Gurizada da base pode ser o trunfo de Scolari na reação

A melhor atuação do Grêmio de Felipão aconteceu ontem à noite, em Salvador, com os 3 a 0 sobre o Vitória. Sim, o mesmo time que eliminou o Inter da Copa do Brasil, agora vingado pelo tricolor.

A atuação, até certo ponto surpreendente, foi protagonizada por um time misto, formado por OITO jovens das categorias de base, alguns deles já meio que desacreditados, olhados com desconfiança por parte da torcida.

Eu mesmo tenho minhas dúvidas sobre alguns guris, como Ricardinho e Léo Pereira. Nesse jogo, Ricardinho tirou a urucubaca do corpo, conforme ele deixou claro na comemoração, que pareceu mais uma sessão de descarrego pra afastar o olho grande e algum eventual encosto.

Além do gol, seu primeiro em 13 jogos, Ricardinho deu o passe com açúcar para Léo Pereira, rolando uma bola perfeita para o companheiro chutar na saída do goleiro para fazer 2 a 0. Um gol importante porque o time baiano, completamente batido no primeiro tempo, começava a se assanhar.

São dois jogadores que buscam seu espaço, alternando bons e maus momentos, o que é natural, mas normalmente não se tem muita paciência com jovens, porque existe a pressão permanente dos resultados. Então, é preciso dar resposta rapidamente. É uma pressão também para o guri.

O que mais me chamou atenção em Léo Pereira foi um lance que para muitos foi um desastre. Aconteceu no segundo tempo, quando o atacante passou por dois marcadores, junto à linha de fundo, com um drible curto, ao estilo de Éverton e Ferreirinha. A conclusão foi um chute torto, nas alturas. Comecei a levar mais fé nesse jogador, que é combativo e esforçado.

Ainda falando sobre os guris da base: destaque de novo para Gabriel Chapecó. A zaga não chegou a ser muito pressionada, mas saiu-se bem. Dizem até que os dois zagueiros estão sendo negociados para o futebol italiano. Espero que não. Até o veterano Cortez teve boa atuação, mais segura do que o normal.

Agora, nada supera Vanderson. É outro que não vai ficar no clube muito tempo. Marca, articula e chega à frente com facilidade. Joga muito. Em breve estará na seleção brasileira.

A dupla de meio campo Lucas Silva e Darlan mostrou que merece ser melhor aproveitada. Lucas Silva marcou como nunca e ainda cruzou a bola para o gol de Ricardinho, que, aliás, demorou demais a ser confirmado. Melhor que Lucas Silva foi Darlan. Sábado, contra o Bragantino, eu escalaria Darlan de novo.

Olha, foi uma noite tão boa para esse Grêmio desacreditado que até Alisson esteve muito bem, cumprindo função tática importante e fazendo algumas boas jogadas individuais. Jean Pyerre continua devendo, mas já mostra mais vontade, mais empenho, resultado do trabalho do técnico gremista.

Comprovando que foi uma noite mágica nesse período turbulento do time, o gol de cabeça de Diogo Barbosa, aparando um cruzamento perfeito de Luiz Fernando.

Vou confessar uma coisa, mas não espalhem: gosto muito do Luiz Fernando. Tem força, velocidade, drible. Sua jogada no gol foi uma pintura.

CATIMBA

Um dos grandes nomes da história do Grêmio, o ex-atacante André Catimba morreu na manhã desta quarta-feira (28), aos 74 anos. Ídolo tricolor na década de 1970, ele foi herói do título gaúcho de 1977, com gol na decisão que encerrou seca de oito anos sem título Estadual.

Esse gol de André é como um símbolo, um marco, um divisor de águas, o início do fim da hegemonia colorada no Estado.

Foi muita emoção naquela época. Eu estava na arquibancada. Não trabalhava ainda na imprensa.

Baita centroavante!