Saudosismo, Barão de Itararé e a prensa no Luxemburgo

Há dias em que fico nostálgico, saudosista. Penso nas coisas que vivi e sinto falta das coisas que não vivi.

Dia desses, o Chico Izidro, velho companheiro e parceiro do Correio do Povo, colocou no face fotos de festas de Natal que eu e ele organizávamos no CP. Lá estou eu lépido e faceiro, ainda com poucos fios de cabelo brancos, abraçado a belas colegas.

‘A saudade mata a gente, morena’, já dizia, com sabedoria, o compositor João de Barro, do tempo em que a música brasileira tinha um outro nível. Saudade também desse tempo.

No futebol, tenho saudade também de muitas coisas. Por exemplo, do tempo em que a gente iaa jogos no Olímpico ou Beira-Rio sem medo de alguma violência física. No máximo, um saco de urina na cabeça em Gre-Nal de estádio lotado.

Sinto saudade do tempo em que os jogadores ficavam anos num clube e com ele se identificavam.

Era um tempo em que a gente sabia que a opção de um treinador por este ou aquele jogador era por questões técnicas, físicas e/ou táticas. Nem se cogitava que pudesse ser por alguma coisa envolvendo dinheiro, algo obscuro, tramado na sarjeta e nos esgotos.

Da mesma forma, a indicação de algum jogador para contratar.

Eu vivi esse tempo como jovem torcedor que tinha como maior meta o título do campeonato gaúcho e depois como jornalista, aí projetando vôos mais altos, como o título nacional, a Libertadores e o Mundial.

Era um tempo de mais moralidade, ética e transparência. Em tudo, não apenas no futebol.

Sinto saudade desse tempo.

ENCURRALADO

Depois de ouvir a entrevista de Luxemburgo no final da tarde de sexta-feira, fui ao programa Cadeira Cativa, do Reche. Estavam lá o Chitolina e o Rui Costa, os homens do futebol gremista.

Antes de começar o programa, perguntei: vocês é que exigiram a escalação do time titular contra o Veranópolis? Foi assim mesmo de supetão. Percebi uma vacilada, coisa de fração de segundo.

– Não, claro que não, foi algo de consenso -, respondeu o Costa, que faz ótimo trabalho no futebol.

Não senti firmeza. Mas ficamos assim. O importante é que Luxemburgo anunciou o time titular para entrosar e também para garantir três pontos.

Afinal, depois da derrota para o Patolino, é bom ficar com uma carta na manga, o Gauchão.

Ah, Luxemburgo revelou que foi para a coletiva, que não era prevista, a pedido do pessoal da comunicação. Todos nós sabemos que esse pedido, ou ordem, vem lá de cima.

Portanto, Luxemburgo foi obrigado a explicar certas coisas, desfazendo esse história de que ele é quem manda.

Para justificar o injustificável – a opção por Adriano – chegou a revelar que Fernando passa por problemas pessoais, o que é verdade.

Já passei por problema semelhante e segui trabalhando.

Se o técnico estava realmente preocupado em preservar Fernando, que não o colocasse no banco. Estando no banco, Fernando, que estaria meio perturbado com o problema, poderia entrar a qualquer momento. Na mesma entrevista, o técnico falou que Fernando, naquele momento ainda sob efeito do seu problema pessoal, estava relacionado para o jogo deste domingo.

Enfim, Luxemburgo saiu de seu pedestal, mas manteve a empáfia habitual, como ironia e tom de deboche.

Quem sabe desse episódio não resplandece o velho Luxemburgo multicampeão, mais humilde,  e principalmente mais focado apenas em armar o melhor time, sem bruxismo?

É preciso acreditar. Mais do que nunca é preciso acreditar.

BARÃO DE ITARARÉ

Fluminense anuncia retorno de Deco, depois de três meses.

Lembro da frase do Barão:

Tudo seria fácil não fossem as dificuldades.

Mais uma derrota na conta de Luxemburgo

Os luxemburguistas que me perdoem, mas outra vez o Grêmio foi prejudicado por alguma decisão do seu treinador.

Tempos atrás eu escrevi que o Grêmio seria campeão da Libertadores, mas não com o Luxemburgo.

Não tenho nada contra ele. “Nada pessoal”, como repetia um velho jornalista, o Melchiades Stricher.

O problema é que vira e mexe ele está virando e mexendo errado.

Pra começo de conversa: alguém observou esse time, campeão chileno? Se observou, não viu que se trata de um time ajustado, compactado, que procura tocar a bola e tem, acima de tudo, um entrosamento de dar inveja.

Ali pelos 30 minutos de jogo postei no twitter algo assim: a melhor virtude do Huachipato – só agora durante o jogo decorei esse nome – é o maior defeito do Grêmio, o entrosamento.

Difícil acreditar que a comissão técnica liderada pelo sr Luxemburgo desconhecia essa qualidade do adversário. Bem, em conhecendo, Luxemburgo deveria mexer o mínimo no time.

A entrada de André Santos era inevitável. A de Barcos tenho minhas dúvidas em função do entrosamento. Nesse aspecto, Moreno está melhor ambientado.

O que dói é ver Fernando preterido pelo Adriano. O volante do Santos recém chegou. Fernando tem entrosamento de orquestra sinfônica com Elano, Zé Roberto e Souza. Quer dizer, o setor mais vital do time não precisava ser alterado, ainda mais contra um time entrosado.

Um erro primário do sr. Luxemburgo. Outro erro primário do sr. Luxemburgo.

Adriano até poderá ser titular um dia, porque é bom jogador. Mas por que a pressa em escalar Adriano se há um Fernando tinindo, em plena forma física e técnica? E, repito, insisto, ENTROSADO com os jogadores do setor mais importante de qualquer time de futebol no planeta. E o Barcelona está aí pra confirmar.

Temos, então, um primeiro tempo ridículo do Grêmio. Sua ação ofensiva se resume a um chute de fora da área de Elano, que o goleiro mandou pra escanteio.

No segundo tempo, Luxemburgo jogou pra torcida, que pedia Fernando. Ele foi 50%. Sacou Adriano, mas não escalou Fernando. Colocou mais um centroavante. Outro erro.

Poderia dar certo? Poderia. Tudo pode dar certo no futebol. Mas a tendência é de que esse simplismo não traria o resultado esperado.

Confesso que entrei em pânico. O negociável Moreno virou solução na cabeça do treinador. Começar o jogo com Moreno é um coisa, colocá-lo em campo na hora da fogueira é outra. Como estava a cabeça do dispensável Moreno?

Não tenho dúvida que a troca de Adriano por Fernando seria mais eficaz. Mas agora é tarde para sabermos. Contra o Fluminense, se Luxemburgo tiver humildada e lucidez, ele vai começar com Fernando.

No comentário anterior, escrevi que esse é o melhor time do Grêmio, no papel, em quase 20 anos. E que caberia ao treinador fazer esse time jogar.

A derrota por 2 a 1, dentro de casa, sinalizou, ao menos pra mim, que Luxemburgo não é o cara para levar o Grêmio ao tri da Libertadores. Mais uma derrota na conta de Luxemburgo.

Ele jamais poderá cantar a música do Roberto Carlos: Este cara sou eu.

Não, Luxemburgo não é este cara. Infelizmente.

Agora, poucos treinam a mídia como ele.

A disputa com Dunga é parelha.

OLÍMPICO

Sempre que perde, o sr Luxemburgo muda de assunto. Agora, ele fala no gramado. Por que não falou no gramado da Arena quando venceu? O gramado era o mesmo.

O campo de jogo era o mesmo para os dois times.

Luxemburgo consegue mais uma vez transferir a luzes para outro lado. O assunto passa a ser: jogar no Olímpico enquanto o gramado estiver ruim.

Tempos atrás eu escrevi, e repeti por aí, que o Grêmio deveria mesmo jogar no Olímpico porque está mais adaptado ao gramado do seu velho estádio.

Raros foram os que concordaram. Agora, na hora da derrota, o velho Luxa coloca o assunto em pauta.

Conveniente.

No papel, o melhor Grêmio do século

Grêmio começa a ganhar corpo para buscar o tri. É o título do meu último comentário, antes de viajar para recarregar as baterias em Barra de Ibiraquera.

Eu sei que não vão acreditar, mas não acessei internet nem li jornal. Até tive vontade. Mesmo assim, soube de relance – ouvindo uns gremistas conversando enquanto fazia o sacrifício de ingerir uma caipirinha feita pelo ‘seu’ Ademir, à beira-mar – que o Grêmio havia contratado Barcos e André Santos, um grande lateral esquerdo que o Dunga trocou pelo Michel Bastos.

Dizem que ele, o André Santos, tem problema extra-campo. Mas entre um lateral que só me dá problema dentro de campo, prefiro sempre um que resolva em campo e depois, fora dele, acabe incomodando um pouco.

Sobre o Barcos, nada a declarar. Um baita atacante. E o melhor ainda é que ele vem feliz da vida em vestir a camisa tricolor mais bonita do planeta.

Então, juntando com outros reforços confirmados semana passada, eis que o Grêmio agora já tem um time, e um grupo, com plenas condições de brigar de igual para igual com qualquer outro clube.

Resta agora esperar que Luxemburgo acerte a mão e consiga tirar o máximo dessa equipe.

Uma equipe que tem no ataque os seguintes nomes: Barcos, Vargas, Kleber e Welliton. De quebra, o Willian José. Do Moreno nem falo, porque ele está mesmo indo embora. E vai embora devendo.

Arrisco dizer que estamos diante do melhor grupo do Grêmio deste século. E vou além, comparável apenas ao que conquistou o bi da Libertadores. Quer dizer, quase 2o anos depois, o Grêmio tem de novo uma equipe em condições reais, claras e incontestáveis de ser campeão da Libertadores.

Não por coincidência, a frente desse projeto ‘Faz-me de Rir de Novo’, está Fábio André Koff.

O Grêmio pode não ser campeão da Libertadores. Mas não será por falta de qualidade.

ENTULHOS

Quando cruzei o Mampituba, já na Estrada do Mar, comecei a ouvir rádios do RS de novo. Foi aí que soube de outro grande negócio: Léo Gago está acertando com o Palmeiras.

Quer dizer, é o começo do fim da era do jogador meia-boca no Grêmio.

Infelizmente, ainda resta um para limpar o pátio da obra: o Marco Antônio, cuja utilidade ainda não descobri.

Agora, para o time ficar realmente completo, sem lacuna, do goleiro ao ‘ponta-esquerda’, só falta fechar uma posição. Sim, a lateral-direita.

Poderia citar a necessidade de mais um grande zagueiro, mas acho que é querer demais.

Ficaria satisfeito se o Grêmio contratasse alguém para o lugar de Pará.

Mas desconfio que o Luxa não vai querer mexer no seu bruxinho.

Nada é perfeito.

Grêmio começa a ganhar corpo para buscar o tri

O Campeonato Gaúcho há muito tempo é tipo ‘me engana que eu gosto’.

O campeão sai faceiro, crente que tem time para ser campeão do Brasileirão. E aí acaba lá atrás.

Os jogadores, então, há que se ficar com um pé atrás. Toda cautela é pouca.

No jogo-passeio desta noite, no Olímpico, goleada do Grêmio: 5 a 1. Goleada, seja contra quem for, é boa para elevar a auto-estima, mas é preciso alguns cuidados antes de qualquer sentença.

Pará foi eleito pela Guaíba o melhor em campo. Não sei se outras emissoras fizeram o mesmo. O fato é que se trata de uma afronta a Zé Roberto e Elano, os homens que tornaram o jogo fácil o suficiente para até Pará brilhar.

O São José vinha precedido de uma campanha impecável. Quatro vitórias, três delas pelo que sei no carpete do Passo d’Areia. A grama sintética é sempre um fator a favor do Zequinha.

A goleada aplicada pelo Grêmio coloca as coisas em seus devidos lugares. Cada um com o seu tamanho. Em seu campo, o Zequinha será mais difícil, não tenho dúvida.

Pará foi bem. Claro, enfrentou um adversário do seu tamanho. É como o Léo Gago, quando joga no meio da garotada do time B. Ele vira um líder em campo.

Agora, Pará mostrou que sabe ir ao fundo e fazer um cruzamento com consequência. Não faz isso contra adversários mais gabaritados. O problema dele talvez seja emocional, falta de confiança, de moral. Ninguém melhor para trabalhar essas coisas que o Luxemburgo, padrinho do Pará.

De qualquer modo, como Luxemburgo não vai indicar nenhum lateral para o lugar de seu pupilo, o que resta é torcer para que Pará consiga fazer contra os grandes o que fez contra o pequeno, provando que não é um prevalecido.

Na outra lateral, Alex Telles já se sentiu mais à vontade. Mostrou que tem potencial para crescer, mesmo considerando a fragilidade do adversário.

A zaga com Saimon e Bressan se comportou bem diante de um ataque pouco abastecido pelo meio de campo.

Mais à frente, Marco Antônio foi quase um maestro ao lado do Souza. Tocando a bola, lançando. Não precisou nem sujar o calção, que, aliás, ele nunca sujou.

Na frente, o Willian José, por vezes, me fez sentir saudade de André Lima. Na maioria do tempo, aliás. Mas ele teve alguns lances que demonstram boa técnica, visão de jogo, chute forte.

Há muito tempo aprendi que é preciso cuidado para criticar centroavante. Ele está sempre muito perto do goleiro e o gol pode sair a qualquer momento. Fazendo o gol, tudo o mais é secundário.

Em síntese, vejo no W. José um centroavante com muito bom potencial. Só que considero arriscado liberar o André Lima assim sem ter a confirmação de que seu substituto é melhor ou similar.

Hoje, pela primeira vez, gostei do Mamute. No segundo gol, ele escorou muito bem para o Zé Roberto invadir a área e fazer um golaço. Depois, marcou o gol e participou de alguns lances. Está mais alto, mais esguio e mais veloz.

Por fim, o Bertoglio. Sempre gostei desse jogador. Fez um belo gol e mostrou que, se tiver sequência, sem novas lesões, será um reforço valioso para a campanha do tri da Libertadores.

É o Grêmio se ajustando aos poucos. A contratação de Adriano, um volante muito bom, e do atacante Welliton, goleador por duas temporadas na Rússia, são importantes.

O Grêmio começa a ganhar corpo com reservas do nível dos titulares.

E isso não tem nada a ver com a goleada sobre o Zequinha.

INTER

Pra quem não sabe, eu sou de Lajeado. Nasci em Santa Cruz do Sul, terra também do Paulo Cabrito, digo, Brito. Mas me criei em Lajeado, onde tenho velhos amigos como Ricardo Marmitt.

Um aparte: que mancada do Brito anunciar um jogador de nome Cabrito sem checar a veracidade da informação! Coisa de principante e também de afobado.

Pois o Inter desafiou os astros ao sonhar por algum instante que poderia vencer o meu Lajeadense.

Dunga, ao escalar os reservas, parece querer esconder a precariedade do time titular. Quer ganhar tempo pra ver se consegue formar um time mais entrosado e harmônico.

O time titular colorado fez duas apresentações modestas sob o comando de Dunga. Empate com o Novo Hamburgo e vitória sofrida contra o Grêmio, os reservas do Grêmio.

Uma hora o Dunga vai ter que encarar a realidade.

Inédito: Gre-Nal com dois vencedores

Um Gre-Nal com dois vencedores. É como eu vejo o clássico disputado em Erechim.

O Inter venceu por 2 a 1, e o que é entra para a estatística e o que interessa em termos de classificação no Campeonato Gaúcho.

Já o time reserva do Grêmio, com apenas dois titulares de fato, Werley e Fernando, aliás, o melhor em campo, disparado, conseguiu manter um duelo interessante e também foi vitorioso porque impediu o que todos os colorados gostariam que acontecesse, uma goleada vermelha.

Mais do que isso. O time Reservas do Grêmio chegou a ter o controle do jogo durante a maior parte do segundo tempo, tanto que o técnico Dunga fez a leitura adequada do que ocorria: o seu rival dominava o meio de campo a partir do momento em que Fernando marcou o gol cobrando falta na falha de Muriel.

O Inter recém havia feito o segundo com Damião, dava um calor no Reservas do Grêmio, e tudo indicava que estava aberto o caminho para a tão sonhada goleada. Mas havia um gol do Fernando no meio do caminho.

Esse gol deu ao Reservas do Grêmio mais personalidade, mais confiança. Foi aí que Dunga agiu, colocando o volante Josimar e sacou um meia, o Datolo, o que deu mais consistência à marcação colorada. O resultado é que nos minutos finais o Inter retomou o controle e por pouco não ampliou.

A meu ver foi um resultado justo. Bom para o Inter e bom para o Grêmio.

Os dois, de certa forma, atingiram seus objetivos básicos: o primeiro TINHA que vencer, o segundo não poderia sofrer goleada.

Antes que esqueçam de referir por aí: esse time do Inter está treinando junto há umas três semanas; o que o Grêmio mandou a campo treinou apenas uma vez.

COTAÇÃO DO BOTECO

INTER

Muriel – boas defesas, mas falhou no gol – 5

Gabriel – jogou o que vinha não-jogando – 4

Moledo – grande imposição na área – 7

Ronaldo Alves – muito mais ou menos – 6

Fabrício – irreconhecível, bela partida – 8

Willians – marcou forte, bons lançamentos – 7

Fred – foi eficiente, mas discreto – 6

Datolo – um meia inquieto e driblador – 7

D’ Alessandro – articulou boas jogadas – 8

Damião – um gol pra tentar esquecer o Tottenham – 6

Forlan – fez o gol, correu e participou do segundo – 7

Josimar e Vitor Jr – nada a declarar.

GRÊMIO

Busato – pareceu inseguro, mas não comprometeu – 6

Tony – continua tendo muito potencial – 5

Werley – foi o patrão da área – 8

Bressan – tem jeito de xerifão e cara de brabo – 7

Alex Telles – tem potencial. Hoje, é um bom reserva – 6

Fernando – um gigante, deu show no gramado cultivado e mantido pelo seu pai durante anos. De quebra fez um gol que assustou os colorados – 10

Misael – volante que marca e trabalha a bola – 7

Léo Gago – já escrevi antes: ele se sente à vontade entre reservas – 8

Deretti – um início arrasador, depois sentiu a marcação – 6

Leandro – muita movimentação e alguns bons lances – 6

Willian José – pouco acionado, mas mostrou algumas qualidades. 6

Rondinelly e Mamute – nada a declarar.

ÁRBITRO

Fabrício deixou de marcar pênalti sobre Deretti aos 47min do primeiro tempo. Ao contrário do que dizem os comentaristas de arbitragem, Deretti sofreu um empurrão por trás do Fred dentro da área. Mas é um lance que poucos juízes marcam, ainda mais em clássico. Aliás, se nem comentarista de arbitragem pela TV marca… Nota 7 pelo conjunto da obra.

O Gre-Nal que Dunga não queria e a 'venda' de Damião

Tudo o que Dunga não precisava agora, quando começa de verdade uma trajetória como técnico de futebol, é de um Gre-Nal contra um adversário que vem com um time reserva.

É aquela história do sujeito que bate em bêbado. Se o Inter vencer, não fez mais que a obrigação. Se perder, é vexame, péssimo para a imagem que alguns cultuam de que Dunga é um técnico vencedor e que com ele os jogadores entram nos eixos e o time desfila organizado e ágil como uma escola de samba do Rio.

O Gre-Nal de amanhã, em Erechim, é, portanto, programa obrigatório.

Sei que não vai faltar alguém para dizer que o Grêmio terá um time misto, porque jogarão Werley e Fernando. Talvez alguns apontem Bressan e Alex Teles também como titulares, já que eles enfrentaram a LDU. Tudo é possível.

O fato é que o Grêmio terá um time reserva reforçado de dois titulares.

Dunga, que não nasceu ontem e conhece como ninguém os caminhos e descaminhos do futebol, já se adiantou ao declarar que o time não está preparado para um jogo de tamanha rivalidade.

Tem razão o Dunga. Mas o Grêmio também não está preparado. Os dois grupos estão em início de temporada. Nesse aspecto, é ruim aos dois. Pior para o Grêmio, que, envolvido com a Libertadores, preserva seus titulares.

É sábia a decisão de poupar o time titular. No ano passado, no Gauchão, o Grêmio perdeu Mário Fernandes exatamente num Gre-Nal, vítima de entrada criminosa de Jackson – engraçado, esses caras só entram assim pra quebrar os bons, nunca num Marco Antônio da vida.

Depois, a vítima foi Kleber, em outra entrada duríssima, que pra mim foi absolutamente desleal, num jogo contra o Cruzeiro se não me engano. Todos sabem o quanto fez falta o Kleber na Copa do Brasil. Ele jogou ainda muito aquém de suas condições ideais.

Então, Gauchão é ótimo para observar jogadores jovens para ver se eles têm algum futuro.

Portanto, faz bem o Grêmio. Se não tivesse a Libertadores, seria outra história.

A NÃO VENDA DE DAMIÃO

Um dia, não tenho nenhum dúvida, a venda de Damião será concretizada. Talvez não para o Tottenham, que parece ser o único clube do planeta interessado no goleador colorado, aliás, um grande centroavante a meu ver.

O clube inglês se curvou à paciência de monge do presidente colorado, o Luigi, habilidoso em arrastar negociações.

Só que agora parece que o dirigente foi longe demais. Os ingleses praticamente desistiram de Damião.

Isso depois de eu ler que eles viriam, agora com certeza absoluta, com 25 milhões de euros – ou seriam libras?, conforme li e ouvi de alguns mais otimistas – na mala para levar o atacante colorado.

Com esse dinheiro, conforme li, o Inter investiria em Nilmar. Investir, na verdade, é um verbo que não cabe quando se trata de colocar uns 8 milhões de dólares num jogador quase trintão.

Há na mídia muitas viúvas de Nilmar. Seguido ele está ‘voltando’ ao… Inter – eu ia escrever Beira-Rio, mas estaria errado. Sem brincadeira, qual é mesmo domicílio do Inter?

Onde os carteiros entregam a correspondência?

Bem isso não vem ao caso.

Não tenho dúvida, então, que daqui a algum tempo alguém da crônica esportiva vai finalmente poder anunciar a venda de Damião – claro que por um valor muito inferior ao que proclamaram várias vezes, sem corar, os ufanistas de plantão – brindando, a quatro mãos:

– Viu? Nós não dissemos que ele seria vendido? Acertamos mais uma.

TORCIDA E PROFISSIONAIS

Enquanto os torcedores se matam, se esfaqueiam, se soqueiam, os profissionais da bola confraternizam, e bem que fazem. Errados estão aqueles torcedores que fazem do futebol válvula de escape para frustrações pessoais e transformam os jogos em guerras.

Confiram: http://esporte.uol.com.br/futebol/campeonatos/gaucho/ultimas-noticias/2013/02/02/jogadores-da-dupla-gre-nal-evitam-rivalidade-e-confraternizam-em-porto-alegre.htm

O choro de Grohe

De onde menos se espera, daí mesmo é que não sai nada, já ensinava o Barão de Itararé.

É que provavelmente ele não conhecia o futebol.

Ninguém esperava nada dessa zaga jovem e desentrosada do Grêmio. Mas Saimon e Bressan deram uma resposta superior, altiva, insuperável. Jogaram como gente grande.

Pará e Alex Telles, outro guri estreando, também foram impecáveis defensivamente. Pará, no apoio, mais uma vez foi sofrível. Alex mostrou que tem potencial para ser titular.

Garantido atrás, porque era proibido tomar gol, era preciso resolver na frente.

O meio-campo fez a sua parte, defendendo e articulando, às vezes com uma lentidão irritante, mas fez o possível.

Já os atacantes, com exceção do valente e atrevido Vargas, pouco de útil fizeram.

Assim, restava a um dos dois talentos do time decidir. E foi Elano quem marcou, e foi um golaço, garantindo a vitória que levaria aos pênaltis. O primeiro gol em jogo oficial na Arena.

Na verdade, o Grêmio achou esse gol. Porque poucas vezes invadiu a área da LDU com toque de bola ou dribles. O Dida do time equatoriano pouco foi exigido, o que prova a incompetência ofensiva da equipe tricolor.

É bem verdade que o juiz contribuiu ao deixar de marcar muitas faltas da LDU e também por ser tão econômico nos cartões. Esse é o tipo de juiz que mereceria uma ‘sumanta de laço’.

Mas o importante é que o Grêmio se classificou. Jogou em seu gramado arenoso, superou carências técnicas e ainda assim conseguiu eliminar a LDU e seguir na competição.

A classificação veio nos pênaltis, o que se queria evitar a todo custo.

Quem temia as penalidades ficou apavorado quando Saimon inventou na cobrança. Pensando que é craque, deu uma paradinha idiota e telegrafou nas mãos do goleiro.

Felizmente, um equatoriano salvou a pela de Saimon e chutou na trave.

Por fim, a consagração de Marcelo Grohe. No sexto pênalti, quando eu, confesso, já lamentava não ter Dida, um pegador de pênaltis, Grohe fez a defesa que a Arena merecia, que ele, Grohe, merecia. A defesa que a torcida fiel, devota e sempre esperançosa, merecia.

A defesa que faltava para Grohe colocar os pés na galeria dos ‘goleiros pegadores de pênaltis’.

Então, a Arena rugiu. Grohe correu, ajoelhou-se e chorou.

Depois, ergueu-se, com lágrimas nos olhos.

Lágrimas de um profissional, lágrimas de um torcedor do Grêmio.

As lágrimas do goleiro agora mais do que nunca titular do Grêmio.

ELANO

Bonita a homenagem de Elano ao final do jogo, dedicando a vitória às mães que perderam filhos na tragédia em Santa Maria.

PÊNALTIS

Cumprimentos aos que acertaram suas cobranças: André Lima, Willian José, Vargas, Pará e Alex Telles. Ao Saimon, que provou ser um zagueiro de nível superior, só tenho a dizer o seguinte: simplifica.

DUNGA

Estreia discreta. O Inter ficou só no empate com o Novo Hamburgo. O Inter até foi melhor e criou mais chances de gol, mas pouco diante da expectativa criada em torno do trabalho do novo técnico.

SECADORES

Final frustrante para os secadores de plantão.

AVALANCHE

Para certos setores da mídia, problema com a avalanche vai merecer mais atenção que a classificação do representante gaúcho na Libertadores.

Agora, está cada vez mais difícil defender a avalanche. Mas eu ainda estou com ela.

O rugido da Arena e o efeito D'Ale

O técnico Dunga deve ter dormido tranquilo ontem. O sono dos justos.

Afinal, o inquieto e instável D’Alessandro, guindado a líder do vestiário colorado, declarou em alto em bom som que o ‘grupo havia aprovado’ o novo treinador.

Com o carimbo de ‘aprovado’ por D’Ale e seus companheiros, Dunga terá mais condições de mostrar que pode ser num clube o que não foi na seleção: um técnico vitorioso.

Se no Inter o ambiente aparenta ser de absoluta serenidade, no Grêmio o clima é de expectativa e preocupação.

Afinal, a LDU, que antes era apontada como um gatinho pela crônica esportiva porque “era um time em formação e sem entrosamento”, passou a ser um leão. Um gigante.

Assim como nunca acreditei que a LDU fosse um adversário fraco – ainda mais na altitude – e o Grêmio uma potência, sempre mantive uma postura cautelosa.

Lembro que no programa Cadeira Cativa, dois dias antes do jogo, eu afirmei que assinaria um acordo de derrota do Grêmio por 2 a 1. Hoje, se vê que seria um resultado melhor, porque vitória por 1 a 0 classificaria o time.

A continuidade na Libertadores ficou mais difícil. É preciso vencer por dois gols de diferença.

A LDU não é um leão, muito menos um gatinho. É um adversário que merece respeito e preocupação.

Se os jogadores do Grêmio estivessem ambientados na Arena e adaptados ao tipo de gramado, ainda arenoso, eu estaria muito tranquilo, talvez até mais que o Dunga depois de receber o apoio do grupo.

A preocupação em relação ao campo, porém, aumentou depois que ouvi um repórter afirmar que o gramado da Arena está pior do que estava no jogo da pobreza. É claro que não posso acreditar nessa ‘informação’ descabida.

O Grêmio é quase um visitante em sua própria casa. É como o sujeito que se mudou para um mansão e ainda se perde em algum corredor ou entra na peça errada.

O fator local que tanto pesou a favor da LDU, tem sua importância reduzida nessa decisão.

A grande diferença, o que realmente pode fazer a diferença e levar o time a superar a LDU para continuar na Libertadores, é a torcida.

A torcida do Grêmio, sim, pode ditar o rumo do jogo, para o bem ou para o mal.

Se a torcida entender que seu time ainda precisa encorpar e que a LDU não é o timeco que foi vendido por alguns, terá o comportamento adequado para esse momento de tantas incertezas e inquietações.

Terá de ser compreensiva quando o titular número de Luxemburgo, o Pará, cruzar errado ou quando o manhoso técnico mandar a campo seu pupilo, o inacreditável Marco Antônio.

Terá de agir como a mãe diante de uma travessura do filho quando Marcelo Moreno desperdiçar sua terceira chance de gol.

Vaiar nunca. Sequer murmúrios de desaprovação – que na Arena são amplificados – serão permitidos.

Se a torcida lotar a Arena com o mesmo espírito de paz, aceitação e sentimentos elevados que o grupo colorado sugere dedicar ao Dunga, a vitória virá ao natural.

Até porque o Grêmio mostrou no primeiro jogo que tem um time superior. Não muito, mas superior.

Essa superioridade vai aumentar se a torcida entrar em campo – Psiu, o da Geral, não é para levar ao pé da letra porque dá interdição, viu? – e jogar com o time, não contra o time.

Se a Arena rugir, o ‘leão’ equatoriano vai ronronar.

As tragédias e o futebol

Se o Grêmio for eliminado pela LDU, quarta-feira, não faltará quem rotule o resultado negativo como  ‘tragédia’, expressão que até já vi e ouvi de gente avaliando como será danoso ao clube ser alijado da Libertadores, sua maior meta na temporada.

Realmente, será péssimo perder. Mas não será trágico. Decididamente, não será trágico.

Tragédia mesmo é que aconteceu na madrugada deste domingo. Dezenas de jovens perderam a vida num local destinado ao lazer, à diversão. Jovens que saíram para se divertir e acabaram perdendo o bem mais precioso, a vida.

Tragédia é isso. Perder um jogo de futebol, por mais importante que seja, está longe de ser algo trágico. Tampouco uma vitória, por mais grandiosa e eloquente, nunca será épica.

Igualmente não haverá nada de heroísmo, de fato, em vitória obtida com sangue, suor e lágrimas. Nem desonra diante de uma queda frente a adversário menor.

Mas o futebol pela dimensão que tomou nas últimas décadas, com os torcedores transformando em guerreiros e heróis os jogadores que só entram em campo se forem remunerados, e em alguns casos muito bem remuneados, se presta a esses exageros, arroubos verbais.

Assim, Dunga está iniciando uma nova ‘era’ no Inter, quando não passa de mais um ciclo em sua trajetória profissional.

Esses excessos são aceitáveis, contribuem para tornar o mundo do futebol mais fascinante e ajudam esse circo que movimenta bilhões de dólares a cada ano a ainda manter uma imagem de pureza e nobreza.

O que não se pode é levar tudo isso ao pé da letra e transformar qualquer derrota ou vitória, por menor ou maior que sejam, como algo pessoal.

Eu, há muito tempo, sei que sob essa imensa lona, não passo de um palhaço, e um palhaço sem graça.

É claro que, apesar dessa consciência, vibro com as vitórias, me emociono e sofro com as derrotas. Nada que mude minha vida, mas são situações que ajudam a torná-la mais animada.

Assim, fico aqui na expectativa desse jogo contra a LDU. É muito importante que o Grêmio e se classifique.

Mas não haverá tragédia alguma se for eliminado.

Tragédia mesmo é esse incêndio absurdo que ceifou a vida de 233 jovens e enlutou dezenas de famílias.

O resto é só futebol.

Tolerância zero com os falsos torcedores

Nas duas vezes em que fui assaltado e tive carros roubados, os bandidos vestiam camisas de clube de futebol.

Na primeira vez, foi um torcedor do Barcelona, com a camisa do Ronaldinho. Até que combinou.

Na segunda, eram dois assaltantes, dois moleques. Um vestia a camisa do Real Madrid e outro a do Boca Juniors.

Ontem, no pátio do Olímpico, outro tipo de marginal, também vestindo camisas de clube de futebol, colocou as cores do Grêmio nas páginas policiais.

A diferença entre os dois tipos de marginais ‘torcedores’ era o revólver apontado pra mim.

Confesso que não gosto de ver a camisa tricolor em episódios como o ocorrido no Olímpico. Me dá uma sensação ruim. Futebol é tão bonito, é tão solar, que não merece ser confundido com as trevas, imagem que me ocorreu quando vi as fotos de baderneiros vestindo a camisa do Grêmio, todos de costas, numa lúgubre delegacia policial.

Essas fotos estão na internet, correm o mundo.

A direção do Grêmio, o policiamento e os legisladores precisam dar um basta nisso. A impunidade é talvez o maior mal do Brasil já há muito tempo.

Aquele bando detido ontem em pronta ação dos soldados da BM já estão todos soltos.

“Não vai dar nada”, devem pensar esses falsos torcedores que ficam aí manchando a imagem de Grêmio e Inter.

E não dá nada mesmo. Por isso, eles se mostram tão atrevidos e desafiadores, promovendo brigas mesmo em meio a torcedores pacatos, famílias inteiras que vão aos estádios de futebol.

O Grêmio nada pode fazer para impedir esse tipo de confusão fora do Olímpico ou da Arena. Mas dentro de sua casa, é obrigação sua manter a ordem, custe o que custar.

Fico imaginando essa gente na Arena, jogo decisivo – como esse contra a LDU. Um erro de arbitragem contra o Grêmio. Dificilmente não haverá invasão de campo e aí o dano será irreparável.

Antes que isso aconteça, tolerância zero com esses falsos torcedores, um pessoal que mais prejudica o Grêmio do que o ajuda.

O Grêmio não precisa deles.

DERROTA

A gurizada do Grêmio perdeu. Mas continuo entusiasmado com alguns jogadores. O Lucas Coelho foi muito bem de novo. E voltou a marcar. É goleador. Ponto.

Gostei do Paulinho, que fez uma jogada sensacional, driblando três e chutando colocado rente à trave. O Deretti é outro com grande potencial. Idem o Misael.

O Grêmio foi melhor no primeiro tempo e começou bem no segundo. Mas depois o Canoas reagiu, Galatto fez grandes defesas até sofrer dois gols, sem qualquer culpa dele.

Mérito para o técnico do Canoas, meu amigo Rodrigo Bandeira.

Achei que o Mabília veio com o time muito ‘faceiro’ para o segundo tempo. A marcação foi prejudicada.