Bressan e a imprudência da direção tricolor

Alguém poderia criar a campanha ‘Somos todos Bressan’. Seria um mutirão para blindar Bressan das críticas e, principalmente, criar um clima positivo em torno dele, lembrando, se possível, alguma atuação segura e convincente dele – tuitando seus gols de cabeça – e frisando que isso pode acontecer de novo. Vamos acreditar!, e por aí a fora.

O que não podemos é desacreditar completamente na capacidade do ser humano de renascer, de reinventar-se, de superar-se e mostrar que ali está outra pessoa, mais forte, mais segura de si, melhor preparada para enfrentar as agruras da vida, e dos gramados.

De minha parte, confesso que fico emocionado com essas situações da segunda chance – no caso, mais do que duas. Há muitos filmes que tratam disso, da segunda chance. Todos nós merecemos essa oportunidade de reverter expectativas.

Quando tudo parece perdido, eis que o desacreditado surpreende e no final abate os inimigos e casa com a ‘mocinha’ – no meu tempo de adolescente, frequentador do Cine Avenida, em Lajeado, é como a gente chamava a protagonista, aquela que cairia nos braços do ‘mocinho’ enquanto a música sobe e aparece na tela o ‘the end’.

Com a lesão de Geromel, só nos resta torcer pelo ‘mocinho desastrado’, que é o Bressan. Sinceramente, é sério, vejo potencial no Bressan. Não tenho dúvida de que ele ainda vai crescer como jogador assim que adquirir mais confiança, ficar mais tranquilo e controlar a ansiedade. Vejo nele um Baidek no futuro. Mas no futuro. O problema é que no caso do Bressan o futuro é daqui a alguns dias.

Bressan tem 23 anos, ainda pode evoluir, eu acredito nisso. Mas talvez isso demore um tempo, um tempo que o Grêmio não tem.

Mas que teve e não aproveitou. Bressan foi empresado ao Flamengo. Voltou. Foi cedido ao PeÑarol. Voltou. Ele não foi bem nos dois clubes. Nem gosto de entrar em detalhes de como foi sua passagem pelo futebol uruguaio.

O fato, inquestionável, é que Bressan só poderia ter sido incorporado ao grupo se a direção tricolor tivesse feito o bêabá, o básico, o tema de casa: contratado um zagueiro mais ou menos do nível de sua dupla de titular. Muita gente clamou nesse sentido nas redes sociais. Então, não foi por falta de aviso. Falta de dinheiro e/ou de humildade, pode ser.

Hoje, o Grêmio tem dois grandes zagueiros. E três reservas de um nível bastante abaixo.

Essa direção de tantos acertos cometeu alguns erros, o que é natural, normal. Entre eles está esse de não ter três zagueiros de respeito para enfrentar uma temporada tão dura, tão exigente, tão desgastante.

A conta dessa imprudência, infelizmente, pode vir na próxima quarta-feira.