Tiago Nunes sob pressão

“Caiu Roth. Quem virá?”, este era o título de abertura de página do Correio do Povo em alguma edição da década de 90. Brinquei com o colega autor da sugestão: tu estás transferindo a resposta para o leitor, mas quem precisa ir atrás da informação somos nós. O título foi mantido.

Eram outros tempos, sem celular e muito menos internet com suas redes sociais, os caçadores de clics e as fake news, que vulgarmente a gente chamava de barrigada, ou seja, um chute do repórter que saiu pela linha de fundo. Outros tempos.

Eram tempos em que não se tinha muita paciência com técnico que levasse goleada do seu maior rival, ou mesmo de qualquer outro time, ou ainda que tivesse um começo de campeonato tão humilhante como este do Grêmio.

A derrota por 2 a 0 para o Juventude no Jaconi, nesta noite gelada de 30 de junho, coloca o clube numa situação delicada, assustadora. Em seis jogos são DOIS EMPATES E QUATRO DERROTAS. Resultados que mantém o time na lanterna isolada, seguido de Chapecoense, Cuiabá e o glorioso São Paulo, do até poucos dias festejado treinador Crespo, outro estrangeiro que logo irá embora.

Esses dados são eloquentes, falam por si. Nem adianta entrar numa análise técnica e tática do time (a preparação física, sim, parece boa), porque o time no momento está confuso, perdido em campo. O goleiro do adversário trabalhou bem menos do que o goleiro tricolor.

Além da péssima situação no campeonato, o time não dá sinais de que pode evoluir e voltar a ser um time que impõe respeito.

O que se vê hoje não é responsabilidade unicamente do treinador. Não é mesmo, mas ele tem boa parcela de culpa. Cabe a diretoria analisar e avaliar se é caso de demissão, porque outros fatores podem estar influenciando no desempenho da equipe, sem que o treinador possa fazer alguma coisa.

Mas, olhando assim de longe, sem conhecer detalhes do que levou o time a despencar tão rapidamente, o que passa é que Tiago Nunes não está conseguindo aplicar no Grêmio a fórmula de sucesso no Atlético, a exemplo do que aconteceu no Corinthians.

Vamos ver como ele reage sob essa intensa pressão.

Fico com a minha conclusão do post anterior: TN só deu certo porque foi abraçado e acolhido pelos jogadores após campanha exitosa com a equipe de transição. No Grêmio e no Corinthians ele não encontrou o mesmo ambiente.

Sobre o time e seu potencial: o Grêmio está entre os três ou quatro melhores grupos do Brasileiros. Encontrar um treinador que saiba tirar proveito disso é que é a questão.

Eu sei de um. Ele até se encontra desempregado, conhece o grupo como ninguém e indicou os três últimos reforços, todos de qualidade. Desconfio, porém, que se ele for convidado não irá aceitar.

Voltando ao primeiro parágrafo: caro leitor, se Tiago cair, quem virá?