Salvação no finalzinho

Uma vitória quando tudo se encaminha para derrota ou empate é bom demais.

Sensação comparável a essa só as que senti muitas vezes no século passado quando saía à noite qual um vampiro em busca de sangue. No fim da balada – naquela tempo a gente dizia festa -, quando eu estava ali no zero a zero, comemorando o empate com a frase ‘empate fora de casa é vitória’, eis que surgia uma ovelha desgarrada, solitária, louca por um aconchego, lançando um olhar convidativo ou até intimativo, quase uma ordem.

Claro que nunca era a gata dos sonhos, mas um gol quando o garçom começa a colocar as cadeiras sobre as mesas é vitória de goleada.

Foi o que senti quando André Lima fez 2 a 1 no finalzinho do jogo contra o São Paulo. Foi o que sentiram os colorados, imagino, com o gol de Mike no final, sufocando as vaias que explodiriam se o time ficasse no 1 a 1 com a Ponte Preta.

Foram gols de fim de festa. Gols valiosos que acrescentam três pontos aos dois clubes, que continuam colados um no outro como irmãos siameses.

Se o Inter cumpriu sua obrigação, o Grêmio conseguiu quase um milagre.

Um milagre que começou com a decisão de Luxemburgo colocar Marquinhos na meia, sacando Fernando e posicionando Zé Roberto mais atrás.

Era metade do segundo tempo, e o Grêmio que até ali era presa fácil para o apenas esforçado time do São Paulo, começou a ganhar corpo no jogo. Mas ainda assim parecia impossível reverter o resultado. Imaginava que um empate já estaria de bom tamanho.

Kleber, o melhor jogador em campo disparado, cavou um escanteio. Marquinhos cobrou e Werley, a descoberta de Luxemburgo, desviou de Ceni.

O empate assustou o adversário. O Grêmio ganhou personalidade. Mas o jogo se encaminhava para o empate. Até que Zé Roberto, que não foi tão bem dessa vez, cruzou na medida para Kleber cabecear nos pés de André Lima, sempre tão criticado, mas sempre útil. Milagre! O Grêmio estava vencendo o SP.

Curioso é que Grêmio e Inter fizeram seus gols finais quase ao mesmo tempo.

Devo reconhecer que Marquinhos mais uma vez entrou muito bem. Foi com a sua entrada na equipe que o time começou a ganhar o meio de campo.

O ponto fraco continua sendo as laterais. Os dois até marcam bem, mas ofensivamente, quando o time precisa de uma jogada pelas pontas, Edilson e Pará ficam devendo. Até acertam um ou outro lance, mas é pouco.

LIDERANÇA

Enquanto isso, o Atlético Mineiro superou um começo de crise entre o presidente do clube e RG e bateu o Vasco, livrando quatro pontos de diferença. O gol da vitória foi de Jô. RG foi o melhor campo. O Atlético tem sete pontos a mais que o Grêmio, e oito de diferença sobre o Inter.

O time está acertado, quase não tem problemas com lesões e cartões.

A continuar assim, tem tudo para ser campeão.

TEQUILA

Mano Menezes não vai resistir. A seleção chegou à final das Olimpíadas sem convencer, ao menos a mim. A vitória sobre Honduras foi um crime, parecia Robin Hood roubando dos pobres.

Sábado, o castigo. O time da tequila venceu o da terra da cachaça.

Os falsos brilhantes ficaram ofuscados com o futebol eficiente e objetivo dos mexicanos.

Mano vai cair. Não sei se é justo ou não, mas é assim que funciona.

Seu sucessor não escapa desta lista: Luxemburgo, Felipão, Muricy e Tite.

Vai pesar muito as influências políticas de cada um.