Fim do encanto do quadrado mágico

O quadrado mágico resistiu menos tempo do que a gente pensava. O quarteto individual havia vencido todos os jogos e indicava que o Grêmio até pudesse brigar pelo título caso não sofresse muito com lesões dos titulares e suspensões.

A derrota por 2 a 1, dentro de casa, contra o time aquele em que Marco Antônio era craque, foi um balde de água gelada no sonho de terminar o ano festejando um título.

Nenhum time que ambicione título e investiu uma fortuna em reforços pode perder em sua própria casa para um time tão modesto quanto esse da Lusa.

Nem o fato de o Grêmio ter jogado praticamente todos os 90 minutos no campo do adversário serve como atenuante. Ao contrário, é inaceitável jogar tão próximo da área inimiga quase todo o tempo e marcar apenas um gol.

Kleber e Elano foram os únicos que tentaram, e conseguiram, vitórias pessoais no drible. No mais, tapinha na bola pra cá, tapinha pra lá, e bolas alçadas pra área. Poucas vezes aquela bola mais pesada, em curva, que dificulta para a zaga e para o goleiro.

Não é por nada que os dois zagueiros da Portuguesa estão entre os melhores em campo, assim como o veterano Dida.

Aliás, parece que os jogadores gremistas fizeram um pacto no vestiário talvez para homenagear o goleiro de três Copas do Mundo. Era um tal de levantar a bola e bater escanteio na pequena área, onde Dida, por sua altura e experiência, é quase imbatível.

Então, o Grêmio foi insistente, buscou o gol, mesmo de forma errada, mas buscou, e merecer vencer. Contra o São Paulo, a vitória foi coisa dos deuses do futebol, porque o Grêmio pouco fez para voltar com três pontos do Morumbi.

Hoje, o Grêmio mereceu vencer, apesar da insistência em consagrar Dida e seus zagueiros com bolas pelo alto, e acabou derrotado.

A Portuguesa tem todos os méritos pelo esforço, aplicação tática, e felicidade nas poucas vezes que conseguiu ingressar na área gremista. Mas é preciso destacar o trabalho do árbitro, que deixou de marcar um pênalti, talvez até dois, sobre André Lima.

Tem ainda o lance da mão num cruzamento pela esquerda, em que o zagueiro saltou com os braços abertos e a bola bateu em sua mão. Questão de interpretação. O problema é que na dúvida esse juiz pouca prática sinalizou sempre contra o Grêmio.

Temos então que houve o encontro da arbitragem incompetente com o time incompetente, e isso nunca termina bem.