Caso Barcos: ainda bem que não sou dirigente

Começo com uma constatação: eu não poderia ser dirigente de futebol.

Nos Aflitos, eu tentaria tirar o time de campo depois daquele pênalti que o árbitro marcou erradamente. Não fosse o Patrício ir pra cima do juiz, criando todo aquele clima, o Grêmio não teria vencido o jogo.

Nesse caso do Barcos, que jogou no ventilador uma crise salarial que atinge todos os clubes, inclusive um muito próximo, eu o afastaria do grupo na mesma hora.

Ele que vá piratear CD no centro.

Mas ainda bem que eu não sou dirigente. Os dirigentes são especialistas na arte de engolir sapos. Tem uns que chegam a ter congestão.

Tem gente que acredita que Renato se abraçou ao Barcos porque quis. Ingênuos.

Barcos  mostrou agora por que não fica mais do que uma temporada num clube. Mostrou por que é um andarilho, um cigano.

Um sujeito que recebe remuneração absurda, quase obscena, em comparação com a imensa maioria dos trabalhadores não precisava ir aos microfones desnudar uma situação ruim do clube.

E isso às vésperas de uma decisão contra a Portuguesa. O Grêmio que já perdeu a vaga direta para a Libertadores no ano passado por absoluta incompetência, corre o risco agora de repetir a dose.

Se já não seria fácil, agora ficou mais complicado.

Graças ao Barcos, que rapidamente se revelou muito melhor marqueteiro do que goleador.

Nos tempos da máxima ‘assunto de economia interna’, isso resultava em demissão por justa causa.

Ainda bem que não sou dirigente de futebol.

Barcos, comigo, não vestiria mais a camisa do Grêmio.

E digo mais, não faria a menor falta.

X-9

Essa trairagem do Barcos tem origem numa informação do x-9, que passou a imprensa o problema salarial do clube. Então, justamente no dia em que horas antes se discutia o assunto internamente, um repórter aparece para questionar sobre o atraso salarial. Informação privilegiada, claro.

O Barcos poderia ter dado uma volta, mas preferiu jogar para o mundo a crise gremista.