A grande noite do goleiro injustiçado e a sorte do ‘aipim’

Com duas defesas nas cobranças de pênaltis, Marcelo Grohe salvou a pele do ‘aipim’ Braian Rodrigues, que havia errado na sua vez, e calou – ao menos até o próximo jogo – a corneta de um punhado de gremistas ingratos e apressados na caça a culpados por resultados negativos.

Marcelo Grohe. O nome do jogo. O nome da classificação do Grêmio na única competição em que tem alguma chance de título neste ano. Havia quem defendesse a sul-americana e torcia para o Grêmio cair diante do Criciúma.

No programa Sala de Redação ouvi, com espanto e incredulidade, o sr Cacalo defendendo sutilmente a eliminação do Grêmio para que, assim, fosse para a sul-americana. Cacalo e os seguidores dessa tese estapafúrdia terão de aguentar pelo menos mais uma fase da Copa do Brasil, onde, imagino, voltarão a secar o Grêmio em nome de uma competição de longas viagens e adversários nem tão fracos quanto apregoam. (OBSERVAÇÃO: esqueci que essa possibilidade de sul-americana agora está superada. Que bom!)

Realmente, não sei se o Grêmio vai muito longe na Copa do Brasil. Até acredito que não vai por falta de time e, pelo que tenho visto, por erros de Roger Machado nas substituições. 

Não dá pra entender, mesmo com toda a boa vontade, a substituição de Giuliano por Fernandinho. Ele teve seus segundos de glória ao cavar a expulsão de um adversário logo que entrou. Depois, foi aquela inutilidade irritante.

Fernandinho ao menos acertou sua cobrança de pênalti. Menos mal. Tenho medo de canhoto batendo pênalti, trauma deixado por Éder num Gre-Nal de 1978.

O Grêmio não fez grande partida mais uma vez. Mas venceu, e isso é o que importa. O Criciúma fez por merecer melhor resultado. Mas o Grêmio teve chances de liquidar o jogo. Faltou, de novo, acabamento melhor nas jogadas. Luan, por exemplo, perdeu o lance do jogo, após lançamento precioso de Douglas, que manteve um bom ritmo ao logo do jogo, com acertos e erros como todos os demais.

Geromel foi o melhor em campo. Erazo foi um bom companheiro de zaga. Os laterais foram eficientes. Os dois volantes em bom nível. Wallace levou um amarelo ao cometer falta desnecessária.

Luan foi o melhor do meio pra frente, mas também alternou bons e maus momentos. Pedro Rocha, autor do gol – jogada de Giuliano com Luan -, voltou a jogar bem.

Assim vai o Grêmio, entre altos e baixos. Com dois ou três reforços teria boas chances de um grande título.

Fora isso, é acreditar assim como quem acredita em Papai Noel.

ERROS HUMANOS 

O Inter joga pelo empate no México. Se continuar sendo favorecido por erros de arbitragem, estará na final da Libertadores. O River Plate já garantiu sua vaga ao eliminar o Guarani do Paraguai.

O normal nos erros de arbitragens é que eles ocorram para os dois lados. Curiosamente, esses erros humanos estão beneficiando apenas o Inter em seus confrontos.

Assim como os passes dos adversários para gols colorados e falhas grotescas como as de Renan, estas pelo Brasileirão. 

Questão de sorte. E de competência. 

Mas não há sorte que sempre dure. E às vezes aparece alguém mais competente. 

Agora, se eu tivesse que apostar, jogaria todas as fichas na classificação do Inter. Mais sortudo e mais competente que o gatinho mexicano.

Grêmio faz ‘jogo do ano’ em Criciúma

O Grêmio faz o jogo do ano contra o Criciúma. É o jogo que pode manter vivo o sonho de terminar 2015 com um título nacional.

Depois, restará a aridez do Brasileirão, uma competição cheia de truques e armadilhas. De um momento para o outro é possível despencar do céu para cair no inferno.

Penso que a direção projetou mal a temporada. Não trabalhou com foco na Copa do Brasil. Não posso acreditar, por exemplo, que o clube tenha contratado um Vitinho para enfrentar os desafios da competição e resolver a questão da falta de efetividade ofensiva.

Está certo que o início de Roger Machado, com cinco vitórias seguidas, iludiu muita gente. Eu mesmo fiquei empolgado, mas nunca parei de insistir que era e é preciso reforçar o grupo em qualidade e quantidade. O inverno, como a gente está vendo, é cruel e rigoroso, pune os ribeirinhos com enchentes assustadoras assim como não perdoa os dirigentes que não tomam as providências necessárias na hora certa, e ficam postergando soluções. No caso do Grêmio até com alguma razão diante da crise financeira que corrói o clube.

O fato é que o Grêmio, realmente sem o preparo adequado e talvez extasiado com os resultados que vinham sendo obtidos, largou perdendo por 1 a 0 dentro de sua própria casa. Inaceitável. Resta agora buscar a classificação no sempre hostil estádio do Criciúma.

O time vai completo – sem Rodolpho, que está indo embora faz dias. 

Eu acredito na vitória e na classificação. O adversário é guerreiro, é aplicado, mas é inferior a vários times que o Grêmio bateu recentemente.

No caso de eliminação, restará cumprir tabela no Brasileirão e buscar uma colocação digna. É o máximo que se pode exigir do grupo atual. É lógico que tudo pode mudar se vierem reforços de qualidade, o que não é fácil.

Roger Machado já tirou desse grupo o que tinha pra tirar. Acreditar que ele pode mais é pensamento mágico, quase um desvario.

Roger merece ser presenteado com dois ou três bons jogadores. Se isso acontecer, será possível brigar pelo G-4 e até por título na Sul-Americana.

Mas, hoje, o que temos é esse jogo terrível contra o Criciúma.

Nem sempre se pode calar o Maracanã

Perder do Flamengo no Maracanã lotado, ou quase, não é demérito. O Grêmio, no primeiro tempo, foi até superior ou ao menos manteve uma disputa equilibrada. O que não é pouca coisa.

Não é sempre que se pode calar o Maracanã.

Tudo começou a desandar quando o Flamengo fez o seu gol, o que gol que seria o da vitória. O gol de um goleador, de um matador: Guerrero. Havia quase uma dezena de jogadores na pequena área depois de sensacional defesa de Marcelo Grohe, num cabeceio à queima-roupa. A bola afastada com a mão pelo goleiro caiu justo no pé de quem? Do matador, do goleador, porque a bola sempre cai no pé de um predestinado.

Um predestinado que o Grêmio não tem, e faz tempo. Fosse o lance na área do Flamengo, a bola não cairia nos pés de nenhum jogador do Grêmio, porque o Grêmio não tem um sujeito bom e rabudo como esse Guerrero.

Vejamos Braian Rodrigues, um  centroavante de poucos gols em sua longa trajetória. Acho que a bola nunca caiu nos seus pés assim de presente como aconteceu com Guerrero. Braian não tem a estrela de um matador, de um goleador. Jardel, por exemplo, tinha estrela. Fred tem estrela, vira e mexe a bola cai nos pés dele, é só empurrar.

Mas o Grêmio não perdeu porque não tem um goleador. Também por isso, mas não é só por isso.

O grande problema é a falta de grupo mais qualificado. Pegue o time reserva do Inter, esse que venceu o Goiás por 2 a 1, com a ajuda do goleiro Renan – por que não me surpreendo? Se a gente olhar bem uns três ou quatro entrariam de cara no time titular do Grêmio. A começar pelo Rafael Moura, que não joga grande coisa, mas quando a chance surge ele normalmente marca.

No Grêmio, quando a chance surge, normalmente o gol é perdido. Brutal diferença.

Sei que estão  culpando o Grohe pela derrota. Ele deveria ter saído na lance do gol, dizem. Pode ser. Os ombros dos goleiros são largos. Victor que o diga. Grohe não vai jogar contra o Sport. Chance para Thiago mostrar que pode ser titular, como querem alguns. Sei de gente das internas do Grêmio que quer ver o Grohe longe. Futebol é assim.

O goleiro fenomenal está virando frangueiro. Por que será? É óbvio que é o time. Um time instável e com carências técnicas tanto falha até que perde. 

Hoje foi Grohe, até aceito. Mas e os outros todos que erraram? 

Vamos ver até quando Roger Machado vai insistir com Douglas, com outra atuação pífia. 

Por que colocar Vitinho ‘o-que-é-que-estou-fazendo-aqui?’. Ah, não tem outro? Entre Vitinho e Braian, antes o uruguaio. Mas só isso já mostra a falta de qualidade e quantidade, principalmente agora com a lesão de Mamute.

Vamos aguardar que nos próximos jogos Roger aproveite Maxi Rodriguez – alguém no comentário anterior usou meu nome para dizer que ele está indo para o Criciúma – e Lincoln.

Não resta dúvida de que Roger tem muito trabalho pela frente. Depois de cinco vitórias seguidas, o time tem agora três derrotas em quatro jogos.

Na minha opinião, acendeu o sinal de perigo.

A decepção de Sobis e a máquina de moer ídolos

Rafael Sobis foi surpreendente ontem à noite, no Beira-Rio. Surpreendente ao menos para mim, que não esperava tamanho empenho de um jogador tão identificado com seu ex-clube diante de 45 mil torcedores que um dia vibraram com os gols de Sobis.

Não duvido que a atuação digna, profissional e competente de Sobis num jogo tão importante para o Inter tenha contribuído para Sobis ser mais um a ser triturado pela máquina de moer ídolos colorados.

Confesso que vi poucos minutos do jogo em que o Inter bateu o Tigres por 2 a 1. Quando liguei a TV a tela mostrava D’Alessandro de braços erguidos no gramado, e a torcida exultando. Pensei que era o Inter entrando em campo. Não, recém havia ocorrido o gol dele, o primeiro gol do Inter. Em menos de cinco minutos. Desabei no sofá e fiquei mais alguns minutos diante da TV, olhos esbugalhados com a ruindade do Tigres, ao menos naquele momento. Em seguida, o segundo gol. Em ambos os gols, descuidos amadorísticos de um time que teoricamente deveria trabalhar pelo empate, que seria um ótimo resultado para o visitante. 

Foi mais ou menos nesse período que Sobis foi para cima de Geverson, o lateral de Dunga, após levar uma entrada maldosa por trás, lance para cartão amarelo. Pensei com meus botões: o Sobis está cavando uma expulsão para ajudar o seu time do coração. Sim, paranoia minha, teoria da conspiração, sim. Estou envergonhado por pensar tão mal do Sobis, que depois se revelou um jogador perigoso para o Inter, inclusive fazendo a jogada do gol do Tigres, um gol que só vi hoje, porque desliguei a TV assim que o Inter abriu vantagem de 2 a 0 em menos de dez minutos.

Então, me parece que eu e a torcida colorada projetamos a atuação de Sobis da mesma forma. Não esperávamos um Sobis tão interessado em vencer o ex-clube.

A diferença é que eu aplaudo a atuação de Sobis, que, na verdade, nada mais fez do que cumprir sua obrigação profissional. Já o colorados ficaram indignados, se sentiram traídos.

O fato é que Rafael Sobis, herói de duas Libertadores coloradas, saiu de campo vaiado e ouvindo xingamentos de tudo que é tipo. Ele visívelmente ficou chateado, decepcionado. “Vaia é normal, xingamento não”, disse ele, ressentido.

Agora, Sobis não precisa ficar assim tão magoado. Ele passa a integrar a galeria dos ídolos que em algum momento foram massacrados pela própria torcida. No Inter, a lista é extensa, e tem alguns nomes graúdos, por exemplo: Dunga, Falcão e Fernandão.

Ídolos gremistas também já sofreram tratamento um tanto cruel e com certeza ingrato. É o caso, acreditem!, de Renato Portaluppi, Felipão e até Fábio Koff. Nada menos que o trio mais vitorioso da história do clube. Mesmo assim, é evidente que o Grêmio trata melhor seus ídolos na relação com o Inter.

Mas faz parte: o torcedor em geral é um moedor de ídolos, que somente são ‘absolvidos’ com a morte. E aí passam a ser reverenciados até o fim dos tempos. 

O JOGO

O Tigres levou dois gols de forma ridícula. O primeiro, então, foi um absurdo. Abriu-se uma clareira diante da grande área, D’Alessandro ficou completamente livre para chutar. Depois, o gol de Valdívia, que só aconteceu porque desviou no caminho. Mas vale. Depois, o Tigres equilibrou. Teve, bem no começo do segundo tempo, uma expulsão que me pareceu justa pelo que vi na internet, mas isso se o zagueiro mexicano já tivesse um cartão amarelo. Vermelho direto, nunca. Não fosse a expulsão, acredito que o Tigres até virasse o placar. Teria ocorrido, ainda, um pênalti contra o Inter, mas esse lance eu não vi nos compactos do jogo.

Previsão: se as arbitragens continuarem com seus erros humanos só contra os rivais, o Inter será campeão da Libertadores. Se pararem os erros humanos, o Inter vai entrar numa espiral negativa com consequências inimagináveis.

Grêmio consegue complicar classificação na CB

Não sei o que é mais revoltante, se a derrota diante do Criciúma – eu disse Criciúma – em plena Arena, ou a satisfação de alguns gremistas, que querem ver o time focado no Brasileirão sem nenhuma chance de título e/ou na Sul-Americana com suas viagens longas e desgastantes enquanto disputam a competição nacional sabe-lá em que situação mais adiante.

A derrota por 1 a 0, num raro lance de ataque dos catarinenses, pode ser revertida. Esse Criciúma é ruim, é um time que pediu para ser goleado. E não escaparia de uma derrota, talvez até por goleada, se a pontaria dos meias, laterais e atacantes do Grêmio não fosse tão ruim. Foram chutes péssimos de média, curta e longa distância. E quando houve acerto no belo gol de Pedro Rocha – talvez o melhor do time nesta noite -, um bandeirinha pouca prática tratou de anular, marcando impedimento. Se corrigir a pontaria com muito treinamento o Grêmio liquida o tigre na próxima terça.

Restou, ao menos, uma lição desse jogo frustrante para os gremistas que vislumbram na Copa do Brasil a melhor oportunidade de título ainda neste ano: a prova de que o Grêmio não pode ambicionar nada enquanto não tiver alguém com mais competência para fazer gols, aproveitando as inúmeras situações de ataque que são criadas desde a chegada de Roger Machado. Cabe à direção tomar providência imediata para contratar um atacante experiente, goleador.

Se possível, cabe à direção também manter Rodolpho, embora isso seja tão difícil quanto continuar na Copa do Brasil depois da decepcionante atuação diante do tigre catarinense. Um tigre cometeu o crime. Vamos ver como se sai o outro, o mexicano.

Por fim, meus parabéns a todos os gremistas – felizmente, não muitos – que torceram de ‘sangue doce’, pouco se importando com o resultado, alguns até torcendo pela eliminação da Copa do Brasil porque acham que a Sul-Americana é mais fácil. Sim, há quem pense dessa forma. O futebol é empolgante também por isso: aceita tudo.

 

Concentração total no Criciúma e na Copa do Brasil

Percebo em alguns setores um certo relaxamento em relação à Copa do Brasil.

Foco total no Brasileirão. O torneio fica em segundo plano, um estorvo. Seria ótimo para observar reservas, poupando alguns titulares para o que seria mais importante: o Brasileirão.

Também acho que o campeonato nacional tem mais status, tem mais representatividade. Mas a consequência é a mesma: a Libertadores.

Não concordo com essa tentativa de negligenciar a Copa do Brasil, algo que o Grêmio ao que parece não está fazendo. Há quem lembre que uma eliminação agora diante do Criciúma é compensada por uma vaga na Copa Sul-Americana, na qual também há chance de Libertadores.

Sou da opinião que o Grêmio, que não ganha quase nada há 14 anos, precisa ir com tudo em todas as competições. Mais do que isso: tem obrigação de brigar pelo título e, a propósito, de nunca entrar em campo pensando no empate fora, o tal um pontinho que o cornetadorw ataca com ferocidade.

Neste momento, considero a Copa do Brasil mais fácil de conquistar que o Brasileirão.

Todos estão vendo – ou deveriam ver – que o grupo atual é insuficiente para conseguir performance de alto nível numa competição tão longa e desgastante. 

Se o Grêmio tivesse, por exemplo, as condições do Atlético Mineiro, eu pensaria diferente.

Na condição atual – perdendo o capitão Rodolpho -, vejo o Grêmio em condições de ambicionar no máximo uma vaga no G-4. Título nem por milagre. Respeito a empolgação de alguns, mas título do Brasileirão está fora de cogitação. 

Hoje, não tenho dúvida de que a Copa do Brasil está mais ao alcance. Sei que há adversários fortes pela frente, o próprio Criciúma tem condições de complicar, ainda mais se o time de Roger Machado não for a campo com a mesma determinação que mostrou contra o Vasco e na maioria dos últimos jogos.

É importante que a torcida ‘compre’ essa ideia e vá à Arena pensando no título da Copa do Brasil.

Afinal, com apenas oito jogos é possível voltar a comemorar um título nacional e lotar de novo a Goethe, espaço inaugurado pelo tricolor e depois copiado pelos de sempre.

Portanto, concentração total pelo título da Copa do Brasil. O resto fica pra depois.

TIGRES

Pois o adversário do Inter está tão concentrado que deixou para trás um atacante.

Não levo fé nesse time mexicano. Ainda mais que um de seus destaques é Rafael Sobis.

Não consigo imaginar o Sobis fazendo gol no Inter. Não consigo. 

Dá gosto ver o Grêmio jogar

O Grêmio mostrou que a derrota diante da Chapecoense foi um acidente de percurso. Bateu o Vasco de Celso Roth por 2 a 0 ao natural, confirmando seu favoritismo perante um time que está seriamente ameaçado de cair.

Agora, se ficou claro que perder para o esforçado e digno time de Chapecó foi um ‘crime’, também ficou comprovado, ao menos pra mim, aquilo que praticamente todos os gremistas, ao menos os mais sensatos, avaliam: o Grêmio com o técnico Roger Machado tem um time forte, mas falta grupo para almejar o título.

No jogo anterior, o Grêmio sentiu muito a falta de Wallace. Edinho se esforçou, mas não tem a mesma qualidade, nem o mesmo vigor físico. A dupla Wallace/Maicon tem sido talvez o ponto mais forte do time, protegendo a defesa e também saindo de trás com uma bola mais limpa para Douglas, Luan e Giuliano.

Fora isso, o gol da Chapecoense talvez não tivesse acontecido se Rodolpho, muito bem entrosado com Geromel, estive em campo. Geromel e Erazo, que considero um zagueiro de bom nível, não têm o mesmo entrosamento que a dupla titular. E esse é um problema. Contra o Vasco, o sistema defensivo não foi muito exigido, em parte pela crise que atinge o clube de Euricão. A perda de Rodolpho poderá resultar em consequências nefastas ao time, ao menos em termos de briga pelo título.

Independente disso, a atuação tricolor contra o Vasco mostrou que o time está começando a alcançar maturidade. Não fosse isso, as dificuldades contra o Vasco, que tem bons jogadores, seria muito maiores. O time superou o trauma de perder da modesta Chapecoense e também mostrou que pode vencer com a camisa tradicional, que estava escanteada por causa da série de vitórias com a camisa de design diferenciado e que está provocando muita inveja nas redondezas. Estou convencido de que se o Grêmio seguisse vencendo nunca mais seria utilizada a camisa tricolor. Superstição é isso. Faz parte.

Sobre Luan não há muito mais o que dizer. Ele continua exagerando nos dribles e segue chutando mal. Mas é uma alegria ver esse guri jogar. Tempos atrás escrevi que o Grêmio não tinha nenhum jogador que a gente poderia dizer: “Vou à Arena para ver o fulano jogar”. Hoje, nós temos. Temos Luan Show.

Fico pensando como irá reagir o time quando não puder contar com Luan, por lesão ou suspensão. Um baita problema. Vale o mesmo para Giuliano, que, para mim, foi o melhor na partida contra o Vasco. Luan fica em segundo lugar porque foi individualista demais em vários momentos.

A metida de bola que Giuliano deu para Pedro Rocha fazer o segundo gol é coisa de provocar inveja em Douglas, que até jogou bem, mas não está mais conseguindo ser feliz nas enfiadas de bola.

Giuliano, além de jogador diferenciado, mostra que é um cara legal. Nas entrevistas, fez questão de ressaltar que a jogada do gol começou com uma roubada de bola de Edinho. É o tipo de atitude, de comportamento, que aglutina, que soma. É assim que nasce um grupo unido e vencedor. Giuliano é bom também fora de campo.

Então, nesse quadro começa a reluzir o futebol de Pedro Rocha. O guri jogou demais. E o gol que marcou é coisa de atacante experiente, frio, cruel, que espera o goleiro dar o bote para meter por cima, de bico. Coisa de gente grande. Coisa de goleador nato.

Esse é o Grêmio que Roger conseguiu armar em tão pouco tempo. Pode não ganhar nada – tem também a Copa do Brasil nesta terça-feira -, mas ao menos hoje a gente pode dizer que dá gosto ver o Grêmio jogar.

INTER

O time reserva do Inter foi melhor que a encomenda. Somou três pontos fora de casa e se afastou da zona de rebaixamento. Foi 2 a 0 sem muito esforço. Esse time do Joinville é ruim por demais de conta. Não sei se joga sempre assim, mas é um time que realmente não tem condições de jogar na série A. O resultado tranquiliza o ambiente para o jogo contra o Tigres.

O curioso é que todos os titulares e seus reservas imediatos estão aptos a jogar na quarta-feira. Até Alex voltou a treinar. O planejamento de Aguirre está dando certo, ao menos nesse aspecto. Calam-se as cornetas vermelhas da imprensa gaudéria.

Chapecoense rompe série vitoriosa do Grêmio

Até Bruno Rangel saltar completamente desmarcado e fazer o gol que deu a vitória à Chapecoense nenhum gremista estava aceitando o ponto fora de casa, ainda mais no embalo de uma bela sequência de cinco vitórias. 

Ai do Roger Machado se tentasse fechar mais o meio de campo e garantir o empate amigo! Eu mesmo só pensava numa coisa naquele momento, antes do gol: os três pontos. Ficar satisfeito com um empate contra o modesto clube catarinense? Nunca! Nunquinhas!

Nos minutos que se seguiram, diante da palidez ofensiva tricolor, tudo o que os gremistas queriam era aquilo que pouco antes desprezavam com todas as suas forças: o pontinho fora.

O futebol tem dessas coisas, aparentemente contraditórias. Faz parte. O torcedor sempre quer a vitória, e só admite o empate quando a derrota se aproxima com cara de inevitável.

O técnico gremista errou ao substituir Luan, a não ser que o meia/atacante estivesse sentindo alguma lesão. Pouco antes ele havia sofrido uma falta e ficou estendido no gramado. 

Se foi opção técnica/tática trocar um lapidador de diamantes pelo força bruta de Mamute estamos diante de um erro. Mamute deveria ter entrado no lugar de Pedro Rocha. Ou, se o negócio era mesmo apostar todas as fichas na vitória, trocar pelo Edinho, que passou o jogo trotando diante da área. Alguém lembra de um desarme do Edinho? Deve ter ocorrido, claro, mas eu não lembro. Roger poderia ter colocado, também, o Mamute no lugar de Douglas, que foi bem marcado e quase não teve espaço para enfiar a bola, e quando o fez errou. Agora, nunca sacar Luan para colocar Mamute.

Depois, Braian e Fernandinho. Substituições naturais diante das circunstâncias. Mas que não deram resultado, até pelo pouco tempo que eles tiveram para jogar, e quanto o time realmente já não acertava mais nada diante de um adversário que armou um ferrolho na frente da área.

Foi uma derrota evitável. Pelo primeiro tempo, era possível sair vencedor. Num lance só a bola encontrou a trave duas vezes. Mas no segundo tempo o time não se achou em campo. Marcelo Grohe fez duas defesas milagrosas. Depois, não conseguiu o evitar o cabeceio/chute de Rangel, um centroavante aipim, ou mandioca que está mais na moda depois da saudação da presidente Dilma. O gol foi a prova de que um centroavante mandioca quando bem explorado pode fazer toda a diferença.

Sábado, é dia de fazer o Vasco do nosso ‘amigo’ Roth pagar os três pontos perdidos em Chapecó. Wallace, que fez muita falta, estará de volta. O problema é Rodolpho, que está mesmo indo embora.

D’Ale tenta desviar o foco da crise técnica

O inquieto D’Alessandro soltou o verbo em seu portunhol característico para pedir que os torcedores do Inter, um tanto acabrunhados pela série de resultados negativos e atuações preocupantes – para eles, colorados -, parem de ouvir rádio e ler jornais, e sigam seu exemplo: joguem playstation com o filho.

O camisa 10, que não é bobo, muito ao contrário, só esqueceu de sugerir aos colorados que não olhem a tabela de classificação do clube no Brasileirão, competição que o Inter não vence desde 1979 – e lá se vão 35 longos anos. Trinta e cinco. Lembro-me que o presidente Piffero, em atividade misteriosa na Europa, prometeu que neste ano o Inter brigaria pelo título do Brasileirão, onde o time milionário que montou está a 3 pontos da zona de rebaixamento e a 10 pontos da liderança.

Ao culpar a mídia esportiva de estar exagerando nas críticas – todas, aliás, pertinentes -, D’Alessandro chama ‘o jogo para si’, como costuma fazer dentro campo. Tira o foco do time e, principalmente do treinador amigão, sempre disposto a dar folga para os jogadores, em especial o líder do grupo. Como não defender o técnico que o poupou de uma desgastante e chata viagem cheia de escalas a Recife?   

O problema é que D’Alessandro acabou assumindo um compromisso perante o torcedor. O compromisso de mostrar que o time está bem e que, apesar dos últimos insucessos, tem tudo para se recuperar no Brasileirão e, especialmente, buscar o tri da Libertadores, e que tudo o mais é coisa da imprensa.

Agora, o argentino enfezado vai ter que começar a mostrar jogo já a partir desta quarta-feira, contra um Flamengo que vem aí disposto a cometer um crime. Se não conseguir, as vaias ouvidas domingo poderão ocorrer de novo, só que mais intensas. E aí, irritado, D’Alessandro talvez volte a ameaçar, com as veias do pescoço dilatadas, que pode ‘pular da barca’ se a torcida estão tão insatisfeita.

 

ÍNDIO CONDÁ

No local onde o Inter levou 5 a 0 recentemente, o Grêmio tem tudo para consolidar sua posição no topo da tabela, e quem sabe até assumir a liderança. Será quase como jogar na Arena. Há muitos gremistas em Chapecó.

A Chapecoense faz boa campanha e tem conseguido alguns resultados surpreendentes – nenhum, porém, como a goleada sobre o Inter no Brasileirão passado.

Se o Grêmio conseguir manter a pegada e a compenetração que vem apresentando, ganha o jogo.

Wallace é um desfalque importante, mas Edinho já mostrou que pode dar conta do recado.

Roger Machado é mesmo um milagreiro.

Grêmio marca território na ponta de cima

Há algum tempo venho dizendo que os ventos estão mudando. A nau gremista navega a pleno em águas tranquilas, levada por ventos fortes e constantes. E ainda sob a benção dos deuses do futebol.

Antes que alguém pense que tenho bola de cristal ou algo parecido, informo apenas que estou sempre atento aos sinais. Não acredito em coincidências. As coisas acontecem com um objetivo, que muitas vezes não identificamos de imediato. 

Até pouco tempo atrás percebia sinais que encaminhavam o Inter para o tri da Libertadores. Hoje, os sinais indicam outra realidade. Quais sinais? Ora, estão muito claros, e não tem a ver só com o desempenho dentro de campo.

No caso do Grêmio, desde a posse de Roger como treinador que todos os sinais apontam para o crescimento do time. Tudo dá certo, como se Roger tivesse o dom de transformar pedra em ouro. Jogador inconfiável em jogador útil e até importante.

Foi o que vimos na Vila Belmiro. O volante Edinho, ainda fora de forma e com ares de superado, parece ter renascido. Antes do jogo, eu escrevi que se o Grêmio vencesse o Santos com Edinho de titular seria um sinal poderoso de que o Grêmio vai ser campeão brasileiro neste ano de 2015, afastando de vez este ciclo perverso de derrotas e frustrações.

O Grêmio não apenas venceu o Santos por 3 a 1 como poderia ter aplicado uma goleada estrondosa no clube de Pelé. Aliás, conforme escrevi a propósito de Inter x Santos, é ruinzinho esse time do Santos. E isso em nada desmerece a vitória construída com gols de Pedro Rocha, Gallardo e Mamute.

Percebem os sinais: Edinho voltou ao time e voltou bem, nada de especial, mas executou bem sua função e, no final, ainda deu o passe para o terceiro gol, o da tranquilidade. Fora Edinho, temos o Gallardo. Quando Gallardo faz uma boa partida, com alguns lances de brilho, e ainda faz gol, é outro sinal de que o time está abençoado. São agora cinco vitórias seguidas. E tudo isso sem um goleador.

Méritos para Roger Machado. O time está bem armado, bem estruturado e, o que também é importante, está com sorte. A expulsão de Geuvânio foi uma coisa inusitada. Prestem atenção, outro sinal aí. O fato é que tornou o jogo mais fácil. 

Então, quando o time está arrumado, as individualidades crescem. É o que está acontecendo. Há uma energia positiva. Com isso, todos ganham mais confiança e acabam produzindo mais.

No jogo deste domingo em que o Grêmio marcou território na ponta de cima, muitos jogadores foram bem, mas ninguém superou Giuliano. Ele tem conciliado aplicação tática, combatividade, entrega e qualidade técnica. Chega a ser comovente seu esforço. Merecia ter feito ao menos um gol. Depois dele, Luan, Wallace, Marcelo Oliveira e a dupla de área. Pena que Rodolpho pode mesmo ir embora, proposta irrecusável.

Douglas voltou a errar passes em demasia e a errar chutes a gol, mas de um modo geral deu boa resposta. É preciso frisar que Douglas errou passes de bola metidas para pifar o companheiro. Não aqueles lances de bola para o lado ou recuadas. Estou ansioso para ver como vai se sair Maxi Rodrigues nessa função do Douglas. Ou mesmo o Lincoln, que deve estar sendo preparado por Roger, que de bobo não tem nada.  

Roger Machado: o Grêmio lançando outro treinador para o mundo.

INTER

Já os sinais que vêm do Beira-Rio indicam um Inter em meio a águas turbulentas. E já faz algum tempo. O técnico Diego Aguirre insiste em sua estratégia e com ela está afundando no Brasileirão. Neste domingo, levou 3 a 1 do Atlético Mineiro, considerado por muitos, eu inclusive, o melhor time/grupo do campeonato. E isso que Atlético estava sem meia dúzia de titulares. Na verdade, o Inter escapou de goleada.

O time misto do Atlético bateu o Inter em pleno Beira-Rio. Aliás, na Libertadores isso não aconteceu porque o Inter estava bafejado pela sorte.

Não duvido que Aguirre perca o emprego antes do jogo contra o Tigres. Aconteceu com o uruguaio Fossatti por muito menos…