Excesso de poder de Renato no Grêmio não passa de lenda urbana

Um grupo de aloprados, supostamente gremistas, colocou uma faixa na passarela do Parcão pedindo a cabeça de alguns jogadores e também do gerentão do clube (hoje chamam de CEO, que fica mais chique), o Carlos Amodeo.

Não me lembro de ver uma torcida, qualquer uma, fazendo manifestação contra o funcionário administrativo de clube. O normal é pedir a cabeça do técnico, do vice de futebol e até do presidente. Muito estranho, parece coisa encomendada, com viés político.

Esse Amodeo, amparado em números, pode, e deve, alertar a direção sobre o peso que determinada contratação terá no orçamento, e ele se remete diretamente ao presidente e em segundo plano ao conselho administrativo, acredito eu.

Renato, então, é informado de que há ou não recursos disponíveis, e qual o montante que pode ser liberado para contratações.

É óbvio que ele se revolta, como qualquer treinador se revoltaria. Imaginem, ele pede o Rafinha, que estava livre no mercado, e escuta um ‘não’, que só há dinheiro para jogadores como Galhardo, por exemplo.

Tem gente que acredita que determinados nomes foram contratados por serem da preferência de Renato. Existe um limite orçamentário, um limite na folha de pagamento.

Então, se busca jogadores que se enquadrem nessa realidade.

O Flamengo tem dinheiro sobrando. O técnico Jesus pediu dois laterais, e indicou os nomes de Rafinha e Filipe Luiz. Gente fina é outra coisa.

Isso que os dois ex-titulares, Renê e Rodinei, seriam titulares na maioria dos times do país, a começar pelo próprio Grêmio, passando pelo Inter.

Então, é injusto atribuir certas coisas ao Renato e até ao Amodeo. Cada um faz o seu papel. E ambos se reportam ao presidente Romildo, que ao fim e ao cabo é o maior responsável pelo que acontece de bom e de ruim no Grêmio.

É claro que houve erros nas contratações, mas algumas delas quando anunciadas receberam elogios e foram festejadas. Começo pelo Diego Tardelli, uma decepção. O nomezinho dele está lá na faixa, escrita (mal e porcamente) provavelmente por alguém que comemorou a vinda de Tardelli. E qual gremista não comemorou?

Tem ainda o (toc-toc-toc) André, que era goleador do Sport e tem um histórico bom, além de ter um custo que o clube poderia assumir naquele momento.

Reza a lenda que Renato tinha a opção de ficar com Suaréz, mas optou por André. Seria por isso que ele insiste tanto nele. Quer provar que André é melhor que Suaréz. (observação: este parágrafo contém ironia).

Então, essa história de que Renato manda e desmanda é conversa fiada, coisa de gente que não sabe mais como atacar Renato e responsabilizá-lo por tudo que dá errado (e ele tem culpa em muita coisa, sim).

Estamos,portanto, diante de uma lenda urbana. Renato manda mesmo é no vestiário. Felizmente. Fico pensando no Duda Kroef mandando no vestiário… Ele não tem jeito pra isso.

Aliás, depois que anunciou sua admiração pelo presidente Bolsonaro, Renato teve reforçada a artilharia contra si, misturando seus desacertos no vestiário com sua posição política, que ele tem total direito de expressar.

Há erros, sem dúvida, mas o saldo continua sendo positivo.

Espero que sejam tomadas providências no sentido de que os erros cometidos neste ano não se repitam. Os insucessos servem como lição. Bastam humildade e competência para fazer os ajustes necessários.