O diário Olé, a projeção tricolor e a arrastada qualificação do time

Faz uns quatro anos visitei a redação da revista Olé, da Argentina. Até ali nenhum jornalista brasileiro havia cruzado as portas do veículo que ficou famoso no Brasil pelo tom debochado e jocoso em relação ao futebol brasileiro.

Uma arrogância que hoje não transparece nas páginas do diário, muito em função da decadência da seleção argentina, quadro agravado com a crise social, política e econômica dos nossos vizinhos nos últimos meses.

Escrevi sobre essa visita aqui no blog.

Pois o Olé está com uma campanha nas redes sociais para que Messi volte à seleção. O craque aparece usando camisas dos principais clubes do mundo. O único clube brasileiro que aparece é o Grêmio.

Repito: o Grêmio. Leram bem? Não é o Flamengo, nem Corinthians, nem Santos. É o nosso Grêmio.

Essa imagem foi desenhada e consolidada nos últimos quatro anos na gestão Romildo Bolzan. Dentro de campo e, claro, no vestiário, o mestre Renato Portaluppi.

É verdade que nos últimos dois anos o time decaiu. O desenho está precisando de retoques, mas isso não impediu que o famoso jornal de esportes da Argentina colocasse a camisa tricolor em seu apelo para que Messi volte à seleção de seu país.

O Grêmio faturou muito nesse período, mas gastou mal na busca por reforços. Não sei se tem outro clube no país que tenha gasto tanto e tão mal. Nem vou listar. Fico com o exemplo mais recente: Thiago Neves. Imperdoável ter gasto dinheiro com esse jogador, imperdoável.

Hoje, o Grêmio está envolvido numa luta para ficar na ponta de cima do Brasileiro e avançar na Libertadores. Com o grupo atual acho muito difícil, mas nada que uma conjunção astral favorável não resolva.

O que me irrita mesmo é ver que a cada ano, e isso vem de longa data, a gente vê o Grêmio se empenhando para garantir vaga na Libertadores do ano seguinte, mas não vê a direção qualificando adequadamente o time. É o que acontece agora. Bressan é um exemplo ainda muito vivo na memória dos gremistas.

Todo um trabalho pode ir ladeira abaixo por esse planejamento equivocado. Por vezes, falta dinheiro para buscar os reforços, mas não é o que ocorre no clube nos últimos tempo. Dinheiro tem, falta aplicá-lo com sabedoria e moderação. Ousar pensar em Cavani, com seus 6 milhões mensais de salário, é um exemplo de delírio coletivo. Felizmente, o negócio, se é que havia um, gorou.

O que vimos agora é, aparentemente, um Grêmio mobilizado em busca de jogadores de qualidade. Só hoje foram citados três nomes de estrangeiros. Essa busca deveria ter sido feita antes, com calma, sem desespero.

A direção deve ter seus motivos para não ter contratado antes. O presidente Romildo já deu provas de competência. Só espero que, agora, nada seja feito no atropelo para que não se jogue ainda mais dinheiro pela janela.

O que resta é acreditar que Renato mais uma vez resolva os problemas – que não são poucos – e consiga armar um time em condições de brigar por mais títulos, mantendo a imagem vitoriosa construída a partir de 2016.