Grêmio só empata em jogo para somar três pontos

Para quem começou o jogo sofrendo gol quando o time ainda estava no vestiário, o empate com o Rosario Central na estreia na Libertadores/2019 não foi um mau resultado. Afinal, não é fácil correr atrás depois de levar gol logo de saída de um time argentino, ainda mais na casa dele.

Mas nos minutos seguintes ao gol do Rosario – ocorrido aos 3 minutos -, quando o Grêmio parecia sonolento e praticamente não havia tocado na bola, o que se viu foi a superioridade e uma série de gols perdidos pelo tricampeão da América. Portanto, o empate por 1 a 1 não foi um bom negócio para o tricolor.

Após levar o gol, o Grêmio ‘entrou em campo’. Foram criadas boas chances de gol, algumas daquelas imperdíveis, tipo o tal ‘gol feito’ que os narradores costumavam dizer. Neste aspecto, ninguém superou Felipe Vizeu, que já mostrou ter condições de ser titular, mas que nesta noite abusou de desperdiçar oportunidades.

Quem acabou salvando o time de estrear com derrota foi Éverton. Aos 13 minutos, ele recebeu uma bola virada por Marinho – muito boa atuação, além de ser o alvo preferido das chuteiras assassinas -, driblou dois e chutou cruzado na saída do goleiro Ledesma, para mim o maior destaque do jogo porque fez duas ou três defesas ‘milagrosas’.

Sobre goleiro, Paulo Victor não falhou no gol de Zampedri, mas era bola defensável para um goleiro com mais agilidade e reflexo. Penso que ele levou o gol porque estava ainda frio, pode ser. Depois, ele se redimiu com duas boas defesas e intervenções seguras.

Não gostei no Grêmio, além dos irritantes ‘gols perdidos’, foi da marcação no meio de campo. Ramiro faz falta neste aspecto. O time tem um ganho ofensivo com Marinho, mas perde defensivamente na comparação com Ramiro. Fora isso, a dupla Maicon/Rômulo mostrou desarmonia na marcação. Talvez com mais alguns jogos eles se acertem. Michel fez falta.

No segundo tempo, com o jogo morno e se encaminhando para o final, Renato sacou Luan, muito apagado, e colocou Matheus Henrique, que deu mais dinamismo ao time. E quase marcou um gol logo em sua primeira participação.

André entrou no lugar de Vizeu, seis por meia dúzia. Jean Pierre entrou no lugar de Maicon (vejam, dois pilares técnicos do time saíram com o jogo ainda indefinido, o que é raro). Também ele quase marcou, ao cobrar uma falta na trave do goleiro na reta final da partida.

É Renato preparando a renovação do time e sinalizando que ninguém joga por carteiraço.

Na terça que vem, é o Libertad, 21h30, na Arena. O time paraguaio lidera o grupo H em função dos 4 a 1 sobre o Universidad Catolica.

GEROMEL

Geromel acertou uma cotovelada, na verdade quase um carinho mais rude, no atacante Zampedri ao final do primeiro tempo. O argentino foi pra cima e os dois levaram amarelo.

A gente sabe que Geromel não é de fazer esse tipo de coisa. No segundo tempo, quando Zampedri estava sentado em campo, esgotado, prestes a ser substituído, Geromel se aproximou e pelo gestual pediu desculpas ao adversário, que aparentemente as aceitou. E segue o baile.

Grêmio com grupo para passar o rodo

A caminhada tricolor rumo ao tetra da Libertadores começa dia 6, no Gigante de Arroyito, contra o Rosario Central.

Será um jogo muito difícil, claro, embora alguns jornalistas da praça estejam pintando um quadro mais colorido porque o time argentino anda mal e anuncia time misto contra o Grêmio. Lembra um pouco aquela história do ‘pior Real Madrid’ de todos os tempos.

Não vou nessa conversa. Na hora, vem o time titular, talvez com uns dois ou três desfalques no máximo. O clube estaria priorizando a competição nacional. Quer dizer, lá eles também priorizam. Nada contra ninguém.

Na verdade, não tem como escapar de estabelecer uma prioridade. Eu lembro que nos meus tempos de juventude, nas reuniões dançantes (só os mais velhos aqui sabem do que estou falando) priorizava uma menina, encostado numa coluna ou caminhando pra lá e pra cá como uma onça faminta escolhendo sua presa.

Priorizava tanto que saía sem nada, mais ou menos como o Grêmio no ano passado. Priorizou a Libertadores e ficou sem nada, perdeu a Copa do Brasil e o Brasileirão.

Voltando aos tempos das ‘reúna’. Eu, escolhia a mais atraente, minha prioridade, que acabava preferindo outro. Quando eu queria investir tudo na segunda, terceira ou quarta prioridades, era tarde, todas estavam encaminhadas, dançando de rosto colado, por vezes com direito de mordidinha na orelha, ao som do Creedence, Bee Gees, Beatles e Roberto Carlos.

Lembro que muitas vezes saí atracado “no Gauchão” – não me entendam mal -, a última das prioridades. Mas diferente de uns e outros, não comemorava. Era o prêmio consolação, na realidade.

O fato é que eu ficava até um pouco constrangido. Afinal, depois de passar a tarde/noite (as ‘reúnas’ eram coisa ‘família’) jogando todas as fichas nas deusas da festa, terminar com uma do time das visualmente menos interessantes era motivo de gozação por parte dos então adeptos do cinco contra um.

Bem, a poucos dias de começar a luta por sua prioridade das prioridades, tenho para mim que o Grêmio tem time para passar o rodo. Desde é claro que não comecem a aparecer lesões disso ou daquilo, como essa do Michel, e que acabem desfalcando o time. Afinal, é o que ocorreu no ano passado, quando o time ficou longo tempo sem seu craque, o craque das Américas.

Se os ventos soprarem a favor, o Grêmio pode priorizar tudo, a começar pelo Gauchão, que tem como maior valor o fato de ser o único que o rival vermelho realmente tem alguma chance de conquistar – e todos sabem por que.

O Grêmio deste ano tem um grupo com mais qualidade e mais opções ao treinador. Mas se começar a perder jogadores por lesão ou por transferências, aí já complica.

Se ocorrer tudo como a gente espera, dá para passar o rodo e ganhar o Gauchão, CB, Brasileirão e Libertadores. Quem duvida?

Difícil, mas não impossível como eram aquelas meninas que elegia como prioridade e que só me davam ‘carão’.

Mas eu insistia. Acho que é por isso que estou sempre mirando a Libertadores. Já levei muitos ‘foras’, mas as três vezes em que cheguei lá valeu muito a pena.

ROSARIO E O PATO

Não me lembro o ano (algo como 1979/1980), nem o resultado jogo. O jogo era no estádio do Newell’s, um estádio acanhado, tipo esses do Interior. Eu estava lá pela Folha da Tarde. Nunca me esqueço, terminado o jogo (o resultado não interessa), vi o Roberto Moure, o Pato, então na rádio Gaúcha, correndo para conseguir entrevistados. Ele pegava um, fazia um pergunta e dava o microfone para o interlocutor segurar e seguir falando. Enquanto isso, buscava mais alguém para falar. Tudo muito rápido.

Tempos do rádio heróico, da criatividade e do amor à camiseta.