Os falsos brilhantes de Mano

Sempre que paira no ar esse clima de euforia que envolve a seleção brasileira, dá nisso. Frustração.

Houve algo parecido quando o Inter foi para o mundial de clubes pensando em decidir o título com a Inter, ignorando que havia um Mazembe no meio do caminho.

Confesso que pouco vi das olimpíadas até agora. Pelo pouco que assisti, percebi o entusiasmo com a seleção armada por Mano Menezes era exagerado, coisa típica de ufanistas.

Os colorados, então, com o desprezado Juan, Sandro, Oscar, Damião e Pato – será que esqueci algum ex-colorado? – estavam no céu, já vislumbrando o inédito ouro olímpico no futebol com meio time colorado.

Em função disso, muitos gremistas estavam indiferentes ou secavam o Brasil. Gre-Nal também na Olimpíada.

Lembro que véspera do jogo contra Honduas participei de um programa de debate na rádio Guaíba. Os outros participantes, os colorados da mesa em especial, previam vitória fácil.

Eu questionei sobre esse entusiasmo. Também acreditava que o Brasil venceria, mas não com aquele espírito de ‘já ganhou’ que havia no programa.

– Não vi futebol para tanta certeza na vitória -, enfatizei.

No dia seguinte, o Brasil precisou da ajuda da arbitragem para vencer Honduras.

Era para ter caído ali, longe das medalhas.

A seleção é boa, mas tem alguns nomes que comprometem. O goleiro, o zagueiro Juan e o lateral Rafael, tão confiável quanto o Gabriel, ou o Nei.

Do meio pra frente, só vejo um jogador inquestionável: Neymar.

Os demais são bons ou muito bons, mas diante de uma marcação mais firme e contra um adversário de um nível superior a Honduras, por exemplo, já não brilham tanto.

Mostram que são, na realidade, falsos brilhantes.

Foi o que aconteceu nesta manhã de verão, digo, de inverno em Porto Alegre, onde a temperatura gira em torno dos 30 graus.

O time mexicano é compenetrado, aplicado e eficiente. Nada mais do que isso.

Mas bastou para ofuscar os falsos brilhantes brasileiros.

No final das contas, a medalha de prata ficou de bom tamanho.

Mas duvido que o comando da CBF concorde comigo: sem a medalha de ouro, cai o Mano.

Muricy, que desprezou a seleção antes pode mudar de ideia se receber o convite de outro são-paulino, o Marins.

Depois, Felipão, Luxemburgo e Tite.

GRENALIZAÇÃO NO MPE

De um lado, promotores complicando a Arena, questionando as obras do entorno e, acreditem, o seu custo.

De outro, promotores defendendo a interdição do Beira-Rio.

Há empates e empates

Há empates e empates. Empatar em casa, ainda por cima com o Náutico, é ruim, e só não é pior quando a arbitragem anula um gol legítimo do modesto adversário, tão modesto que ninguém houve seu berro e a imprensa silencia cumpliciada.

Já o empate fora, num campo que mais parece um potreiro, e contra uma Ponte Preta motivada, até pode ser bom.

No caso do Grêmio, que ficou no 0 a 0 com o time de Campinas, seu primeiro empate no Brasileirão, o resultado não chega a ser ruim, mas também não pode ser comemorado.

Afinal, o Grêmio foi melhor, criou situações de gol suficientes para fazer ao menos um gol, um mísero golzinho que o levaria a encostar no Fluminense e a ficar a apenas 5 pontos do líder Atlético Mineiro.

O empate, pelo que houve no primeiro tempo, até seria saudado como vitória, mas o segundo tempo deixou a sensação de que poderia ser melhor, que os três pontos eram possíveis. E justos. Merecidos.

Está aí o melhor da noite: o Grêmio fez, talvez, o seu melhor segundo tempo desde que a dupla Elano/Zé Roberto foi formada. Pela segunda vez seguida, os dois terminaram o jogo. E terminaram correndo e jogando como guris em começo de carreira. Deu gosto de ver Zé Roberto correndo como um moleque pela lado esquerdo. Até o gol que perdeu deve ser desculpado.

E o que dizer de Elano, o melhor negócio do Grêmio nos últimos tempos? Aquele drible desconcertante que ele deu quase no final – repito, quase no final, quando as pernas normalmente se fazem de desentendidas diante das ordens do cérebro -, e depois cruzando uma bola suave e precisa para o cabeceio de Kleber.

Parecia um sonho, que virou pesadelo quando o goleiro insensível à beleza da jogada mandou a bola pra longe, impedindo o gol que seria o complemento ideal ao lance.

O jogo mostrou outras coisas positivas: por exemplo, Pará mostrou que na direita rende mais, talvez o suficiente para ser titular. Marquinhos, que eu já quis ver pelas costas, tem dado sinais de vida. Está mostrando que pode ser uma alternativa para o segundo tempo. E só para o segundo tempo.

Enfim, o Grêmio está mostrando que pode realmente brigar pelo quarto, ou no máximo, terceiro lugar do Brasileirão.

Imaginar que pode algo mais do que isso com esse grupo, é sinal de fanatismo cego ou otimismo delirante e febril.

Por favor, não esqueçam de me cobrar.

Fim da lua-de-mel?

A torcida colorada anda impaciente. Vaiou o time e, por tabela, o técnico Fernandão – ou será o contrário, vaiou Fernandão e por tabela o time? – no empate por  0 a 0 com o glorioso Náutico.

Sinal de fim de lua-de-mel?

O empate foi um resultado para deixar todo mundo ‘aflito’ no Inter. Fernandão garantiu: “Não se recupera ponto perdido em casa’. E ponto perdido fora de casa se recupera?

Questão profunda para um debate infinito nos botecos da vida.

Agora, é realmente desanimador para o torcedor colorado ver o time todo embalado por uma série de resultados positivos mesmo desfalcado, ficar só no empate com a modesta equipe pernambucana.

O pior é que poderia ter sido pior, com o perdão da redundância. No primeiro tempo, Araújo pegou rebote de Muriel e mandou para a rede. O juiz anulou atendendo marcação de impedimento do bandeirinha.

Lance difícil, assim como foi o lance do gol anulado do Bahia sobre o Grêmio e que gerou tanta onda da parcela vermelha da imprensa, que não recuou apesar de imagens posteriores revelarem que Fahel estava mesmo impedido.

Araújo, viu-se no repeteco da TV, estava em posição legal. Nada como um dia depois do outro.

Mais adiante, Nei teria sofrido um pênalti. O juiz nada marcou. Li nos sites da ZH e do CP comentários sobre o jogo. Nenhum deles disse que o gol foi mal anulado. Mas não esqueceram do tal pênalti sobre Nei, que deve mesmo ter ocorrido, por que não?

Esse é o campeonato brasileiro com mais erros de arbitragem dos últimos tempos, talvez de todos os tempos.

O que chama a atenção também é essa insistência colorada de seguir jogando em seu estádio em ruínas, local mais propício a campeonato de motocross.

Além do risco que as pessoas correm, conforme destaca o MP e ignora a valorosa Federação comandada por Noveletto, o Inter não consegue aproveitar a vantagem de jogar no que resta do seu estádio.

O empate com o Náutico mostra que o Inter não está conseguindo fazer valer em sua plenitude o fator local.

Então, por que não jogar em outro lugar?

No mínimo, será menos arriscado, mais saudável.

A proposta infeliz da BM

Está no site do governo gaúcho:

A Brigada Militar (BM), por motivos de segurança, propõe que no próximo Gre-Nal, a ser realizado em 26 de agosto, no Estádio Beira-Rio, do Sport Clube Internacional, pelo Campeonato Brasileiro, somente os torcedores do clube anfitrião estejam presentes. Conforme o subcomandante-geral da BM, coronel Altair de Freitas Cunha, as obras no estádio tornam o policiamento mais difícil, e a presença de torcidas adversárias tende a provocar situações de conflito.

Está correta a BM: realmente é mais difícil controlar as torcidas num Gre-Nal, ainda mais num estádio em obras. Ostapumes podem ser derrubados, permitindo acesso a pedras, madeiras, etc.

Agora, no momento em que liberou o Beira-Rio para jogos, a BM não pode selecionar quais jogos podem ser realizados no estádio.

A BM está acostumada a trabalhar em situações de conflito, em casos muito mais complexos e perigosos.

Se tivesse agido com o rigor do Ministério Público que optou pela interdição do estádio, a BM não teria que vir a público agora com essa proposta de ter uma jogo para apenas uma torcida.

Por um lado, a BM não deixa de ter razão. Qualquer Gre-Nal tem componentes explosivos. Não é um jogo comum. Todo cuidado é pouco, medidas preventivas devem ser tomadas.

Não será grande o número de gremistas no Beira-Rio em obras. O estádio tem hoje capacidade para 21 mil torcedores, segundo divulga o Inter. Que se destine ao Grêmio uns mil ingressos. Não é tão difícil conter massa com essa dimensão.

Portanto, não há motivo para não reservar um espaço à torcida do Grêmio.

Em último caso, que se transfira o jogo para outro local.

O que não pode é aceitar um jogo pelo Campeonato Brasileiro ser disputado com apenas um torcida.

A CBF precisa intervir.

Haverá um desequilíbrio importante na competição caso o Gre-Nal se realize apenas com torcedores colorados no estádio. O que não pode é o Grêmio ser prejudicado porque o estádio colorado está em obras em pleno Campeonato Brasileiro.

Se fosse o contrário, eu diria a mesma coisa.

Existe uma saída: que o segundo Gre-Nal seja realizado no Olímpico apenas com a torcida do Grêmio. Teríamos, então, o equilíbrio restabelecido.

O que não pode ser admitido é um jogo apenas com a torcida do Inter, e o outro com as duas torcidas.

Seria o caso de apelar para o tal estatuto do torcedor.

Mas acredito que o bom senso irá prevalecer.

DAMIÃO

Há tempo que sou fã do Leandro Damião. Hoje, fez mais dois gols pela seleção olímpica. Sua cotação deu salto no mercado do futebol. Logo irá aparecer algum clube oferecendo 100 milhões de reais por ele.

Fico imaginando o Giovani Luigi nadando no dinheiro, em cédulas de ouro, imitando o Tio Patinhas mergulhando em seu cofre de moedas.

Damião é mais um exemplo de como as direções do Inter têm sido tão superiores as do Grêmio. Ou possuem melhores olheiros pelo Brasil.

Damião estava ali em SC dando mole. Oscar também.

O Inter foi lá e agora é cada vez mais o primo rico do futebol gaúcho.

A inveja é uma m.

Enfim, uma arbitragem a favor

Foi a pior partida do Grêmio com o seu quarteto de ouro no meio de campo. Penso que isso é indiscutível.

Para vencer, foi preciso uma ajuda da arbitragem.

Foi a primeira vez no Brasileiro que o Grêmio, tão prejudicado em alguns jogos, é favorecido.

Agora, não é tanto assim quanto esbravejam os baianos ou enfatizam a todo instante determinados analistas de jogo e de arbitragem.

O segundo gol do Bahia foi anulado porque o bandeira viu impedimento na jogada. Marcelo Grohe deu o rebote e Fael em posição regular mandou para a rede. Ao seu lado, na linha de visão do bandeira, Zé Roberto em claro impedimento. Outro detalhe: Fahel pareceu que saía de posição de impedimento quando recebeu a bola vinda de Grohe.

Não ouvi ninguém questionar a decisão antes de haver o repeteco do lance na TV. Portanto, é daqueles lances que não podem servir para condenar uma arbitragem, por ser de difícil visualização na hora.

O time baiano reclamou também do gol de Souza. Na cobrança de escanteio, que não teria existido, Souza cabeceou e a bola bateu nas costas de Kleber e entrou. Kleber estaria em impedimento, quase ao lado do goleiro. Mas não vi o atacante empurrando ou segurando o goleiro, conforme ouvi alguns dizendo.

É outro lance que só ficou ‘claro’ depois do repeteco. Na hora ninguém viu a bola desviando em Kleber, e até agora não sei se ele estava mesmo em posição irregular.

O fato é que foram dois lances complicados, que o juiz, ao contrário do que tem acontecido, dessa vez pendeu para o Grêmio.

Ao longo do campeonato o Grêmio deixou de somar pontos por causa de decisões de arbitragem. E isso vai acontecer mais vezes, a favor e contra.

A ruindade campeia.

KLEBER

Talvez o maior erro desse juiz do Espírito Santo foi não ter expulsado Kleber por uma entrada grosseira no goleiro, ainda no primeiro tempo. Ele poderia ter dado o vermelho direto, mas optou pelo amarelo. Não sei se a imagem do lance não resulte em punição maior ao Kleber, não sei.

A entrada de Kleber, violenta e espalhafatosa, não combina com o seu comportamento atual. Lembrou o velho Kleber do Palmeiras. Tentei entender e na hora lembrei que no minuto anterior ele roubou uma bola no meio de campo, Elano avançou com ela ao seu lado. Kleber corria livre esperando o passe. Elano preferiu concluir e mandou para fora. Kleber gesticulou reclamando. Elano pediu desculpas.

Depois da entrada no goleiro e do cartão amarelo, Elano se aproximou de Kleber para conversar. Teria sido esse o motivo da dura entrada do atacante no goleiro do Bahia?

ELANO E ZÉ ROBERTO

A dupla que elevou o nível técnico do time gremista conseguiu ficar em campo os 90 minutos. Depois da vitória por 3 a 1 e dos três pontos, foi o que de melhor aconteceu no Olímpico. Foi um jogo pegado, o Bahia cresceu muito no segundo tempo e fez por merecer um empate. Zé Roberto e Elano resistiram bem, em especial Elano, principal jogador em campo.

Como prova de que estava bem fisicamente, no finalzinho Elano meteu uma bola açucarada para Moreno marcar um golaço, com muita categoria.

SUBSTITUIÇÕES

É grave depender de Léo Gago e Marquinhos para resolver um jogo encrencado. O time precisava alguém para driblar, partir pra cima da zaga. Rondinelly seria a melhor opção.

Melhor ainda o Facundo Bertoglio, que está para voltar ao time. Ele seria uma excelente alternativa para quebrar o futebol burocrático do time.

Outro problema são as laterais. Pará realmente só quebra o galho. Edilson é um pouco melhor, mas foi só Caio Jr colocar um driblador em cima dele que já abriu um rombo na defesa.

Penso que aí Luxemburgo demorou a agir. Deveria ter encostado alguém para ajudar Edilson.

Depois, Tony entrou. Foi só para mostrar que Edilson é o melhor que o time tem para a lateral-direita.

INTER

Ouvi um torcedor dizendo na rádio Guaíba que estava feliz com a vitória, mas principalmente pelo fato de o time continuar na frente do Inter na classificação. Ele gritou: “Eles nunca vão nos ultrapassar”.

Pois eu não tenho dúvida nenhuma que o Inter vai passar o Grêmio, e não vai demorar.

O time misto do Inter, sob o comando de Fernandão, está surpreendendo. Vencer o Palmeiras fora não é fácil, que o diga o Grêmio.

Fernandão está dando sorte, sem dúvida, mas o importante é que o Inter, sem seu goleador e seu maestro, está pontuando no campeonato.

Com sua força máxima, o Inter vai garantir um lugar no G-4. E talvez até brigar pelo título.

Bons tempos

Há uns cinco ou seis anos o pessoal do Correio do Povo realizou um Gre-Nal no campo do Zequinha.

Um jogaço. Meu time, o Grêmio, goleou o Inter.

Foi um retumbante e inesquecível 8 a 2.

Os destaques do jogo: eu, com a camisa número 18, o goleiro Chico Izidro e uns carinhas que fizeram os gols.

No segundo tempo, dei uma chegada mais forte num neguinho bom do time deles. Me senti um Lugano.

Depois, tem um lance em que exibo parte do meu futebol exuberante. Um Mauro Galvão.

Bons tempos. Confiram que vale a pena:

Só com reforço para chegar ao 'orgasmo'

Não vi todo o jogo do Grêmio contra o Coritiba. Desisti quando soube que Marco Antônio começaria no lugar do Zé Roberto.

Quando clamei pela contratação de Riquelme eu já projetava esse tipo de situação. Urge, agora, a contratação de pelo menos um meia para que Luxemburgo não queime de cara uma substituição escalando de novo o MA.

E tudo indica que Zé Roberto irá desfalcar o time muitas vezes. Portanto, é fundamental contratar um meia de qualidade. De repente até pode ser que o Wangler resolva, mas seria preciso alguém mais experiente, jovem, mas experiente.

O destaque da noite, depois do gol salvador de André Lima, foi o discurso do presidente Paulo Odone, falando em orgasmo da torcida no caso de uma decisão da Sulamericana ser disputada na Arena, dia 12 de dezembro.

Otimista o presidente, que cada vez está com mais cara de candidato à reeleição. Será que ele acredita mesmo que o Grêmio, com esse grupo carente que ele montou com ajuda do Paulo Pelaipe, não vai morrer no meio do caminho?

É óbvio que tudo é possível no futebol, mas a tendência é de que o Grêmio não vá muito longe no torneio.

Agora, se o Grêmio estiver vivo na Sulamericana até o segundo turno da eleição, dia 20 de outubro, e seguir mantendo uma boa posição no Brasileiro, Odone garantirá sua permanência no poder. Ou quem ele indicar. Afinal, a Arena terá um peso significativo nesse processo.

Se o Grêmio, depois, fracassar nas duas competições, será tarde para chorar.

Fosse eu o Paulo Odone, trataria de reforçar o time imediatamente com jogadores do mercado interno.

Os reforços vão funcionar como a famosa pílula azul e aí sim o tal ‘orgasmo’ da torcida poderá acontecer.

Fora isso, será mais uma tentativa e outra desistência.

GROHE

O colunista Paulo Sant’ana voltou a atacar gratuitamente o goleiro Marcelo Grohe. Assim, do nada. Mesmo que Grohe tivesse levado um frangaço, ainda assim a crítica do Sant’ana seria cruel e injusta. Eu retomo o assunto porque esse tipo de ataque pode desestabilizar o atleta.

Lembro que no início dos anos 80, o consagrado colunista atacou de forma ainda mais agressiva e maldosa o goleador Baltazar. A resposta do Baltazar, que costumava dizer ‘Deus está reservando algo melhor pra mim’, foi o gol espetacular, antológico, inesquecível, na vitória por 1 a 0 sobre o São Paulo.

Torço para que Grohe, que é um bom goleiro, resista e levante um título ainda neste ano, calando o Sant’ana, que irá comemorar na maior cara-de-pau como fez em 1981.

O colunista, por vaidade, já que trava um duelo verbal a respeito do goleiro com o Cacalo, está prestando um desserviço ao clube, até porque se Marcelo Grohe fracassar, não há substituto.

Agora, particularmente, assim como Victor foi crucificado por causa desses anos negativos, penso que o mesmo tende acontecer com Grohe.

Quando a fase é ruim, a primeira vítima é sempre o goleiro.

Ataque infame a Grohe

O colunista Paulo Santana foi implacável com Marcelo Grohe em seu espaço na Zero Hora desta segunda-feira, e também na rádio. Acusou o goleiro de ter falhado nos dois gols na derrota por 2 a 1 contra o Coritiba.

São dois lances discutíveis que não justificam esse ataque infame. Tudo o que Marcelo Grohe não precisa neste momento em que busca afirmação como substituto do grande Victor, é de alguém tentando abalar sua auto-estima, sua confiança.

O colunista, por vaidade, decidiu atacar o goleiro, querendo dizer que havia ganho uma discussão com o ex-dirigente Cacalo. Ignorou todas as belas atuações anteriores de Grohe e focou apenas nesse jogo, chegando a dizer que o goleiro havia levado dois ‘frangos’.

Paulo Santana foi cruel. E injusto.

Vi e revi os dois gols. Na cobrança de falta, realmente Grohe vacilou, mas não chega a ser algo que se possa definir como ‘frango’. Foi um chute forte. Grohe já defendeu bolas muito mais difíceis. Aliás, Grohe fez uma defesa magnífica num cabeceio à queima-roupa, mas isso Santana omite.

Quando vi o gol na hora do jogo pensei em Victor: fosse com ele, seria crucificado por seus detratores gremistas. Para muita gente, quando o time vai mal, a culpa é do goleiro. Não importa que a defesa falha, se o meio campo não cria e o ataque não chuta. O goleiro é o único que não tem direito de vacilar, muito menos de falhar.

A produção ofensiva do time contra o Coritiba foi ridícula. Mas a culpa é só do goleiro.

Hoje, ao participar do Cadeira Cativa, o João de Almeida Neto, gremista e cantor nativista, encontrou outro culpado para o fracasso do time: Fernando.

Sim, Fernando. Para ele, Fernando não marca direito, não rouba a bola de ninguém.

É claro que eu saí em defesa do Fernando, assim como fiz com Victor. Aliás, os dois sempre foram titulares absolutos do time que eu considero ideal para o Grêmio.

Então, se tem gente que atribui grande parte dos problemas do time ao Fernando, não há muito mais o que dizer a não ser que o futebol é empolgante também por isso: a absoluta diversidade de opiniões.

Perguntei ao João, por que ele não focava sua crítica aos laterais, por exemplo. Ele respondeu que Fernando tem uma função mais vital, o que é verdade, mas os laterais também podem elevar ou detonar um time. Como seria esse time do Grêmio com Mário fernandes e Júlio César. Melhor, muito melhor. Arrisco dizer que seria campeão da Copa do Brasil até com MA e Gago no meio de campo, e Kleber recém voltando de lesão.

Voltando ao Grohe, no segundo gol, o que vi foi uma bola muito bem colocada, fora do alcance do goleiro. Não foi um chute forte, mas foi um chute preciso, em curva, bem no canto direito. Volto a dizer: fosse o Victor, diriam que foi falha. Eu, assim como defendi Victor, que se encaminha para ser campeão brasileiro, defendo o Marcelo Grohe.

O goleiro é uma peça da engrenagem. Uma peça importante. Um time campeão começa pelo goleiro, dizem. Mas só começa.

Hoje, o Grêmio tem um goleiro muito bom, a dupla de área é boa, os laterais são apenas esforçados, o meio-campo titular é ótimo e o ataque é muito bom. É um time apto a disputar o título. Mas um campeonato como esse exige mais do que um bom time. É preciso um grupo mais equilibrado.

Elano e Zé Roberto, que deram o toque de qualidade que faltava, não têm substitutos.

E as laterais continuam supridas por reservas. Por isso, diante do material humano existente no Olímpico, o máximo que se pode almejar é mesmo uma vaga na Libertadores.

Mas até isso é muito difícil.

Talvez o melhor seja mesmo apostar na Sul-Americana. E parar de detonar os bons, como Grohe e Fernando.

O limite da dupla

Antes da derrota em Curitiba – resultado justo -, o time do Grêmio já dava sinais de que enfraquecia sem Elano e Zé Roberto, substituídos no decorrer do segundo tempo de dois jogos. Sábado, eles deixaram o time no intervalo.

Resistir 45 minutos sem Elano e Zé Roberto era pedir demais. Sem contar que outro titular do meio de campo, Souza, suspenso, sequer participou. Assim, foram 45 minutos com um meio de campo paupérrimo de qualidade. Portanto, a vitória do Coritiba era praticamente inevitável.

É bem verdade que o primeiro tempo do Grêmio também não foi lá essas coisas. Elano, meio adoentado, não foi o mesmo das três partidas anteriores. Idem o Zé Roberto.

Ficou claro, assim, que o Grêmio tem um forte time titular, mas não há peças de reposição para várias posições, em especial as do meio de campo, setor mais importante de uma equipe de futebol, conforme tenho repetido.

O preocupante é que os desfalques inevitáveis começaram a acontecer muito cedo.

No jogo em Curitiba, é preciso considerar que Luxemburgo errou ao começar com André Lima no lugar de Kleber. Ele e Moreno só podem jogar juntos em determinadas condições. Luxemburgo poderia ter começado com Rondinelly. Mas não sei se mudaria muita coisa.

A conclusão é que o Grêmio, com o que tem hoje, pode no máximo almejar uma vaga no G-4. Título só se tudo começar a dar muito certo, numa confluência de astros pra lá de positiva.

FORLAN

Na estreia de Forlan, com a torcida lotando o que resta em pé no Beira-Rio, o Inter ficou apenas no empate com o Vasco, que realmente está com uma equipe muito competitiva, aliando qualidade e força.

Empatar em casa no Brasileirão é um resultado negativo.

O uruguaio não foi bem, perdeu duas boas chances de gol, pelo que soube. Mas é natural. Muito tempo parado, desentrosado.

Os garotos do Inter, tão festejados nos dois jogos anteriores, não repetiram suas atuações.

Pelo jeito, o título brasileiro vai ficar mesmo lá para o centro do país mais uma vez.

SELEÇÃO

Os corneteiros e secadores do Neymar – acredite, eles existem aos montes – mais uma vez tiveram de engolir sua saliva venenosa.

O guri do Santos liquidou com a Bielorrússia, que saiu na frente. Fez o segundo gol e deu os passes para os de Pato e Oscar. Vitória por 3 a 1.

As cores dos cronistas esportivos

De vez em quando recebo e-mail de gente querendo saber pra quem torce este ou aquele cronista esportivo aqui da aldeia.

Semana passada, recebi uma lista com uns 30 nomes da mídia esportiva. Era para eu assinalar ao lado as letras G ou C ao lado de cada nome.

Dei uma olhada e percebi que eu sei qual o clube de todos, ou quase todos.

Não respondi. Ainda. Nem sei se vou responder.

Por enquanto, fico com uma frase antológica do falecido Cid Pinheiro Cabral, que está eternizada numa placa colocada na cabine de imprensa do Inter, se é que resistiu ao processo de demolição. Cid dizia que acreditava na inteligência do torcedor, por isso não revelava seu clube, o Inter, claro.

Já dei algumas dicas de como descobrir o time de cada um.

Retomo o assunto porque fiquei irritado ouvindo um programa de debate numa emissora. Dois dos debatedores defendiam que o Grêmio tem grupo para enfrentar a Sul-Americana e o Brasileirão.

Segundo eles, há reservas de qualidade para todos os setores do time, o que é inadmissível para alguém supostamente conhecedor de futebol.

Todos sabem que Zé Roberto e Elano não têm substitutos à altura, só para ficar nos dois jogadores que, juntos, assessorados em alto nível por Fernando e Souza, conseguiram tornar o time mais competitivo.

Um deles, mais jovem, teve a audácia de dizer que o crescimento do time nos últimos jogos não se deve ao acréscimo de qualidade, mas sim a sequencia de jogos com a mesmo formação.

Esquece esse jovem analista que Marco Antonio e Léo Gago tiveram longa e irritante sequencia e nada produziram. Um deles sequer fica no banco hoje.

Temos aí, portanto, dois casos de coloradismo explícito para quem é mais atento.

Fui conferir a minha lista de cronistas esportivos. Achei o nome dos dois: havia colocado a letra C ao lado.

Outro modo de identificar colorados: todos eles gostam do RG, ou fingem que gostam para irritar gremistas.

O mesmo raciocínio vale para os gremistas da crônica: eles são menos críticos em relação ao Inter.

Voltarei ao tema.