Doping: punição amena aos atletas colorados

Só o fato de o Brasil estar atravessando sua maior crise ética pode explicar o que aconteceu no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, órgão ligado à CBF, que, assim como a Fifa, está meio que sem moral para julgar e condenar quem quer que seja.

É possível que os auditores do STJD passem por algum constrangimento diante desse quadro desolador. Pode ser.

Porque não tem explicação a condenação de Nilton e Wellington Martins por apenas cinco meses de suspensão.

Arrisco dizer que esse resultado é quase um estímulo ao doping, aquele mal-intencionado mesmo, com a participação do clube (não se pode afastar a possibilidade de que, eventualmente, algum atleta use estimulante incentivado por algum dirigente ou profissional de comissão técnica, mas, claro, não aqui no RS, onde todos são honestos como se sabe).

Arrisco dizer, ainda, que essa decisão leniente será reformulada pelo pleno do tribunal. A procuradora, que pediu quatro anos de pena, ficou inconformada. E com razão.

O artigo 2, parágrafo 4, do Regulamento de Controle de Dopagem da CBF, repito, da CBF, diz que todo ‘o atleta tem o dever e a responsabilidade de assegurar que não entre substâncias proibidas em seu organismo’. Diz também que não é necessário demonstrar conhecimento, desconhecimento, intenção ou falta de intenção, negligência para se estabelecer uma violação ao RCD da CBF.

Então, não adianta aparecer com mil desculpas. Mas isso foi praticamente ignorado pelos auditores. A penalização para o doping, que ficou muito bem caracterizado, é de no mínimo dois anos. Pode ser chegar à suspensão vitalícia, mas aí em situações muito graves.

O artigo 14 deixa muito claro que o atleta não deve consumir medicamentos, suplementos, etc, de origem duvidosa. Não deve também confiar em bulas e rótulos de medicamentos, suplementos nutricionais, etc.

Se os dois jogadores não sabiam disso, depois de tanto tempo de carreira, é muito estranho.

 

O Inter deveria receber alguma sanção pelo simples fato de não interagir com seus jogadores a respeito de dopagem.

Nilton disse que buscou na internet, ao lado da esposa, informações sobre o que poderia ser consumido, quais as substâncias proibidas. Se tivesse acessado a página da CBF, como eu fiz, teria suas dúvidas esclarecidas.

Mais fácil ainda: consultar os médicos do clube. Bingo!, como diria o Lênio, arguto articulista do blog cornetadorw.

Na verdade, é uma história que não convence.

Por fim, depois de ler as reportagens sobre o julgamento, fiquei sem saber o seguinte:

– qual a marca do tal suplemento?

– onde foi comprado? 

– tem nota fiscal?

– tem comprovante do cartão de crédito ou foi pago em dinheiro?

– a procuradora do tribunal teve o cuidado de comprar duas ou três unidades do mesmo lote do produto para fazer a comparação?

– mais gente teria usado o suplemento, ou apenas Wellington ficou curioso e usou o produto do companheiro?

São perguntas básicas. Meu estoque de questionamentos é extenso, mas fico por aqui.

Afinal, hoje é sábado, e o dia ensolarado me chama para correr um pouco.

Vou aproveitar pra comprar um suplemento nutricional.

Vá que eu encontre um com o estimulante citrato de sildenafila. Mas sem diurético…

 

BRASILEIRÃO

Termina neste domingo o Brasileirão, que morre lentamente desde que o Corinthians tomou larga vantagem sobre os demais clubes.

Continuo defendendo mudança no formato. 

Não é possível ficar rodadas e rodadas torcendo por vaga ou para não ser rebaixado.

A gente merece mais emoção. Ou não? Sei lá.

Libertadores: hora de esticar o elástico financeiro

A fábula de Esopo “A Raposa e as Uvas” volta a se encaixar plenamente no atual momento do futebol gaúcho. Já aconteceu outras vezes, mas agora a historieta cai como uma luva.

Um colunista, do alto de sua responsabilidade, escreveu que a Libertadores é deficitária e sobrevive do glamour. Ou seja, é charmosa. Seria um ‘Charmoso Gauchão’ com grife?

Não lembro de ter lido algo sequer parecido no ano passado quando o Inter classificou-se para essa competição ‘deficitária’.

A vaga na Libertadores foi festejada nas ruas, nos bares, nos lares e nas redações. Normal.

Teria a Libertadores perdido seu encanto em apenas um ano? Ou a dor-de-cotovelo é tão grande que faz qualquer um perder o bom senso?

Lembro-me de outro colunista afirmar que a insossa Copa Sul-Americana era mais importante que a Libertadores porque havia nela, naquele ano, clubes mais fortes e tradicionais. Claro, o Grêmio estava na Libertadores e o Inter na Sul-Americana. No fim, os dois foram eliminados precocemente.

A inveja é uma merda, li certa vez na traseira de um caminhão caindo aos pedaços.

O que dói em muita gente – mesmo em gente compromissada com a ética e a isenção – é que esse torneio que só dá prejuízo é uma baita vitrine.

A Libertadores pode não dar dinheiro, mas é o único caminho para aquilo que o torcedor mais quer: a chance de disputar o Mundial de Clubes.

Ah, mas isso, para a raposa que não alcançou as uvas maduras e suculentas, é um mero detalhe.

GRÊMIO

Por falar na Libertadores, espero que a direção gremista se esforce ao máximo, estique o elástico financeiro o suficiente para formar uma equipe capaz de brigar pelo título. Claro, sem cometer loucuras.

Penso que existe uma base boa o suficiente para superar a primeira fase. E só.

É importante renovar com Geromel e Maicon. O tempo é curto para encontrar principalmente um substituto para Maicon, que encaixou de forma admirável no esquema do técnico Roger. 

Fora isso, entendo que o Grêmio será candidato ao título se contratar três jogadores de alto nível: um zagueiro, um meia e um goleador.

Estou particularmente entusiasmado com a investida por Henrique.

Esse zagueiro, que joga também de volante, é a liderança que falta ao time dentro de campo. No Palmeiras de Felipão, campeão da Copa do Brasil, ele jogou demais. Um guerreiro incansável, um jogador que contagia todo o time com seu entusiasmo e dedicação. Além de bola técnica e vocação para fazer gols de cabeça.

O meia que eu considero o ideal, ou quase isso, é Tiago Ribeiro (ERRATA: ÉVERTON RIBEIRO). Ele chega e Douglas sai. Douglas não pode ser titular nem reserva. Na reserva, ele vai se acomodar e quando Roger precisar dele não obterá a resposta desejada.

Na frente, um goleador. Indico o atacante do Tigres, o francês Gignac.

Desconfio que estou pedindo demais.