O Tri da Libertadores e o sonho distante do Tetra

Fazia 22 anos que o Grêmio não conquistava o título de campeão da América quando, em 2017, ergueu o troféu mais cobiçados das Américas, o mais importante fora do continente europeu. O último (o bi) havia sido em 1995.

Para muitos, esses que têm uma vida pela frente, 20 anos não é nada, como diz o tango Volver, consagrado por Carlos Gardel.

Mas para os gremistas de cabelos grisalhos, ou tingidos, esperar mais 20 anos pelo tetra é quase uma etenidade. A verdade, dura e amarga verdade, é que alguns dos que estão me lendo agora, inclusive eu mesmo, não estaremos aqui para festejar.

Então, quem vibrou e festejou agora, em 2017, sem pensar no hoje, nem no amanhã, fez o certo. Festejou pura e simplesmente, como uma criança no parque de diversões.

Agora, tem um tipo de gremista que se preocupa muito mais em ver suas ideias e teses triunfarem, mesmo que isso custe a derrota do seu time, o adiamento de um sonho de grande título.

Os mais jovens até podem se dar ao luxo de criticar e contestar à vontade, chamar o técnico de burro e o dirigente de incompetente (muitas vezes até estão certos), porque terão novas oportunidades de expor sua genialidade futevolística. Já os mais velhos lutam contra o relógio.

Foi também por isso que me deixei levar quando o Grêmio embalou para conquistar o tri da América. Tinha consciência de que seria mais ou menos um “agora ou nunca”.

Lembrei numa noite em que caminhava rumo à Arena da expressão “Carpe diem”, que significa aproveite o dia, aproveite a vida com o que ela lhe oferece.

No caso do torcedor do futebol, significa viva esses momentos intensamente e deixa de ser ranzinza, de ter a pretensão de saber mais do que o treinador que vive o vestiário e sabe de tudo o que acontece lá dentro.

Tem gremista que festejou sua primeira Libertadores apenas com mais de 22 anos. Esse vibrou muito com o tri, colocando em segundo plano eventuais e supostos erros do técnico e dos jogadores.

Quem não fez isso em 2017 talvez não tenha outra oportunidade. Talvez seus filhos e netos. Se isso lhe serve de consolo.

Pela média de três Libertadores em 34 anos (1983 em diante), o próximo título das Américas aconteça somente dentro de 11 anos.

Não sei se estarei aqui, mas eu posso dizer: tenho muito orgulho do nosso tricampeonato. E posso dizer que saboreei cada lance, cada gol.

Sim, sou muito grato ao técnico Renato Portaluppi pelos dois títulos da Libertadores que ele ajudou a conquistar, e também ao Felipão pelo título de 1995. Muita felicidade.