Grêmio empata e vê o título do Brasileiro mais distante

Mais uma vez aconteceu o que eu temia, e que tem sido frequente neste Brasileirão. Na maioria das vezes em que me sento diante da TV com alguns minutos do início do jogo, vejo na tela, sempre muito surpreso, que o adversário está vencendo por 1 a 0.

Então, o Grêmio sabe que irá enfrentar, na Arena principalmente, um adversário fechado, ocupando espaços e explorando contra-ataques. Mesmo assim permite esse trunfo, um gol logo de saída.

Muitas vezes, o Grêmio reverte. Não foi o que aconteceu neste sábado, na Arena. Liguei a TV aos 3 minutos de jogo. Lá estava no placar, no alto da telinha: Bahia 1 a 0.

Não dá pra entender essa falta de concentração a cada início de partida. A única explicação que vejo é que o time entra tranquilão, seguro de sua superioridade e que a vitória virá sem maiores sobressaltos.

Em jogos de mata-mata isso não acontece. O time já entra a 110 por hora, dedo ligado na tomada.

Ao que parece somos vocacionados para disputar mata-mata. Não temos a mesma competência nos pontos corridos, quando de vez em quando dá um relaxamento e aparecem os resultados negativos.

Aconteceu com o Inter, no sábado. Perdeu para o misto do Sport por 2 a 1, deixou mais distante o sonho do Brasileirão. Desta vez, a arbitragem não contribuiu para um resultado positivo.

Já o Grêmio, teve de correr atrás desde o começo. Não é fácil vencer um adversário que larga com vantagem e depois se retranca e especula na frente.

Coincidência ou não, o time piorou em relação ao que vinha jogando com um falso centroavante, muita movimentação no ataque, confundindo a marcação.

Realmente, o técnico Renato prefere um jogador de referência na área. Jael jogou, e não foi bem. O time todo ofensivamente caiu.

Piorou a coisa com a lesão de Éverton, lesão muscular. Problema.

O time sentiu a falta dos dois laterais titulares. Leonardo e Capixaba estão alguns degraus técnicos abaixo dos titulares.

Com a saída de Éverton, Marinho teve outra oportunidade. Entrou mal, uma decepção, em especial pra mim, que acreditava muito nele.

O Bahia ampliou, inacreditável. De novo com Élber. Aos 21 minutos. Um balde de água fria na torcida e no time gremista.

Aos 38, a reação, Marinho fez jogada pela direita, a bola sobrou para Alisson, que cruzou para a entrada de Capixaba, que concluiu com perfeição.

Dois minutos depois, Marinho invadiu a área pela direita e foi puxado por um adversário. Pênalti que Jael converteu, empatando o jogo.

Era um jogo para três pontos. Era jogo para mostrar que o Grêmio está mesmo a fim do título nacional. O empate deixou o Grêmio a cinco pontos do líder, o Palmeiras, que bateu o São Paulo por 2 a 0.

Se o Grêmio perder domingo, em SP, para o Palmeiras, se despede da disputa pelo título, restando a velha história da vaga na Libertadores.

Mesmo que o Grêmio vença o time de Felipao, o título brasileiro seguirá quase impossível, ainda mais se o time continuar deixando escapar pontos preciosos dentro de sua casa.

 

Tite repete Zagallo e prejudica o Grêmio

Há alguns anos, preocupado com a dança de treinadores no período pós 2001, eu defendi um contrato vitalício de Tite com o Grêmio.

Eu era movido um tanto pelo desespero de ver o time com dificuldade até para vencer o regional como pela saudade daquele time campeão da CB de 2001, de futebol bonito e eficaz.

Nunca fui atendido. Até porque depois veio Renato, que superou Tite em todos os quesitos, tanto que vai virar estátua.

Hoje, não quero ver o sr. Adenor Bachi nem pintado de ouro. O que Tite faz com o Grêmio ao convocar Éverton para amistosos inconsequentes da seleção, que segue sua vocação de vitrine itinerante para deleite de empresários e clubes do exterior, é um acinte, uma provocação, ofensa grave.

Faltam adjetivos para definir essa ação de Tite. Nem vou comentar possível influência de empresário na convocação. Apesar de indícios apontando o contrário, ainda considero Tite um profissional sério.

O importante, o que é fato, é que por causa de Tite o Grêmio não terá seu atacante mais perigoso, mais efetivo, contra o Palmeiras, dia 14, em SP. Jogo sanduíche entre os amistosos contra a Arábia, dia 12, e Argentina, dia 16.

Jogo-chave para o Grêmio no Brasileirão. Duelo entre os dois clubes brasileiros que seguem vivos na Libertadores, fortes para os confrontos com River Plate e Boca Jrs.

Éverton é o único que atua no país convocado para esses jogos de extrema relevância. Isso é grave. Gravíssimo, mas ninguém dá bola. O Grêmio esperneou, atuou forte nos bastidores, mas não foi atendido em seu pedido de liberação do jogador.

Os outros clubes silenciam. Até aí nenhuma surpresa. Se houvesse um mínimo de união essa decisão suspeita da CBF seria revertida.

Estamos diante de um fato que coloca o Brasileiro sob suspeição. Por que apenas Éverton? E os outros?

Então, depois dessa o Tite se equipara ao Zagallo, que desfalcou o Grêmio num jogo decisivo contra o Cruzeiro, pela Libertadores, em 1997, ao convocar Paulo Nunes para um amistoso na França.

Paulo Nunes não jogou, fez uma falta danada ao Grêmio e nunca mais foi convocado pelo Zagallo.

É claro que Zagallo não fez de propósito. Assim como Tite agora.

Só tem anjo no futebol.

Grêmio vence e ganha corpo na reta final da Libertadores

A goleada de 4 a 0 sobre o Tucumán (vice-líder do campeonato argentino, é bom destacar antes que os colorados da mídia tratem de diminuir a vitória), é um recado para o River Plate, que padeceu para vencer o Independiente (3 a 1).

Mas o mais importante, e para os gremistas, alentador, é que na reta final da Libertadores o time fica mais encorpado, com jovens confirmando e sinalizando que podem ser úteis na competição prioritária do clube desde sempre.

O jovem Matheus Henrique, jogando como primeiro volante, depois de um começo vacilante, encontrou seu lugar em campo e passou a jogar como gente grande. Mais um acerto do técnico Renato ‘São’ Portaluppi, que sabe o momento ideal para lançar a gurizada.

Renato escolheu um jogo pela Libertadores em casa para lançar o guri, uma das grandes promessas da base.

Quem assistiu River e Independiente, antes do jogo na Arena, viu que os jogadores dos dois times muitas vezes miram a perna do adversário e não vacilam em deixar a bola como mero elemento decorativo.

Matheus Henrique precisava dessa experiência. A meu ver está pronto para enfrentar a barbárie que muitas vezes reina na Libertadores.

Thaciano, já mais curtido, é outro que se consolida como opção interessante para o técnico.

O primeiro gol, o gol do alívio porque o time argentino levava muito perigo a Marcelo Grohe, contou com a participação de Thaciano.

Léo Moura, de grande atuação, muito elogiado por Zinho na Fox, cruzou com a categoria que Deus lhe deu e Thaciano cabeceou. Não sei se a bola entraria ou não, o fato é que Luan apareceu para fazer o gol quase sobre a risca. Eram 35 minutos, o fim do pesadelo.

Essa mescla juventude com experiência normalmente dá bons resultados. Outro veterano que se destacou foi Cícero, igualmente muito elogiado pelo pessoal da TV. O ‘fã-clube’ deles deve ter ficado um tanto constrangido, porque gostaria de ver os dois longe da Arena.

Arrependido não, porque torcedor de futebol é assim, não gosta de dar o braço a torcer. Há torcedores que ignoram que não é um time que ganha títulos, e sim o grupo, e que, portanto, é preciso ter jogadores de bom nível no banco. E hoje dá para afirmar que o Grêmio tem um grupo realmente competitivo.

A volta de Jael, que entrou nos minutos finais e até sofreu um pênalti, é outra grata notícia. Ele mesmo cobrou, enquanto a torcida pedia Luan. O meia cedeu lugar ao centroavante justificando que ele, Jael, é artilheiro e precisa de gols para ganhar mais confiança.

Bem, Cícero marcou o segundo gol aos 38, após um contra-ataque em que Alisson recebeu na frente, driblou o goleiro, mas foi abalroado dentro da área. O goleiro foi expulso e Cícero bateu com tranquilidade.

O gol foi a senha para os secadores irem pra cama mais cedo. Afinal, o placar agregado passava a ser de 4 a 0, tornando impossível uma reação. Mesmo assim, o Grêmio não administrou. Foi para cima no segundo tempo e chegou aos 4 a 0 com gols de Alisson (o juiz teria dado o gol para o goleiro Sanchez) e Jael.

Ah, arbitragem muito boa do chileno Roberto Tobar.

Agora é o River, um clube poderoso e influente na Conmebol, onde não pede, manda. Além disso, está com um time muito competitivo. Peleia braba.