Anderson e a grenalização da crônica esportiva

Depois de acompanhar boa parte da entrevista de Anderson, em sua apresentação no Beira-Rio, pensava em escrever sobre duas coisas que chamaram minha atenção.

A primeira, positiva, é o nível da companhia que Anderson desfrutou nos últimos anos. Ele mesmo citou alguns nomes: “Atuei ao lado de Giggs, Cristiano Ronaldo, Rooney, Van Persie, Falcao Garcia…”. O guri de 14 anos que um dia acompanhei até sua, digamos, moradia no bairro Rubem Berta, com o carro do Correio do Povo, arrolou esses nomes ao natural, sem empáfia, e depois acrescentou uma série de títulos conquistados pelo Manchester United.

Coisa de provocar inveja, muita inveja. Ranger de dentes e sorriso amarelo. Posso imaginar como D’Alessandro vai reagir. Ou está reagindo. Afinal, está chegando ao clube um jogador que alcançou sucesso no futebol europeu, onde o argentino teve passagem discreta. Poucos jogadores em atividade no futebol brasileiro chegaram aonde Anderson chegou. Prevejo chuvas e trovoadas à beira do rio.

Então, estamos diante de um jogador de outra turma. Que foi parceirão do melhor jogador do mundo, que, não duvidem!, qualquer hora aparece por aqui para visitar o velho amigo.

Agora, vamos ao aspecto negativo: Anderson revelou que passou por cirurgia de ligamentos cruzados. Que voltou de forma precipitada, etc.

Pois eu pensava em simplesmente destacar e saudar a presença em Porto Alegre desse jogador, de apenas 26 anos, que participou de grandes jogos em sua curta carreira e que foi protagonista na épica batalha dos Aflitos. Um homem do mundo.

Mas antes de começar a escrever tive a infeliz ideia de verificar o que dizem os sites. Vejam só:

Zero Hora/Clicrbs:

Anderson é apresentado no Inter: “Quero um Brasileirão, só tenho pela Série B”

Correio do Povo:

No Inter, Anderson mira “ganhar Libertadores e Brasileirão da Série A”

De uma forma ou de outra, os três veículos grenalizaram a contratação, sendo que o  título do CP é mais sutil, mas ainda assim provocativo. Quem ouviu a declaração de Anderson sabe que não foi com o intuito de provocar os gremistas. Então, valorizar esse lado da entrevistas é realmente um incentivo à grenalização.

A impressão que dá é que os títulos foram concebidos à mesa de um bar, não numa redação de jornal/internet.

Depois, dizem que são os torcedores que grenalizam. São, sim, mas muitas vezes, como agora, inflados por jornalistas profissionais que têm obrigação de tirar suas camisetas azuis ou vermelhas na hora em que estão em plena atividade.

Depois do expediente, sim, a flauta e a brincadeira, até para aliviar o estresse de um fechamento de edição, são válidas.

Já vivi muito esse tipo de situação. Mas busquei sempre separar uma coisa da outra.

O torcedor gremista, em geral, está chateado por ver Anderson com a camisa do rival. Não precisa mais essa provocação, ainda mais partindo de profissionais.

Depois, quando o blog www.cornetadorw.blogspot.com.br pega no pé de uns e outros, tem gente que não gosta.