Ainda mato um técnico

Tudo aqui na ‘república rio-grandense’ começa e termina em discussão, bate-boca, manifestações de protesto de um lado e de outro, acusações disso e daquilo.

Eu poderia listar aqui inúmeros casos de antagonismo, conflitos de todos os tipos, alguns sem pé nem cabeça, que só existem porque faz parte da nossa mania de pelear. Mas vou me limitar a esse caso envolvendo o cercamento do auditório Araújo Viana.

Soube que ontem, após o show de Tom Zé, houve protesto contra a cerca, que estaria tolhendo a liberdade e outras baboseiras de quem não tem mais nada a fazer. Rebeldes sem causa. Gente que poderia estar nas ruas agora clamando pela punição dos comandantes do mensalão, dos tubarões, não apenas dos peixes miúdos. Mas não, está exigindo a retirada da cerca.

Quem não sabe que o auditório, sem a cerca,  vai virar o que sempre foi: uma latrina, um mitório, um motel?

Mas o que interessa é polemizar em cima de tudo. Até de coisas que deveriam ter unanimidade, no caso da cerca do Araújo Viana, a unanimidade inteligente, mostrando ao grande Nelson Rodrigues que nem sempre toda unanimidade é burra.

Escrevo sobre isso por causa do comentário anterior, que gerou bastante debate, mas principalmente para anunciar que Luxemburgo se encaminha para ser unanimidade, mas unanimidade negativa.

Essa de escalar Marco Antônio para enfrentar o Cruzeiro foge à minha capacidade de entendimento, de compreensão. Primeiro, porque esse jogador não pode ser titular do Grêmio. Segundo, não tem condições de substituir Fernando. Terceiro, Fernando não pode ser preterido por esse jogador nem se estiver febril.

Ah, depois desse jogo, Fernando ficará fora de três partidas por causa da seleção. Sendo assim, é urgente convocar Misael, testar Misael, talvez o maior destaque atual da base gremista. Ou Luxemburgo pensa mesmo que MA pode ser volante. Souza terá de marcar por dois.

Marco Antônio teria uma saída de bola mais qualificada. Não mais do que a de Fernando. Se tocar a bola pro lado e para trás é saída de bola qualificada, então tá.

Por outro lado, MA não marca, não sabe marcar nem parece gostar de marcar. Alguém já viu o MA dar um carrinho? Alguém já o viu desarmar alguém? Cercar, tudo bem, ele cerca, mas marcar, chegar junto, dividir uma bola e essas tarefas mais rudes e toscas, mas essenciais para um time que quer ser vitorioso?

Se ver Léo Gago à beira do gramado esperando entrar me deixa triste e desanimado, ver MA no time me ofende. É ofensa grave. É inaceitável.

Luxemburgo parece ser um sujeito equilibrado e ponderado. Por isso, se torna ainda mais difícil entender e, pior, aceitar essa decisão que, somada a ausência de Fernando dos jogos seguintes,  pode significar a perda do terceiro lugar a curto prazo.

Decididamente, estamos diante de uma decisão estranha e absurda, ainda mais que vinda de um treinador que em pouco tempo conquistou a admiração da maioria dos torcedores gaúchos.

Por essa e outras que eu gosto de repetir a frase de um antigo dirigente de futebol: ainda mato um técnico.