Aipim pra mim só frito ou cozido

O treinador de futebol arma seu time de acordo com o ‘material’ que dispõe. Agora, se ele é treinador de uma seleção, pode armar o time dentro de um modelo pré-estabelecido.

Felipão, na Copa do Mundo, ratificou aquilo que mostrou ao longo de sua carreira: preferência por um camisa 9 típico, cabeceador, alto, espadaúdo. O tal aipim, ou cone, como queiram.

Eu cheguei a pensar que Roger Machado e Renato Portaluppi pensassem diferente, que a opção deles seria por atacantes de movimentação e meias e volantes com qualidade para chegar à frente.

O Grêmio de Roger, até a chegada de Bobô, era assim, um time jogando do jeito que eu gosto, minha preferência pessoal. Não tenho nada contra quem goste de aipim, até porque eu também gosto: frito ou cozido, com um molho encorpado.

Então, na primeira oportunidade, Roger enveredou pelo caminho do mal. E se quebrou. Não, não foi apenas por isso, mas foi também por isso: pela ilusão do camisa 9, aquele que já teve seu momento no futebol, mas que hoje é um animal em extinção, embora muitos não acreditem e não aceitem isso.

O mais grave é que Roger chegou a afirmar que jamais armaria um time pra jogar apenas para um jogador, cruzando bolas para a área.

Roger acabou caindo no Grêmio e depois no Atlético, onde encontrou um aipim com grife, mas decadente, o Fred. Roger acabou fritado. Hoje, o Atlético perde uma atrás da outra porque insiste nos chuveirinhos e balões para dentro da área.

Pois não é que Renato, o cara que soube dar mais peso e consistência ao time herdado do Roger para crescer e se tornar campeão da Copa do Brasil, também foi seduzido pela lenda do centroavante de carteirinha. Incrível, mas parece verdadeiro.

Não sou completamente contra o aipim. Acho que um time pode ter um no grupo, como terceira opção. Jael, domingo, jogou os 90 minutos. Um atacante com sua limitação pode jogar no máximo uns 15 minutos, no final, quando a alma do time já foi encomendada e a salvação só pode vir no desespero das bolas cruzando o céu sobre a área inimiga.

Então, se o treinador chega a um clube e não encontra jogadores para fazer o esquema com atacantes de movimentação e vê centroavantes em abundância, ele acaba armando o time para jogar de uma determinada forma, que talvez não seja a de sua preferência.

O titular é Lucas Barrios, um centroavante de movimentação como era, por exemplo, André Catimba, só pra fazer uma referência ao time campeão de de 1977, o time que quebrou a hegemonia colorada no Estado e se tornou um marco para o clube, um divisor de águas. Não esqueçam de comprar Os heróis de 77.

Se Barrios não puder jogar, que Renato mantenha Jael como uma opção distante, nunca como solução imediata. Que escale dois atacantes pelos lados, como jogava o time campeão de 2016. É o que espero.

PREMIO PRESS

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