Se eu fosse treinador de futebol – quer dizer, se eu fosse contratado para treinar um time, porque na verdade todos nós somos’treinadores de futebol’ ou metidos a – chegaria no clube e analisaria as características de cada jogador para só depois definir o esquema.
Todos nós ‘treinadores não reconhecidos’ temos nosso esquema preferido e gostamos de brincar com os números. Há também os que criam losangos e outras figuras geométricas, mas isso é para os seres superiores, os que enxergam o que poucos privilegiados conseguem ver. Eu fico só nos números. Gosto de um 4-4-2, mas aprecio um 4-3-3, com variação para 4-3-2-1, mas nada muito rígido, porque quando a bola começa a rolar tudo pode acontecer.
Então, conhecendo o Grêmio e já tendo opinião formada sobre quase todos os seus jogadores – tem uns da base, como o Raul, que não conheço porque me sonegam essa oportunidade para escalar gente que decididamente não tem condições de titularidade. Mas isso é outra história, uma história que talvez seja proibida para menores de 18 anos.
Eu tenho ideia fixa sobre a importância do meio de campo. Acredito firmemente que um meio de campo forte, consolidado, estruturado, mesclando técnica e marcação dura, é não apenas o centro do time, mas também a alma do time. O coração do time. É o meio de campo que bombeia o sangue para manter vivos e ativos o ataque e a defesa.
O Grêmio que eu vejo – respeito muito quem pensa diferente – tem um meio de campo que pode ser chamado de meia-boca. E isso já faz tempo. É um meio de campo concebido por alguém que gosta do futebol elegante, do volante que pede licença para tirar a bola do adversário e que raramente – Deus me livre! – suja o calção.
E aí, meus amigos, não há defesa que resista. A zaga do Grêmio, considerada por muito a melhor do ano passado, vira peneira, casa de mãe Joana, onde todos entram sem bater à porta.
Cabe no Grêmio atual um reforço no meio de campo. Quem sabe um famigerado – para muitos – trio de volantes. Mas não vejo volantes com as caraterísticas necessárias para montar um trio ao mesmo tempo combativo, rápido e minimamente criativo.
Com o ataque atual, que é fraquinho, o correto seria armar um time defensivo e depois jogar no erro do adversário, jogar por uma bola, como fez Renato São Portaluppi em sua segunda e mais uma vez exitosa passagem pelo Grêmio como treinador. Desculpem-me os anti-renatistas, mas eu não resisto à uma provocação. Perco o amigo, mas não perco a provocação.
Sem me alongar mais, eu ousaria armar um esquema com três zagueiros. Com isso, ganharia em solidez defensiva – Rodolpho já provou que é ótimo ladeado por zagueiros – e versatilidade para atacar.
Meus laterais/alas seriam Gallardo, que se projeta bem, e Marcelo Oliveira, ou Júnior, que começou em alto nível e depois caiu. Quem jogou bem uma vez, pode repetir. Os dois obrigatoriamente devem apoiar, e muito.
Agora sim é possível aceitar volantes mais técnicos, porque o serviço sujo vai ser feito pelo trio de zagueiros. Wallace e Maicon à frente dos zagueiros, mas ambos com liberdade para avançar e juntar-se aos atacantes como elemento surpresa. O melhor seria que um deles fosse mais rápido e mordedor, estilo Ramiro, por exemplo.
Mais à frente, dois meias ofensivos: Giuliano e Luan. Ambos com menos obrigações defensivas, mas não isentos de combater até a intermediária eventualmente.
Na frente, como referência, o Mamute, que é o que a casa oferece de melhor: força e velocidade. Pode ser também o Pedro Rocha.
Pois o meu time como treinador seria esse, observando apenas que é um time montado com base nos jogadores que estão sendo mais utilizados.
É óbvio que entre buscar jogadores médios e investir e dar força para a base eu ficaria com a segunda hipótese.
Mas isso se eu fosse treinador e, claro, tivesse o poder de indicar e/ou vetar jogadores que o diretor de futebol tentasse me empurrar goela abaixo.
Acho que eu não duraria como treinador de futebol. Melhor ficar por aqui dando meus palpites.