Maitê, a nova Geni e o título alemão

Quando uma atriz linda como a Maitê Proença, do alto do seu salto, se acha no direito de passar uma carraspana no Neymar porque ele deu abraço em Felipão durante entrevista coletiva, e ainda exigir que o treinador peça desculpas à nação pelo fracasso, é sinal de que a Copa das Copas mexeu demais com a cabeça das pessoas.

Felipão errou ao acreditar que sua equipe mesmo sem entrosamento e com jogadores insuficientes como Fred, Jô, Daniel Alves, Marcelo e outros, poderia ser campeã. O título na Copa das Confederações poderia ter enganado os neófitos, as Maitês que falam de futebol de quatro em quatro anos, mas nunca os ‘especialistas’ de todas as instâncias, em especial os cronistas esportivos em geral,  mas jamais um profissional experiente como Felipão.

Todos aqueles que jogam pedra na nova Geni do futebol brasileiro também acreditaram na seleção com esse time e com essa formatação tática faceira, fruto da soberba que impregna grande parte dos brasileiros, torcedores, profissionais do esporte, jornalistas, dirigentes e os palpiteiros de plantão e de ocasião. Poucos, como eu, refletiram sobre o esquema armado por Felipão e o questionaram. Faltou um pouco de humildade a Felipão. Aquela humildade que ele teve quando conquistou seus títulos. A presença de Parreira ao lado deve ter contribuído para essa mudança de Felipão.

O resultado foi levar dez gols e fazer apenas um nos dois jogos derradeiros. Perder para Alemanha e Holanda em casa é ruim, ainda mais para quem sonhava com o hexa. Levar tantos gols assim é intolerável, indesculpável. O melhor que Felipão tem a fazer é entregar seu relatório e pedir demissão em caráter irrevogável. Não sei se ele terá humildade para fazer isso a julgar por suas declarações públicas e seus comentários mais reservados.

Sobre o jogo de despedida, penso que o Brasil melhorou muito em relação ao que desabou contra a Alemanha. Felipão povoou mais o meio, algo que sempre defendi e isso desde que ele assumiu, e manteve um duelo mais equilibrado com os holandeses. E isso que levou um gol a 3 minutos, num pênalti que não existiu. Para um equipe abalada e com auto-estima baixa, foi um golpe duro.

Depois, o segundo gol com a jogada iniciando em impedimento ignorado pelo bandeira, o mesmo que levou o juiz ao erro no lance do pênalti, que aconteceu, aliás, sem que o Brasil sequer tivesse tocado na bola até aquele instante.

A seleção teve ao menos uma atuação digna.

Fico imaginando como não seria a seleção se desde o começo Felipão não tivesse armado um meio de campo mais forte, mais consistente, mais compacto. Não tenho dúvida de que o resultado seria muito melhor, apesar, repito, da falta de entrosamento e de qualidade da equipe nas laterais e no ataque.

Algo que não pode ser esquecido nessa hora de encontrar culpados é que a safra dos últimos anos não é a boa, tanto que o Brasil foi para a Copa com dois centroavantes que sequer poderiam chegar perto do vestiário onde estivessem Romário  ou Ronaldo se fardando.

TIBETE

Minha sugestão a Felipão é que ele se afaste do futebol por um tempo. Aconselho que vá meditar com os monges do Tibete ou se recolha a um mosteiro franciscano, onde deve aproveitar para calçar a sandália da humildade.

Mas se ele preferir continuar trabalhando, que venha para o Grêmio e assuma o lugar do Enderson Moreira antes que seja tarde.

Agora, que venha o Felipão dos anos 90, não o atual.

ALEMANHA

A seleção alemã é a merecidíssima campeã mundial. É a vitória do planejamento, da organização, da execução competente e talentosa.

È disso que o futebol brasileiro precisa.

A Argentina foi valente, resistiu até a prorrogação. Mas a Alemanha foi superior e seria injusto ficar sem o título.

Schweinsteiger foi o grande craque da Copa.

Neuer provou que um time campeão começa com um grande goleiro. No caso, um goleiro que joga praticamente em duas posições: goleiro e líbero. Fantástico.

E que gol o do Gotze. Lance de craque, provando que a Alemanha além de esbanjar tudo aquilo que não conseguimos ver na seleção brasileira nesta Copa, nem na anterior, ainda tem técnica e habilidade.

Que o futebol brasileiro pegue a Alemanha como exemplo e tire proveito dessa amarga lição.

Fernandinho parece incomodar

É interessante a preocupação que percebo em programas de debate com a contratação de Fernandinho.

Afinal, para quem tem Luan e Dudu não há necessidade de Fernandinho, alegam experientes jornalistas esportivos.

Ora, para um clube que ambiciona títulos, é preciso mais, muito mais do que onze titulares. É fundamental qualidade também nas peças de reposição.

E esse pessoal sabe disso.

O mais intrigante é que aqueles que se impressionam e não conseguem entender por que contratar Fernandinho é considerar que Dudu e Luan são titulares, daqueles incontestáveis, afirmados e reafirmados.

Não são. E eles, os analistas preocupados, sabem que Dudu até agora mostrou futebol insuficiente para ser titular em clube que sonha em alçar voos mais altos, não rasantes que levam apenas a campeonatos regionais.

Sabem, ou deveriam saber, que Luan é um jovem promissor, muito promissor, um projeto de craque. Mas um projeto, que como tantos pode não vingar.

Já Fernandinho é mais curtido e trata-se um jogador que vai agregar qualidade e sem dúvida será titular, principalmente se disputar com Dudu, que passará a ser boa alternativa. O que já estará de bom tamanho para ele.

Agora, por uma questão de equilíbrio, gostaria de saber se não vão criticar o monte de laterais-direitos que o Inter está contratando.

É um por lance e outro por sorteio.

COPA

Sigo com a Alemanha. A Argentina já chegou longe demais. Só espero que os alemães não me decepcionem.

Brasil e Holanda: sem opinião. Meu palpite é que dá Brasil. Os holandeses já estão cansados e de saco cheio.

O maior fiasco da Seleção Brasileira

O técnico Felipão se mostrou arrogante na entrevista coletiva depois dos 7  a 1, o maior fiasco da Seleção Brasileira em todos os tempos. Foi o Mazembe Day do Brasil.

Felipão disse que não se arrepende de nada, que fez tudo certo dentro das circunstâncias, etc.

Essa mesma arrogância se viu na equipe armada por Felipão. Ele começou o jogo contra a equipe mais organizada e entrosada do Mundial com três atacantes, um meia e apenas dois volantes.

Assim ficou fácil para a Alemanha conquistar o meio de campo e a partir daí chegar na cara de Júlio César.

Faltou humildade a Felipão. A humildade que lhe sobrava quando armava um time compactado, preocupado primeiro em não perder para depois tentar a vitória.

Faltou também competência para avaliar o real potencial do seu time.

Diferente de muitos oportunistas que agora dizem que tudo está errado e que até antes da histórica goleada pareciam tão felizes, eu há tempo escrevo que Felipão deveria voltar a ser Felipão, aquele vitorioso, humilde e compenetrado. É só olhar nos arquivos do blog.

Por exemplo, no dia 23 de junho, quando todos comemoravam a goleada sobre Camarões, eu escrevi o seguinte, destacando a fragilidade defensiva brasileira:

“A goleada de 4 a 1 sobre Camarões deve ser comemorada, mas não pode mascarar uma realidade: o sistema defensivo como um todo é uma gloriosa peneira.

Camarões, a pior seleção do torneio, entrou com facilidade na área no primeiro tempo. Felipão, atento, percebeu isso e corrigiu. No segundo tempo, os africanos quase não ameaçaram, enquanto o Brasil, com e também sem Neymar – outra vez o grande destaque – continuou criando chances de gol.

O Brasil tem dois laterais inconfiáveis em termos defensivos, em especial o Daniel Alves. No lance do gol africano, ele foi driblado. O Pará não faria pior. O problema é que Maicon não tem treinado bem, segundo o noticiário.

Com dois laterais tão instáveis, é uma temeridade jogar apenas com dois volantes. E isso está aparecendo até contra adversários de porte menor”.

A diferença entre o primeiro tempo contra Camarões e o de hoje, é que os alemães raramente desperdiçam as chances de gol que criam.

Felipão não viu que seu esquema era vulnerável atrás e pobre ofensivamente com o Fred ou Jô.

Eu vi e escrevi sobre isso muito antes da tragédia deste histórico 8 de julho de 2014.

Defendi sempre um esquema mais cauteloso, de maior resguardo.

Bem, agora vamos ver se minha avaliação se confirma. Se Brasil e Alemanha fizeram uma final antecipada, conforme frisei, desde já comemoro a conquista alemã domingo, no Maracanâ.

Nada será mais justo.

PARREIRA

Quando vi Parreira na comissão técnica anunciada pela CBF, lá no início dos trabalhos, imaginei que o trabalho não daria certo.

Felipão e Parreira são como água e azeite, não se misturam.

Talvez esse fracasso monumental comece por aí. Talvez.

COPA DAS COPAS

E assim termina, para o Brasil, a Copa das Copas. Ninguém vai esquecer. Jamais.

Aqueles que esperavam tirar proveito eleitoral da tal Copa das Copas terão agora que explicar e justificar todo o dinheiro público gasto com a competição. E, principalmente, inventar alguma coisa para que algumas arenas faraônicas erguidas em locais em que quase não há futebol não ficarem ociosas pelo menos até a eleição.

Brasil e Alemanha: uma final antecipada

Brasil e Alemanha fazem uma final antecipada. Quem vencer, será campeão. É o que penso.

Argentina e Holanda estão num nível um tantinho assim abaixo, mas é tudo tão nivelado que elas também podem chegar ao título.

O Brasil perdeu Neymar, mas tem praticamente toda a torcida ao seu lado. Por isso, a Alemanha terá dificuldades, mas acredito que vença.

A Alemanha apresentou, sempre dentro da minha ótica, o futebol mais homogêneo, mais constante. Uma regularidade impressionante até nas falhas de marcação.

Sofreu muitas vezes, como todas as equipes, mas se manteve fiel à sua proposta de jogo, contando com um ‘décimo-segundo’ jogador, o seu excepcional goleiro, que joga de líbero quando necessário com muita precisão nos botes fora da área.

Não há nenhuma estrela no time alemão, alguém capaz de resolver o jogo em segundos, como Messi ou Neymar.

Agora, sem Neymar, o Brasil ficou mais ou menos do nível da Alemanha em termos de individualidades, mas continua perdendo no coletivo, no conjunto, no entrosamento.

Por isso, imagino que dê Alemanha.

Mas, como li em algum lugar, ‘o futebol é uma calcinha de surpresa’.

ARGENTINA X HOLANDA

A Argentina tem Messi, o melhor do mundo. A Holanda tem Robben, que é espetacular. Pra mim, os dois destaques individuais da Copa em termos ofensivos.

Neymar formaria o trio dos maiores talentos, mas está fora porque um colega de profissão decidiu alcançar a bola abrindo um buraco com o joelho nas costas do craque brasileiro.

A Holanda tem ainda Sneijder. A Argentina perdeu Di Maria. Ficou só com Messi.

Assim, jogo minhas fichas na Holanda.

E vou torcer pra Holanda só porque vi argentino fazendo piada em cima da contusão de Neymar.

INGRESSOS FIFA

Aprendemos muito com a Fifa, essa entidade que desprezo há muitos e muitos anos.

Quase sinônimo de corrupção. Sua sede poderia ser em Brasília.

A mais recente lição é esse derrame de ingressos descoberto pela polícia do Rio.

PUNIÇÃO FIFA

A punição aplicada ao atacante Suarez pela mordida no italiano é uma pena de morte na comparação ao veredito em relação ao Zuñiga, que foi absolvido.

O italiano segue jogando normalmente. Neymar fica sem poder exercer sua profissão por um tempo.

Neymar foi caçado nessa Copa. Desde o primeiro jogo, quando acertou uma cotovelada num adversário – como fizeram questão de lembrar aqueles que por uma razão ou outra odeiam o guri como se tivesse alguma semelhança nos dois casos –  talvez pra mostrar aos seus carrascos que também sabe bater.

Zuñiga agiu como aquele sujeito que ingere meia garrafa de uísque e depois pega seu carro. No caminho, atropela e mata um pedestre.

Ele jamais pensou em matar alguém, mas assumiu o risco.

O colombiano truculento só queria tirar Neymar do jogo, nada além disso.

Assumiu o risco de destruir a carreira de um colega de profissão. Foi absolvido. É a Fifa.

IMPRENSA

O NYT tem cometido alguns textos sobre a Copa. É algo tão inusitado quanto a mordida na Copa.

O jornal quase condenou Neymar pela agressão que sofreu.

É isso, chegou agora no futebol e quer sentar na janelinha.

CERVEJA

A 1983 é melhor, mas o comercial da Polar, enviado pelo botequeiro Gabriel, ficou legal:

http://www.youtube.com/watch?v=J9O-wSHVcac

Copa do Mundo fica sem o talento de Neymar

Zuñiga é o nome dele. Alguém conhece? É o espanhol que tirou Neymar da Copa com um joelhaço traiçoeiro, criminoso, nas costas.

O golpe fraturou uma vértebra lombar do craque brasileiro.

Zuñiga sequer levou cartão amarelo.

Agora, o desconhecido Zuñiga está nivelado com Neymar: ambos estão fora da Copa.

Zuñiga entra para a história como o sujeito que tirou Neymar de sua primeira Copa do Mundo.

Por trás de tudo, está a Fifa, que claramente orientou os árbitros a serem tolerantes, economizarem cartões amarelos. E isso, claro, estimula a violência.

Os criminosos diante de leis e normas frágeis e permissivas – como essas que existem no Brasil – tornam-se mais audaciosos, ficam à vontade para cometer seus atos criminosos. Há certeza de impunidade.

Foi o que aconteceu nesse jogo entre Brasil e Colômbia.

Em relação ao jogo em si, tenho a dizer que deu a lógica. Quando o Uruguai foi eliminado por esse time bem armado – em todos os sentidos – da Colômbia, previ que o Brasil passaria.

O Uruguai seria um adversário mais complicado, não por ser superior ao time colombiano. Mas por sua bravura, alimentada por uma rivalidade histórica.

O Brasil teve a seu favor um gol logo no início, marcado justamente por quem vinha sendo malhado, o ótimo Thiago Silva.

O gol desarticulou a Colômbia. O Brasil poderia ter feito pelo menos outro gol antes do intervalo.

E isso que Fred e Neymar não estavam bem. Neymar sendo caçado escandalosamente pelos colombianos.

O juiz Carlos Carballos deve ser penalizado. Não é possível. Ele foi bem tecnicamente, mas deixou o pau comer, de ambos os lados.

Agora, com Neymar ele foi impiedoso. Desconfio que exista alguma desavença entre eles no campeonato espanhol, alguma bronca.

No segundo tempo, o golaço de David Luiz deixou tudo mais fácil.

Mas aí Felipão, que havia armado bem o time para o jogo, começou a errar.

Ele deveria ter tirado um jogador que sequer entrou. O Fred. Parecia uma tia velha correndo, com todo o respeito às tias velhas.

Ele me lembrou Barcos. Era útil nas bolas aéreas na área do Brasil. Será que foi por isso que ficou em campo até o fim?

Em vez de sacar Hulk, o melhor atacante do time no jogo, para colocar Ramirez, aos 37, deveria ter tirado o Fred.

A Colômbia havia descontado de pênalti aos 34, com James Rodriguez, que cresceu muito nos minutos finais.

Agora, é a Alemanha.

Com Neymar já seria muito difícil. Sem ele, dá Alemanha.

Um psicólogo também para Felipão

Tempos atrás escrevi que Felipão errava ao escalar seu time assim tão faceiro. Faceiro aos meus olhos de apreciador de esquema que não dá espaço ao adversário no campo defensivo, que não abre mão de ganhar o meio-campo e que conta com velocidade na transição defesa/ataque.

É claro que para isso é preciso ter os jogadores adequados. E Felipão tem esses jogadores. Afinal, trata-se de uma seleção.

O problema é que o velho Felipão de guerra vestiu a fantasia de ‘lulinha paz e amor’, que, decididamente não combina com ele.

Felipão combina com truculência, seriedade e franqueza, uma franqueza rústica como zagueirão da colônia, que ele foi em tempo distante.

O Felipão que conseguiu a consagração no futebol não tem nada a ver com esse que agora se esforça nas propagandas de guaraná ao lado da esposa e dos amigos.

Não é Felipão que tenta parecer simpático e que, no fundo, gostaria mesmo é de chutar o balde, o que ele está sempre pronto a fazer. Mas já não faz como antes.

Felipão precisa voltar a ser o velho Felipão se quiser conquistar o hexa mundial. Fora e ‘dentro’ de campo.

Felipão se esforça, mas não é um artista global que ele tenta parecer nos comerciais.

O velho Felipão é aquele que venceu a Copa do Mundo com um sistema mais cauteloso, contando na frente com o talento de três jogadores.

Felipão chamou uma psicóloga para atender os jogadores, que andam muito emotivos. Não vejo mal algum em ser emotivo, chorar quando canta o hino.

Se os jogadores não demonstrassem emoção na hora do hino não faltaria gente para dizer que são frios, que o Brasil nada representa pra eles, que passam a maior parte do tempo fora do país.

Quem precisa de ajuda psicológica, de verdade, é o Felipão, que perdeu sua identidade de técnico turrão e ranzinza. Felipão perdeu seu lado Dunga. Hoje, na seleção, é mais parece o Luxemburgo. Só falta a terno Armani para treinar o time à beira do campo.

A boa notícia é que Felipão começa a pensar como no tempo em que primeiro jogava para não perder, não levar gol, e depois buscar a vitória.

Sem essa de jogar bonito, como o pessoal do centro do país quer, e isso ficou bem claro hoje na coletiva com Neymar, quando um abostado cobrou do jogador que o Brasil parecia jogar sem alegria. Neymar respondeu como responderia Felipão, que a equipe joga com alegria, mas que a competição é muito séria e que o negócio é vencer nem que seja por meio a zero.

É isso, entrar em campo pensando na vitória por meio a zero. O resto deixa para os ufanistas, os que acreditam que o Brasil ainda é o único que joga bonito, com eficiência, com arte.

Assim, Felipão parece inclinado a começar contra a Colômbia com um time mais fortalecido atrás – a zona defensiva brasileira virou um salão de baile.

Ele pode começar com três zagueiros. E acho Henrique uma excelente escolha. É um jogador vibrante, aguerrido e com personalidade adequada aos desafios de uma Copa, de um mata-mata.

Sou favorável também que ele comece com três volantes, deixando apenas dois atacantes, de preferência Hulk e Neymar. Mas pode ser o Fred no lugar de Hulk.

Enfim, o que importa é que Felipão acordou de seu estado letárgico e começa a reagir.

Felipão está tão à vontade nesse papel de técnico faceiro como no de garoto propaganda.

Não é essa a praia dele.

FRAUDE

Impressionante a notícia da quadrilha que dispunha de ingressos VIP para ceder aos amigos. Parece que há envolvimento de gente da própria Fifa.

Claro, como é que ele conseguiria ingressos para revender para personalidades.

Assis Moreira – por que não me surpreendo? – foi flagrado em telefonema para o suposto lider da gang.

Até o Dunga parece que terá de depor à Polícia Federal sobre o assunto.

É óbvio que muita gente conhecida ainda vai aparecer nessa história, que teria movimentado 200 milhões de reais.

Os figurantes cada vez mais ameaçam os protagonistas

Quando as seleções emergentes conseguirem aproveitar melhor as chances que criam durante os jogos contra os poderosos, a geografia do poder no futebol mundial vai passar por um processo talvez irreversível de mudança.

Essa é a minha conclusão depois de ver França e, principalmente, Alemanha sofrerem para vencer Nigéria e Argélia.  Outro dia foi o Irã quem deu um enorme susto na Argentina. Não fosse o Messi…

Esses sustos já aconteceram outras vezes, mas nesta Copa eles são mais frequentes. É a impressão que tenho. Não posso garantir porque mal e mal me lembro que a Espanha ganhou a final contra a Holanda.

Aliás, a Holanda merecia um título mundial pelo conjunto da obra, porque em campo não será desta vez. Aquele pênalti sobre o Robben contra os mexicanos me pareceu muito suspeito.

Alguém consideraria um absurdo Chile e México eliminarem Brasil e Holanda depois do que aconteceu nesses jogos?

Então, os grandes estão padecendo demais com os pequenos.

A questão é que na hora H os grandes acabam se impondo.

Foi com essa convicção que vi a Alemanha escapar de levar um ou dois gols no começo do jogo contra a Argélia. Tinha certeza de que superado aquele momento de enlouquecida pressão argelina, os alemães acabariam controlando o jogo.

Foi o que aconteceu a partir da metade do primeiro tempo. Mas antes, o goleiro alemão Neuer salvou a pátria alemã com saídas para fora da área com precisão cirúrgica, no momento certo, interceptando contra-ataques que poderiam resultar em gol.

Quer dizer, a muralha alemã só se manteve em pé graças ao seu goleiro. Bem, quando eu pensava que a Alemanha dominaria o segundo tempo e chegaria facilmente à vitória, os argelinos com uma disposição única voltaram a atacar com fúria. A Alemanha respondeu à altura. Aí brilhou o goleiro M’Bolhi, fantástico.

Por falar em goleiros, como tem goleiro espetacular nesta Copa!

Apesar de tudo, sempre acreditei que a seleção que elegi como maior favorita ao título chegaria à vitória. Não teria essa certeza se acreditasse na eficiência dos emergentes nas conclusões.

Foi mais um jogo emocionante. Um jogaço.

A Argélia volta pra casa de cabeça erguida, como a Nigéria, México, Chile e outros figurantes que ousam ofuscar os protagonistas, mas que acabam saindo de cena na hora em que é preciso mostrar algo mais, como talento para concretizar em gol as oportunidades criadas.

Por enquanto, os figurantes seguem sendo o que são: figurantes.

BRASIL

Posso estar exagerando, mas a impressão que tenho é que a seleção brasileira não venceria essa Argélia que complicou demais a vida da Alemanha.

Não vejo o Brasil jogando com tanta vontade, tanta determinação, tanto comprometimento.

Essa equipe de Felipão joga com vontade, se emociona, mas não vai aos 110% por cento como foram argelinos, alemães, franceses e nigerianos nesta segunda-feira.

Sexta-feira, a seleção enfrenta a Colômbia, que vai jogar esses 110% ou mais.

Se Felipão não conseguir fazer com que seus jogadores, cada um deles, brigue pela bola como se estivesse no começo da carreira, querendo dar um chute na pobreza, sonhando com a fama, a fortuna e a camisa amarela do Brasil, não é impossível que a seleção saia mais cedo da sua Copa.

Se isso acontecer, a Colômbia pode assumir até o papel principal.

Brasil dá sorte e se livra do clássico contra o Uruguai

Com o Uruguai fora do caminho, a seleção brasileira está na fase semifinal da Copa.

A frase acima é audaciosa e provocativa. Os admiradores da Colômbia vão saltar igual milho de pipoca no azeite quente.

Primeiro, o Uruguai foi eliminado muito mais em função de seu melhor jogador, um mordedor reincidente, do que pelo futebol dos colombianos, que vêm de um grupo fácil.

Segundo, Suárez é fundamental para os uruguaios. Quase tanto quanto Neymar e Messi para suas equipes.

Para sorte dele, a Fifa aplicou-lhe uma punição tão exagerada que colocou o agressor na posição de vítima, e só por isso ele foi recebido com festa no Uruguai. Fosse um jogo só de penalização, já suficiente para facilitar a vida da Colômbia, Suárez seria amaldiçoado pelos torcedores uruguaios por ter deixado o time na mão e sepultado o sonho de macaranazo.

Pelo jogo que vi hoje entre uruguaios e colombianos, fiquei convencido de que os nossos irmãos do sul, com Suárez, bateriam o adversário e enfrentariam o Brasil.

Mesmo sem seu goleador, o Uruguai criou boas chances de gol, mais do que a Colômbia. Aliás, excelente esse goleiro colombiano.

Assim, se o Brasil repetir o que jogou, ou não jogou, contra os chilenos, vai passar pela Colômbia. O Chile é superior a Colômbia. E talvez superior ao Uruguai. Talvez.

Mas acho difícil que o Brasil volte a jogar tão mal. Até porque os colombianos não têm essa marcação obsessiva e bem organizada no meio de campo, o que obrigou a equipe de Felipão a abusar da ligação direta. Quem diria, o futebol que já teve os melhores meio-campistas do mundo hoje não consegue trocar quatro ou cinco passes na transição defesa/ataque.

Falta muita coisa ao Brasil. A começar por dois laterais convincentes, confiáveis. Daniel Alves, então, é um perigo. Felipão parece que, hoje mais velho, gosta de viver perigosamente. Ele não era assim. O Maycon deve estar treinando muito mal para não ser escalado. Ou então Daniel é o chamado ‘bom de grupo’.

Os volantes são bons, eficientes, cumprem bem suas tarefas. Mas nada de excepcional. O que falta ali é um cara que comande as ações, os movimentos. Um articulador. Deveria ser Oscar esse jogador. Mas Oscar não tem personalidade para colocar a bola debaixo de braço. Por isso, ele é o que sempre foi na seleção, um coadjuvante, quase inexpressivo nesta Copa.

Assim, sem um meia para organizar, eu escalaria três volantes para fechar o meio, proteger melhor a defesa e marcar a saída de bola dos colombianos, que eles vão se atrapalhar.

Eu sacaria Oscar. Mas Felipão poderia armar um ataque sem centroavante, porque os dois que ele convocou – e não havia outros melhores – não estão bem. Aí, o time poderia ter Oscar, Neymar e Hulk.

Mas quem sou para ensinar Felipão?

Vale destacar, ainda, que os dois laterais afunilam muito o jogo. Eles não conseguem correr rente à lateral do campo para buscar a linha de fundo. Parece campo minado para eles. E aí, com poucas jogadas de fundo, sofrem os centroavantes. Uma coisa puxa a outra. Tudo está interligado.

Apesar dos problemas, já projeto o Brasil nas semifinais.

JULIO CÉSAR

Foi emocionante ver Júlio César tão contestado por muita gente mostrar que continua sendo um grande goleiro. Boas defesas durante o jogo e herói nos pênaltis. Defendeu dois e serviu de inspiração para os companheiros. Comovente, no final, o abraço de Victor no colega. O que dizer, então, do desabafo de Júlio César? Chorei com ele. Vibro quando alguém consegue dar a volta por cima, passar de ‘vilão’ a herói, mesmo depois de quatro longos anos.

COLÕMBIA

James Rodriguez é o queridinho da vez. É o goleador da Copa. Marcou gol nos quatro jogos disputados. Eu ainda não havia prestado muita atenção nos colombianos. Todos destacavam o James, que joga no Monaco e tem 22 anos.

Realmente, muito talentoso. Mas não é muito participativo. Muitas vezes fica parado, não se desloca muito. Fica esperando a bola no pé. Bem, quando a bola chega nos pés dele em situação de concluir, aí é tudo com ele mesmo.

Marcou um belo gol no primeiro tempo e, depois, bem colocado na pequena área, concluiu para a rede, fazendo 2 a 0.

O time colombiano é bom, mas pelo que vi até agora está abaixo do Chile. Se Felipão ajustar o time, passa até sem muita dificuldade.

ARBITRAGEM

Eu que pensava que o Brasil seria beneficiado pelas arbitragens estou surpreso. O juiz de hoje esteve muito bem, inclusive ao anular o gol de Hulk. Se fosse mal intencionado, talvez validasse o lance.

Patético foi ouvir o Arnaldo, na Globo, dizer que Hulk não ajeitou a bola com o braço.

SIMON

Sempre que há uma prorrogação lembro do Carlos Simon. É mais forte do que eu. Não consigo esquecer aquele jogo em Campo Bom, decisão do Gauchão, em que ele não deu um minuto sequer de acréscimo, nem sequer parou o cronômetro na virada de lado das equipes.

Não sei se ele trabalhou no jogo. Será que ele criticou o juiz por dar acréscimo e parar o cronômetro? Claro que não, porque seria demitido na hora.

Cartão vermelho pra ele.

Zidane e Suárez: dois pesos, duas medidas

Fifa afasta qualquer risco de um novo ‘maracanazo’, sonho – ou delírio – acalentado por dez entre dez uruguaios.

A rigorosíssima punição aplicada a Suárez pela ridícula mordida no italiano Chiellini praticamente elimina os nossos simpáticos vizinhos. Se com Suárez já seria difícil passar pela Colômbia, sem o atacante não há chance.

Não resta dúvida de que o uruguaio merecia mesmo uma punição. Mas acho que um jogo estaria de bom tamanho. Quem acompanha a Copa – e quem não acompanha? – viu que vários jogadores, entre eles Neymar, aplicaram cotoveladas e seguem na competição.

Eu tenho muita má vontade com a Fifa. Não confio nessa entidade. Não consigo deixar de desconfiar de qualquer atitude dos senhores que comandam o futebol mundial sem a devida e necessária transparência.

Sempre vejo sacanagem em cada passo da Fifa, em cada decisão, em cada palavra. Sempre.

No caso de Suárez, pra mim já punido pela enorme visibilidade de seu gesto grotesco que pode inclusive prejudicar sua carreira, estou convencido de que se fosse algum jogador da Alemanha ou da Itália, por exemplo, a punição, em igual circunstância, inclusive pela reincidência, seria muito menor.

Mais ainda: se fosse o Neymar a morder um adversário acho que a punição seria de um jogo. No Máximo. Talvez ficasse apenas na multa, que de dinheiro a Fifa não abre mão.

Alguém pode pensar que estou exagerando. É possível.

Mas recorro a um lance igualmente absurdo e inusitado também em Copa do Mundo para contribuir com a minha ‘tese’:

a punição sofrida por Zidane pela violenta e descabida cabeçada em Materazzi na final da Copa de 2006, vencida pela Itália, foi de TRÊS jogos – que ele sequer cumpriu porque abandonou o futebol – mais a ‘fortuna’ de 7.500 francos suiços – pouco mais de 13 mil reais na época.

A multa aplicada ao Uruguai, um país rico como se sabe, é de 100 mil francos suíços!!!

A Fifa promoveu uma audiência com os dois jogadores, o que ela poderia ter feito agora entre os dois jogadores envolvidos.

“Durante a audiência, os dois jogadores se desculparam pelo comportamento inadequado e demonstraram arrependimento pelo incidente”, disse a Fifa em comunicado à imprensa.

Assim age a Fifa, sempre pendendo para os europeus. É histórico isso.

Fosse mesmo uma entidade neutra nessa relação sulamericanos/europeus, a Fifa não teria permitido a manobra do PSG para retirar Ronaldinho do Grêmio.

Mas essa é a Fifa, entidade vetusta, milionária, que decide essencialmente com base em seus interesses.

A mesma Fifa que rebaixou o Inter – durou algumas horas – por falta de pagamento de uma dívida, algo que jamais faria com algum clube europeu.

E assim vai o futebol mundial a reboque dos ‘honoráveis’ velhinhos da Fifa, colegiado que já contou com gente do nível de um Ricardo Teixeira, que ficou milionário no futebol sem sequer saber chutar uma bola.

Brasil precisa um time com a cara do velho Felipão

Se der a lógica da primeira fase, Chile elimina o Brasil e México manda a Holanda mais cedo pra casa.

No futebol, são normais os resultados surpreendentes. Em Copa do Mundo, eles ganham maior destaque. Só isso.

Agora, nos jogos realmente decisivos, normalmente pesa muito a camiseta, a tradição. Não que garanta a vitória, mas é uma vantagem. No caso do Brasil, a favor tem ainda a torcida, que pode fazer a diferença.

Então, projeto vitória do Brasil sobre o Chile, até porque tem uma equipe bastante superior, e vitória da Holanda. Claro, tudo com muita dificuldade.

A GOLEADA

A goleada de 4 a 1 sobre Camarões deve ser comemorada, mas não pode mascarar uma realidade: o sistema defensivo como um todo é uma gloriosa peneira.

Camarões, a pior seleção do torneio, entrou com facilidade na área no primeiro tempo. Felipão, atento, percebeu isso e corrigiu. No segundo tempo, os africanos quase não ameaçaram, enquanto o Brasil, com e também sem Neymar – outra vez o grande destaque – continuou criando chances de gol.

O Brasil tem dois laterais inconfiáveis em termos defensivos, em especial o Daniel Alves. No lance do gol africano, ele foi driblado. O Pará não faria pior. O problema é que Maicon não tem treinado bem, segundo o noticiário.

Com dois laterais tão instáveis, é uma temeridade jogar apenas com dois volantes. E isso está aparecendo até contra adversários de porte menor.

O meio de campo com Luiz Gustavo, Fernandinho e Ramirez se mostrou mais eficiente e equilibrado. Paulinho tem sido uma decepção, mas acho que ele renderia muito mais se tivesse dois volantes com ele.

Pelo jogo de hoje contra Camarões, eu sacaria Oscar. Foi muito discreto para quem tem a incumbência de trabalhar a bola no meio e articular. Seu único momento de brilho foi no gol de Fernandinho, quando ele deu o toque que deixou o jogador na cara do goleiro.

Outro que está devendo é Fred. Talvez fosse o caso de jogar sem um atacante de referência, aproveitando a genialidade de Neymar. E aí mantendo Oscar. Hulk também não justificou sua convocação, apesar do esforço.

Penso que contra adversários mais qualificados será preciso fortalecer o meio de campo, onde apareceu um vazio muitas vezes, o que determinou a ligação direta defesa-ataque.

Contra Camarões, tudo bem. Quero ver contra uma Holanda ou uma Alemanha. Ou até contra o Chile.

Mas quem decide é o Felipão e eu imagino que ele saiba o que está fazendo.

Só não estou gostando desse esquema um tanto faceiro, que não é exatamente a cara do Felipão, pelo menos do velho Felipão.