que apenas confirma o quanto o aprendiz de treinador está desgastado, perdendo o controle do grupo, eis que a imprensa atenta e zelosa pelo equilíbrio, ‘descobriu’ uma briga, ou uma rusga, entre Marcelo Moreno e Kleber.

De repente, e não mais do que de repente, os dois companheiros de ataque do Grêmio, decisivos na campanha no Brasileirão, estariam de ‘mal’. É o que li na coluna do Wianey Carlet, na ZH de hoje.

Só que nessa ‘briga’ a testemunha é um ser que fica na sombra, não tem identidade revelada. Ninguém sabe sequer se existe realmente.

No intervalo do jogo contra o Flamengo, Moreno teria cobrado de Kleber que ele não estaria lhe passando a bola.

Os dois teriam discutido em função disso. Luxemburgo teria acompanhado tudo sem intervir. Depois, teria chamado Moreno para dizer que o substituiria porque teria problemas se tirasse Kleber.

Alguém, sinceramente, consegue imaginar um treinador do porte de Luxemburgo tomando essa atitude?

Uma ficção da pior qualidade.

Vou partir da premissa, a origem da briga: Moreno cobrando mais passes de Kleber. Quem viu o jogo com atenção deve ter percebido o que eu percebi: a bola quase não chegou aos dois atacantes.

Não teve como Kleber deixar de dar passes para Moreno se ele quase não tocou na bola. Todos viram que Kleber fez uma partida ridícula para um atacante de sua grandeza. Até acho que ele estava jogando de má vontade, com pouca disposição, isso é outra coisa.

E tudo tem origem num misterinho: por que sacar Moreno e não Kleber? Eu vi os dois jogando mal, com a diferença de Moreno ter recebido o passe de Elano e feito o gol. E depois não fez mais nada, assim como Kleber.

O fato é que os dois não estavam sendo muito acionados.

Koff e a Cerveja 1983 no Cadeira Cativa

No apagar das luzes do programa Cadeira Cativa desta quarta-feira presenteei o comandante do campeonato mundial de 1983, o primeiro conquistado por um clube gaúcho, com a ‘Cerveja Campeã’, a 1983, de trigo, e um copo 1983.

Fábio Koff ficou surpreso, não conhecia minha obra-prima.

Mas antes das amenidades, rolou um programa interessante sob o comando do Reche e com a participação do Juremir, a quem dei uma long neck Mazembier.

– É pra tu nunca esquecer -, brinquei. Ao Reche dei uma 1983 de trigo também.

O programa foi muito curto. Não tive tempo de explorar algumas questões.

O que eu senti é que Koff está muito focado em chegar ao segundo turno. Perguntei sobre quem seriam os nomes da Grêmio Empreendimentos e do futebol. Koff falou, falou, e deixou claro, ao menos para mim, que nomes somente se chegar ao pátio.

Qualquer nome que ele diga agora pode significar perda de apoio de alguns ressentidos, porque, a bem da verdade, poucos são os conselheiros que realmente pensam no Grêmio da mesma forma que a imensa maioria dos torcedores.

Uma parte significativa vota seguindo o líder, seja ele quem for, ou até com o pensamento voltado apenas para que seu grupo tenha cargos na futura administração. Por isso, indicar esse ou aquele para determinado cargo ou função é muito arriscado. Pode resultar numa derrota já no primeiro turno.

Koff está realmente preocupado. Senti isso. Mas se passar no Conselho, dominado pela situação, ele é taxativo: vence fácil no pátio, com o voto dos sócios.

Eu ainda temo que a eleição termine no CD.

Será uma pena se a disputa não chegar ao pátio.

Feliz é a torcida que tem um nome como Fábio Koff em quem votar.

GRÊMIO DO PRATA

Depois do programa com Koff, gravamos com Eldir Antonini para ser exibido nesta quinta-feira.

Cumprimentei Antonini pela candidatura do seu grupo, o Grêmio Prata. É importante que surjam nomes novos e qualificados.

Perguntei ao Antonini em que ele votaria no segundo turno, se houver. Ele escapou dizendo que o voto é secreto. Eu acho que ele vota no Odone. O Prata ficou chateado com o Koff, que, segundo ele, está cercado de perdedores.

– São os ‘sem-faixa’ , brinquei, lembrando uma expressão muito feliz e provocativa do Cacalo.

E acrescentei:

– O Koff tem faixas em número suficiente para todos os que o cercam.

Eleição no Grêmio e as ovelhinhas

A eleição no Grêmio deverá mesmo ser decidida pelos conselheiros, dia 25.

É o sentimento que tenho a partir do que venho observando, lido, ouvido e, principalmente, considerando que a grande maioria dos conselheiros tem ligação com a chapa situacionista.

Os conselheiros, ao contrário de vereadores e deputados, por exemplo, não assumem os cargos de baixo para cima, alçados que são por seus eleitores.

Os conselheiros de clube de futebol normalmente não tem bases a consultar ou a lhe cobrar e pressionar.

Os conselheiros chegam ao cargo por indicação. Depois, ficam como reféns de quem os indicou. Nem sempre é assim, mas na maioria das vezes é o que acontece. É assim que funciona.

É nesse momento que grande parte dos conselheiros pode ser confundida com um bando de ovelhinhas, todas seguindo o pastor.

Algumas ovelhas se desviam pelo caminho, mas são poucas. Com o tempo, cresce o número de ovelhas rebeldes. Aí, elas se juntam e ganham força, mas ainda assim, em muitos casos, acabam conduzidas por outro pastor. Afinal, o que fazer?, são ovelhas.

Gostaria que fosse diferente, mas a realidade é que durante um bom tempo o conselheiro noviço – e mesmo outros veteranos de muitas tosquias – se considera em dívida com aquele que o indicou, que, por sua vez, tem relação próxima com alguma velha liderança.

O conselheiro, de imediato ou com o tempo, esquece que um dia foi ‘apenas’ um torcedor, que cobrava time, protestava e tinha a fórmula para resolver todos os problemas, a começar pela escalação que ele considerava ideal e o técnico, um ‘burro’, não conseguia enxergar.

O conselheiro, na verdade, é um torcedor com status, com algum poder. Um poder que, na prática, ele divide com alguém que o colocou ali. Mas ainda assim um poder, que até pode ser muito grande, dependendo do seu grau de dependência. É quando ele vota de acordo com a sua consciência e seus princípios, fiel às suas origens, sem ligar para a maneira como chegou à elite do clube.

Não é fácil essa transição, reconheço. Mas quanto mais independente for um conselheiro, melhor ele será para o clube. O problema é conquistar ou manter essa independência.

Hoje, a poucos dias da eleição, é reduzido o número de conselheiros que não pertence a esse ou aquele grupo, ou que se mostra disposto a romper compromissos em nome de sua convicção pessoal.

O ideal seria que todos votassem unicamente pensando no que consideram o melhor para o clube, independente de grupos ou movimentos.

Sem entrar no mérito, acredito que o melhor para o Grêmio seria uma eleição que pudesse contar com aqueles que são a razão de ser da existência do clube: o seu torcedor, o seu associado, que muitas vezes gasta mais do que pode para a causa de sua paixão. E que também por isso não merece ficar alijado desse processo eleitoral.

O torcedor tem o direito de votar, de decidir quem considera o melhor para o seu Grêmio.

Para isso, basta que os conselheiros provem que não são ovelhinhas.

Grêmio não acreditou que era possível

O Grêmio viu-se diante de uma encruzilhada depois da série de resultados que o beneficiaram na rodada: havia um caminho que o consolidava como candidato ao título e outro, o que vem trilhando já faz um tempo, que leva a uma das vagas para a Libertadores de 2013.

Quando Elano deixou Marcelo Moreno na cara do goleiro, e o atacante desviou com categoria e fez 1 a 0 no Flamengo, parecia que o Grêmio havia escolhido o caminho da glória, do paraíso.

Mas o Grêmio recuou. Não acreditou que era possível. O que se viu depois do gol e principalmente no segundo tempo, foi um time que não tem confiança em si mesmo e em suas possibilidades.

No intervalo do jogo, o Grêmio, através de seu comandante, Luxemburgo, fez a opção pelo caminho mais fácil, confortável. O Grêmio poderia ter mantido uma atitude mais agressiva, se posicionando com mais personalidade diante de um adversário assustado e tenso.

Mas o Grêmio optou pela posição cômoda de recuar, dar o campo ao adversário e tentar contra-ataques que nunca aconteceram. Um pouco por culpa de seus atacantes, em especial Kleber, sonolento e distraído, mas especialmente por causa de seus meias que recuaram demais e não tiveram força e velocidade para chegar ao ataque.

O Grêmio que quer mais, que sonha e que tem ambição, só reapareceu, ao menos em termos de posicionamento, depois que o Flamengo empatou.

Kleber acordou, mas já não tinha Moreno ao seu lado – aliás, ele só pode ter saído por desgaste físico, porque estava melhor que Kleber.

Pará pela direita teve duas ou três jogadas dignas de um lateral de seleção, com acabamento de … Pará.

Nas meias, Zé Roberto foi muito melhor que Elano, que me pareceu preso demais ao trabalho de marcação.

Luxemburgo errou em sua estratégia de esperar o Flamengo no segundo tempo. Mas erra mais ao insistir tanto com velhas e manjadas soluções que nada solucionam.

Mas para quem repete que a vaga na Libertadores é o objetivo, esse é o caminho. Não há o que mudar.

INTER

Se o Grêmio deixou escapar a oportunidade de aproximar seu bafo da nuca dos líderes, o Inter confirmou que não tem o tal grupo ‘muito superior ao do Grêmio’, e escapou de um vexame com consequências desastrosas ao conseguir o empate por 2 a 2 depois de sair perdendo por 2 a 0 para o Sport, dentro do que resta de sua casa.

Muriel saiu festejado no intervalo porque evitou uma goleada. Ao restante do time e ao treinador Fernandão vaias e gritos de ‘timinho’. No segundo tempo, o Inter foi para cima, o Sport recuou intimidado – mais ou menos feito o Grêmio no Engenhão – e chamou o empate e até a derrota.

O jogo era apontado como o início de uma arrancada colorada rumo a uma vaga na Libertadores, que é o máximo que o Inter pode ambicionar na competição.

Mas o empate complicou a situação. O Inter está a 11 pontos do terceiro colocado, o Grêmio. Sim, o Grêmio tem 11 pontos a mais que o Inter.

É possível que o quarto lugar também garanta vaga na Libertadores. Nesse caso, a diferença é de apenas seis pontos.

Sem querer provocar: o Inter está mais perto da zona de rebaixamento – 13 pontos – do que da liderança, 16 pontos.

Assim, dá para entender a revolta da torcida e o ranço amargo de setores da mídia esportiva.

CHUTANDO O BALDE

Fernandão jogou a responsabilidade sobre os jogadores. Alguns estariam em ‘zona de conforto’. Cobrou mais atitude e comprometimento. Enfim, comprou uma briga com algumas estrelas do time. Se ele faz isso no vestiário, tudo bem, mas publicamente?

Quer dizer, Fernandão teve ontem o primeiro dia do resto dos seus dias como treinador do Inter.

Ganso e sua relação com Luxa

O preparador físico Antônio Mello, que trabalha com Luxemburgo desde 1997 e com ele conquistou 13 títulos, deu informações interessantes sobre Paulo Henrique Ganso.

Foi nesta manhã, rádio Gaúcha.

Mello revelou que Ganso foi vítima de uma cirurgia mal feita aos 15 ou 16 anos. Para amenizar ou corrigir o problema, ele submeteu o jogador a um exaustivo trabalho de reforço muscular. Fez isso também com outros que estavam surgindo na Vila Belmiro, como Neymar e André.

Antes disso, Luxemburgo pagou do próprio bolso uma cirurgia reparadora no joelho machucado de Ganso. Por isso, hoje, Ganso considera muito o técnico e o preparador físico do Grêmio.

Por eles, Ganso pode optar pelo Grêmio na disputa com o São Paulo.

De acordo com Mello, Ganso está sofrendo problemas agora porque não continuou com o trabalho de reforço muscular, o que lhe daria mais condições de resistir.

O problema do jogador seria a cartilagem na região lesionada. Mello não desmentiu. E esse seria um problema grave, mas, segundo Mello, possível de ser resolvido.

A conclusão é que realmente trata-se de um negócio de alto risco.

Mas se existe gente disposta a tirar dinheiro do seu bolso para contratar o meia santista é porque acredita no investimento, no retorno financeiro. Se fosse uma contratação com poucas chances de dar certo o São Paulo também não estaria insistindo tanto.

Afinal, são 23 milhões de reais por menos da metade do passe ou vínculo.

Eu ainda acredito que é uma boa contratar Ganso, um dos melhores jogadores surgidos no futebol brasileiro neste século. Se ele não fosse jovem, eu seria contra. Mas aos 22 anos, completa 23 em outubro, ele pode muito bem recuperar-se plenamente. Ainda mais com os médicos competentes do Grêmio e com apoio de Luxemburgo e Mello, em quem ele parece confiar muito.

Ainda acredito que vale a pena, mas se não vier não será o fim do mundo. Tem o Carlos Eduardo que anda sofrendo com atrasos salariais no clube russo.

Então, se não puder trazer Ganso, depois de toda essa onda, a direção do Grêmio terá de anunciar outro reforço de impacto.

Porque um fracasso na tentativa de Ganso pode repercutir negativamente para a chapa da situação na eleição, se não no CD, com certeza se a disputa for para o pátio.

Particularmente, penso que Ganso vai optar por voltar a trabalhar com gente em quem acredita: Luxa e Mello.

Ganso e um novo modo de ver o Grêmio

Transcorria o jogo no Olímpico, arrastado, sem brilho, repetindo roteiros anteriores: uma retranca e um time buscando espaço para chegar ao gol, mas sem muito talento e criatividade, o que me deixava mais irritado a cada minuto.

De repente, não mais do que repente, caiu a ficha. Tive um lampejo. Pensei: se eu diminuir meu nível de exigência não vou mais me revoltar com Marquinhos em campo, por exemplo. Serei mais compreensivo, mais tolerante.

Ora, se o Grêmio jogando esse futebol é um dos líderes do campeonato, é porque está jogando bem e eu, por querer demais, não percebo. Não é o Grêmio que precisa melhorar, eu é que devo piorar.

Quando chegou o intervalo, 0 a 0 mais do que justo, abri uma 1983 de trigo e comemorei a bela atuação da defesa, o brilhantismo do meio de campo e a ousadia do ataque. O gol é uma questão de tempo, pensei, seguindo meu processo de formar um novo olhar sobre o time gremista.

Então, quando Marco Antônio entrou em campo cheguei a gritar um palavrão, mas logo anestesiei de novo minha mente perturbada. A troca por Marquinhos atenuou minha indignação.

Depois, quando Marco Antônio arriscou de longe, um chute meio que despretencioso, e fez 1 a 0, eu vibrei. Pelo gol e também pelo acerto da minha decisão.

Ao ouvir o comentário de Wianey Carlet a respeito do gol, que ele definiu como ‘golaço’, constatei que ele também baixou seu nível de exigência, ainda mais do que eu. No final, WC se superou, e a mim também, ao cogitar que Leandro já merece até ser titular de tanta bola que havia jogado. É claro que me engasguei com um gole da 1983. Mais um pouco, ele seria capaz de comparar Leandro a Messi, como fez com Taison tempos atrás.

Preciso aprender com WC a descobrir flores em meio ao inço. Eu chego lá.

No finalzinho, Kleber ampliou: 2 a 0.

Gostei do Luxemburgo na coletiva: Kleber precisa aproveitar melhor seu talento, buscar o drible e parar de querer jogar no corpo do zagueiro, cobrou o técnico, mostrando que é um sujeito ligado nos detalhes.

Com a vitória, o Grêmio se mantém em terceiro, a seis pontos do líder Fluminense, distanciando-se de seu maior rival, o Inter, que ficou no empate com o Botafogo mesmo com a volta de titulares como Damião, D’Alessandro e Guinazu. Um sinal de que o time pode ambicionar, no máximo, uma vaga para a Libertadores de 2013. Título, nem pensar.

Já o Grêmio até teria mais chances de título se Luxemburgo começasse a dar oportunidades para jogadores como Wangler, Biteco e Misael, porque com Léo Gago, MA e Marquinhos, o máximo que pode almejar é o terceiro lugar no Brasileirão.

GANSO

O Grêmio está mesmo tentando contratar Ganso, jogador que surgiu com Neymar no Santos. Ele apareceu tão bem que eu, e muitos outros, cheguei a escrever aqui que ele tinha potencial maior que o do colega, e que merecia ser convocado para a seleção de Dunga.

Depois do começo fulgurante, Paulo Henrique Ganso foi vítima de sucessivas lesões, o que prejudicou seu crescimento.

Penso que o Grêmio faz bem em tentar sua contratação. Ele é jovem e pode muito bem recuperar-se plenamente e a partir daí mostrar que é tão bom quanto Neymar, e que é melhor que Oscar, por exemplo.

É claro que a ser confirmado o negócio, o que pode acontecer ainda nesta sexta-feira, Ganso será um trunfo importante da Situação na eleição.

Tão importante que a eleição pode até nem chegar ao pátio.

Eleição no Grêmio: à espera do prato feito

Eu nunca votei à presidência do Grêmio.

Na época em que fui sócio pela primeira vez, em meados da tenebrosa década de 70, antes de ser jornalista esportivo, as coisas eram decididas em gabinetes fechados.

Na verdade, não mudou muito. Os mesmos continuam decidindo, só que agora com a possível participação dos associados.

Por enquanto, eu fico aqui como o mendigo esfomeado espiando pela vidraça a comida fumegante chegando à mesa no restaurante lotado.

Depois, se eu tiver sorte, me servem um prato pronto.

Não é exatamente o que eu gostaria, mas é melhor do que terminar a noite com barriga vazia enquanto os comensais se empanturram, entre goles de vinho e cerveja, e depois comemoram, às gargalhadas, com espumantes nobres.

O que me resta é ficar na expectativa do prato feito.

São quatro chapas na disputa. A chapa da Situação já está classificada para disputar os votos no pátio do Olímpico. Tem um contingente numeroso de conselheiros na mão.

As chapas de Oposição, se é que assim podem ser considerados seus integrantes, antigos parceiros dos ocupantes do poder que se aproximam e se afastam dependendo das circunstâncias, abafando a possibilidade de surgimento de novas lideranças, disputam para ver quem irá buscar a preferência dos sócios, entre os quais, eu.

Faço parte dos milhares de sócios com mensalidade em dia. Como qualquer um, quero votar.
Se isso não acontecer, será porque as chapas desafiantes não conseguiram superar a cláusula de barreira, instrumento criado para impedir que um gremista sem apoio de conselheiros – praticamente todos ligados a dirigentes que há décadas se revezam no comando do clube – tenha a pretensão de disputar, democraticamente, os votos de seus pares, os sócios.

Torço para que aconteça o ‘segundo turno’.

Mas, sinceramente, com a ‘oposição’ dividida, mais forte ficou a Situação. O quadro só irá mudar se algumas ovelhas se desgarrarem do rebanho.

Desconfio que vou continuar de fora dessa festa.

Sem sequer o prato feito.

Cotação ZH

Já fiz muita cotação em jogos de futebol. No começo, recém saído das arquibancadas, gostava de assumir a responsabilidade de dar notas para os jogadores.

Normalmente, essa tarefa ficava com o repórter mais experiente.

Aos poucos eu fui ficando experiente e assumindo essa responsabilidade. Feliz da vida. Não demorou para eu descobrir por que os mais velhos não gostavam de dar notas e resumir tudo em duas ou três linhas. Ou até mesmo em uma linha, isso já nos tempos do Correio do Povo. É complicado.

Com o tempo, fui abrindo mão da cotação. Mas sempre estabeleci que dificilmente daria notas abaixo de 5.

Sempre discuti na redação sobre definição de critérios, estabelecimento de um protocolo para evitar diferenças absurdas. Mas a análise dos times é algo bastante subjetivo. Por isso, fazer cotação é complicado, e gera muita polêmica, como destaca o meu amigo Ricardo seguidamente em seu blog cornetadorw.

Como exemplo, pego o caso dos goleiros. Que nota dar para um goleiro que não faz uma defesa sequer e não leva gol?

Ou o goleiro que leva cinco gols em chutes indefensáveis e também sem ter falhado uma vez sequer?

É preciso fixar um critério.

Vejam a cotação da ZH desta segunda-feira para os goleiros da dupla:

MARCELO GROHE: Uma defesa incrível no início da partida. Seguro, não teve culpa nos gols. 6

MURIEL: Duas boas defesas, cara a cara com os atacantes que envolveram a zaga do Inter. 7

Se Grohe esteve seguro, fez uma defesa incrível e não teve culpa no gol, por que nota tão baixa, nota que se dá para quem jogou mal?

Muriel também é elogiado, e levou apenas 7, mas ainda assim mais que o goleiro gremista.

São critérios, não é coisa de gremismo ou coloradismo. Pelo menos eu penso assim.

Eu penso que os dois goleiros deveriam receber nota 8. Mas é o meu critério, a minha forma de ver.

A coisa realmente não é simples. Tanto que no CP nós abolimos a cotação, que hoje só aparece, se aparece, nos grenais ou jogos de final de campeonato.

Sinceramente, se não dá para padronizar, melhor extinguir.

Até em consideração aos jogadores, que às vezes podem ser avaliados por alguém que não tem condições de dar nota para ninguém, ou que está num dia de nota 5.

BITECO

Finalmente, o Biteco vai receber uma chance no time de cima. Vamos ver se ele entra no jogo contra o Náutico mesmo. O volante Misael é outro promovido. Antes tarde do que nunca.

BEIRA-RIO

Demorou também para o Inter se dar conta que não é uma boa jogar num estádio que contribui para um astral negativo. O presidente da FGF, sugere o Alfredo Jaconi para os próximos jogos.