A tarde iluminada de Roger e as calculadoras frenéticas

O técnico Roger Machado teve uma tarde gloriosa. Os dois jogadores que entraram no decorrer do jogo, Éverton e Bobô, fizeram os gols da vitória por 2 a 0 sobre o Flamengo. Mas o primeiro acerto de Roger foi começar com Moisés e Marcelo Oliveira como volantes, abandonando esquisitices como iniciar com Schuster ou recuar Giuliano, como chegou a ser treinado. 

A dupla fez um ótimo trabalho defensivo, aliviando Geromel e Erazo, e, claro, Marcelo Grohe, um espectador privilegiado, porque o Flamengo raramente levou perigo.

Ofensivamente, porém, os dois ficaram abaixo dos titulares, o que é natural e estava previsto. Por isso, o Grêmio teve tantas dificuldades no primeiro tempo. É preciso considerar, ainda, que o trio Douglas, Giuliano e, especialmente, Luan, não estava bem. 

Tudo melhorou no segundo tempo. Moisés, de atuação firme e estimulante, passou a aparecer mais na frente, assim como Marcelo Oliveira, criando opções para o trio de armação e confundindo a marcação flamenguista.

Douglas aproveitou um momento de vacilo do sistema defensivo do Fla, até ali impecável, descobriu Luan pela meia esquerda, livre para correr e invadir a área. Luan ficou frente a frente com o goleiro, esperou o suficiente para a chegada de Éverton. Saiu um passe perfeito. Éverton, que recém havia entrado no lugar de Pedro Rocha, de atuação apagada, mandou para a rede.

O gol fez justiça ao time que dominava, mas que não conseguia concluir. 

O sol que iluminou o domingo clareou também o caminho do Grêmio rumo aos três pontos. Guerrero foi expulso por um lance infantil, parece até que queria ir mais cedo para o vestiário. A bola não chegava nele. Ou talvez por que quisesse mostrar-se solidário aos festeiros afastados pelo técnico Osvaldo de Oliveira, que, agindo corretamente em termos de disciplina, deu uma mãozinha para o Grêmio.

Com um jogador a mais, o Grêmio teve mais facilidade para controlar o adversário e também para explorar contra-ataques. Foi assim que veio o segundo gol, o gol da tranquilidade.

Marcelo Oliveira, jogador que admiro desde que chegou, mostrou que manda bem também como volante. Foi dele o lançamento preciso, na medida, para Bobô mostrar duas virtudes de um goleador: frieza diante do goleiro e técnica para mandar a bola para a rede. 

Bobô, um centroavante de carteirinha, deu razão a todos que defendem sua entrada no time apenas no segundo tempo. Roger, portanto, não pode se iludir. Deve seguir começando com um atacante pelos lados, Pedro Rocha ou Éverton. Pelo menos até que Bobô prove ser opção melhor, empilhando gols como faz Ricardo Oliveira no Santos. Até lá, Bobô é uma boa alternativa para entrar no decorrer do jogo.

LUTA PELO VICE

O principal, o que realmente interessa, é o resultado. A vitória por 2 a 0 mantém o Grêmio no G-3 faltando apenas cinco rodadas. E agora a três pontos do vice, o Atlético, goleado em casa pelo imbatível Corinthians do mestre Tite.

O futebol alegre e impetuoso do Atlético de Levir Culpi também não resistiu ao futebol pragmático de Tite, campeão brasileiro de 2015.

LUTA POR VAGA

Depois do fracasso no Serra Dourada, onde perdeu por 2 a 1 de virada, imagino que as calculadoras frenéticas vão entrar em ação durante a semana, projetando as chances do Inter em relação à vaga na Libertadores.

Só espero que parem de sonhar que ainda podem ultrapassar o Grêmio no Brasileiro.