Reportagem de jornal inglês sobre o Grêmio é como um troféu

Existem outros ‘troféus’ no futebol além daqueles que, depois de erguidos pelo capitão do time e demais atletas, são expostos nos museus dos clubes. O Grêmio dos últimos anos tem sido vitorioso dentro de campo e vem de algumas conquistas de lavar a alma, conquistas que entram para a história e que serão contadas de pai para filho, avô para neto, entre uma lágrima fugidia e outra escorrendo pelo rosto.

Mas há outras conquistas que acabam se diluindo com o tempo, e que muitas vezes não recebem a devida atenção do torcedor, a quem interessa mesmo é faixa no peito e taça no armário.

Os troféus a que me refiro não são palpáveis, concretos, são por vezes muito subjetivos. São abstratos, como os elogios rasgados da mídia do centro do país ao Grêmio, seu treinador, seu presidente, seus jogadores.

Há quem não ligue muito pra isso, como parte da mídia gaudéria quando se trata de homenagens ao Grêmio, mas eu me importo.

Cada um vê esses ‘trunfos’ com o olhar de sua história de torcedor. Para alguns são enormes, para outros nem tanto.

Faço essa reflexão no momento em que o Grêmio é contemplado com uma reportagem daquelas de fermentar ainda mais o orgulho de ser gremista. O jornal inglês The Guardian, um dos maiores do planeta, eleva o nome do clube ao destacar o trabalho feito nas categorias de base, revelando jogadores talentosos para o mundo.

A publicação cita alguns nomes, a começar por Éverton, e recua até Ronaldinho e Douglas Costa.

É um fato que merece ser saudado como uma conquista física mesmo. Não sei por vocês, mas eu vou emoldurar a reportagem original. Vou colocar na parede e olhar para ele como se fosse um título mundial.

Uma reportagem como essa não acontece a toda hora. É raríssima, talvez até inédita. O fato é que ela chegou num momento difícil. Está me ajudando a suportar melhor a dor da eliminação da Copa do Brasil, além de me deixar muito exibido.

Confiram em https://www.theguardian.com ou no site clicrbs.

CRUZEIRO

Grêmio e Cruzeiro vão para o jogo deste domingo, 11h, com alguns reservas, por um motivo ou outro.

Tudo indica que Renato vai começar com André. Já começa mal, parece que não aprende. Tudo que é treinador faz esse tipo de coisa, mais cedo ou mais tarde. Parece que querem provar alguma coisa. Cansei de entender. Nem Freud explica.

Prevejo muita dificuldade.

Eliminação da Copa do Brasil fica na conta de Renato

Entre um jogador que preocupa a defesa adversária e um que se preocupa com ela, o técnico Renato Portaluppi, optou pelo segundo. Insistiu com André, um centroavante que é mais zagueiro, tendo como opções jogadores talentosos como Luan e Diego Tardelli.

Deu certo outras vezes, mas é sempre um risco jogar com dez contra onze. Foi o que fez Renato, começou com um jogador que tem sido, a rigor, uma nulidade, um jogador a menos.

Não interessa se ele ajuda a compor, marca o volante ou o zagueiro, mas não é exatamente isso que se exige de um atacante. O que se quer é um atacante que preocupa a marcação, não um que essencialmente apenas preocupa com a marcação.

Luan ou Tardelli dariam ao time a qualidade que faltou na articulação e na zona ofensiva. Mas Renato preferiu o esforçado ao talentoso.

E mais, Renato jogou com o regulamento debaixo do braço desde o começo e perdeu sua naturalidade, sua essência.

O que vimos ser batido nesta noite em Curitiba foi um time que não soube enfrentar um adversário desesperado, que havia perdido o primeiro jogo por 2 a 0 e tinha que dar uma resposta ao seu torcedor.

O Grêmio acabou perdendo por 2 a 0, resultado que manteve heroicamente sem Kannemann, expulso em razão de uma absurda entrada violenta e desnecessária no adversário.

Felizmente, Renato teve o bom senso de sacar André. Fosse outro a sair, significaria que o time terminaria o jogo com nove jogadores, e não levaria o jogo para os pênaltis, objetivo de Renato depois da expulsão. Ele poderia escalar Tardelli ou Luan, mas optou por Thaciano, um jogador de mais marcação para garantir a decisão nos pênaltis.

Nas penalidades, outro erro: quando vi Pepê diante da bola levei um susto. A última bola deveria ser para alguém mais experiente, não para um guri assustado com o peso da responsabilidade.

Enfim, Renato, o técnico de tantos acertos, teve sua noite ‘não’. Com isso, o Grêmio está fora da decisão da Copa do Brasil.

É o preço da teimosia. E da soberba. Nem a Imortalidade resiste a isso.

Grêmio e a arte de se reinventar para seguir no topo

Os últimos três anos do Grêmio são, talvez, os melhores da longa e rica história do clube que nasceu de uma bola, lá atrás, em 1903. O Grêmio já teve anos vitoriosos, mas poucas vezes, ou nunca, recebeu tanto reconhecimento e aplausos da mídia e de torcedores de outras agremiações como agora, e de inveja dos invejosos de sempre.

No mês em que comemora mais um ano de existência, o Grêmio está na iminência de participar de duas finais quase ao mesmo tempo: Copa do Brasil e Libertadores, sonho maior desde que sua torcida sentiu o gostinho de ser campeão mundial e que a cada ano entra em campo com olhos mirando o topo das Américas e do planeta, tingido de azul em 1983.

Pode ser que o Grêmio conquiste um ou dois dos títulos em disputa. Pode ser que fique com nenhum. Faz parte. Outros grandes clubes ficaram pra trás nesse caminhada. O Grêmio não, o Grêmio segue vivo, superando desafios e mantendo com bravura a fama de imortal.

REINVENÇÃO

Para se manter por cima nesses três anos, o Grêmio precisou se reinventar, um trabalho de toda a direção, que deu suporte para o técnico Renato Portaluppi lutar por mais conquistas. É claro que nem tudo correu como o planejado. Erros foram cometidos, mas os acertos foram em maior número.

Em termos de equipe, cabe destacar a trajetória de Renato desde sua chegada em 2016, visto com suspeição e ressalvas por parte de gremistas, alguns ainda firmes em sua postura crítica e cética.

Com ajuda de alguns parceiros do blog, em especial o Copião de Tudo, que se orgulha de ser um chapa-branca de primeira hora, publico aqui algumas das principais soluções do técnico tricolor diante dos problemas que foram surgindo:

– Giuliano saiu em julho/2016 e Renato chegou em setembro tornando Kannemann titular – ele era reserva de Wallace Reis, Fred e Kadu, salvo engano;

– A defesa, que era uma peneira, transformou-se numa muralha com sua dupla de zaga titular até hoje e o goleiro Marcelo Grohe;

– Efetivou Ramiro, que viveu seu melhor momento fazendo o vai e vem pelo lado direito, compondo a marcação e chegando à frente;

– Apostou em dois veteranos para as laterais, apesar de duras críticas de alguns setores. A resposta de Léo Moura e Bruno Cortez superou expectativas;

– Outra aposta de Renato foi Edílson, de passagem anterior modesta e que acabou valorizado a ponto de atrair proposta milionária do Cruzeiro;

– Em janeiro/2017, quando o time estava ajeitado, perdeu Wallace (negociado) e adaptou Jaílson no lugar. Depois, lançou gradativamente o Arthur, que recentemente deu entrevista dizendo que deve muito ao Renato pelas orientações que recebeu;

– Luan, que chegou a ser chamado de pipoqueiro por parte da torcida, cresceu demais sob o comando de Renato, tornando-se o melhor jogador da América;

Douglas é outro que cresceu demais com Renato ‘Midas’, tornando-se figura fundamental na conquista da Copa do Brasil que lavou a alma gremista depois de 15 anos de seca.

– Em julho Renato perdeu Pedro Rocha, seu principal atacante naquele momento. Outro jogador que Renato lapidou e ajudou a se tornar goleador. Repetiu o mesmo com Éverton, chamado por muitos ‘especialistas’ de peladeiro;

– Perdeu também Jaílson, então importante ao esquema, e Bolanos, este por questões pessoais;

– Outra aposta de Renato foi Michel, um volante descoberto no Atlético Goianiense. Chegou desacreditado e se tornou importante na manutenção do esquema vitorioso;

– Críticas sobraram para Renato quando ele indicou Jael, um centroavante tosco e de carreira instável. Hoje, tem gente que gostaria de ver Jael no time diante das opções que restaram e não corresponderam; Jael marcou seu nome na história do clube.

– As soluções encontradas por Renato mantiveram o time competitivo apesar das perdas de jogadores importantes e decisivos em tão pouco tempo. Agora mesmo, ele investe pesado em jogadores da base, revelando para o Brasil dois talentos: Matheus Henrique e Jean Pyerre. Outros que dificilmente ficarão muito tempo no clube, forçando Renato a novas soluções.

– Tem ainda o atacante Pepê, que está sendo lapidado para substituir Éverton, hoje um dos jogadores mais valorizados do país. Correndo por fora, Thaciano, que em breve poderá ser titular do time.

Por sorte e competência de gestão, vem aí uma nova geração de jovens talentosos. Resta torcer para que o sucessor de Renato, que talvez não continue em 2020, tenha igual competência para orientar e lançar na hora certa os jogadores em formação.

DECISÃO

Por mais que alguns setores queiram minimizar a qualidade ao Atlético Paranaense, estimulando um salto alto, o jogo desta quarta é dos mais difíceis. O piso sintético é um trunfo do adversário, além da torcida. Nada está ganho, nunca podemos nos esquecer disso.