Grêmio cria pouco, mas vence e livra vantagem sobre o SP

Com apenas um minuto em campo, na primeira bola que recebeu, Ferreira invadiu a área pela direita com um drible quebra-coluna no defensor do São Paulo, cruzou para o cabeceio desajeitado de Pepê, e a conclusão acrobática de Diego Souza.

Foi o que de melhor fez o Grêmio no jogo. O suficiente para vencer por 1 a 0 e jogar por empate no próximo dia 30, para chegar à final da Copa do Brasil. O vencedor dessa chave pega o vencedor de Palmeiras e América/MG, do técnico Lisca, que ontem empatou fora com o Palmeiras, fora.

Ficou claro que o Grêmio terá de jogar bem mais do que jogou na Arena para eliminar o time do coração do presidente da CBF, que ontem, surpresa!, não foi favorecido pela arbitragem, pelo menos em algum lance mais decisivo. O gol de Victor Ferraz, no primeiro tempo, foi bem anulado.

Penso que o árbitro Marcelo de Lima Henrique apenas poderia ser mais duro para coibir as faltas do adversário. O SP, que no jogo anterior entre os dois, pelo brasileirão, bateu pra valer sem ser devidamente penalizado, desta vez foi mais comedido. Tem um pisão de Daniel Alves (ele é especialista nisso) no Jean Pyerre que ele deixou passar. Fora isso, Daniel Alves joga muito.

Daniel Alves merece uma marcação mais forte, ao estilo Dinho. Imagino um pisão no pé dele, coisa que ele costuma fazer. Um pisão tipo cartão de visita, dizendo que o próximo será pior. O problema é que ele vai fazer uma encenação que pode ser desastrosa para o Grêmio. No time atual apenas Kannemann tem perfil para essa intimidação.

Fora essa aspecto mais ríspido, foi um jogo equilibrado no primeiro tempo, com o São Paulo iniciando melhor, bem melhor, no segundo tempo. Brener e Luciano perderam dois gols nos primeiros minutos.

Renato percebeu que perdia a disputa de bola no meio, sacou Darlan e colocou Lucas Silva, que reforçou a marcação. Ao mesmo tempo, Ferreira substituiu Thaciano. Na primeira bola Ferreira justificou sua presença. A lamentar que Renato não tenha conseguido criar condições para Ferreira receber outras bolas mais próximas da área.

Em resumo, o São Paulo foi melhor. Poderia ter matado o jogo, mas a exemplo do Grêmio em muitos jogos, criou situações de gol mas não as aproveitou. Neste, o Grêmio teve praticamente uma chance. E marcou. No último segundo, o SP quase marcou, com Vanderlei salvando para escanteio.

Destaco no jogo o zagueiro Kannemann, soberbo, cobriu praticamente toda a área. Fazia tempo que ele não jogava tanto. Pena a lesão de Geromel, que deixou o campo mais cedo. Rodrigues deu conta do recado.

Do meio pra frente, Diego Souza foi o melhor, principalmente pelo enfrentamento com a dura marcação. Até joelhaço nas costas ele recebeu. Neste lance o juiz falhou. Estava em cima e nem falta marcou.

No mesmo nível, Matheus Henrique. Marcou, brigou, articulou. Grande atuação. A melhor nos últimos jogos. Jean Pyerre evoluiu em relação a si mesmo, mas tem potencial para jogar mais, se envolver mais com o jogo.

Os dois laterais, sempre vistos com desconfiança, foram bem. Ferraz incorporou o espírito gremista, enfiando o dedo na cara de um opositor. Diogo Barbosa, normalmente mais frio, desta vez foi mais guerreiro.

Se o Grêmio acertar a marcação e explorar melhor Pepê e Ferreira (mesmo que este entre no segundo tempo), a classificação será confirmada. É importante que Geromel possa jogar.

Bem, o Grêmio está a 270 minutos do hexa da Copa do Brasil.

Muitos gostariam de estar nessa posição, poucos atingem esse objetivo.